domingo, 31 de dezembro de 2023

SOCIEDADE E SOLEDADE

----------- Poesia | Receita de Ano Novo - Carlos Drummond de Andrade ------------ O MEU PAI ERA ALAGOANO, O MEU PERNAMBUCANO, NOSSOS TATARAVÓS AFRICANOS --------- ----------- Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum! Tá faltando um! Ele que era o porta-estandarte E que fazia alaúza e zum-zum Hoje o bloco sai mais triste sem ele Tá faltando um! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum Composição: Paulo Soledade / Fernando Lobo. _________________________________________________________________________________________________________ ---------- Chico Buarque - "Paratodos" - Chico: Artista Brasileiro ---------- Letras O meu pai era paulista Meu avô, pernambucano O meu bisavô, mineiro Meu tataravô, baiano Meu maestro soberano Foi Antonio Brasileiro Foi Antonio Brasileiro Quem soprou esta toada Que cobri de redondilhas Pra seguir minha jornada E com a vista enevoada Ver o inferno e maravilhas Nessas tortuosas trilhas A viola me redime Creia, ilustre cavalheiro Contra fel, moléstia, crime Use Dorival Caymmi Vá de Jackson do Pandeiro Vi cidades, vi dinheiro Bandoleiros, vi hospícios Moças feito passarinho Avoando de edifícios Fume Ary, cheire Vinícius Beba Nelson Cavaquinho Para um coração mesquinho Contra a solidão agreste Luiz Gonzaga é tiro certo Pixinguinha é inconteste Tome Noel, Cartola, Orestes Caetano e João Gilberto Viva Erasmo, Ben, Roberto Gil e Hermeto, palmas para Todos os instrumentistas Salve Edu, Bituca, Nara Gal, Bethania, Rita, Clara Evoé, jovens a vista O meu pai era paulista Meu avô pernambucano O meu bisavô, mineiro Meu tataravô baiano Vou na estrada há muitos anos Sou um artista brasileiro Fonte: Musixmatch Compositores: Francisco De Hollanda ____________________________________________________________________________________________________________ ------------ Ciclo Sem Fim (Rei Leão) Edu Lobo _________________________________________________________________________________________________________ ---------- ---------- Ciclo Sem Fim O Rei Leão (The Lion King) Nats ingonya ba bagithi Baba Sithi uhm ingonya aba Nats ingonya ba bagithi babo Sithi uhhmm ingony aba Ingonya aba Siyo Nqoba Ingony ba Ingonyama nengw' enamabala Qual é o significado da palavra Soledade? Estado de tristeza de quem se acha só. 3. Lugar solitário; solidão. ------------- ------------- Zum-zum Edu Lobo Oi! Zum, zum, zum Zum, zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum! Tá faltando um! Bateu asas, foi embora Não apareceu Hoje o bloco sai sem ele Foi a ordem que ele deu Bateu asas, foi embora Não apareceu Hoje o bloco sai sem ele Foi a ordem que ele deu Oi! Zum, zum, zum Zum, zum, zum! Tá. Faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum, zum! Tá. Faltando um! Ele que era o porta-estandarte E que fazia alaúza e zum-zum Hoje o bloco sai mais triste sem ele Tá. Faltando um! Hoje o bloco sai mais triste sem ele Tâ faltando um! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum! Tá faltando um! Ele que era o porta-estandarte E que fazia alaúza e zum-zum Hoje o bloco sai mais triste sem ele Tá faltando um! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum, zum, zum Zum, zum, zum! Tá faltando um! Oi! Zum Composição: Paulo Soledade / Fernando Lobo. https://www.letras.mus.br/edu-lobo/zum-zum/
---------- O que é o conceito de sociedade? Sociedade: o que é, tipos, sociedade X comunidade - Mundo ... Sociedade é uma associação entre indivíduos que compartilham valores culturais e éticos e que estão sob um mesmo regime político e econômico, em um mesmo território e sob as mesmas regras de convivência. _________________________________________________________________________________________________________ ------------
----------- domingo, 31 de dezembro de 2023 Vinicius Torres Freire - A conversa do semipresidencialismo Folha de S. Paulo Crise de uma década estimula planos ruins de criar algum tipo de governo parlamentar O "semipresidencialismo" foi um assunto do ano, mais uma vez. Assunto ou ruído de fundo, tem sido assim desde que o Congresso depôs Dilma Rousseff. Era assim o jeitão do governo de Michel Temer (PMDB), "semiparlamentar", dominado por parte do comitê de deputados e senadores que derrubou Dilma. Foi de certo modo assim sob as trevas de Jair Bolsonaro, um parasita "antissistema" que se aproveitava do que havia da máquina burocrática ainda funcional e do governo que restava, entregue a premiês do centrão. Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara e trator legislativo, vez e outra sugere, de leve e quando convém, que pode liberar a tramitação de um projeto de semipresidencialismo. Ministros do Supremo, como Luís Barroso e o politizador geral da Justiça Gilmar Mendes, acabam de defender a mudança de sistema de governo. A vulgarização do impeachment, a limitação de prerrogativas do Executivo e o avanço parlamentar sobre o Orçamento estimulam especulações de que viveríamos já sob alguma espécie de semipresidencialismo. O fato circunstancial de que o governo, no caso Lula 3, seja minoritário em números e ideias no Congresso leva mais uma aguinha para esse moinho conceitual. Na falta de pensamento melhor sobre o problema, usamos a palavra, mal e mal, para definir esse arranjo ruim e instável de quase uma década. Uma questão interessante é o motivo desse zum-zum, desse ruído de fundo e das sugestões de que se acabe com o poder presidencial. Nas propostas de mudança, o presidente da República seria formalmente quase decorativo. É um projeto de parlamentarismo com outro nome, talvez para não confrontar o resultado do plebiscito de 1993. Por que essa ideia está no ar? A quem interessa? O argumento bem pensante diz que o novo sistema permitiria a dissolução menos traumática de um governo sem prestígio, com a convocação de novas eleições. Na redemocratização, 2 de 5 presidentes foram depostos; Bolsonaro não o foi por cumplicidade do sistema político; Lula foi preso para que não pudesse se candidatar em 2018. O fato de a esquerda ganhar todas as eleições presidenciais desde 2002 (fora o arranjo de 2018) pode ser um motivo. Sob algum sistema parlamentarista, a esquerda dificilmente chegaria ao poder federal, que ficaria sob o domínio de algum tipo de centrão. Parlamentares, gente vocal do "sistema de Justiça" (ministros, desembargadores, juízes, procuradores) e boa parte da cúpula militar gostam da ideia. A perspectiva de chutar a esquerda para escanteio talvez também agrade a donos do dinheiro grosso. Parece remota a possibilidade de que tal mudança venha a ocorrer, a não ser em caso de uma nova situação de desordem profunda. O eleitorado gosta de escolher seu presidente e costuma ser mais desconfiado dos "políticos", os parlamentares que elege. Poderia haver um sistema em que um parlamentar (nomeado candidato principal do partido) fosse escolhido nas urnas como premiê, na prática diretamente. De resto, para que a coisa fosse minimamente séria, seria preciso mudar o sistema de eleição de deputados (para alguma variante de distrital misto), resolver a representação excessiva de estados pouco povoados etc. Essa reforma jamais andou e dificilmente andará. Nisso, o status quo está feliz consigo mesmo. Mas não se quer aqui dar a impressão de que essa virada parlamentarista seja por ora viável, discutindo-se um projeto de mudança. Mais relevante é notar o zum-zum contínuo, sintoma de crise política fervendo baixo. Importante é que o Congresso domine entre 25% e 30% do dinheiro que resta livre do Orçamento (excluídos os 92% de despesas obrigatórias), sem ser responsável pelo que faz. Importante é que a ameaça ou o engavetamento de pedidos de impeachment tenham se tornado poderes explícitos na mão do presidente da Câmara. Ou que os partidos dominantes se tornem mais e mais uma corporação ou cooperativa de uso de recursos estatais para a reeleição de seus caciques. Esses poderes do Congresso são tantos que os presidentes da República descaradamente cuidam de formar bancadas no Supremo, a fim de tentar se defender. A relativa calmaria democrática de 1995-2010 ruiu. O que ficou no lugar é uma maçaroca mutante, com risco gravíssimo de sinistro, como em 2019-2022. ________________________________________________________________________________________________________________ ----------
------------ Hélio Schwartsman - Direita estética Folha de S. Paulo Jovens, que eram público quase cativo da esquerda, flertam com a extrema direita Os jovens estão ficando de direita? Depende. No Brasil, os mais jovens deram bem mais votos a Lula do que a Bolsonaro, mas, na vizinha Argentina, o apoio dos mais novos foi decisivo para eleger Milei. Nos EUA, a ala trumpista do Partido Republicano tem conseguido adeptos entre jovens negros e latinos, dois grupos demográficos que eram quase que hegemonicamente democratas. Se olharmos para outros países, como França, Alemanha, Espanha, também encontraremos jovens entre os apoiadores de partidos de extrema direita, que vêm crescendo. Não dá obviamente para dizer que a maioria dos jovens aderiu ao populismo de direita, mas, se considerarmos que esse era um público quase cativo da esquerda do pós-guerra para cá, a tendência é inquietante. Há uma explicação comum para o fenômeno? As redes sociais, ao permitir que ovelhas que antes permaneciam desgarradas se encontrem, se influenciem e ganhem voz, decerto têm algo a ver com isso. Líderes da direita também parecem ter um talento especial para mobilizar pessoas pela internet. Já entrando no terreno das especulações, eu arriscaria a hipótese de que, diante de certa fossilização da esquerda, que ficou mais moderada e mais institucional, a extrema direita é que passou a fazer as vezes de polo contestador e radical, características que costumam atrair os mais jovens, às vezes mais por razões estéticas do que propriamente políticas. Já vimos esse filme antes. O futurismo de Filippo Marinetti, que surgiu nos primeiros anos do século 20 como um movimento vanguardista ligado às artes, logo se tornou uma linha auxiliar do fascismo de Mussolini." / "Na década de 1980, quando de sua fundação, o PT, "com a fossilização da esquerda, que ficou mais moderada e mais institucional," o PT "é que passou a fazer as vezes de polo contestador e radical, características que costumam atrair os mais jovens, às vezes mais do por razões estéticas do que propriamente políticas. Já vimos esse filme antes." " O problema não é tanto que jovens votem na direita. A aceitação da ideia de democracia implica admitir a alternância do poder. O que preocupa é que estejam escolhendo vertentes antissistema da direita, que negam os avanços institucionais e civilizacionais obtidos nas últimas décadas e séculos.
