sexta-feira, 5 de novembro de 2021

O Menino Mais Novo

"A vida é uma escola, em que a gente precisa aprender A ciência de viver pra não sofrer" ***
*** HOUVE, HOUVERAM, OUVE ***
*** CNN Brasil Entrevista exibida no Novo Dia do dia 5 de novembro de 2021 *** ASSISTIR: *** *** Reforma do IR poderia garantir auxílio permanente, diz Lira à CNN | CNN NOVO DIA 5 de nov. de 2021 *** *** https://www.youtube.com/watch?v=fFsqOngrmqg *** *** ***
*** há 4 horas CNN Brasil Molica: Ciro tentou botar ordem sobre precatórios no partido, mas há questões locais fortes | CNN Brasil *** ASSISTIR: *** Molica: Ciro tenta botar ordem sobre precatórios, mas há questões fortes | Liberdade de Opinião 5 de nov. de 2021 *** CNN Brasil Quadro exibido no Novo Dia do dia 5 de novembro de 2021 *** *** https://www.youtube.com/watch?v=In1kiN74Gcw *** ***
*** há 3 horas Informação Ao Minuto Baronovsky: Emendas parlamentares são uma tradição jurídica e política | Liberdade de Opinião *** per fas et nefas Significado de per fas et nefas Pelo lícito e pelo ilícito; por todos os meios possíveis; de qualquer modo. *** ASSISTIR: *** *** Baronovsky: Emendas parlamentares são uma tradição jurídica e política | Liberdade de Opinião 5 de nov. de 2021 *** CNN Brasil Quadro exibido no Novo Dia do dia 5 de novembro de 2021 *** *** https://www.youtube.com/watch?v=A4KkPDgXeuA *** *** ***
*** A Notícia Alagoas Filme Vidas Secas é atração nesta terça na Semana Graciliano Ramos – A Notícia Alagoas *** O Menino Mais Novo Aideia surgiu-lhe na tarde em que Fabiano botou os arreios na égua alazã e entrou a amansá-la. Não era propriamente ideia: era o desejo vago de realizar qualquer ação notável que espantasse o irmão e a cachorra Baleia. Naquele momento Fabiano lhe causava grande admiração. Metido nos couros, de perneiras, gibão e guarda-peito, era a criatura mais importante do mundo. As rosetas das esporas dele tilintavam no pátio; as abas do chapéu, jogado para trás, preso debaixo do queixo pela correia, aumentavam-lhe o rosto queimado, faziam-lhe um círculo enorme em torno da cabeça. O animal estava selado, os estribos amarrados na garupa, e sinha Vitória subjugava-o agarrando-lhe os beiços. O vaqueiro apertou a cilha e pôs-se a andar em redor, fiscalizando os arranjos, lento. Sem se apressar, livrou-se de um coice: virou o corpo, os cascos da égua passaram-lhe rente ao peito, raspando o gibão. Em seguida Fabiano subiu ao copiar, saltou na sela, a mulher recuou — e foi um redemoinho na catinga. Trepado na porteira do curral, o menino mais novo torcia as mãos suadas, estirava-se para ver a nuvem de poeira que toldava as imburanas. Ficou assim uma eternidade, cheio de alegria e medo, até que a égua voltou e começou a pular furiosamente no pátio, como se tivesse o diabo no corpo. De repente a cilha rebentou e houve um desmoronamento. O pequeno deu um grito, ia tombar da porteira. Mas sossegou logo. Fabiano tinha caído em pé e recolhia-se banzeiro e cambaio, os arreios no braço. Os estribos, soltos na carreira desesperada, batiam um no outro, as rosetas das esporas tiniam. Sinha Vitória cachimbava tranquila no banco do copiar, catando lêndeas no filho mais velho. Não se conformando com semelhante indiferença depois da façanha do pai, o menino foi acordar Baleia, que preguiçava, a barriguinha vermelha descoberta, sem vergonha. A cachorra abriu um olho, encostou a cabeça à pedra de amolar, bocejou e pegou no sono de novo. Julgou-a estúpida e egoísta, deixou-a, indignado; foi puxar a manga do vestido da mãe, desejando comunicar-se com ela. Sinha Vitória soltou uma exclamação de aborrecimento, e, como o pirralho insistisse, deu-lhe um cascudo. Retirou-se zangado, encostou-se num esteio do alpendre, achando o mundo todo ruim e insensato. Dirigiu-se ao chiqueiro, onde os bichos bodejavam, fungando, erguendo os focinhos franzidos. Aquilo era tão engraçado que o egoísmo de Baleia e o mau humor de sinha Vitória desapareceram. A admiração a Fabiano é que ia ficando maior. Esqueceu desentendimentos e grosserias, um entusiasmo verdadeiro encheu-lhe a alma pequenina. Apesar de ter medo do pai, chegou-se a ele devagar, esfregou-se nas perneiras, tocou as abas do gibão. As perneiras, o gibão, o guarda-peito, as esporas e o barbicacho do chapéu maravilhavam-no. Fabiano desviou-o desatento, entrou na sala e foi despojar-se daquela grandeza. O menino deitou-se na