segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Breu das Tocas Aggiornato

Produzir consenso é necessário na democracia. Nós sabemos que nossa democracia está em um ponto de mal-estar. A sociedade julga que as coisas não estão boas, com altos salários e o número excessivo de gente no Estado brasileiro. ***
*** há 1 dia Política - Estadão Apoio a ditaduras revela esquerda anacrônica', afirma historiador - Política - Estadão *** domingo, 21 de novembro de 2021 Entrevista | Alberto Aggio: 'Apoio a ditaduras revela esquerda anacrônica', afirma historiador Alberto Aggio diz que Lula tem papel ambíguo entre a ideia da revolução e a social-democracia Marcelo Godoy, O Estado de S. Paulo O historiador Alberto Aggio acredita que parte do PT mantém a defesa da ideia da revolução em vez de se comprometer com a democracia como um valor universal. É essa opção, que se opõe à modernidade e não reconhece a necessidade das instituições do liberalismo político, que explica por que setores do partido apoiam ditaduras como a de Daniel Ortega, na Nicarágua, ou de Nicolás Maduro, na Venezuela. Ele aponta ainda o papel ambíguo desempenhado por Luiz Inácio Lula da Silva e diz que as eleições no Chile devem servir de alerta ao Brasil. Professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Aggio é especialista na história política da América Latina e autor de Um Lugar no Mundo: Estudos de História Política Latino-Americana. Leia, a seguir, sua entrevista. Em que medida o modelo cubano de revolução ainda influencia setores da esquerda brasileira? Se formos pensar nas forças principais da esquerda brasileira, o modelo cubano se espraia por diversos partidos e correntes e as mais expressivas delas são as correntes dentro do PT, embora o PT não seja inteiramente cubano. Há muita simpatia a esse nacionalismo também no PDT e no PSB. Eles guardam um certo espírito pré-1964. Aí o modelo cubano deita raízes e não desaparece porque a ênfase forte dessas correntes não é o tema político da democracia e das instituições, mas é o tema econômico, do desenvolvimento nacional. Ainda estão naquela chave de leitura das situações de dependência da América Latina e que só se pode sair disso confrontando o imperialismo. De certa forma, esse repertório dificulta alianças políticas. E quando elas ocorrem não são programáticas, mas superficiais. Como a esquerda deveria se posicionar diante das manifestações que ocorrem em Cuba? Se é verdade que a esquerda que apoia Cuba acredita na soberania dos cubanos sobre o território e o Estado, fica evidente que o comando do Estado cubano faz com que o próprio povo não tenha liberdade e soberania sobre esse Estado. A repressão que se estabelece permanentemente em Cuba é um atestado de que na Ilha os cubanos não têm soberania. Se é verdade que Batista usurpou a soberania popular, em Cuba há uma permanente usurpação dessa soberania. Cuba não tem representação democrática, a sociedade não se representa democraticamente no Estado. Na semana passada, um dirigente do PT divulgou nota de apoio à eleição de Daniel Ortega, na Nicarágua. O que leva setores do partido a apoiar ditaduras na Nicarágua e na Venezuela? O apoio a ditaduras parte de uma esquerda anacrônica e passadistas que ainda está dentro do paradigma da revolução, mas que sabe que a revolução não tem mais a perspectiva da guerrilha, do foquismo e da luta armada, tipo Carlos Marighella e Che Guevara, mas quer manter ainda uma perspectiva de emergência de massas na política com um programa cada vez mais radicalizado para acentuar contradições na expectativa de chegar a situações pré-revolucionárias. Há dificuldade afetiva de setores da esquerda em criticar Cuba e Ortega? Acredito que existe sim. Todo elemento de mito na esquerda provoca esse tipo de relação de afeto, que é um sentimento de defesa, quase se materializando na ideia de que tomar um caminho crítico seria uma traição à revolução, ou que seria fazer o jogo dos exploradores, dos