----------- _________________________________________________________________________________________________________ Esse texto de Hélio Schwartsman aborda uma tendência interessante e preocupante sobre a mudança de inclinação política entre os jovens, especialmente aqueles que estão se aproximando de vertentes mais extremas da direita. Ele aponta como a direita tem se tornado um polo de contestação e radicalismo, muitas vezes atraindo jovens não apenas por convicções políticas, mas também por questões estéticas e de rebeldia. A questão fundamental não é simplesmente a mudança de preferências políticas dos jovens, mas sim a escolha por vertentes antissistema da direita, que rejeitam os progressos institucionais e civilizacionais alcançados ao longo do tempo. Isso levanta preocupações significativas sobre a aceitação da democracia e a valorização das conquistas sociais e institucionais que foram alcançadas ao longo de décadas e séculos. A democracia pressupõe a alternância de poder e o debate de ideias, mas quando os movimentos políticos extremos negam esses avanços e buscam desfazer conquistas importantes, é um sinal de alerta. É crucial que a juventude esteja engajada e consciente não apenas das mudanças políticas, mas também do valor das estruturas democráticas e dos avanços sociais que foram conquistados ao longo do tempo. _________________________________________________________________________________________________________ ----------
---------- O globo, n. 30174, 18/03/2016. País, p. 8 Decano do STF reage a Lula: ‘ Ninguém está acima das leis’ Ministro Celso de Mello diz que ‘ condutas criminosas jamais serão toleradas’ CAROLINA BRÍGIDO, RENATO ONOFRE E LUIZA SOUTO opaisl@oglobo.com.br - BRASÍLIA, CURITIBA E SÃO PAULO - O mais antigo integrante do Supremo Tribunal Federal ( STF), ministro Celso de Mello, fez ontem duro discurso em defesa da Corte. As escutas telefônicas divulgadas quarta- feira indicam que a presidente Dilma Rousseff teria nomeado o ex- presidente Lula para a Casa Civil com o objetivo de blindá- lo contra ameaça de prisão. Com o cargo, Lula passaria a ser investigado pelo STF, e não pelo juiz federal Sérgio Moro, da primeira instância. Mello disse que criminosos serão punidos, mesmo que ocupem cargo no governo. — A República, além de não admitir privilégios, repudia a outorga de favores especiais e rejeita a concessão de tratamentos diferenciados aos detentores do poder ou a quem quer que seja. Por isso, cumpre não desconhecer que o dogma da isonomia a todos iguala, governantes e governados, sem qualquer distinção, indicando que absolutamente ninguém está acima da autoridade das leis e da Constituição. Condutas criminosas perpetradas à sombra do poder jamais serão toleradas, e os agentes que as houverem praticado, posicionados, ou não, nas culminâncias da hierarquia governamental, serão punidos na exata medida e na justa extensão de sua responsabilidade criminal — afirmou. “INSULTO AO PODER JUDICIÁRIO” O decano protestou contra trecho em que Lula diz que o STF era uma Corte “totalmente acovardada”. — Esse insulto ao Poder Judiciário traduz, no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes. ( Esses juízes) não hesitarão em fazer recair sobre aqueles considerados culpados, em regular processo judicial, todo o peso e toda a autoridade das leis criminais de nosso país — disse o decano no Supremo. O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, também defendeu a Corte. — Os constituintes de 1988 atribuíram a esta Suprema Corte a elevada missão de manter a supremacia da Constituição e a manutenção do estado democrático de direito. Tenho certeza de que os juízes desta Casa não faltarão aos cidadãos brasileiros com o cumprimento desse elevado múnus — disse. No Superior Tribunal de Justiça ( STJ), o ministro João Otávio de Noronha, em discurso, reagiu à acusação de que a Corte estaria acorvardada. — Esta Casa não é uma Casa de covardes, é de juízes íntegros, que não recebem doação de empreiteiras. Não se alinha a ditaduras da América do Sul, concedendo benefícios a ditadores e amigos políticos que estrangulam as liberdades (...) Me envergonho de ter algumas lideranças políticas que o país tem — afirmou Noronha. Em Curitiba, em ato de juízes federais e procuradores a favor de Moro, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força- tarefa da Lava- Jato, disse ontem que “o Ministério Público brasileiro e a Justiça não se amedrontarão e darão fiel cumprimento à Constituição e às leis”. Dallagnol leu manifesto explicando que “os procuradores da República do caso Lava- Jato têm dever de esclarecer que as interceptações telefônicas foram legalmente determinadas pelo juiz da 13 ª Vara Federal”. O juiz Nicolau Couto também leu manifesto, da Associação dos Juízes Federais do Brasil ( Ajufe), em que mostra “apoio total à independência judicial do juiz federal Sergio Moro e de todos os magistrados federais que atuam nos processos da Operação Lava- Jato”. “A República repudia a outorga de favores especiais e rejeita a concessão de tratamentos diferenciados” Celso de Mello Ministro do STF “O Ministério Público brasileiro e a Justiça não se amedrontarão” Deltan Dallagnol Procurador da força- tarefa da Lava- Jato _________________________________________________________________________________________________________ ---------
---------- _________________________________________________________________________________________________________ Esse artigo traz um momento crucial na política brasileira, especialmente em meio à Operação Lava Jato. O Ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez um discurso enfático sobre a igualdade perante a lei, destacando que a República não tolera condutas criminosas, mesmo por parte de indivíduos em posições de poder. O contexto envolveu escutas telefônicas que sugeriam a intenção de nomear o ex-presidente Lula para um cargo no governo com o objetivo de evitar sua prisão sob investigação de um juiz de primeira instância. Essa manobra gerou debates intensos sobre a interferência política na justiça e a igualdade de tratamento perante a lei. Além disso, as reações dos membros do STF, como o presidente Ricardo Lewandowski e outros ministros, buscaram reforçar a independência do judiciário e sua responsabilidade em manter a supremacia da Constituição e a democracia. O posicionamento de juízes, procuradores e membros do Ministério Público também é evidenciado, mostrando um apoio à independência judicial e à continuidade das investigações da Operação Lava Jato. Esse momento foi crucial para evidenciar a importância da separação de poderes, a independência do judiciário e a necessidade de igualdade perante a lei, independentemente do status ou cargo ocupado por um indivíduo na sociedade. _________________________________________________________________________________________________________ ---------
---------- Luiz Carlos Azedo - O pior já passou, feliz ano novo Correio Braziliense Há possibilidade de a economia crescer acima das previsões, como ocorreu neste ano. De onde pode vir esse crescimento? Da nova economia verde e do aumento do salário mínimo Há possibilidade de a economia crescer acima das previsões, como ocorreu neste ano. De onde pode vir esse crescimento? Da nova economia verde e do aumento do salário mínimo Os balanços de fim de ano são unânimes: 2023 terminou muito melhor do que começou. Os aspectos determinantes dessa conclusão são: na economia, a queda da inflação, o crescimento acima do esperado, a redução do desemprego a patamares que há muito tempo não se via, a elevação da renda e a reforma tributária; na política, a normalidade institucional, ameaçada pelo golpismo, graças à firme atuação dos Poderes; na questão ambiental, o combate ao desmatamento, às queimadas e ao garimpo ilegal; e na política internacional, em que pese atitudes dúbias em relação à Ucrânia, a volta do Brasil à cena mundial. Para quem apoiou a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tudo isso é motivo de comemoração; para quem perdeu, de acomodação, como no caso do Centrão. Ou enorme frustração, caso da extrema-direita, diante do fracasso da tentativa de destituição de Lula, da condenação dos vândalos que depredaram os palácios do Executivo, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O parâmetro é 2022, último do mandato de Bolsonaro, cuja avaliação aqui não é o caso. Trata-se de projetar o cenário de 2024. As novas preocupações são o choque entre o Executivo e o Congresso, que vira o ano em alta octanagem, por causa do avanço de deputados e senadores sobre o Orçamento de investimentos da União e da desoneração da folha trabalhista de 17 setores - que o governo não aceita, apesar de aprovada por ampla maioria no Legislativo. Incertezas fazem a política de deficit zero parecer um conto-da-carochinha. O governo não pretende cortar gastos, o Congresso não quer aumentar impostos e o Supremo Tribunal Federal (STF), que ajustou suas diárias, cuida do seu primeiro. Em casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão, diz o ditado popular. Não é bem assim. A austeridade dos três Poderes nas atividades-meio resolveria o problema do deficit público, seria até um choque de produtividade e inovação. O deficit fiscal projetado por analistas econômicos é de 0,75% a 1% do Produto Interno Bruto (PIB), o que coloca em risco a credibilidade da equipe econômica. Entretanto, ninguém convencerá a sociedade de que não é possível cortar 1% dos gastos supérfluos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, como diárias, passagens, consultorias e contratos, sem prejuízo de atividades indispensáveis. Qualquer gestor público responsável sabe que gastos precisam ser aparados como se corta as unhas, semanalmente. Entretanto, não deve ser descartada a possibilidade de a economia crescer acima das previsões, como ocorreu neste ano. De onde pode vir esse crescimento? Dos investimentos na transição energética, ou seja, da economia verde, se cair a ficha para os políticos de que o país precisa regulamentar a reforma tributária e garantir segurança jurídica para quem deseja aplicar recursos em atividades produtivas. Essa é a grande janela de oportunidade que o país não pode perder. E, também, da política de valorização do salário mínimo, que foi interrompida em 2019. Entre economistas, está de volta a velha polêmica sobre a importância do salário mínimo na redução das desigualdades, que pautou o debate econômico na década de 1970, durante o governo Geisel, quando o chamado "milagre econômico" se esgotou e o país descobriu que crescerá a taxas de 10% do PIB, porém, a renda havia se concentrado ainda mais. Na quarta-feira, artigo do economista Edmar Bacha, o guru da Casa das Garças, publicado no Valor Econômico, resgatou a velha polêmica entre Carlos Langoni e Albert Fishlow sobre o papel da qualidade da educação e do arrocho salarial na concentração de renda. Eis um tema para o ex-governador e economista Cristovam Buarque debater. Na economia neoclássica, o salário real é determinado pela produtividade marginal do trabalho, que varia segundo a qualificação da mão de obra, ou seja, a educação dos trabalhadores, tese defendida por Langoni àquela época. Entretanto, a política de arrocho salarial era uma realidade e levou à concentração da renda. Hoje, há certo consenso tanto sobre o papel do salário mínimo na redução das desigualdades quanto da oferta e demanda de mão de obra mais qualificada na elevação da renda dos assalariados, o que reduz essa dicotomia. A zona de sombra é o impacto da elevação do salário mínimo no emprego e na economia informal. Em tempo: o novo salário mínimo, de R$ 1.412, a partir de 1º de janeiro, terá um impacto de quase R$ 70 bilhões na economia, o que pode alavancar o crescimento, se a inflação estiver controlada e a taxa de juros continuar em declínio. _________________________________________________________________________________________________________ -----------
