domingo, 30 de agosto de 2020

Será o Benedito!

 

Será o Benedito! clama que não deixemos que o medo impeça a realização de um sonho, que não criemos problemas antes deles existirem de fato.


“(...)

“Qual, Benedito, a cidade não presta, não. E depois tem a tuberculose que…”

— O que é isso?…

– É uma doença, Benedito, uma doença horrível, que vai comendo o peito da gente por dentro, a gente não pode mais respirar e morre em três tempos.

— Será o Benedito…

(...)”

Mário de Andrade

 

 

 

 

“(...)

— Morrer não quero, não sinhô… Eu fico.

(...)”

 

 

 

 

Sem Witzel, clã Bolsonaro quer acomodar procurador-geral como Aras no Rio

COLUNA

Josias de Souza

- 29/08/2020 - UOL Notícias

 

Ao afastar Wilson Witzel do cargo de governador do Rio de Janeiro pelo período de seis meses por suposto envolvimento num esquema de desvio de verbas da Saúde, o ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, ofereceu dois motivos para a família Bolsonaro festejar - um político e outro jurídico.

(..)

O afastamento determinado pelo ministro Benedito Gonçalves chegou antes da decisão dos parlamentares. Daí o desejo da família Bolsonaro de apressar o estreitamento de sua inimizade com Cláudio Castro, o vice que as circunstâncias colocaram no comando do estado. A Coluna apurou que Castro, submetido à mesma investigação que fulmina Witzel, compartilha do interesse de conversar.

Fonte:

notícias.uol.com.br

 

 

 

 

 

Quando vi, me caiu os butiá do bolso.

 

 

 

“(...)

O Valor da Causa no gabarito preliminar do Recurso Ordinário Constitucional (que foi corrigido logo em seguida), é algo sem precedente no certame.

Quando vi, me caiu os butiá do bolso.

Se um examinando o fizesse, seria tido como despreparado.

(...)”

https://www.provadaordem.com.br/blog/post/resultado-preliminar-da-2a-fase-xxx-exame-oab/

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 30 de agosto de 2020

Eliane Cantanhêde - Legalidade sempre!

 

- O Estado de S.Paulo

 

Afastamento de Witzel por decisão monocrática e sem ouvi-lo acende luz amarela entre governadores

 

O Ministério Público acertou ao investigar e descobrir maracutaias justamente na área de saúde no Rio de Janeiro, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) errou ao decidir monocraticamente o afastamento do governador Wilson Witzel por 180 dias, sem nem sequer ouvir o que ele tem a dizer sobre as acusações, feitas a partir de uma delação premiada. Combater a corrupção, sim, mas abrir um precedente perigoso contra governadores, não. Por isso, o julgamento de terça-feira no plenário do STJ é tão importante.

 

Desde sexta-feira, há intensa troca de telefonemas e mensagens entre governadores, para analisar a situação e a operação que pegou Witzel de jeito. Ninguém defende Witzel, até porque eles não viram o processo e não conhecem as provas, mas todos defendem ferrenhamente a legalidade. Que o MP investigue e faça o que tem de fazer e que a Justiça decida, julgue, puna. Mas um único ministro afastar um governador eleito? Sem dar a ele acesso às acusações? Sem ouvi-lo?

 

Se hoje é Witzel, amanhã pode ser qualquer um. Há motivos para a preocupação. Na fatídica reunião ministerial de 22 de abril, a ministra Damares Alves disse, em bom e alto som, que estava tudo pronto para pedir a prisão de governadores e prefeitos. A deputada bolsonarista Carla Zambelli, do PSL, sabia de véspera das primeiras buscas e apreensões contra Witzel. O senador Flávio Bolsonaro avisou com antecedência que o vice-governador assumiria. Witzel lembrou que a subprocuradora-geral Lindôra Araújo é bolsonarista e amiga de Flávio. Amigo do meu inimigo é meu inimigo?

 

É um óbvio subterfúgio de réu que, sem resposta para os fatos, desqualifica acusadores. Mas serve de alerta para MP e Justiça serem milimetricamente rigorosos, sem abrir brechas ao acusado nem gerar desconfiança entre governadores. Uma coisa, legal, elogiável, é investigar roubalheiras e punir responsáveis. Outra é aproveitar erros de um governador para generalizar, jogar a opinião pública contra todos e criar ambiente para afastamentos, buscas e apreensões, até prisões.