opressores e da direita. Quando fiz um comentário crítico ao personagem do Marighella, recebi esse tipo de reação, contra o rompimento com o que chamo de teoria pura da revolução. Na medida em que o paradigma da revolução sobrevive, ele é tratado de diversas maneiras e uma delas é essa: a defesa de Cuba, da Venezuela. E lideranças políticas, movimentos e até intelectuais que atuam dessa maneira. Qual o papel de Lula na forma como o PT enxerga Cuba, a Venezuela e a Nicarágua e como o partido se relaciona com a democracia? O papel do Lula é fazer essa ponte com esse passado do paradigma da revolução sem assumi-lo. Lula negocia com os protagonistas desse paradigma, que buscam se adaptar. Ele faz uma ponte com a herança dessa esquerda, que está no PT, nos ex-integrantes da luta armada e na Igreja da teologia da libertação. Lula expressa o sindicalismo de resultados que negocia com esse campo. Ele nunca quis ser afiliado à social-democracia europeia, tanto é que o partido afiliado à Internacional Socialista era o PDT e não o PT. Ele não pode ser isso, pois, ao assumir isso, perderá o contato com os protagonistas do paradigma da revolução. Lula manteria a ambiguidade ao viajar à Europa e se encontrar com líderes da social-democracia comprometida com a globalização e com o liberalismo político, como Olaf Scholz? Mas ele não fala nada nesse sentido (da social-democracia). O que ele fala é o que essa social-democracia lá quer ouvir, que ele aqui é o protagonista da luta contra as elites, contra as oligarquias, o atraso, a violência e a queima da Amazônia. Alguns temas se vinculam à social-democracia de lá, mas ele tem de ser um protagonista contra a injustiça que existe nos países subdesenvolvidos e, como a Europa não fará mais a revolução e não apoia mais um personagem que venha do atraso, a social-democracia europeia preza muito bem protagonistas como Lula, que são, na visão deles, a expressão da luta contra a miséria e a pobreza fora da Europa, algo que vem dos socialistas franceses de (François) Mitterrand e dos socialistas italianos, como Lelio Basso. Lula mantém essa ambiguidade. Ele não assume nem o discurso do paradigma da revolução nem a identificação com a social-democracia. Qual é a lógica da política internacional do Lula: é o capitalismo brasileiro ocupar um lugar no mundo, o que o Luiz Werneck Vianna chamou de 'capitalismo grão-burguês'. E também não assume a lógica dos que falam na democracia como valor universal, que também tem como referência o socialismo. Lula sempre recusou as duas identidades gerais da esquerda: a comunista e a social-democrata. E nunca assumiu a identidade revolucionária guevarista, mas sempre transitou entre ela, o que faz com que ele seja o personagem que é. O projeto dele é fazer com que a economia cresça e o consumo se amplie e as classes populares cheguem a um patamar de classe média. O centro dessa política é o consumo. Não é educação, ciência, tecnologia ou o rearranjo dos vetores de mercado. Temos eleições no Chile. Que tipo de implicações elas podem ter para o continente e o que podem ensinar para o Brasil em 2022, caso se confirme um segundo turno entre a extrema-direita e a esquerda? A vitória da extrema-direita seria terrível, mas uma grande lição, que é a mesma lição do radicalismo jacobino na Revolução Francesa e, depois, a vitória da reação. Isso tem muito a ver com o comportamento das elites políticas. A rua, as mobilizações radicais e massivas que ocorreram no Chile não conseguem ser produtivas do ponto de vista político para avançar na democracia sem mudar as elites políticas e rejeitar o passado. A vitória do estalido em 2019 atacou um ponto: a Constituição de 1980, mas também a centro-esquerda concertacionista. Esse levante social acabou destruindo a política concertacionista e se representou em forças de esquerda. Essas forças foram nos últimos meses radicalizando cada vez suas posturas e isso fez com que uma parte da sociedade, que é forte no