---------- Sergio Fausto - Nuvens políticas carregadas em 2024 (e depois) O Estado de S. Paulo Os cordões sanitários que permitiram isolar o extremismo de direita por 70 anos estão se esgarçando ou já se romperam. No Brasil, os ‘companheiros’ não parecem saber em que mundo estão vivendo Desde a eleição de Donald Trump em novembro de 2016, as democracias têm sido submetidas a constantes testes de estresse. Não será diferente em 2024, quando o ex-presidente, muito provavelmente, voltará a disputar com chances de vitória a Casa Branca. Se vencer, o risco para a democracia será maior do que da primeira vez. Embora seja a mais importante, a eleição presidencial nos Estados Unidos não é a única frente na batalha em defesa da democracia. Os sinais de ascensão da extrema direita estão quase por toda parte. A vitória do partido nacionalista xenófobo nas eleições parlamentares na Holanda, em novembro, é presságio de avanços de partidos do mesmo naipe nas eleições para o Parlamento Europeu em junho de 2024. Na Espanha, os socialistas se viram na contingência de fazer um grande acordo político, que pode lhes custar caro no futuro, para evitar um governo com a presença da extrema direita. O que foi possível evitar na Espanha ao final deste ano é provável que ocorra em Portugal, onde eleições antecipadas para o início de 2024 podem levar ao governo uma coalizão integrada pelo Chega, irmão siamês do Vox. Em nenhum desses casos, a extrema direita alcança votos e cadeiras suficientes para liderar a maioria no Parlamento, mas se afirma como força incontornável para a direita chegar ao poder. Os cordões sanitários que permitiram isolar o extremismo de direita por 70 anos estão se esgarçando ou já se romperam. Na Itália, onde o governo é liderado pelo partido de extrema direita Fratelli d’Italia, a primeira-ministra Giorgia Meloni adota uma política mais moderada do que faziam crer o seu programa e sua retórica de campanha. Recuo tático, provavelmente. A verdade é que as forças democráticas, da centro-direita a centro-esquerda, estão na defensiva em quase toda a Europa. A centro-esquerda europeia encontra dificuldade para responder às “promessas não cumpridas da democracia” em meio a tendências estruturais de concentração do capital, da renda e do poder e a tensões crescentes sobre a distribuição dos custos da transição para uma economia de baixo carbono. À insegurança econômica se somam e se associam temores em relação à imigração. Nesse contexto, o populismo nacionalista xenófobo e negacionista tem produzido respostas equivocadas, mas com crescente apelo eleitoral. Também na América Latina, as forças democráticas de centro e centro-esquerda estão na defensiva. É o que se vê no Chile, por exemplo, onde o governo de Gabriel Boric, que se abriu à social-democracia depois de muitos tropeços iniciais, se encontra com popularidade em baixa, enquanto a direita pura e dura ganha terreno na sociedade e na política. Na região, a insegurança econômica também está presente, embora não exatamente nos mesmos termos. À diferença da Europa, porém, a insegurança em relação à vida e à propriedade, provocada pela criminalidade endêmica e organizada, tem peso muito maior. No Brasil, o governo Lula busca se equilibrar entre forças contraditórias. De um lado, vê-se obrigado a construir maioria parlamentar num Congresso conservador no qual o espaço da política local baseado em emendas parlamentares ocupa a maior parte da barganha política e do já exíguo espaço orçamentário não carimbado por despesas obrigatórias. De outro, tem de lidar com o próprio partido do presidente, em que predominam uma visão míope de curto prazo e ideias gastas sobre as virtudes intrínsecas – não importando onde, como e quando – de maior gasto público e intervenção estatal. Consideradas essas dificuldades, que estreitam o raio de manobra para programas e reformas de maior fôlego e abrangência, penso que o governo Lula não vai mal. Ainda assim, os riscos de insucesso e suas graves consequências políticas não devem ser minimizados. A alternativa provável a um governo heterogêneo e contraditório como o atual não é o dos sonhos dos liberais progressistas e socialdemocratas tupiniquins, entre os quais me incluo. Como mostram Felipe Nunes e Thomas Traumann no recém-lançado Biografia do Abismo: como a polarização divide famílias, desafia empresas e compromete o futuro do Brasil, livro publicado pela Harper Collins, a polarização entre o “lulismo” e o “bolsonarismo”, mesmo sem Bolsonaro, dá sinais de se ossificar. Essa ossificação impõe dois desafios. De um lado, trabalhar politicamente para construir uma alternativa à polarização mesmo que seja, no nível nacional, para depois de 2026. De outro, aprofundar o aprendizado de fazer política no interior de frentes amplas, sob pena de ver avançar uma direita sem escrúpulos democráticos e civilizatórios. Não é fácil fazer as duas coisas, mas é necessário. A presença no governo Lula de políticos não petistas de expressão nacional, como o vicepresidente Geraldo Alckmin e as ministras Simone Tebet e Marina Silva, indica que o aprendizado está sendo feito do lado de fora do partido. Mas e dentro do PT? Voltados para o seu próprio umbigo, velhas crenças e interesses de curto prazo, os “companheiros” não parecem saber em que mundo estão vivendo, a julgar pela esdrúxula manifestação de sua mais recente “conferência eleitoral”. *Diretor-Geral da Fundação FHC, é membro do Gacint-USP. _________________________________________________________________________________________________________ ----------- Globeleza Jorge Aragão Vinheta Globeleza(1994) Globeleza Lá vou eu, lá vou eu Hoje a festa é na avenida No carnaval da globo Feliz eu tô de bem Com a vida vem amor Vem...deixa o meu samba te levar Vem nessa pra gente brincar Pra embalar a multidão Sai pra lá solidão Vem Vem Vem Vem.....pra ser feliz Eu tô no ar tô Globeleza Eu tô que tô legal Na tela da TV no meio desse povo A gente vai se ver na Globo Na tela da TV no meio desse povo A gente vai se ver na Globo _________________________________________________________________________________________________________ ----------- ------------ Carlos Lyra | MPBambas Canal Brasil 21 de dez. de 2023 #CanalBrasil #Entrevista #TBT Carlos Eduardo Lyra Barbosa foi um cantor, compositor e violonista brasileiro. Junto com Roberto Menescal, era uma das figuras jovens da bossa nova. Fez parte de uma bossa nova mais ativista, propondo o retorno do ritmo às suas raízes no samba. Nessa entrevista com Tárik de Souza o músico destaca suas parcerias com João Bosco, Tom Jobim, Vinícius de Moraes e muitos outros. _________________________________________________________________________________________________________ -----
---------- Qual a diferença entre povo e cidadão? No conceito de povo estão incluídos os brasileiros natos e naturalizados. Distingue-se do conceito de população, pois neste incluem-se, além dos natos e naturalizados, os estrangeiros e os apátridas. O cidadão, por sua vez, é a pessoa que goza de direitos políticos. ----------
----------- O que é o conceito de povo? Na expressão de sentido político, povo são as pessoas (indivíduos) que com-vivem em um determinado espaço físico sob um sistema de organização política e adminis- trativa. ----------
---------- O que é o conceito de cidadania? Segundo Dalmo de Abreu Dallari: “A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo”. Colocar o bem comum em primeiro lugar e atuar sempre que possível para promovê-lo é dever de todo cidadão responsável. ---------
--------- Qual a diferença entre o conceito de povo e nação? Um povo pode ser formado por uma ou várias nações. A NAÇÃO é um grupo de pessoas que possuem a mesma identidade cultural, as mesmas referências culturais e históricas, possuem laços em comum, a mesma ancestralidade, os mesmos hábitos culinários, os mesmos gostos musicais, por exemplo. _________________________________________________________________________________________________________

sábado, 30 de dezembro de 2023

HOMENS DE FÉ

------------ Tem Que Acontecer Sérgio Sampaio Não fui eu, nem Deus, não foi você, nem foi ninguém Tudo o que se ganha nessa vida é pra perder Tem que acontecer, tem que ser assim Nada permanece inalterado até o fim Se ninguém tem culpa não se tem condenação Se o que ficou do grande amor é solidão Se um vai perder, outro vai ganhar É assim que eu vejo a vida, e ninguém vai mudar Eu daria tudo Pra não ver você cansada Pra não ver você calada Pra não ver você chateada Cara de desesperada Mas não posso fazer nada Não sou Deus, nem sou senhor Eu daria tudo Pra não ver você chumbada Pra não ver você baleada Pra não ver você arreada A mulher abandonada Mas não posso fazer nada Eu sou um compositor popular Eu daria tudo Pra não ver você calada Pra não ver você zangada Pra não ver você chateada Cara de desesperada Mas não posso fazer nada Não sou Deus, nem sou senhor Eu daria tudo Pra não ver você chumbada Pra não ver você baleada Pra não ver você arreada A mulher abandonada Mas não posso fazer nada Eu sou um compositor popular Composição: Sérgio Sampaio. ____________________________________________________________________________________ ---------- "(...) mas o meu reino ainda não é aqui." --------- "(...) assemelhá-lo-ei ao homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. - JESUS (Mateus, 7:24.)" ---------- Como afirma Léon Denis, referindo-se à obra de Jeanne D'Arc: "Mais alto que as contingências terrenas, acima dos feitos oriundos da liberdade humana, preciso é se perceba a ação de uma Vontade infalível, que domina as resistências das vontades particulares dos atos individuais, e sabe rematar a obra que empreende." ---------- Boa vontade Vede prudentemente como andais. PAULO (Efésios, 5:15.) ---------- "No dia 8 de maio de 1918 Aristógiton França, cunhado de Eurípedes, recebeu a comunicação do próprio escrivão, por via telefônica, de que o processo voltara à casa de origem. Fora, naquela data, prescrito pelo Dr. Fernando de Mello Vianna, Juiz de Direito de Uberaba, por falta de pronunciamento competente." ------ "A noite chegara. As comemorações culminaram com o cortejo fúnebre simbólico, onde não faltaram velas, tochas e discursos. O defunto era o processo criminal, colocado num caixão de madeira." --------
----------- O que está acontecendo com o nosso mundo? Leia artigo de Thomas Friedman ----------
------------- Oscar Vilhena Vieira* - Segurança pública: prioridade para 2024 Folha de S. Paulo Reduzir a violência é não apenas um imperativo moral, mas também uma condição para a prosperidade econômica Em 2023 a democracia foi salva e a economia parece estar entrando nos eixos. A agenda climática foi retomada, assim como as principais políticas sociais. Feitos nada triviais para um governo minoritário e recebido com grande desconfiança pelo mercado. O centrão, como era de se esperar, demonstrou-se mais leal aos seus interesses pragmáticos que à agenda obscurantista dos antigos habitantes da Esplanada (com exceções). O governo soube alinhar suas prioridades às ambições da maioria parlamentar. Tudo isso, evidentemente, ao régio custo de emendas. O fato, porém, é que a coisa andou. O governo governou. O grande desafio para 2024 é estabelecer alguma ordem e racionalidade no campo da segurança pública. A redução da violência e da criminalidade, que brutalizam a vida de milhões de brasileiros todos os dias, constitui não apenas um imperativo moral, mas também uma precondição para a prosperidade econômica e para a sobrevivência do próprio Estado democrático de direito. Desde a transição para a democracia os diversos governos federais têm se evadido da responsabilidade de coordenar as políticas e modernizar as agências de justiça e segurança, alegando que essa é uma responsabilidade dos estados. Essa omissão levou ao crescimento do crime organizado, à deterioração do sistema de segurança, assim como abriu um enorme mercado eleitoral para a extrema direita, com suas receitas simples, diretas e, sobretudo, erradas no campo da segurança pública. Armar a população, aliviar os controles sobre a atividade policial, promover o encarceramento indiscriminado e fechar os olhos para as milícias pode gerar votos, mas, no final do dia, apenas contribui para o aprofundamento da crise de segurança, levando a mais mortes e degradação do tecido social. Nas últimas décadas houve um avanço muito grande no campo da segurança pública, com forte impacto sobre a redução da violência em diversas partes do mundo e também no Brasil. Como não se cansava de salientar Paul Chevigny, professor emérito da Universidade de Nova York e autor de dois clássicos estudos sobre polícia, falecido no último mês, múltiplos são os fatores que promovem a criminalidade e a violência. Múltiplas, portanto, devem ser as políticas e instituições envolvidas na contenção da criminalidade. Logo, não é uma tarefa apenas das polícias estaduais, no caso brasileiro. Isso impõe ao governo federal assumir um protagonismo, ainda que partilhado, na construção de política nacional de segurança pública, com foco na redução dos homicídios e na retomada dos territórios hoje dominados pelo crime e pelas milícias. Perdoem o truísmo, mas estados são constituídos e governos são eleitos para enfrentar os problemas centrais de uma sociedade. E assegurar a paz é o problema primordial de qualquer sociedade. Se o governo federal não entende ser conveniente criar um Ministério da Segurança Pública para executar políticas de segurança, deveria ao menos criar uma Secretaria de Estado, com mandato e autoridade para articular junto ao parlamento, aos governadores e mesmo às polícias uma ampla reforma das políticas criminais, bem como a modernização das agências de aplicação da lei, além de promover a integração de outras políticas sociais com as políticas de segurança. A indisposição para enfrentar racionalmente os desafios da segurança pública será inevitavelmente punida pelo eleitor. Desnecessário lembrar que as principais vítimas continuarão a ser pretos e pobres. Desejo às leitoras e aos leitores um bom ano! Lembrando, apenas, que o ano não será melhor se cochilarmos no ponto. *Professor da FGV Direito SP, mestre em direito pela Universidade Columbia (EUA) e doutor em ciência política pela USP. Autor de "Constituição e sua Reserva de Justiça" (Martins Fontes, 2023) _________________________________________________________________________________________________________ ------------ ------------ Veja passo a passo dos atos #terroristas contra #Congresso, #Planalto e #STF ______________________________________________________________________________________________________________ ------------ ------------- ____________________________________________________________________________________ "Um caminho interessante para se enfrentar a polarização incivilizada." ____________________________________________________________________________________ ------------- CID BENJAMIN E SANTOS CRUZ | O avanço das milícias e do tráfico nas estruturas de poder do Estado ---------- Estreou em 28 de dez. de 2023 #mynewsentrevista Neste Diálogos Cid Benjamin, ex-dirigente da luta armada contra a ditadura militar e o General Santos Cruz, ex-secretário Nacional de Segurança Publica e referência da ONU em missões de paz, conversam sobre como o presidente Lula deve enfrentar o avanço das milícias e do tráfico. ________________ https://www.youtube.com/watch?v=siKs73fEszc&list=TLPQMzAxMjIwMjM_oiHPRC17DA&index=2 _________________________________________________________________________________________________________ --------------