 

Todo cuidado é pouco nessa hora, com o presidente Jair Bolsonaro em campanha e com tudo engatilhado para despejar sobre os governadores todas as culpas por 120 mil mortos, pandemia, economia, desemprego, queimadas, (falta de) educação. Bolsonaro vai posar de vítima, os governadores serão os réus. Bolsonaristas compram qualquer versão do “mito”. E os demais?

 

Witzel é uma das estrelas da “nova política” que invadiu governos estaduais e Congresso pelo PSL e PSC e na onda Bolsonaro. Nunca se ouvira falar num tal de Witzel e nem se sabia pronunciar o nome daquele juiz que caiu de paraquedas na eleição num dos três principais Estados do País, com direito a vídeo de apoio do general Augusto Heleno, um dos mentores da candidatura Bolsonaro.

 

O discurso de Witzel foi o mesmo que varou o País, com neófitos em Minas, DF, Norte, Sul, Centro-Oeste: Congresso, Supremo, política e políticos são uma porcaria, nós somos os bons, os salvadores da Pátria. Mas Witzel não é o único que sucumbe antes de completar dois anos de mandato. Aliás, como estão os processos contra Flávio Bolsonaro?

 

Por tudo isso e as provas que se acumulam, a repetição primária dos métodos do condenado Sérgio Cabral e a transformação de Helena Witzel na nova Adriana Ancelmo, os procuradores do Rio merecem aplausos, descortinando a corrupção, demolindo o discurso fraudulento. Mas não pode haver dúvidas quando Witzel se diz “massacrado politicamente”. Em vez de réu por corrupção, ele quer se passar por vítima do bolsonarismo. Se o STJ e o MP forem impecáveis, esse discurso não para em pé. Se não, o que é questão de justiça pode virar oportunismo político e ameaçar os governadores.

https://gilvanmelo.blogspot.com/2020/08/eliane-cantanhede-legalidade-sempre.html

 

 

 

 

RIO DE CORRUPÇÃO

Conheça os principais pontos da denúncia da PGR contra Wilson Witzel

Com menos de dois anos no cargo, Wilson Witzel é afastado do Executivo estadual por suspeita de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ele diz ser vítima de perseguição política. PF prende Pastor Everaldo

 

Sarah Teófilo

Ingrid Soares

Renato Souza

postado em 29/08/2020 06:00 / atualizado em 29/08/2020 09:17

 

 

 



(foto: Carl de Souza/AFP)

 

Investigações sobre desvios milionários de recursos públicos, destinados à educação e à saúde do Rio de Janeiro, levaram o Superior Tribunal de Justiça (STJ) a afastar do cargo, por seis meses, o governador do estado, Wilson Witzel (PSC). A decisão da Corte atinge, de maneiras distintas, toda a cúpula do Executivo fluminense, já que o vice-governador Cláudio Castro e o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), André Ceciliano, também são alvo das apurações. Sete pessoas foram presas, entre elas, o Pastor Everaldo (PSC), personagem importante da política do Rio e ex-candidato à Presidência da República.

Apesar de ter um mandado de busca e apreensão expedido em seu nome, Cláudio Castro não foi afastado e assumiu o comando do governo estadual no meio da tarde de ontem. Ele estava em Brasília quando soube da notícia e voltou ao Rio para se reunir com a cúpula da segurança.

As diligências, conduzidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), apontam que Witzel é o chefe de um esquema de corrupção investigado pela Operação Tris in Idem. Além de ser alvo de buscas, o governador e os demais foram denunciados à Justiça. As ações foram autorizadas pelo ministro Benedito Gonçalves, do STJ. Os procuradores pediram a prisão de Witzel, mas a solicitação foi negada. “O grupo criminoso agiu e continua agindo, desviando e lavando recursos em plena pandemia da covid-19, sacrificando a saúde e mesmo a vida de milhares de pessoas, em total desprezo com o senso mínimo de humanidade e dignidade”, diz trecho da decisão do ministro.

A Polícia Federal cumpriu mandados no Palácio Laranjeiras, no Palácio Guanabara e na residência do vice. A primeira-dama do Rio, Helena Witzel, também está entre os denunciados (veja na página ao lado).

O afastamento de Witzel é outro capítulo da falência do poder público em solo fluminense. Os últimos seis governadores foram alvos de investigações por corrupção (leia reportagem na página 4) e a violência impacta diariamente os cidadãos, sem que se chegue a uma solução para combater a criminalidade. Além dos problemas políticos e sociais, a pandemia do novo coronavírus avança no estado. Até a noite de ontem, os hospitais da região haviam registrado 15.859 mil óbitos e 220 mil infecções pela covid-19.