Chile, resgatasse o tema da ordem no cenário político. José Antonio Katz (Partido Republicano, extrema-direita) representa essa reviravolta, que é um apelo à ordem. Em relação a nós, fica evidente que a eleição chilena será uma advertência sobre como queremos o futuro da nossa democracia. A vitória de Katz significa fortalecimento de Bolsonaro. A fratura entre esquerda e centro-esquerda é desastrosa para a democracia. O Chile é o grande exemplo de como o paradigma da revolução se manteve subterraneamente. Como isso de traduz politicamente? Pode resultar em Katz, da extrema-direita ganhar a Presidência. A democracia na América Latina rejuvenesceu na luta contra o autoritarismo e começa a vivenciar os problemas teóricos políticos e sociais da integração de massas ao sistema democrático e da resolução dessa equação, de como conectar o social ao político na democracia. Uma história que mantém o tema da revolução como central gerou indefinições que não gera avanços democráticos. A confiança na democracia se estabelece com muita dificuldade, assim como as realizações da democracia são vistas com muita desconfiança. E aí chegamos no terreno da antipolítica, no qual o PT e Lula expressaram essa antipolítica. No fundo aqui a antipolítica é traduzida como antidemocracia pela direita bolsonarista ou como redenção de um único ator que é capaz de resolver os problemas da sociedade brasileira, na esquerda petista. Você tem mitos dos dois lados: o bolsonarismo, que é um regresso em si mesmo, e Lula, que acena com a volta do grande país e da sociedade. Bolsonaro é uma reação à democracia como um todo. Ele não é antipetista, mas antidemocrático. E Lula, como expressão dessa esquerda que ainda guarda relação com Cuba e Nicarágua, expressa essa ambiguidade de um paradigma que não foi ultrapassado em definitivo aqui, o da revolução. Para superar esse risco seria necessário o comprometimento de todas as forças políticas com a democracia e o abandono da ideia de revolução? Isso de saída, como pano de fundo, como cimento de uma nova cultura política. Abandonar o paradigma da revolução e se instalar definitivamente no paradigma da democracia, que é complexo como o nosso tempo. O tema democrático é um tema que exige uma atenção e uma dedicação, uma convergência e um diálogo de diversos atores, pois o tempo da democracia é de múltiplas dimensões dentro do presente. Não é o tempo agudo da revolução, do antes e depois. Produzir consenso é necessário na democracia. Nós sabemos que nossa democracia está em um ponto de mal-estar. A sociedade julga que as coisas não estão boas, com altos salários e o número excessivo de gente no Estado brasileiro. É extraordinário ver o número de pessoas no Brasil que está vivendo da política. É necessário pensar uma reforma política saneadora da nossa democracia? É evidente. A sociedade precisa ver que a democracia muda a vida num contexto de paz e não de exacerbação de contradições. O senhor diz que a permanência do modelo da revolução na esquerda faz com que a política se torne um jogo de soma-zero. Não se produz consenso e a política acaba capturada pela antipolítica. É como se nossa esquerda não tivesse feito a reflexão sobre a democracia feita, por exemplo, na Itália, no pós-guerra? Você colocou uma palavra-chave que é a ideia de consenso. Se você pensar no fim da Segunda Guerra, na Itália, com o (Palmiro) Togliatti voltando ao país e redefinindo o Partido Comunista na Itália, o que está na cabeça do Togliatti e do partido é o reerguimento da Nação por meio da República. Esse é o consenso. E ele tem uma chave: o antifascismo. Esse consenso permite com que forças políticas se digladiem – e isso aconteceu por décadas entre o PCI e a Democracia Cristã – porque havia um consenso e, assim, podiam divergir profundamente. No caso nosso, quando estamos superando o autoritarismo aqui, as forças políticas da esquerda, especialmente essas que ainda mantêm uma visão cubana da política, com a