------------ ___________________________________________________________________________________ "Estadão de hoje. Instigante artigo, abrangente de Thomas Friedman. Um excelente manancial de reflexões neste complexo mundo." ___________________________________________________________________________________ O que está acontecendo com o nosso mundo? Estadão Leia artigo de Thomas Friedman. Os três pilares que estabilizaram o planeta nas últimas décadas estão abalados por decisões de seus líderes Por Thomas Friedman 30/12/2023 | 09h00Atualização: 30/12/2023 | 09h03 18 minde leitura Enquanto colunista da editoria internacional do The New York Times desde 1995, uma das lições mais permanentes que aprendi é que há boas e más temporadas nesta área, que são definidas pelas grandes escolhas feitas pelos maiores participantes do jogo. Minha primeira década no cargo teve sua cota de más escolhas, principalmente envolvendo a resposta dos Estados Unidos ao 11 de setembro, mas elas foram acompanhadas por outras, muito mais esperançosas: o nascimento da democracia na Rússia e na Europa Oriental, graças às escolhas de Mikhail Gorbachev. O processo de paz de Oslo, graças às escolhas de Yitzhak Rabin e Yasser Arafat. A aceleração da abertura da China para o mundo, graças às escolhas de Deng Xiaoping. A adoção da globalização por parte da Índia, graças às escolhas iniciadas por Manmohan Singh. A expansão da União Europeia, a eleição do primeiro presidente americano negro e a evolução da África do Sul para uma democracia multirracial com foco na reconciliação, e não na vingança: tudo isso foi o resultado de boas escolhas das lideranças e dos liderados. Havia até indícios de que o mundo estaria finalmente começando a levar a sério a mudança climática. Leia também Como o Hamas usou a violência sexual como arma nos ataques terroristas de 7 de outubro Tomadas em conjunto, essas escolhas impulsionaram a política global para uma trajetória mais positiva, com a sensação de mais pessoas conectadas entre si e capazes de realizar seu pleno potencial pacificamente. Era animador acordar de manhã e pensar em uma dessas tendências para abordar na minha coluna. Forças Armadas da Ucrânia disparam canhão contra tropas russas perto da cidade de Bakhmut, na linha de frente, em meio ao ataque da Rússia à Ucrânia, na região de Donetsk Foto: Viacheslav Ratynskyi / Reuters Mas, nos anos mais recentes, a sensação tem sido o oposto: boa parte do meu trabalho envolvia criticar as más escolhas dos maiores participantes do jogo. A ditadura cada vez mais rigorosa e agressiva de Vladimir Putin, culminando na sua brutal invasão à Ucrânia; a reversão da abertura da China, encabeçada por Xi Jinping; a eleição do governo mais à direita da história de Israel; os efeitos cumulativos da mudança climática; a perda do controle sobre a fronteira sul dos Estados Unidos; e, talvez a mais ameaçadora dessas tendências, uma aproximação com o autoritarismo, não apenas em países europeus como Turquia, Polônia e Hungria, mas também no Partido Republicado dos próprios EUA. Dito de outra forma: quando penso nos três pilares que estabilizaram o mundo desde que me tornei jornalista, em 1978 (uma América forte comprometida com a proteção da ordem mundial liberal com a ajuda de instituições multilaterais saudáveis como a Otan, uma China em crescimento constante sempre presente para sustentar a economia mundial, e fronteiras essencialmente estáveis na Europa e nos países em desenvolvimento), todos estão sendo abalados por grandes escolhas feitas pelos maiores participantes do jogo ao longo dos dez anos mais recentes. O resultado disso é uma guerra fria entre EUA e China, a migração em massa do sul para o norte e uma América que se tornou mais uma fonte de desconfiança do que indispensável. Continua após a publicidade Mas essa não é nem metade da história. Afinal, agora que tecnologias militares avançadas como drones estão prontamente disponíveis, jogadores menores podem exercer um poder muito maior e projetá-lo muito mais amplamente do que antes, o que possibilita que até as más escolhas deles abalem o mundo. Basta pensar em como empresas de frete do mundo inteiro estão desviando seu tráfego e pagando mais pelo seguro agora porque os Houthis, uma tribo do Iêmen da qual ninguém tinha ouvido falar até recentemente, adquiriram drones e foguetes e começaram a perturbar as rotas marítimas na região do Mar Vermelho e do Canal de Suez. É por isso que me referi à invasão da Ucrânia pela Rússia como nossa primeira guerra verdadeiramente mundial e, sob certos aspectos, me parece que a guerra do Hamas contra Israel seria nossa segunda guerra verdadeiramente mundial. Elas são travadas em campos de batalha tanto físicos quanto digitais, com imenso alcance e implicações globais. Como para os agricultores na Argentina, que viram sua produção afetada quando perderam subitamente o acesso ao fertilizante da Ucrânia e da Rússia. Como os jovens usuários do TikTok em todo o mundo observando, opinando, protestando e boicotando grandes redes globais como Zara e McDonald’s, depois de ficarem indignados com algo que viram em um vídeo de 15 segundos transmitido de Gaza. Como um grupo de hackers pró-Israel que alegou ser responsável por desativar cerca de 70% dos postos de gasolina do Irã outro dia, supostamente como retaliação pelo apoio do Irã ao Hamas. E muitos outros casos. Leia outras colunas de Thomas Friedman • Como quatro líderes estão virando o mundo de cabeça para baixo • O que me preocupa sobre a guerra em Gaza após minha viagem a Estados árabes • Por que a guerra entre Israel e Hamas é tão difícil de entender? De fato, no mundo profundamente interconectado de hoje, é possível que a guerra na Faixa de Gaza, que ocupa aproximadamente duas vezes o espaço de Washington, D.C., seja um fator decisivo na escolha do próximo presidente americano, com alguns jovens democratas pensando em abandonar o presidente Biden por causa do seu apoio a Israel. São as escolhas, estúpido Mas, antes de exagerarmos no pessimismo, é importante lembrar que estamos falando apenas de escolhas. Não havia nada de inevitável ou predefinido nelas. As lideranças e os povos sempre têm arbítrio e, enquanto observadores, não podemos cair no conto desonesto dos covardes acostumados a dizer “bem, não havia escolha”. Continua após a publicidade Gorbachev, Deng Xiaoping, Anwar el-Sadat, Menachem Begin, George H.W. Bush e Volodimir Zelenski, para citar apenas alguns nomes, enfrentaram escolhas dificílimas, mas optaram por um caminho na encruzilhada que levou a um mundo mais próspero e seguro, ao menos por algum tempo. Outros, infelizmente, fizeram o oposto. Para encerrar o ano, é através desse prisma das escolhas que desejo examinar o assunto que tem consumido a mim e, ouso dizer, a boa parte do mundo desde 7 de outubro: a guerra entre Israel e Hamas. Ela não era tão inevitável quanto algumas pessoas querem fazer parecer. Vista dos escombros de edifícios atingidos por um ataque aéreo israelense, em Jabalia, Faixa de Gaza, em outubro, após ataque terrorista do Hamas em Israel Foto: Hatem Moussa / AP Photo Comecei a pensar nisso algumas semanas atrás, quando voei para Dubai para participar da cúpula climática das Nações Unidas. Para quem nunca esteve lá, o aeroporto de Dubai tem algumas das pistas mais longas do mundo. E, quando meu voo da Emirates pousou, taxiamos até uma das extremidades da pista B e, olhando pela janela, vi em simetria quase perfeita cerca de 15 jatos de passageiros da Emirates, estendendo-se até o horizonte. E um pensamento me ocorreu: qual é o ingrediente essencial que está presente em Dubai e está ausente em Gaza? Afinal, em um certo sentido, ambos começaram como uma convergência de areia e água do mar situada em uma das intersecções fundamentais do mundo. Não é o petróleo, que hoje desempenha um pequeno papel na diversificada economia de Dubai. E não é a democracia. Dubai não é uma democracia e nem sonha em sê-lo. Mas pessoas do mundo todo querem viver ali, e a população de mais de 3,5 milhões aumentou vertiginosamente após a pandemia da Covid. Por quê? A resposta está na liderança visionária. Dubai foi beneficiada com duas gerações de monarcas dos Emirados Árabes Unidos que tiveram uma poderosa visão de como os EAU em geral, e o emirado de Dubai em particular, poderiam escolher ser árabes, modernos, pluralistas, globalizados e adeptos de uma interpretação moderada do Islã. Sua fórmula incorpora uma abertura radical para o mundo, uma ênfase no ensino e nos livres mercados, a proibição ao Islã político extremista, pouca corrupção relativa, um robusto estado de direito promulgado a partir do topo e um compromisso implacável com a diversificação econômica, o recrutamento de talentos e o desenvolvimento. Pessoas caminham perto do Centro de Exposições do Domo de Al Wasl, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, durante a COP28 Foto: Peter Dejong / AP Photo Continua após a publicidade Há um milhão de críticas que poderíamos fazer a Dubai, dos direitos trabalhistas dos muitos trabalhadores estrangeiros que fazem tudo funcionar até os ciclos de prosperidade e quebra do mercado imobiliário, dos exageros da construção à falta de uma imprensa verdadeiramente livre ou da liberdade de reunião, para citar apenas alguns. Mas o fato de que os árabes e outros seguem interessados em viver, trabalhar, passear e fundar empresas ali indica que a liderança converteu este promontório quentíssimo do Golfo Persa em uma das encruzilhadas mais prósperas do mundo para o comércio, o turismo, o transporte, a inovação, a navegação e o golfe, com um panorama de arranha-céus (um deles com mais de 820 metros de altura) que daria inveja em Hong Kong ou Manhattan. E tudo isso foi feito na sombra (e com a inveja) de uma perigosa República Islâmica do Irã. Quando visitei Dubai pela primeira vez, em 1980, ainda havia tradicionais barcos de pesca de madeira no porto. Hoje, a empresa de logística DP World, dos Emirados Árabes, gerencia o transporte de carga e os terminais em portos do mundo inteiro. Qualquer um dos vizinhos de Dubai (Kuwait, Catar, Omã, Bahrein, Irã e Arábia Saudita) poderia ter feito o mesmo com seu litoral, mas foram os EAU que chegaram a este resultado graças às escolhas feitas. Leia também • Guerra de Israel com o Hamas: um guia simples para entender o conflito em 2023 e o que virá em 2024 • Guerra na Ucrânia: um guia simples para entender o conflito em 2023 e o que virá em 2024 • Thomas Friedman: Guerra Israel e Hamas tem bem mais de dois lados Visitei o local da conferência climática da ONU na companhia da ministra dos EAU para a cooperação internacional, Reem al-Hashimy, que supervisionou a construção da imensa Expo City 2020 em Dubai, posteriormente adaptada para receber o evento. Nas três horas que passamos caminhando por lá, fomos interrompidos pelo menos seis ou sete vezes por grupos de mulheres dos Emirados vestindo robes pretos, em grupos de duas ou três, que me pediam para dar licença enquanto elas tiravam uma selfie com Reem, ou então me pediam para tirar a foto. Ela era uma estrela, um modelo de comportamento para elas: uma mulher que estudou em Harvard e Tufts, não faz parte da família real e trabalha em um cargo de liderança do governo. Comparemos isso com a situação em Gaza, onde os modelos de comportamento atuais são os mártires do Hamas na sua interminável guerra contra Israel. Entre as coisas mais ignorantes e desprezíveis ditas a respeito da atual guerra em Gaza é que o Hamas não tinha escolha, como se as guerras do Hamas contra Israel culminando em 7 de outubro com uma investida assassina, o sequestro de israelenses de apenas 10 meses ou de até 86 anos e o estupro de mulheres israelenses pudessem de alguma forma ser justificadas como uma fuga da prisão por homens oprimidos. Continua após a publicidade Nada disso. Vamos rebobinar a fita: em setembro de 2005, Ariel Sharon concluiu uma retirada unilateral de todas as forças israelenses e assentamentos de Gaza, ocupada por Israel na guerra de 1967. Em rápida sequência, o Hamas começou a atacar os pontos de cruzamento entre Gaza e Israel para mostrar que, mesmo com a saída de Israel, o movimento de resistência não estava acabado; esses pontos de cruzamento eram essenciais para o comércio e os empregos, e Israel acabou reduzindo-os de seis para duas rotas. Em janeiro de 2006, os palestinos realizaram eleições com a esperança de conferir à Autoridade Palestina legitimidade para administrar Gaza