 

Ataque


Em pronunciamento ontem — que pode ter sido o último da gestão dele, a depender do caminho trilhado pelo caso na Justiça —, Witzel defendeu-se atacando. Ele disse ser vítima de um ato político e acusou a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, braço direito do procurador-geral da República, Augusto Aras, de influenciar na decisão do ministro Benedito Gonçalves. Ele afirmou que Lindôra “está se especializando em perseguir governadores, desestabilizar estados, com investigações rasas, buscas e apreensões preocupantes”. “Eu, assim como outros governadores, estamos sendo vítimas de uso político”, frisou.

O chefe do Executivo do Rio afirmou que Lindôra é próxima da família Bolsonaro, citando especificamente o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), e insinuou que o afastamento se dá por vontade do presidente Jair Bolsonaro que, segundo ele, já declarou que quer o Rio de Janeiro. “Diferentemente do que ele imagina, aqui a Polícia Civil é independente, o Ministério Público é independente”, destacou.

O político insinuou, ainda, que o afastamento dele ocorre pelo fato de que, no fim do ano, teria a prerrogativa de escolher o novo procurador-geral da Justiça, que comanda o Ministério Público estadual. O órgão está investigando Flávio Bolsonaro no âmbito do esquema de rachadinha — desvio de salário de servidores da Alerj, na época em que o parlamentar era deputado estadual.

 

Impeachment


Horas após o afastamento, Witzel sofreu outro revés. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a retomada do processo de impeachment do governador pela Alerj. Ele revogou uma liminar, concedida em agosto pelo presidente da Corte, Dias Toffoli, que determinava a criação de uma comissão especial para tratar do assunto.

Na decisão, Moraes entendeu que não houve ilegalidade na formação da primeira comissão. O processo aberto na Alerj tem como fundamento suposto recebimento de propina pelo governo, por meio de fraudes em contratos de hospitais de campanha, mesmo caso que está em tramitação no STJ.

 

O terceiro


Segundo a Procuradoria-Geral da República, Tris in Idem, nome da operação deflagrada ontem, é uma referência ao fato de Witzel ser o terceiro governador do estado a utilizar esquemas semelhantes para obter vantagens ilícitas.

As acusações


Confira os principais pontos da denúncia da PGR contra Wilson Witzel

» Delator Edmar Santos, ex-secretário de Saúde do Rio, disse que havia uma organização criminosa no Rio encabeçada por Witzel, e com três grupos, sendo dois deles liderados pelo empresário Mário Peixoto e outro pelo Pastor Everaldo (e mais duas pessoas).

De 24/3/2020 a 19/5/2020
» Witzel, com o auxílio da primeira-dama, Helena Witzel, solicitou e recebeu vantagem indevida no valor de R$ 280 mil ofertada pelo empresário Gothardo Lopes Netto, ex-prefeito de Volta Redonda;

» A denúncia fala que o valor corresponde a 5,2% do total recebido no ano pela empresa de Gothardo pelo governo (R$ 5,3 milhões), sendo a proporção compatível ao que o delator narrou como sendo o percentual de propina destinado
ao governador;

» O objetivo era ter facilidades e proteção em relação a suas empresas;

» Witzel fez dois atos de ofício que beneficiou empresa de Gothardo e a escolha de uma OS, cujo sócio oculto é Gothardo, para gerir um hospital;

» Dinheiro foi lavado por Witzel e Gothardo com o auxílio de Helena por meio da confecção de contrato simulado entre o Hospital Jardim Amália (Hinja) e o escritório de advocacia de Helena, com emissão de notas fiscais ideologicamente falsas.

De 13/8/2019 a 17/4/2020
» Witzel, com o auxílio de Helena e Lucas Tristão (ex-secretário de Desenvolvimento Econômico), solicitou e recebeu vantagem indevida no valor de R$ 274,2 mil, paga pelo empresário Mário Peixoto (com o auxílio de mais quatro pessoas);

» O objetivo era obter facilidades e proteção em relação aos contratos de suas empresas com o estado. Em razão das vantagens indevidas, Witzel praticou, em favor de Peixoto, ao menos um ato de ofício revogando a desqualificação da organização social Instituto Unir Saúde, que tem como sócio oculto Mário Peixoto. OS passou a estar novamente habilitada a celebrar contratos com o estado.

» Soma: R$ 554,2 mil

 

Bolsonaro comemora

Ao saber da decisão da Justiça sobre o governo do Rio, o presidente Jair Bolsonaro ironizou a situação. “O Rio está pegando... Está pegando hoje, hein? Está sabendo? O governador, já... Quem é o teu governador?”, questionou o chefe do Executivo, entre sorrisos, a um apoiador. Ele conversou com populares na entrada do Palácio da Alvorada, no fim da manhã. Nos últimos meses, o comandante do Planalto e Wilson Witzel, que chegaram a dividir apoios na campanha eleitoral de 2018, tornaram-se inimigos políticos.