esteira, enrolou-se e fechou os olhos. Fabiano era terrível. No chão, despidos os couros, reduzia-se bastante, mas no lombo da égua alazã era terrível. Dormiu e sonhou. Um pé de vento cobria de poeira a folhagem das imburanas, sinha Vitória catava piolhos no filho mais velho, Baleia descansava a cabeça na pedra de amolar. No dia seguinte essas imagens se varreram completamente. Os juazeiros do fim do pátio estavam escuros, destoavam das outras árvores. Por que seria? Aproximou-se do chiqueiro das cabras, viu o bode velho fazendo um barulho feio com as ventas arregaçadas, lembrou-se do acontecimento da véspera. Encaminhou-se aos juazeiros, curvado, espiando os rastos da égua alazã. À hora do almoço sinha Vitória repreendeu-o: — Este capeta anda leso. Ergueu-se, deixou a cozinha, foi contemplar as perneiras, o guarda-peito e o gibão pendurados num torno da sala. Daí marchou para o chiqueiro — e o projeto nasceu. Arredou-se, fez tenção de entender-se com alguém, mas ignorava o que pretendia dizer. A égua alazã e o bode misturavamse, ele e o pai misturavam-se também. Rodeou o chiqueiro, mexendo-se como um urubu, arremedando Fabiano. A necessidade de consultar o irmão apareceu e desapareceu. O outro iria rir-se, mangar dele, avisar sinha Vitória. Teve medo do riso e da mangação. Se falasse naquilo, sinha Vitória lhe puxaria as orelhas. Evidentemente ele não era Fabiano. Mas se fosse? Precisava mostrar que podia ser Fabiano. Conversando, talvez conseguisse explicar-se. Pôs-se a caminhar, banzeiro, até que o irmão e Baleia levaram as cabras ao bebedouro. A porteira abriu-se, um fartum espalhou-se pelos arredores, os chocalhos soaram, a camisinha de algodão atravessou o pátio, contornou as pedras onde se atiravam cobras mortas, passou os juazeiros, desceu a ladeira, alcançou a margem do rio. Agora as cabras se empurravam metendo os focinhos na água, os cornos entrechocavam-se, Baleia, atarefada, latia correndo. Trepado na ribanceira, o coração aos baques, o menino mais novo esperava que o bode chegasse ao bebedouro. Certamente aquilo era arriscado, mas parecia-lhe que ali em cima tinha crescido e podia virar Fabiano. Sentou-se indeciso. O bode ia saltar e derrubá-lo. Ergueu-se, afastou-se, quase livre da tentação, viu um bando de periquitos que voavam sobre as catingueiras. Desejou possuir um deles, amarrá-lo com uma embira, dar-lhe comida. Sumiram-se todos chiando, e o pequeno ficou triste, espiando o céu cheio de nuvens brancas. Algumas eram carneirinhos, mas desmanchavam-se e tornavam-se bichos diferentes. Duas grandes se juntaram — e uma tinha a figura da égua alazã, a outra representava Fabiano. Baixou os olhos encandeados, esfregou-os, aproximou-se novamente da ribanceira, distinguiu a massa confusa do rebanho, ouviu as pancadas dos chifres. Se o bode já tivesse bebido, ele experimentaria decepção. Examinou as pernas finas, a camisinha encardida e rasgada. Enxergara viventes no céu, considerava-se protegido, convencia-se de que forças misteriosas iam ampará-lo. Boiaria no ar, como um periquito. Pôs-se a berrar, imitando as cabras, chamando o irmão e a cachorra. Não obtendo resultado, indignou-se. Ia mostrar aos dois uma proeza, voltariam para casa espantados. Aí o bode se avizinhou e meteu o focinho na água. O menino despenhou-se da ribanceira, escanchou-se no espinhaço dele. Mergulhou no pelame fofo, escorregou, tentou em vão segurar-se com os calcanhares, foi atirado para a frente, voltou, achou-se montado na garupa do animal, que saltava demais e provavelmente se distanciava do bebedouro. Inclinou-se para um lado, mas, fortemente sacudido, retomou a posição vertical, entrou a dançar desengonçado, as pernas abertas, os braços inúteis. Outra vez impelido para a frente, deu um salto-mortal, passou por cima da cabeça do bode, aumentou o rasgão da camisa numa das pontas e estirou-se na areia. Ficou ali estatelado, quietinho, um zum-zum nos ouvidos, percebendo vagamente que escapara sem honra da aventura. Viu as nuvens que se desmanchavam no céu azul, embirrou com elas. Interessou-se pelo voo dos urubus. Debaixo dos couros, Fabiano andava banzeiro, pesado, direitinho um urubu. Sentou-se, apalpou as juntas doídas. Fora sacolejado violentamente, parecia-lhe que os ossos estavam deslocados. Olhou com raiva o irmão e a cachorra. Deviam tê-lo prevenido. Não descobriu neles nenhum sinal de solidariedade: o irmão ria como um doido, Baleia, séria, desaprovava tudo aquilo. Achou-se abandonado e mesquinho, exposto a quedas, coices e marradas. Ergueu-se, arrastou-se com desânimo até a cerca do bebedouro, encostou-se a ela, o rosto virado para a água barrenta, o coração esmorecido. Meteu os dedos finos pelo rasgão, coçou o peito magro. O tropel das cabras perdeu-se na ladeira, a cachorrinha ladrou longe. Como estariam as nuvens? Provavelmente algumas se transformavam em carneirinhos, outras eram como bichos desconhecidos. Lembrou-se de Fabiano e procurou esquecê-lo. Com certeza Fabiano e sinha Vitória iam castigá-lo por causa do acidente. Levantou os olhos tímidos. A lua tinha aparecido, engrossava, acompanhada por uma estrelinha quase invisível. Aquela hora os periquitos descansavam na vazante, nas touceiras secas de milho. Se possuísse um daqueles periquitos, seria feliz. Baixou a cabeça, tornou a olhar a poça escura que o gado esvaziara. Uns riachos miúdos marejavam na areia como artérias abertas de animais. Recordou-se das cabras abatidas a mão de pilão, penduradas de cabeça para baixo num caibro do copiar, sangrando. Retirou-se. A humilhação atenuou-se pouco a pouco e morreu. Precisava entrar em casa, jantar, dormir. E precisava crescer, ficar tão grande como Fabiano, matar cabras a mão de pilão, trazer uma faca de ponta à cintura. Ia crescer, espicharse numa cama de varas, fumar cigarros de palha, calçar sapatos de couro cru. Subiu a ladeira, chegou-se a casa devagar, entortando as pernas, banzeiro. Quando fosse homem, caminharia assim, pesado, cambaio, importante, as rosetas das esporas tilintando. Saltaria no lombo de um cavalo brabo e voaria na catinga como pé de vento, levantando poeira. Ao regressar, apear-se-ia num pulo e andaria no pátio assim torto, de perneiras, gibão, guarda-peito e chapéu de couro com barbicacho. O menino mais velho e Baleia ficariam admirados. *** *** https://iedamagri.files.wordpress.com/2020/02/vidas-secas-graciliano-ramos.pdf *** *** *** Houve ou houveram? GRAMÁTICA Devemos usar sempre 'houve', nunca 'houveram', pois o verbo 'haver' é impessoal, ou seja, não possui sujeito e, por isso, não deve ser flexionado para o plural. ***
*** O verbo 'haver' é impessoal, isto é, não possui sujeito e não deve ser flexionado para o plural O verbo 'haver' é impessoal, isto é, não possui sujeito e não deve ser flexionado para o plural *** O verbo HAVER nos sentidos de existir, acontecer ou de tempo decorrido é impessoal, ou seja, não possui sujeito. Dessa forma, o verbo HAVER não deve ser flexionado quanto ao número (plural). Isso significa que a flexão do verbo HAVER no pretérito perfeito plural (“houveram”) não existe na nossa língua. Veja os exemplos: Houve diversas ameaças contra o atual diretor. No mês de janeiro houve mais roubos de veículos em Natal do que em todo o semestre passado. Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;) Houve mais desistências este ano do que no ano passado. Dica: Da mesma forma que o verbo HAVER, o verbo FAZER no sentido de tempo decorrido ou de fenômenos atmosféricos também é impessoal, ou seja, não tem sujeito e não deve ser flexionado quanto ao número, permanecendo no singular. Veja os exemplos: Faz oito anos que não ando de bicicleta. Agora faz nove graus em São Joaquim. Por Ma. Luciana Kuchenbecker Araújo Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja: ARAúJO, Luciana Kuchenbecker. "Houve ou houveram?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/houve-ou-houveram.htm. Acesso em 05 de novembro de 2021. Assista às nossas videoaulas *** *** https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/houve-ou-houveram.htm *** *** ***
*** Pra Machucar Meu Coração (part. Stan Getz e Antonio Carlos Jobim) João Gilberto *** *** Ouvir "Pra Machucar Meu C…" Tá fazendo um ano e meio, amor Que o nosso lar desmoronou Meu sabiá, meu violão E uma cruel desilusão Foi tudo que ficou, ficou Pra machucar meu coração Tá fazendo um ano e meio, amor Que o nosso lar desmoronou Meu sabiá, meu violão E uma cruel desilusão Foi tudo que ficou, ficou Pra machucar meu coração Quem sabe não foi bem melhor assim? Melhor pra você e melhor pra mim A vida é uma escola, em que a gente precisa aprender A ciência de viver pra não sofrer Ouvir "Pra Machucar Meu C…" Composição: Ary Barroso.

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