e a Cisjordânia. Houve um debate entre israelenses, palestinos e funcionários do governo Bush a respeito da permissão ao Hamas para que participasse nas eleições ou não, afinal o grupo havia rejeitado os acordos de paz de Oslo com Israel. Yossi Beilin, um dos arquitetos israelenses de Oslo, me disse que ele e outros argumentaram que o Hamas não deverias ser aceito na eleição, opinião ecoada por muitos membros do Fatah, o grupo de Arafat, que havia aceito as propostas de Oslo e reconhecido a existência de Israel. Mas a equipe do governo Bush insistiu para que o Hamas pudesse participar sem ter reconhecido Oslo, na esperança de que o grupo fosse derrotado e, finalmente, refutado. Infelizmente, por motivos complexos, o Fatah promoveu um número muito grande de candidatos em muitos distritos, dividindo o eleitorado, enquanto o Hamas, mais disciplinado, promoveu candidaturas específicas e conseguiu ficar com a maioria no parlamento. O primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, à esquerda, e o líder palestino Yasser Arafat apertam as mãos com o presidente americano Bill Clinton no centro, durante a assinatura do acordo de paz entre Israel e os palestinos, em Washington, em 13 de setembro de 1993 Foto: Ron Edmonds / AP Photo Então o Hamas se viu diante de uma escolha fundamental: agora que controlava o parlamento palestino, o grupo poderia trabalhar dentro dos Acordos de Oslo e do protocolo de Paris que regia os laços econômicos entre Israel, Gaza e a Cisjordânia… ou não. O Hamas optou por não fazê-lo, tornando inevitável um confronto entre Hamas e Fatah, que defendia Oslo. No fim, o Hamas expulsou violentamente o Fatah de Gaza em 2007, assassinando alguns de seus representantes e deixando claro que não seguiria os Acordos de Oslo nem o protocolo de Paris. Isso levou ao primeiro embargo econômico israelense a Gaza, e o que seriam 22 anos de ataques intermitentes do Hamas usando foguetes, da abertura e fechamento de postos de controle israelenses, guerras e períodos de cessar-fogo, tudo culminando no 7 de outubro. Foram escolhas fatídicas. Depois que Sharon tirou Israel de Gaza, os palestinos tiveram, pela primeira vez, controle total sobre um território. Sim, era uma faixa de areia empobrecida no litoral, com algumas áreas agrícolas. E não era o lar original de muitos de seus moradores. Mas pertencia a eles, e ali poderiam construir o que quisessem. Continua após a publicidade Se o Hamas tivesse adotado Oslo e optado por construir sua própria Dubai, além de ver o mundo fazendo fila para auxiliar a região e investir nela, isso representaria o trampolim mais poderoso imaginável para um estado palestino na Cisjordânia, no coração das terras ancestrais palestinas. Os palestinos teriam provado para si, para os israelenses e para o mundo o que seriam capazes de fazer quando tivessem o próprio território. Mas, em vez disso, o Hamas decidiu transformar Gaza em um trampolim para a destruição de Israel. Dito de outra forma, o Hamas tinha uma escolha: imitar Dubai em 2023 ou imitar Hanói em 1968. A escolha foi pelo modelo de Hanói, cuja rede de túneis Củ Chi serviu para lançar a ofensiva do Tet, em 1968. O Hamas não está simplesmente envolvido em uma pura e inocente luta anticolonial contra Israel. Só os inocentes úteis do Hamas nos campi americanos acreditariam nisso. O Hamas está envolvido em uma disputa brutal pelo poder com o Fatah para decidir quem controlará Gaza e a Cisjordânia, e está envolvido na disputa pelo poder na região, ao lado de outros partidos e governos favoráveis à Irmandade Islâmica (como Turquia e Catar), contra monarquias pró-Ocidente como Arábia Saudita, Jordânia, Kuwait e os EAU, e regimes mais militares como o do Egito. Nessa disputa, o Hamas queria Gaza isolada e em conflito com Israel porque isso permitiria ao Hamas manter sua mão de ferro islâmica apertando a política na faixa, deixando de lado as eleições e controlando todas as rotas de contrabando, que financiaram seus túneis e sua máquina de guerra, e o estilo de vida de suas lideranças e defensores leais. Exatamente como o regime islâmico do Irã precisa da hostilidade contra os EUA para justificar sua mão de ferro controlando a sociedade iraniana e o controle da Guarda Revolucionária sobre todo o contrabando. Exatamente como o Hezbollah precisa do seu conflito com Israel para justificar o treinamento do seu próprio exército no Líbano, controlando o contrabando de drogas e impedindo a formação de qualquer governo libanês que seja hostil aos seus interesses, independentemente de quem for eleito. E exatamente como Vladimir Putin precisa do seu conflito com a Otan para justificar sua permanência no poder, a militarização da sociedade russa e o saque dos cofres do estado por seus asseclas. Continua após a publicidade Esta já se tornou uma estratégia comum para consolidar o poder e ater-se a ele indefinidamente, usada por facções políticas disfarçada como ideologia de resistência. Não surpreende que todas essas facções se apoiem mutuamente. Há muito o que criticar na ocupação israelense da Cisjordânia, à qual sempre fui contra. Mas me poupem da ladainha ouvida nos corredores de Harvard segundo a qual esta é uma guerra dos oprimidos inocentes e colonizados contra seus malignos opressores coloniais; segundo a qual Israel seria o único responsável pelo isolamento de Gaza; e segundo a qual a única escolha que restou ao Hamas há anos tem sido criar um panorama subterrâneo de “arranha-céus” que chegam a 70 metros de profundidade (uma anti-Dubai) e que sua única alternativa no 7 de outubro era o martírio. O Hamas nunca hesitou no seu principal interesse de destruir Israel, muito mais do que erguer um estado palestino, porque foi a meta de aniquilar Israel que possibilitou ao Hamas justificar sua permanência no poder indefinidamente, mesmo com Gaza conhecendo apenas a miséria econômica desde que o Hamas assumiu o controle. Não estamos ajudando os palestinos que realmente desejam e merecem um estado próprio quando fingimos que isso não passa de uma narrativa. Os moradores de Gaza conhecem a verdade. Pesquisas de opinião recentes citadas pela AFP indicam que, na véspera do 7 de outubro, “muitos moradores de Gaza eram hostis ao Hamas antes do brutal ataque do grupo contra Israel em 7 de outubro, com alguns descrevendo este governo como uma outra ocupação”. Conforme o controle do Hamas sobre Gaza for relaxado, prevejo que ouviremos muitas outras dessas vozes de Gaza dizendo o que realmente pensam do Hamas, o que deve constranger os defensores do Hamas nos campi americanos. Mas nossa história sobre arbítrio e escolhas não termina aqui. Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro mais longevo de Israel (16 anos no poder) também fez escolhas. E antes mesmo desta guerra, ele fez escolhas terríveis, para Israel e para os judeus em todo o mundo. A lista é longa: antes da guerra atual, Netanyahu trabalhou ativamente para manter os palestinos divididos e enfraquecidos ao fortalecer o Hamas em Gaza com bilhões de dólares do Catar, ao mesmo tempo agindo para desacreditar e deslegitimar a Autoridade Palestina, mais moderada, em Ramallah, comprometida com os acordos de Oslo e renunciando à violência na Cisjordânia. Com isso, Netanyahu podia dizer a todos os presidentes americanos uma variação do seguinte: eu adoraria firmar uma paz com os palestinos, mas eles se encontram divididos e, além disso, os melhores dentre eles são incapazes de controlar a Cisjordânia, enquanto os piores dentre eles controlam Gaza. O que esperam de mim? Manifestantes caminham com as bandeiras nacionais de Israel ao lado de um banner do primeiro-ministro Biniamin Netanyahu durante um protesto contra seu governo em Tel Aviv, Israel, em março de 2023 Foto: Oded Balilty / AP Photo O objetivo de Netanyahu sempre foi destruir a opção de Oslo de uma vez por todas. Nesse sentido, Bibi e Hamas sempre precisaram um do outro: Bibi precisava do Hamas para dizer aos EUA e aos israelenses que ele não tinha escolha, e o Hamas precisava de Bibi para dizer à população de Gaza e seus ingênuos defensores em todo o mundo que a única escolha dos palestinos seria uma luta armada liderada pelo Hamas. A única saída para esta destruição mútua garantida é trazer alguma versão transformada da Autoridade Palestina na Cisjordânia, ou todo um novo governo de tecnocratas palestinos nomeados pela OLP, em parceria com estados árabes moderados como Egito, Jordânia e Arábia Saudita. Mas, quando menciono essa necessidade diante de muitos israelenses hoje em dia, eles me dizem, “Tom, ainda não é o momento. Ninguém quer saber disso”. Isso me dá vontade de berrar: ao contrário, o momento é exatamente esse. Será que eles não percebem? O maior feito político de Netanyahu foi convencer os israelenses e o mundo de que nunca era o momento de falar sobre a ocupação moralmente corrosiva e sobre como ajudar a construir um parceiro palestino crível para tirá-la das mãos de Israel. Ele e os colonos venceram todo mundo pelo cansaço. Quando eu cobria o departamento de estado americano no início dos anos 1990, os assentamentos na Cisjordânia costumavam ser descritos por autoridades americanas como “obstáculos para a paz”. Mas tal expressão foi gradualmente abandonada. O governo Trump chegou ao ponto de deixar de chamar a Cisjordânia de território “ocupado”. Insisto em falar nessas escolhas agora porque Israel está sendo cercado pelo que chamo de porta-aviões terrestres do Irã: Hamas, Hezbollah, os Houthis e as milícias xiitas no Iraque. O Irã está empurrando Israel para uma guerra em múltiplas frentes contra seus aliados. Estou realmente preocupado com o futuro de Israel. Mas Israel não contará com a simpatia do mundo, da qual necessita, e nem terá os múltiplos aliados dos quais precisará para confrontar este polvo iraniano, e nem terá os parceiros palestinos necessários para governar uma Gaza pós-Hamas, e nem terá o duradouro apoio do seu melhor amigo, Joe Biden, a não ser que esteja pronto para escolher um rumo de longo prazo para se separar dos palestinos com um parceiro palestino legítimo e melhorado. Biden está gritando isso no ouvido de Netanyahu nos telefonemas privados entre eles. Por tudo isso, se Netanyahu seguir recusando porque, mais uma vez, politicamente o momento não é bom para ele, Biden também terá de escolher: entre os interesses dos EUA e os de Netanyahu. Netanyahu busca minar a pedra de toque da política americana para o Oriente Médio nas três décadas passadas: a estrutura proposta em Oslo, com dois estados para dois povos, que garante a existência de um estado palestino e a segurança de Israel, algo que nenhum dos dois lados se esforçou muito para implementar. A destruição da estrutura de Oslo não é do interesse dos EUA. Resumindo, esta guerra é tão horrível, mortal e dolorosa que não surpreende o fato de tantos palestinos e israelenses preferirem se concentrar na sobrevivência, e não nas escolhas que os levaram a essa situação. A In sum, this war is so ugly, deadly and painful, it is no wonder that so many Palestinians and Israelis want to just focus on survival and not on any of the choices that got them here. Dahlia Scheindlin descreveu a situação lindamente em um ensaio recente no Haaretz: A situação atual é tão terrível que as pessoas fogem da realidade como fogem de foguetes, escondendo-se no abrigo de seus pontos cegos. É inútil apontar o dedo. A única coisa que resta é mudar essa realidade. Para mim, sempre será o momento de escolher este rumo. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL https://www.estadao.com.br › Internacional ____________________________________________________________________________________ ------------- ----------- Moscow launches wave of missile strikes across Ukraine Guardian News Compartilhar 49.917 visualizações 29 de dez. de 2023 UKRAINE Russia launched a wave of missile strikes on Friday across Kyiv and other Ukrainian cities, killing at least 18 people and wounding more than 130, officials said. Subscribe to Guardian News on YouTube ► http://bit.ly/guardianwiressub The overnight attacks came days after Ukraine struck a Russian warship in the occupied Crimean port of Feodosia in a significant setback for the Russian navy. Drones and missiles struck at least five other Ukrainian cities on Friday, including Kharkiv in the north-east, Lviv in the west, Dnipro in the east and Odesa in the south, the cities’ mayors and police said. ____________________________________________________________________________________ ----------- "Moscou lança onda de ataques com mísseis por toda a Ucrânia Guardian News Compartilhar 29 de dezembro de 2023 - UCRÂNIA A Rússia lançou uma onda de ataques com mísseis na sexta-feira por toda Kyiv e outras cidades ucranianas, matando pelo menos 18 pessoas e ferindo mais de 130, afirmaram autoridades. Os ataques durante a noite ocorreram dias após a Ucrânia atingir um navio de guerra russo no porto ocupado de Feodosia, na Crimeia, representando um revés significativo para a marinha russa." "Drones e mísseis atingiram pelo menos outras cinco cidades ucranianas na sexta-feira, incluindo Kharkiv, no nordeste, Lviv, no oeste, Dnipro, no leste, e Odesa, no sul, conforme relataram os prefeitos e a polícia das cidades." https://www.youtube.com/watch?v=jvOaoYbHZU8 ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Qüem! Qüem! Qüem! Qüem!