Bolsonaro emendou outras críticas. “A gente está acompanhando aí”. No início das investigações, em junho, o presidente já havia ironizado a situação de seu opositor político, afirmando que não ia conversar com o governador por “saber onde ele deverá estar brevemente”, insinuando a prisão do ex-aliado. O clima de acusações entre Bolsonaro e chefes dos executivos estaduais intensificou-se em meio à pandemia de coronavírus, quando o presidente passou a defender o fim do isolamento social.

Por sua vez, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o processo de impeachment pelo qual passa Witzel deve avançar e considera “difícil” o retorno dele. “O governador está passando por um processo de impeachment. Ainda está uma discussão ali se a comissão que foi montada pela Assembleia está dentro da legislação ou não. Então, eu acredito que, ao longo desses próximos seis meses, esse processo de impeachment deve avançar. Acho difícil que ele volte”, frisou, na chegada ao Palácio do Planalto.

Mourão lamentou a situação da região. “Parece que a corrupção se enraizou no Rio de Janeiro. Eu lamento pelo povo do Rio, que sofre a ausência de Estado”, frisou.

O Pastor Everaldo e a "caixinha" de propinas

 

 

 

 



crédito: Reginaldo Pimenta/Ag?ncia O Dia/

 

Preso ontem, o pastor Everaldo Dias Pereira organizou uma “caixinha” abastecida por propinas que era dividida com o governador do Rio, Wilson Witzel. Além disso, ele também tentou “alinhar discurso” com o delator e ex-secretário de Saúde do Rio Edmar Pereira para obstruir as investigações.

As acusações constam na decisão do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, que autorizou a prisão de Everaldo, e na representação enviada pela subprocuradora-geral Lindôra Araújo à Corte. Segundo as investigações, o pastor lidera “um dos grupos criminosos influentes nos Poderes Executivo e Legislativo do Rio de Janeiro”.

“À luz dos elementos colhidos até o momento, observa-se que Pastor Everaldo instituiu uma espécie de ‘caixinha única’ para pagamentos de vantagens indevidas a agentes públicos da complexa organização criminosa sob investigação, a partir do direcionamento de contratações de organizações sociais e na cobrança de um ‘pedágio’ sobre a destinação dos ‘restos a pagar’ aos fornecedores, criando uma típica estrutura sofisticada e perene e com detalhada divisão de tarefas”, apontam os investigadores.

Para “administrar” a caixinha, Everaldo teria criado uma “típica estrutura ramificada de organização criminosa, com divisão de tarefas entre os demais integrantes do grupo”. A divisão dos repasses foi instituída da seguinte forma: 30% dos valores seriam para Edmar Santos, 20% para Witzel, 20% para o próprio Pastor Everaldo, 15% para Edson da Silva Torres e 15% para Victor Hugo Barroso, apontados respectivamente como operadores administrativo e financeiro do pastor.

O Pastor Everaldo, segundo a Procuradoria, também tentou “alinhar o discurso” com Edmar Santos após sua saída do governo, em maio deste ano, em meio às denúncias de fraudes na licitação para a compra de respiradores no valor de R$ 3,9 milhões. O objetivo do diálogo, segundo o MPF, seria criar uma versão que justificasse os atos ilícitos praticados pela organização criminosa.

“Por volta do dia 19 e 20 de maio, o colaborador foi chamado à sede do PSC por Pastor Everaldo e, lá chegando, também estava presente Victor Hugo. Eles estavam preocupados com uma possível delação de Gabriell Neves, que já estava preso naquele momento”, afirma a Procuradoria, citando delação de Edmar Santos. “Pastor Everaldo informou a necessidade de um alinhamento dos discursos, indicando, por exemplo, a criação de um álibi para o colaborador historiar a sua relação com Edson Torres, entre outras narrativas.”

Edson Torres era o operador administrativo de Everaldo, segundo o MPF, e operava empresa chefiada por um ‘laranja’ para obter ganhos ilícitos para o pastor. Um dos contratos teria sido firmado com o DER/RJ.

Dois filhos de Everaldo, Filipe e Laércio Pereira, também presos ontem, foram acusados de integrar o esquema por meio de “várias pessoas jurídicas e sociedades com outros membros da organização”. Outra transação suspeita envolvendo a família do pastor é referente à compra de um imóvel por R$ 400 mil quando avaliação fiscal apontava que o valor real seria três vezes superior. Parte do pagamento, cerca de R$ 35 mil, teria sido feito em espécie.