--------------- Cantares Joan Manuel Serrat Todo pasa y todo queda Pero lo nuestro es pasar Pasar haciendo caminos Caminos sobre la mar Nunca perseguir la gloria Ni dejar en la memoria De los hombres, mi canción Yo amo los mundos sutiles Ingrávidos y gentiles Como pompas de jabón Me gusta verlos pintarse De Sol y grana, volar Bajo el cielo azul, temblar Súbitamente y quebrarse Nunca perseguir la gloria Caminante Son tus huellas el camino y nada más Caminante, no hay camino Se hace camino al andar Al andar, se hace camino Y al volver la vista atrás Se ve la senda que nunca Se ha de volver a pisar Caminante, no hay camino Sino estelas en la mar Hace algún tiempo, en ese lugar Donde hoy los bosques se visten de espinos Se oyó la voz de un poeta gritar Caminante, no hay camino Se hace camino al andar Golpe a golpe, verso a verso Murió el poeta, lejos del hogar Le cubre el polvo de un país vecino Al alejarse, le vieron llorar Caminante, no hay camino Se hace camino al andar Golpe a golpe, verso a verso Cuando el jilguero no puede cantar Cuando el poeta es un peregrino Cuando de nada nos sirve rezar Caminante, no hay camino Se hace camino al andar Golpe a golpe, verso a verso Golpe a golpe, verso a verso Golpe a golpe, verso a verso Composição: Antonio Machado / Joan Manuel Serrat. ______________________________________________________________________________________________________________ -------- ------------- MEDIDAS ARRECADATÓRIAS DE HADDAD provocam reação de parlamentares e empresários MyNews #MyNews ----------
------------ Paróquia Santa Bárbara Guaranésia - MG MEDIDAS ARRECADATÓRIAS DE HADDAD provocam reação de parlamentares e empresários MyNews Transmissão ao vivo realizada há 11 horas #cafédomynews #MyNews #cafédomynews No Café do MyNews desta sexta-feira, 29 de dezembro, Afonso Marangoni e João Bosco Rabello detalham a Medida Provisória (MP) editada pelo governo Lula que, entre outros pontos, determina a reoneração parcial da folha de pagamentos de 17 setores da economia. A MP faz parte do esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de de zerar o déficit público do governo federal em 2024. ________________ ______________________________________________________________________________________________________________
------------- Nas entrelinhas — Lula e Pacheco fecham o ano em rota de colisão Publicado em 29/12/2023 - 05:34 Luiz Carlos Azedo Brasília, Comunicação, Congresso, Economia, Eleições, Governo, Imposto, Justiça, Meio ambiente, Partidos, Política, Política Com o fundo eleitoral e 7.900 emendas parlamentares, no valor total de R$ 53 bilhões, deputados e senadores terão R$ 5 bilhões a mais do que os investimentos do PAC A quinta-feira não foi de bom agouro para as relações entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em 2024, um ano eleitoral, ao menos simbolicamente. Embora a política se pareça com as nuvens, como diria o antigo político mineiro Magalhães Pinto — “você olha e ela está de um jeito; olha de novo e ela já mudou” —, pode ser até que tudo não passe de um jogo de cena, cada qual para sua plateia, mas o choque tem bases objetivas que devem ser levadas em conta. No mesmo dia em que Pacheco promulgou o marco temporal e a nova lei de desoneração da folha de pagamento, cujos vetos presidenciais foram derrubados pelo Congresso, Lula sancionou a nova Lei dos Agrotóxicos, com novos vetos que restabelecem o poder do Ibama e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em relação ao Ministério da Agricultura. É mais uma queda de braços entre o Executivo e o Legislativo, na qual a bancada do agronegócio, com toda certeza, levará a melhor, em razão da correlação de forças no Congresso. O PL do Veneno, como é chamado pelos ambientalistas, tramitou 24 anos no Congresso, antes de ser aprovado, em novembro. Os 14 vetos, segundo comunicado do governo, “vão garantir a adequada integração entre as necessidades produtivas, a tutela da saúde e o equilíbrio ambiental”. Será? Para derrubá-los, os ruralistas precisarão apenas de maioria simples no Congresso, no qual o governo é minoritário em temas que envolvem interesses do agronegócio, da bancada da bala e dos evangélicos, a coalizão que elegeu e apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), imbatível quando se une. Isso vem ocorrendo com mais frequência do que se esperava, embora o governo Lula tenha conseguido algumas vitórias estratégicas no Congresso, como a reforma tributária, que precisa ser regulamentada no próximo ano. A aprovação do Orçamento da União consolidou a perda de controle do governo sobre grande parcela das despesas discricionárias, aquelas que não são obrigatórias, como recursos para custeio e investimentos. As despesas obrigatórias são, principalmente, pagamento de pessoal e benefícios previdenciários. Sem a maior parte das discricionárias, o governo não funcionaria. Emendas parlamentares O Orçamento da União para 2024 (PLN 29/2023), aprovado na semana passada pelo Congresso, prevê receitas e despesas de R$5,5 trilhões. Pelo texto, o salário mínimo passa dos atuais R$ 1.320 deste ano para R$ 1.412 em 2024. O maior debate no Plenário foi em relação ao Fundo Eleitoral, que era de R$ 939,3 milhões e passou para R$ 4,9 bilhões, destinados às eleições municipais do próximo ano. O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), coração da política de investimentos de Lula, foi tungado em R$ 6,3 bilhões. O total destinado ao PAC em 2024, portanto, será de R$ 54 bilhões. Na proposta original do governo, o valor previsto era de cerca de R$ 61 bilhões. Foram acolhidas 7.900 emendas parlamentares individuais, de bancadas estaduais e de comissões, no valor total de R$ 53 bilhões, ou seja, deputados e senadores terão R$ 5 bilhões a mais do que os recursos de investimentos do governo, se considerarmos o fundo eleitoral. Desse total, R$ 16,7 bilhões são de emendas de comissões, valor mais que o dobro do que foi aprovado em 2023 (R$ 7,5 bilhões), que substituiu o orçamento secreto. Para as emendas individuais obrigatórias, foram fixados R$ 25 bilhões e R$ 11,3 bilhões para emendas de bancadas, seguindo porcentagens fixadas na Constituição Federal. A distribuição de recursos entre as comissões não tem nada a ver com as demandas reais da população. Por exemplo, no Senado, a Comissão de Educação recebeu R$ 7,9 milhões, ao passo que R$ 4 bilhões vão para a Comissão de Desenvolvimento Regional. A Comissão de Meio Ambiente recebeu R$ 550 milhões. O critério para a partilha dos recursos não são as políticas públicas, mas os interesses paroquiais de deputados e senadores, que miram suas bases eleitorais. Nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou novas medidas para zerar o deficit das contas públicas federais nos próximos anos: “Nós havíamos já sinalizado que depois da promulgação da reforma tributária encaminharíamos medidas complementares. O que estamos fazendo, enquanto equipe econômica, é um exame detalhado do Orçamento da União, isso vem acontecendo desde o ano passado, antes da posse.” Por medida provisória, a ser publicada hoje ou amanhã, o governo pretende compensar as desonerações por meio de novas tributações. Apertem os cintos. Compartilhe: ____________________________________________________________________________________________________________ ------
------------ _________________________________________________________________________________________________________ Esse texto aborda um embate entre o presidente Lula e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, com uma visão crítica sobre a distribuição de recursos, a aprovação de leis e a dinâmica entre o Executivo e o Legislativo. Parece haver tensões consideráveis, especialmente em questões como o marco temporal, a nova lei de desoneração da folha de pagamento e a Lei dos Agrotóxicos, onde as visões entre o governo e parte do Congresso divergem. A distribuição de recursos, emendas parlamentares e o aumento do Fundo Eleitoral também são pontos críticos discutidos, apontando para um possível desequilíbrio entre investimentos públicos e interesses políticos individuais ou regionais. A relação entre esses valores e a perda de controle do governo sobre despesas discricionárias também é ressaltada. Por fim, são mencionadas medidas anunciadas pelo ministro da Fazenda para reequilibrar as contas públicas, indicando que o governo buscará compensar as desonerações com novas tributações. Parece que há um cenário de choque de interesses e uma dinâmica complexa entre as diferentes esferas do poder no Brasil, o que pode ter impactos significativos tanto no funcionamento do governo quanto na implementação de políticas públicas. _________________________________________________________________________________________________________
---------- ALÉM X AQUÉM: SIGNIFICADO, DIFERENÇA, EXEMPLOS, EXERCÍCIOS _____________________________________________________________________________________________________________________ ----------- O que é Aquém: Aquém é um advérbio de lugar, que significa do lado de cá. Ex: Aquém-mar (do lado de cá do mar), aquém da montanha (na parte de cá da montanha) e aquém fronteira (do lado de dentro das fronteiras de um país). Aquém é também uma preposição que significa abaixo, inferior. Ex: Ficar aquém das expectativas (ficar abaixo do esperado). O valor deste livro está muito aquém do seu preço normal (o valor do livro está inferior ao seu preço normal). Aquem (sem o acento), é o nome de uma cidade localizada no distrito de Goa, no sul de estado de Goa, na Índia. Aquém - língua indígena Aquém, akwén ou a'uwem, é uma língua falada pelo povo xavante, indígenas que habitam o leste do estado brasileiro de Mato Grosso, na região Centro-Oeste do Brasil. A língua aquém pertence ao troco linguístico macro jê, que contém 13 consoantes e treze vogais. É a língua também falada pelos xerentes, que vivem na região central do estado do Tocantins, na região Norte do Brasil. É ainda a língua falada pelo povo xakriabás, que ocupam uma área de reserva ao norte do estado brasileiro de Minas Gerais, na região Sudeste. _______________________________________________________________________________________ ------------ O Pato Roberto Menescal Vinha cantando alegremente Qüem! Qüem! Quando um marreco sorridente pediu Para entrar também no samba No samba, no samba O ganso, gostou da dupla E fez também Qüem! Qüem! Qüem! Qüem! Olhou pro cisne E disse assim: Vem! Vem! Que o quarteto ficará bem Muito bom, muito bem Na beira da lagoa Foram ensaiar Para começar O tico-tico no fubá A voz do pato Era mesmo um desacato Jogo de cena com o ganso era mato Mas eu gostei do final Quando caíram não'água Ensaiando o vocal O pato Qüem! Qüem! Qüem! Qüem! Qüem! Qüem! Qüem! para entrar também no samba O ganso Qüem! Qüem! Qüem! Qüem! Qüem! Qüem! Qüem! E o quarteto ficará bem, muito bom muito bem Na