Em nota, Everaldo afirmou que “sempre esteve à disposição de todas as autoridades e reitera sua confiança na Justiça”.

https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2020/08/4871962-o-ocaso-meteorico-de-um-governador.html

 

 

 

 

De onde vem a expressão "será o Benedito"?

É só fazer uma travessura e lá vem a vó com aquela cara que mistura decepção e impaciência: "mas será o Benedito?" Como muita coisa na língua portuguesa, a origem dessa expressão tem inúmeras versões, todas de difícil comprovação em registros formais - jornais da época, livros ou outras formas de comunicação escrita -, explica o professor de português Ari Riboldi, autor de três livros sobre a origem das palavras e expressões.

 

A versão mais aceita é a de que a pergunta teria surgido na década de 1930, em Minas Gerais. O então presidente Getúlio Vargas demorava muito para nomear um interventor para aquele Estado. Naturalmente, a demora gerou inquietação entre os inimigos políticos de um dos candidatos ao posto, cujo nome era Benedito Valadares, que perguntavam "Será o Benedito?".

Pois foi. Valadares foi nomeado interventor em 12 de dezembro de 1933 e, nos meios políticos da época, foi tão conhecido quanto sua expressão é entre os falantes. Era considerado uma raposa, cuja esperteza, descreveu em suas memórias, só era superada pelo próprio Getulio.

Entre seus feitos, indicou Juscelino Kubitschek para a chefia da Casa Civil de Minas Gerais e, depois, para a prefeitura de Belo Horizonte. Além de lançar o que foi um dos mais importantes presidentes brasileiros, o Benedito da expressão também virou cidade: é em sua homenagem que foi nomeado o município de Governador Valadares.

 

Uma variação da expressão é ainda mais curiosa: "será o pé do Benedito?" O professor Riboldi, porém, desiste: se não há comprovação total da história de que Benedito era o governador Valadares, como saber de quem era esse pé?

https://www.terra.com.br/noticias/educacao/voce-sabia/de-onde-vem-a-expressao-sera-o-benedito,c718b62ed750eb336d6ac59ed014abe4hecohcjj.html

 

 

 

 

Benedito Gonçalves é indicado para vaga de ministro do STJ

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, indicou, ontem, 31/7, o nome do desembargador federal Benedito Gonçalves para compor o STJ na vaga aberta com a aposentadoria do ministro José Delgado, destinada a membros de tribunais regionais federais.

Por Migalhas

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

   


Vaga no STJ

Benedito Gonçalves é indicado para vaga de ministro

 

 



 

 

O presidente Lula indicou ontem, 31/7, o nome do desembargador federal Benedito Gonçalves para compor o STJ na vaga aberta com a aposentadoria do ministro José Delgado, destinada a membros de tribunais regionais federais.

Com a indicação da Presidência da República, agora o desembargador federal aguarda a marcação da data de sua sabatina no Senado Federal.

Para ser nomeado ministro do STJ, o indicado deve ser aprovado em sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal e, posteriormente, pelo Plenário daquela Casa.

Benedito Gonçalves

Natural do Rio de Janeiro – RJ. Tomou posse no TRF da 2ª região em 18/12/98.

Benedito Gonçalves bacharelou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1978. Em 1997, concluiu a especialização em Direito Processual Civil, pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho de Justiça Federal, em convênio com a Universidade de Brasília. No ano de 1998, concluiu o mestrado em Direito na Universidade Estácio de Sá, com a defesa da dissertação "Mandado de Segurança: Legitimidade Ativa das Associações".

Seu ingresso na Magistratura Federal ocorreu em 1988.

Na Seção Judiciária do Rio de Janeiro, como Juiz Federal, exerceu as funções de membro da Comissão de Estudos e Instalação de Varas Federais no Interior do Estado, Coordenador da Instalação de Varas Federais do Foro Regional da Baixada Fluminense e Vice-Diretor do Foro. A 3ª Vara Federal, sob a sua titularidade, foi a primeira a cumprir integralmente o Projeto Zero, instituído pela Corregedoria-Geral da Justiça Federal da 2ª Região.

Ainda no exercício da Magistratura Federal, judicou na Vara Única de Santa Maria/RS, 10ª Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná e 25ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro.

Dentre suas atividades docentes, ministrou a disciplina de Direito Financeiro I a convite do professor Antonio Vicente da Costa Júnior, Diretor da Faculdade de Direito da UFRJ em 1992. Na Universidade Estácio de Sá, foi Professor Auxiliar de Direito Constitucional e, atualmente, ocupa o cargo de Professor Titular de Introdução ao Estudo do Direito e de Direito Processual Civil nos cursos de graduação e pós-graduação, respectivamente.

Participou de diversos eventos realizados pelo Conselho de Justiça Federal e Escola Superior de Guerra, dentre outras instituições.

Em 1998, foi nomeado, pelo critério de merecimento, para compor o Tribunal Regional Federal da 2ª Região, onde é membro do Plenário e integra a 6ª Turma Especializada e a 3ª Seção Especializada.

No biênio 2001/2003 foi membro do Conselho de Administração do Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

No biênio 2003/2005 foi Diretor de Pesquisa da Escola de Magistratura Regional Federal - EMARF.

Foi Diretor-Geral da Escola de Magistratura Regional Federal - EMARF e membro do Conselho de Administração do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, com mandato no biênio 2005/2007.

Atualmente, é Presidente da 6ª Turma Especializada e Coordenador dos Juizados Especiais Federais.

Trabalhos Publicados

"Nova sistemática de liqüidação de sentença" — artigo publicado no Jornal do Commercio e na Revista dos Tribunais.

"Comentários à Reforma do Direito Processual Civil Brasileiro" Reis Friede, Forense Universitária, com comentários aos artigos 417 e 323 do Código de Processo Civil.

https://www.migalhas.com.br/quentes/66074/benedito-goncalves-e-indicado-para-vaga-de-ministro-do-stj

                         

 

 

 

CNJ investiga ministro do STJ por relação com empreiteiro

Ministro Benedito Gonçalves mantinha estreita relação com o empreiteiro Léo Pinheiro, sócio da construtora OAS, investigado na Lava Jato

Por Laryssa Borges - 20 Maio 2015, 19h01

 

 

 

 



O ministro Benedito Gonçalves, do STJ: processo decidido em favor da empreiteira do amigo, lobby para chegar ao Supremo e favores, muitos favores Lula Marques/Folhapress

 

A corregedora nacional de Justiça, ministra Nancy Andrighi, determinou a abertura de procedimento contra o ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para apurar as relações, reveladas por VEJA, entre o magistrado e o empreiteiro Léo Pinheiro, sócio da construtora OAS e um dos empresários investigados na Operação Lava Jato. Ao longo das investigações, a Polícia Federal detectou a troca de mensagens telefônicas que mostram a proximidade entre os ministros José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), Benedito Gonçalves e o dirigente da OAS.

 

O processo contra o ministro Benedito Gonçalves é sigiloso, mas no pedido de providências o magistrado foi intimado para apresentar defesa escrita para esclarecer a proximidade com o empreiteiro e possíveis laços de tráfico de influência.

 

VEJA teve acesso a um relatório produzido pelos investigadores da Operação Lava Jato e que demonstra, entre os telefones apreen­di­dos com Léo Pinheiro, que Benedito Gonçalves aparece marcando encontros com o empreiteiro em São Paulo e no Rio de Janeiro e combinando a ida à festa de aniversário de Toffoli. Em outra mensagem, um dia após a reeleição de Dilma Rousseff, o ministro do STJ comenta o resultado eleitoral e dá indicativos de que o empreiteiro, amigo íntimo do ex-presidente Lula, poderia trabalhar para que ele conseguisse ser nomeado para o STF, a maior corte do país.

 

Benedito escreve a Léo Pinheiro: “Meu amigo, parabéns o ano 2015 começou ontem. Agora preciso da sua ajuda valiosa para meu projeto’. Para os investigadores, o projeto a que ele se refere é a nomeação para o Supremo. Gonçalves era cotado para assumir a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal, agora a ser preenchida pelo gaúcho Luiz Edson Fachin, aprovado nesta terça-feira pelo plenário do Senado.