beira da lagoa Foram ensaiar Para começar O tico-tico no fubá A voz do pato Era mesmo um desacato Jogo de cena com o ganso era mato Mas eu gostei do final Quando caíram não'água E ensaiando o vocal Qüem! Qüem! Qüem! Qüem! Composição: Jayme Silva / Neuza Texeira. __________________________________________________________________________________________ ------------ ------------ Haddad fala sobre medidas para compensar desoneração da folha. Acompanhe! Metrópoles Transmissão ao vivo realizada há 21 horas O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concederá entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira (28). ______________________________________________________________________________________ ------------- ------------- WW - 28/12/2023 CNN Brasil Transmissão ao vivo realizada há 9 horas #CNNBrasil Assista ao WW desta quinta-feira, 28 de dezembro de 2023. _________________________________________________________________________________________ ---------- ------------ O Pato João Gilberto O pato Vinha cantando alegremente Quém! Quém! Quando um marreco sorridente pediu Para entrar também no samba No samba, no samba O ganso, gostou da dupla E fez também Quém! Quém! Quém! Olhou pro cisne E disse assim: Vem! Vem! Que o quarteto ficará bem Muito bom, muito bem Na beira da lagoa Foram ensaiar Para começar O tico-tico no fubá A voz do pato Era mesmo um desacato Jogo de cena com o ganso era mato Mas eu gostei do final Quando caíram n'água E ensaiando o vocal Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! O pato Vinha cantando alegremente Quém! Quém! Quando um marreco sorridente pediu Para entrar também no samba No samba, no samba O ganso, gostou da dupla E fez também Quém! Quém! Quém! Olhou pro cisne E disse assim: Vem! Vem! Que o quarteto ficará bem Muito bom, muito bem Na beira da lagoa Foram ensaiar Para começar O tico-tico no fubá A voz do pato Era mesmo um desacato Jogo de cena com o ganso era mato Mas eu gostei do final Quando caíram n'água E ensaiando o vocal Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Quém! Composição: Jayme Silva / Neuza Teixeira. ______________________________________________________________________________________________________________ User "H. COMO BOM FILÓSOFO É UM EXCELENTE ECONOMISTA, PARA PARES FILÓSOFOS." / "H. COMO BOM ECONOMISTA É UM EXCELENTE FILÓSOFO, PARA PARES ECONOMISTAS." /"H. NÃO É BOM NEM EXCELENTE, ESPECIALIDADES SÃO MEROS DETALHES , COMO DIRIA EX-MINISTRA DA PASTA ECONÔMICA." ChatGPT Parece que estás falando sobre a interseção entre filosofia e economia, certo? A ideia de que alguém que é bom em uma área pode ser considerado excelente na outra para seus pares dentro dessas áreas é interessante. Alguns argumentam que habilidades e perspectivas desenvolvidas em uma disciplina podem ser aplicadas de maneira proveitosa em outras, ampliando o entendimento e a abordagem em diferentes campos. O pensamento interdisciplinar pode abrir novas perspectivas e soluções inovadoras para problemas. Quanto à referência à ex-ministra da pasta econômica e a ideia de que especialidades são meros detalhes, isso parece sugerir a importância de uma visão mais holística ou ampla, onde as fronteiras entre disciplinas não são rígidas e o conhecimento é mais fluido e interconectado. É uma perspectiva intrigante pensar que habilidades e perspectivas de uma área podem ser transferidas ou complementadas de forma significativa em outra, mesmo que as disciplinas pareçam muito diferentes à primeira vista. _________________________________________________________________________________________________________ ------ "NUM EMBATE CONTRA UM DESAFETO, É ATRIBUÍDO A DETERMINADO POLEMISTA IRONIZAR SEU DESAFETO FÍSICO DESCONSIDERADO COMO BOM FILÓSOFO POR DESAFETOS FÍSICOS, SEUS CONTEMPORÂNEOS. DA MESMA FORMA COMO O MESMO FILÓSOFO ERA TAMBÉM DESCONSIDERADO COMO BOM FÍSICO POR DESAFETOS FILÓSOFOS CONTEMPORÂNEOS." COM ESSES FUNDAMENTOS É REESCRITO O TEXTO ANTERIOR ACRESCENTANDO ESSA IRONIA AQUI APRESENTADA. "Ao confrontar um oponente, um certo polemista é conhecido por ironizar seu oponente físico desconsiderado como bom filósofo por aqueles que são seus adversários no âmbito físico, seus contemporâneos. Da mesma forma, esse mesmo filósofo era também desconsiderado como bom físico por oponentes filósofos contemporâneos. Essa ironia evidencia a complexidade de avaliar habilidades e competências, mostrando como as percepções podem variar dependendo do ponto de vista e das predisposições individuais dos observadores." _________________________________________________________________________________________________________ -----------
------------- Um mergulho filosófico para entender o embate presente entre modelos de sociabilidade FILOSOFIA | 22/04/2019 | Mariluce Moura Blaise Pascal (1623-1662) e sua última invenção foram o ponto de partida da aula magna de João Carlos Salles na Faculdade de Direito da UFBA, na segunda-feira, 15 de abril. O rico percurso a que essa referência lhe deu acesso foi feito com olhar filosófico – desamarrado das urgências cotidianas, mas nunca dos elos que possibilita com o presente, mais voltado a inspirar do que a ensinar – lançado sobre dois modelos longevos de sociabilidade em forte oposição. Ou melhor, dois modelos hoje em surdo embate, ainda que disfarçado sob véus e máscaras: o empirista e o idealista. Percorrida a trilha que permitiu aos ouvintes perceber, a cada passo, que ganchos a narrativa estava a estabelecer com este nosso tempo em que a filosofia é duramente atingida, “vez que, em seu nome, aparecem agora sofistas os mais danosos e obscurantistas”, o lugar de chegada pareceu uma clareira, na qual o professor pode, de certa forma, convidar os alunos “a inventar meios coletivos de solidariedade” como condição necessária de luta e resistência. Aliás, João Carlos Salles expressara logo no começo da aula sua convicção de “estarmos todos agora operando, em cada atividade de ensino, pesquisa e extensão, em regime de resistência, tanto em defesa da autonomia da universidade quanto do estado democrático de direito”. Vale notar, contudo, o quanto a noção de resistência vai se adensando no decorrer da jornada, embebida da discussão filosófica sobre modelos de sociabilidade e, já no final, sobre jogos de linguagem. A essa altura ele deixara os outros companheiros de caminhada e volta a uma breve referência a Pascal para descortinar exigências de construção de futuros possíveis. “Voltamos a Pascal a cada tempo, agora, porém, sem qualquer mediação que não aquela posta por nossos próprios atos. Retornamos a uma dimensão em que nosso desamparo nos leva a uma aposta única, pela qual devemos reparar a cada dia o tecido da sociabilidade, fazendo valer palavras e sentidos, defendendo valores que não podem ser trocados por posições quaisquer, e lembrando nossa obrigação comum, como a de inventar meios coletivos de solidariedade, de autorização recíproca de nossas falas, como condição necessária para nossa luta e nossa resistência”. Das abstrações ao espaço coletivo Mas afinal, qual foi a última invenção do grande matemático, físico, filósofo e teólogo de Clermont-Ferrand, homem que frequentava com igual desenvoltura as mais finas abstrações do espírito e os desafios práticos de seu tempo? Um criador de teoremas matemáticos e tratados filosóficos, que, aos 19 anos, inventou a primeira máquina de calcular? Pois bem, poucos meses antes de morrer, aos 39 anos, Pascal pôs a funcionar em Paris, em março de 1662, simultaneamente, sua carruagem para oito passageiros, conhecida como a carruagem de cinco sols (o preço da passagem) e o primeiro sistema de transporte coletivo urbano do mundo. Um tremendo sucesso! Segundo Salles, essa “é certamente uma obra de gênio (…) cujo projeto inicial consistia em três linhas com trajetos, horários e preços fixos, superpondo-se sua trama, seu desenho, aos ritmos aleatórios dos deslocamentos individuais, de sorte que tempo e espaço coletivos passavam a desenhar e a condicionar uma experiência organizada da mobilidade urbana”. Importante a essa altura é destacar que “o olhar ordena-se pela subordinação do interno ao externo, como ocorria com a máquina de calcular, assim como a intuição ou desejos singulares passam a ter uma medida coletiva”. Ele flagra na última invenção de Pascal “o mesmo gesto” da primeira. “O indivíduo se desloca, operações íntimas aparentemente inefáveis mostram-se no mundo, sob a marca da certeza ou da previsibilidade. O cálculo se faz, não no seu íntimo (incerto e inescrutável), mas no espaço de funcionamento da máquina, em conformidade com um mecanismo visível”. Assim como “também o tempo do deslocamento pela malha urbana deixa de ser o do fôlego individual, mas passa a ser o de um outro sujeito, que se desloca a olhos vistos, não sendo todavia ninguém”. Mas o que sobremodo importa nessa reconstituição feita para o tempo curto de uma aula é mostrar a subversão de paradigma e valores que Pascal operou com sua invenção, a conversão do olhar, a “violência conceitual” que o passar do tempo vai tornando imperceptível. “Assim, antes de Napoleão desfilar aos olhos de Hegel como o espírito absoluto a cavalo, Pascal fez desfilar o sujeito coletivo em suas carruagens”, disse o professor, a essa altura começando a encontrar os interlocutores escolhidos para seu trajeto até a aposta inelutável num reparo cotidiano do tecido da sociabilidade. “É como se Pascal, com seu brilho, cifrasse um brusco deslocamento da subjetividade, como o flagrado por Michelet, quase dois séculos depois, em seu belo livro O Povo, ao descrever a diferença entre o ritmo de trabalho do artesão e o do operário”, ele compara. O que Salles ressalta dessa obra de 1846 do famoso historiador francês Jules Michelet (1798-1874), é, portanto, “esse corte na subjetividade, segundo seu modo de determinação no trabalho, de modo que o ritmo próprio do artesão, sujeito singular, se compara ao ritmo do operário, cujo coração deixa de ser o seu próprio para ser o das máquinas, nos infernos de tédio das grandes oficinas de fiação e tecelagem”. O professor prossegue lembrando que a modernidade traz finalmente à cena o sujeito como construção teórica e afirmação prática, após um tempo de constituição, em que, por exemplo, René Descartes (1596-1650) delineara com seu famoso “Penso, logo existo” uma subjetividade extrema, independente do mundo e mesmo do próprio corpo do sujeito. Ao mesmo tempo, uma outra face, afirmativa da centralidade do corpo e da necessidade imperiosa de regras para seu comportamento, também desabrochava nessa construção moderna da identidade do sujeito. Ela emerge em manuais de civilidade, mais que em obras de filosofia, escritos às vezes por grandes pensadores, a exemplo de Erasmo de Rotterdan (1466-1536) com o seu A civilidade pueril, “muito imitado e difundido”. Essa outra face, destacou