 

Desde que o caso foi revelado, parlamentares de oposição cobram esclarecimento dos ministros José Antonio Dias Toffoli e Benedito Gonçalves sobre a relação mantida com o empreiteiro Léo Pinheiro, réu em um processo que trata do desvio de bilhões de reais e do suborno de políticos no escândalo do petrolão.

https://veja.abril.com.br/politica/cnj-investiga-ministro-do-stj-por-relacao-com-empreiteiro/

 

 

 

 

Será o Benedito! – conto de Mário de Andrade

A primeira vez que me encontrei com Benedito, foi no dia mesmo da minha chegada na Fazenda Larga, que tirava o nome das suas enormes pastagens. O negrinho era quase só pernas, nos seus treze anos de carreiras livres pelo campo, e enquanto eu conversava com os campeiros, ficara ali, de lado, imóvel, me olhando com admiração. Achando graça nele, de repente o encarei fixamente, voltando-me para o lado em que ele se guardava do excesso de minha presença. Isso, Benedito estremeceu, ainda quis me olhar, mas não pôde agüentar a comoção. Mistura de malícia e de entusiasmo no olhar, ainda levou a mão à boca, na esperança talvez de esconder as palavras que lhe escapavam sem querer:

— O hôme da cidade, chi!…

Deu uma risada quase histérica, estalada insopitavelmente dos seus sonhos insatisfeitos, desatou a correr pelo caminho, macaco-aranha, num mexe-mexe aflito de pernas, seis, oito pernas, nem sei quantas, até desaparecer por detrás das mangueiras grossas do pomar.

***

Nos primeiros dias Benedito fugiu de mim. Só lá pelas horas da tarde, quando eu me deixava ficar na varanda da casa-grande, gozando essa tristeza sem motivo das nossas tardes paulistas, o negrinho trepava na cerca do mangueirão que defrontava o terraço, uns trinta passos além, e ficava, só pernas, me olhando sempre, decorando os meus gestos, às vezes sorrindo para mim. Uma feita, em que eu me esforçava por prender a rédea do meu cavalo numa das argolas do mangueirão com o laço tradicional, o negrinho saiu não sei de onde, me olhou nas minhas ignorâncias de praceano, e não se conteve:

— Mas será o Benedito! Não é assim, moço!

Pegou na rédea e deu o laço com uma presteza serelepe. Depois me olhou irônico e superior. Pedi para ele me ensinar o laço, fabriquei um desajeitamento muito grande, e assim principiou uma camaradagem que durou meu mês de férias.

***

Pouco aprendi com o Benedito, embora ele fosse muito sabido das coisas rurais. O que guardei mais dele foi essa curiosa exclamação, “Será o Benedito!”, com que ele arrematava todas as suas surpresas diante do que eu lhe contava da cidade. Porque o negrinho não me deixava aprender com ele, ele é que aprendia comigo todas as coisas da cidade, a cidade que era a única obsessão da sua vida. Tamanho entusiasmo, tamanho ardor ele punha em devorar meus contos, que às vezes eu me surpreendia exagerando um bocado, para não dizer que mentindo. Então eu me envergonhava de mim, voltava às mais perfeitas realidades, e metia a boca na cidade, mostrava o quanto ela era ruim e devorava os homens. “Qual, Benedito, a cidade não presta, não. E depois tem a tuberculose que…”

— O que é isso?…

– É uma doença, Benedito, uma doença horrível, que vai comendo o peito da gente por dentro, a gente não pode mais respirar e morre em três tempos.

— Será o Benedito…

E ele recuava um pouco, talvez imaginando que eu fosse a própria tuberculose que o ia matar. Mas logo se esquecia da tuberculose, só alguns minutos de mutismo e melancolia, e voltava a perguntar coisas sobre os arranha-céus, os “chauffeurs” (queria ser “chauffeur”…), os cantores de rádio (queria ser cantor de rádio…), e o presidente da República (não sei se queria ser presidente da República). Em troca disso, Benedito me mostrava os dentes do seu riso extasiado, uns dentes escandalosos, grandes e perfeitos, onde as violentas nuvens de setembro se refletiam, numa brancura sem par.

Nas vésperas de minha partida, Benedito veio numa corrida e me pôs nas mãos um chumaço de papéis velhos. Eram cartões postais usados, recortes de jornais, tudo fotografias de São Paulo e do Rio, que ele colecionava. Pela sujeira e amassado em que estavam, era fácil perceber que aquelas imagens eram a única Bíblia, a exclusiva cartilha do negrinho. Então ele me pediu que o levasse comigo para a enorme cidade. Lembrei-lhe os pais, não se amolou; lembrei-lhe as brincadeiras livres da roça, não se amolou; lembrei-lhe a tuberculose, ficou muito sério. Ele que reparasse, era forte mas magrinho e a tuberculose se metia principalmente com os meninos magrinhos. Ele precisava ficar no campo, que assim a tuberculose não o mataria. Benedito pensou, pensou. Murmurou muito baixinho:

— Morrer não quero, não sinhô… Eu fico.

E seus olhos enevoados numa profunda melancolia se estenderam pelo plano aberto dos pastos, foram dizer um adeus à cidade invisível, lá longe, com seus “chauffeurs”, seus cantores de rádio, e o presidente da República. Desistiu da cidade e eu parti. Uns quinze dias depois, na obrigatória carta de resposta à minha obrigatória carta de agradecimentos, o dono da fazenda me contava que Benedito tinha morrido de um coice de burro bravo que o pegara pela nuca. Não pude me conter: “Mas será o Benedito!…”. E é o remorso comovido que me faz celebrá-lo aqui.

By admin | 20/03/2013

 

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Autor: Mário de Andrade

Conto / Literatura Brasileira

Editora: Cosac Naify

Páginas: 32

Ano: 2014

Ano de Publicação Original: 1939

 

Acho sensacional como os bons escritores conseguem dizer muito e emocionar tanto com tão poucas palavras. Será o Benedito! é um texto bem curtinho de Mário de Andrade, publicado pela primeira vez em 1939, que encanta pela simplicidade.

Em poucas linhas, o autor nos traz o menino do campo, aquele moleque cheio de sonhos e curiosidades, que vê no narrador, um adulto da cidade, uma possibilidade de conhecer mais do mundo.

Uma história tão singela, mas tão cheia de significados. Do jovem que escuta atento às experientes palavras do velho; da amizade e do vínculo que se cria a partir de pequenos gestos; e do arrependimento, do remorso, da chance perdida.

Será o Benedito! clama que não deixemos que o medo impeça a realização de um sonho, que não criemos problemas antes deles existirem de fato.

Linda e delicada história, que ganha ainda mais corpo nessa caprichada edição em capa dura, ricamente ilustrada, da saudosa Cosac Naify. É um livrinho que se lê em menos de 5 minutos, mas que deixa sua marca no leitor para sempre.


 

 




 

 


 

 

 

 




 

 

 

 


Sinopse: Sexto volume da coleção ‘Dedinho de Prosa’, a crônica ‘Será o Benedito!’, de Mário de Andrade, um dos mais importantes nomes do modernismo brasileiro, e ilustrada por Odilon Moraes, retrata o encontro entre o homem maduro e o jovem menino, trazendo à tona os temas da amizade e da pureza, numa leve prosa cotidiana. Durante as férias na Fazenda Larga, o narrador encontra Benedito, um negrinho obcecado por conhecer a cidade grande, que ouvia atento a narração do visitante sobre os arranha-céus, chauffers, cantores de rádio, o presidente da República… As ilustrações de Odilon Moraes traduzem a separação dos dois universos – cidade e campo -, construída ao longo do texto. Ao final da edição, um glossário explica os termos menos usuais, e textos auxiliam na localização e importância da crônica em nossa história literária. 

Publicado em 05/07/2017

 

https://historiasdepapel.com.br/2017/07/05/sera-o-benedito-mario-de-andrade/

 

 

 

 

 

Referências

 

 

 

 

notícias.uol.com.br

https://www.provadaordem.com.br/blog/post/resultado-preliminar-da-2a-fase-xxx-exame-oab/

https://gilvanmelo.blogspot.com/2020/08/eliane-cantanhede-legalidade-sempre.html

https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/08/29/675x450/1_cbifot280820201779-6256337.jpg

https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/08/29/675x450/1_pri_2908_0203_18cm_cor_g-6256205.jpg

https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2020/08/4871962-o-ocaso-meteorico-de-um-governador.html

https://www.terra.com.br/noticias/educacao/voce-sabia/de-onde-vem-a-expressao-sera-o-benedito,c718b62ed750eb336d6ac59ed014abe4hecohcjj.html

https://www.globalframe.com.br/gf_base/empresas/MIGA/imagens/CA5E5ECB7F75C230F91067E8C96BC45B18D2_ministro%20nomeado.BMP

https://www.migalhas.com.br/quentes/66074/benedito-goncalves-e-indicado-para-vaga-de-ministro-do-stj

https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/06/alx_stj-benedito-goncalves-2319-jpeg_original.jpeg?quality=70&strip=info&resize=680,453

https://veja.abril.com.br/politica/cnj-investiga-ministro-do-stj-por-relacao-com-empreiteiro/

https://contobrasileiro.com.br/sera-o-benedito-conto-de-mario-de-andrade/

https://carolinegurgel.files.wordpress.com/2017/07/sera-o-benedito-mario-de-andrade.jpg

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https://carolinegurgel.files.wordpress.com/2017/07/sera-o-benedito-1.jpg

https://carolinegurgel.files.wordpress.com/2017/07/sera-o-benedito-mario-de-andrade-2.jpg

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