João Carlos Salles, é “radicalmente marcada pela presença de um outro que jamais pode ser ignorado; temos o contexto dos costumes de um país, aos quais devemos nos acomodar, diz Erasmo, como polvos o fazem à diversa rugosidade dos espaços. Erasmo é então exaustivo em seu adestramento (…) Estabelece pois uma métrica para o verdadeiro decoro, de modo que, subordinados a ela, não satisfaçamos a natureza (no caso, individual), sem estarmos em conformidade com a razão (que é severamente coletiva)”. Modelo empirista e mercado As referências a Pascal, Michelet, Descartes e Erasmo encaminharam a aula magna ao principal interesse do professor, qual seja, “explicitar a distinção conceitual sinalizada na surpreendente percepção de Pascal”, para então, por analogia, “expor o desafio teórico presente na construção prática da subjetividade”. É em relação a isso que se confrontam “modelos de descrição da experiência humana de sociabilidade”, assim como “as implicações relativas aos métodos de interpretação dos laços que nos unem aos outros indivíduos e de como alguma intersubjetividade nos constitui ou deveria constituir-nos como sujeitos em sociedade”. Nesse caminho é que Salles aborda em seguida os modelos empirista e idealista que, “de resto, não são imiscíveis”. Em seu empenho para escapar ao risco das simplificações pobres no espaço curto de uma aula, alerta logo que “todo grande filósofo resiste à taxonomia. Ele mal se acomoda às classificações com que o ciframos e procuramos domar. Sendo profundo, não aceita o raso das tipificações e dificilmente é apenas empirista ou racionalista; dificilmente é materialista sem levar em conta o idealismo, ou aceita determinismos sem neles plantar a mais próspera semente da liberdade”. Posto isso, oferece um parágrafo de David Hume (1711-1776) como breve e esquemática descrição empirista da sociabilidade, aqui reproduzido com corte: “A dependência mútua entre os homens é tão grande em todas as sociedades — afirma Hume — que dificilmente haverá uma ação humana inteiramente completa em si mesma, ou realizada sem alguma referência às ações de outros que são requeridas para fazê-la corresponder plenamente à intenção do agente. O mais pobre artesão, sozinho em sua labuta, espera pelo menos a proteção do magistrado que lhe assegura o gozo dos frutos de seu trabalho. Ele também espera que, ao levar seus produtos ao mercado e oferecê-los a um preço razoável, encontrará compradores e será capaz de conseguir, com o dinheiro obtido, que outros o supram das mercadorias que lhe são necessárias para sua sobrevivência.(…) Em todas essas conclusões, do mesmo modo que em seus raciocínios sobre objetos externos, eles extraem seus padrões da experiência passada, e creem firmemente que os homens, assim como todos os elementos, devem continuar, em suas operações, a portar-se como sempre se observou. O proprietário de uma manufatura conta com o trabalho de seus empregados para a execução de qualquer tarefa tanto quanto conta com as ferramentas que emprega, e ficaria igualmente surpreso se suas expectativas se frustrassem seja num caso, seja no outro. Em suma, essa inferência e raciocínio experimentais acerca das ações de outros impregna de tal forma a vida humana que ninguém, enquanto desperto, deixa de realizá-los por um momento sequer.” O professor destaca que todos os eventos estão aí interconectados e, no entanto, todos mantêm relações externas entre si. “Essa seria a marca trágica herdada do empirismo, capaz de ameaçar-nos a subjetividade.” Há aí a suposição de uma separação intransponível, uma impossibilidade de comunicação, “em virtude da qual nada se compreende, quando tudo porém se explica.” Dirá então que em tal modelo “não temos compromissos, mas sim previsibilidade. Contamos e cremos não por estarmos unidos em uma comunidade, mas sim por estarmos todos conectados em uma harmonia e uma confiança recíprocas, mas através de uma mão invisível, a orientar-nos para um mercado. Essa é a sombra que a descrição de Hume projeta, a mão invisível do mercado”. Já aí, Salles apresenta o encontro do modelo empirista com sua ciência, a economia política, o encontro fecundo de Hume com Adam Smith (1723-1790). E adiante, sobre isso, citará o próprio Smith no famoso A riqueza das nações: “Numa sociedade civilizada, o homem a todo momento necessita da ajuda e cooperação de grandes multidões, e sua vida inteira mal seria suficiente para conquistar a amizade de algumas pessoas.”. Modelo idealista e espaço público Ao abordar o modelo idealista de sociabilidade, João Carlos Salles lembrou à plateia o percurso que estava cumprindo. “Estamos delineando, com alguma cautela, dois modelos distintos e quase opostos de sociabilidade. Afinal, ao fim e ao cabo, talvez confrontemos duas caricaturas, ambas falsas, mas também, queremos crer, plenas de sentido.” Émile Durkheim (1858-1917) será seu primeiro companheiro de jornada nesse trecho. Lado a lado com ele que dirá que, “sem que anule o mercado, a intersubjetividade pode não ser a confluência de trabalho sem interação, pode interferir no próprio mercado, uma vez que, por exemplo, o valor da força de trabalho também depende da imagem coletiva do que compreendemos por dignidade da pessoa humana”. E explicará: “Ou seja, a intersubjetividade pode expressar uma divisão de forças produtivas sem dispensar o horizonte de um espaço público essencialmente normativo”. Logo adiante acrescentará que “o sujeito, então, não apenas se explica em função de outros, mas os compreende dentro de si e neles ou com eles se realiza. O sujeito, neste outro modelo, não é um vazio que se torna argumento de uma função complexa, mas função ele mesmo, a também medir os elementos jungidos por predicados ou relações”. Salles extrai daí, primeiro, uma poderosa consequência direta no âmbito da construção do conhecimento, ou seja, que ciências da natureza e ciências do espírito desse momento em diante terão que se separar, porque “o reconhecimento de leis causais não pode dar conta da estrutura da experiência humana, tal como disposta em um horizonte cultural específico e em uma história”. E antecipa o que longamente vai se instaurar como embate efetivo no campo da política, entre os dois modelos de sociabilidade. “Se o modelo de Hume projeta a vida do mercado, o modelo idealista desenha a dimensão significativa do espaço público, sempre determinado cultural e historicamente.” Ele encontrará nessa parte do caminho também um dos grandes nomes do idealismo moderno, Johann Gottlieb Fichte (1762-1814) e o pensador frankfurtiano Jürgen Habermas (1929), de quem usará um comentário sobre Fichte, não sem antes observar, com fina ironia, que o faz “mais para registrar a celebração de seus 90 anos em junho próximo e aproveitando para recorrer, em gesto de desobediência civil, à refinada expressão teórica do que alguns chamariam de ‘marxismo cultural’.” Dirá após que, “se um modelo de sociabilidade mantém externas as relações entre indivíduos que aproxima, há outros, porém. “No caso, o modelo descrito acima [com o apoio de Habermas], traindo minhas preferências, apresenta os indivíduos constituídos em uma relação mais que especular; eles dependem uns dos outros para se definirem, para traçarem papéis, para encontrarem sua identidade. Não o seriam sem se encontrarem, sem servirem uns aos outros reciprocamente”. Consequências no campo da linguagem Na conclusão de sua aula, João Carlos Salles abordou algumas consequências da distinção entre os dois modelos. Observou que seria artificial a descrição que apenas enfatizasse o confronto entre um modelo que se volta ao trabalho e tem como horizonte o mercado e um outro que se volta a interações simbólicas e tem como horizonte o espaço público. “Certamente, outros modelos são possíveis, valendo lembrar que, na esteira do marxismo (no caso, não cultural), o projeto filosófico brasileiro com mais fortes pretensões autorais, o de José Arthur Giannotti, pretendeu em certo momento, com ou sem sucesso, mostrar como formas de sociabilidade se entrelaçam às formas concretas de sua reprodução pelo trabalho”, afirmou. Em especial, ele se deteve nas consequências práticas, baseadas na diferença entre sujeitos de linguagem, onde todos se encontram, qualquer que seja o modelo. “Há um jogo de linguagem, aliás, que os tempos sombrios ora enfrentados contribuem para desmoronar. Refiro-me ao jogo de dizer a verdade, no qual pode a proposição coincidir por acaso com os fatos, mas agora isso parece importar pouco”. Prosseguindo, disse também identificar “outro jogo que parece estar em plena decadência, talvez por agora importar mais o mercado que o espaço público. O jogo em que dizemos ‘Dou a minha palavra’. Ora, tal jogo de linguagem, se reduzido a um contexto fragmentado, (…) no qual não se constitua um vínculo interno entre duas pessoas, mas apenas uma relação mercantil superficial, deixa de ser um proferimento a ser honrado (…), passa a valer como um lance inicial, como se estivéssemos em um leilão, à espera apenas de uma oferta mais vantajosa. (…) O esvaziamento de sentido, a retirada de contexto, tudo isso decorre da escolha de modelos de sociabilidade com que lemos o mundo e, mais fundamente, nos constituímos. E, com sobradas razões, o deslocamento discursivo, mais que um erro teórico, pode ser visto como mais um exemplo de uma corrosão coletiva do caráter dos indivíduos”. Eis um grande risco contemporâneo. _________________________________________________________________________________________________________ ----------- ----------- O que é a ciência marxista da história? | #LéxicoMarx TV Boitempo Estreou em 9 de fev. de 2021 BOITEMPO EDITORIAL "Só conhecemos uma ciência, a ciência da história." Como entender essa formulação de Marx e Engels? Para o cientista político Marcos Del Roio, ela é fundamental para compreender a obra marxiana e o sentido do que passou a se denominar "materialismo histórico". ------------ Principais Ideias de Karl Marx? [Resumo] A ideia de ciência em Karl Marx Ricardo Luís Chaves Feijó1 Resumo O objetivo deste artigo é o de examinar a concepção particular de ciência em Marx. Para isso, começa-se por identificar os referenciais teóricos que mais influenciaram a gestação de suas ideias: a economia política clássica e o legado alemão. Em seguida, investiga-se o que seria a sua concepção particular de ciência, entendida como uma proposta de fundir esses dois legados. Avalia-se, em seguida, o caráter científico da contribuição marxiana, entendida como o fazer de uma ciência que se propõe positiva. Destarte, iremos examinar as razões que separam a tradição marxiana e o mainstream da economia atual, mostrando que a natureza peculiar de uma ciência de raízes alemãs gera dificuldades na comunicação entre uma e outra. Palavras-chave: Karl Marx. Metodologia da ciência. Tradição alemã de ciência. Definição de ciência.