revolução como centro da sua representação, não permitem consenso, pois há uma oposição clara e profunda entre revolução e democracia. Há uma autor alemão, o Norbert Lechner, que matou a charada: os anos 1980 começam com uma mudança de paradigma na América Latina que ultrapassa o tema da revolução. O novo problema da esquerda e dos intelectuais é a democracia. Existem correntes aqui no Brasil que não assimilaram essa mudança de paradigma. E, se assimilaram, o fizeram de maneira precária e trabalham taticamente o tema da revolução no contexto da democracia. Essa utilização instrumental da democracia deriva de não ultrapassar o modelo cubano na América Latina. Isso é que explica o surgimento de fenômenos como Maduro e Ortega? Sim. Exato. Chávez, Ortega. É muito contraditório se você compreende e faz uma leitura da política latino-americana com esses dois eixos: revolução e democracia. A revolução exige uma ruptura, um antes e um depois. Ela tem uma noção de tempo político agonística enquanto a democracia, na medida em que ela supõe a valorização de instituições e o reconhecimento do outro, o tempo da política para ela é alargado e indefinido. Não tem teleologia na democracia, enquanto a revolução busca uma teleologia, um tipo de sociedade ideal e mobilizador. A revolução tem uma visão escatológica da história? Isso sim, do ponto de vista teórico, que guarda uma relação forte com a revolução. Mas a realidade se confronta com essa visão, esse bolchevique, esse guevarista, esses castristas que mantém essa visão vão ter de se moldar à realidade. Aí você vê os sintomas mórbidos, os fantasmas. O Lula é quê? Ele é um revolucionário? Aí você vê ele tirando uma foto em Cuba. Aí começam a aparecer essas figuras que se mostram indefinidas. E todo artifício é válido para justificar isso. Como no filme Marighella em que o sujeito pergunta ao personagem: e você o que é? É trotskista, stalinista, leninista? E o Marighella responde: "Não, eu sou brasileiro". Quantas vezes a gente não viu o Lula responder da mesma maneira. Pois ele não pode enfrentar o problema. Essas questões todas se misturam e, como a realidade se apresentou de outra maneira, vem outro plano, que é dos interesses da sociedade capitalista e modernizada. Nos anos 1980 e 1990 havia um consenso da emergência da democracia com predomínio da esquerda que lutou pela democracia sem as armas e dos liberais, o que deu na Constituição de 1988. Muitos, no entanto, como (Francisco) Weffort e até Fernando Henrique Cardoso, defenderam a ideia de que o Brasil não precisa de consenso, mas de explicitar os conflitos. O processo de construção da democratização brasileira depois da ditadura tem o seu tempo, seu auge na Constituição de 1988, mas já carregando essa ideia de que quem fala em consenso é regime autoritário. Esse é um grande problema teórico que a democratização brasileira carregou. Ela se fixou na ideia de que superar a ditadura seria destravar os conflitos sociais que as instituições teriam de cuidar em vez de construir uma ideia de consenso. Por isso não houve na democratização brasileira um "partido" da Constituição democrática de 1988. Não teve esse consenso. Essa ambiguidade permanece e a origem dela é o pacto teórico e intelectual entre essas duas ideias: a de consenso e a de conflito. Houve um predomínio maior da ideia de conflito do que da ideia de consenso. O PT é o partido que exacerba o conflito, condena o consenso e traduz o conflito na ideia de eleição. E não tem tido a capacidade para construir a ideia de consenso e resolve isso dizendo para a sociedade que com ele tudo será diferente. Aí chegamos na soma-zero: o Brasil só vai ter jeito conosco, nós que expressamos, no conflito, o povo justo e puro, seus interesses e, portanto, a nós é que deve caber a construção do Brasil, independentemente de outras forças. O PT não tem reconhecimento das outras forças do ponto de vista político. Escolhe-se para vice um empresário e não um partido no qual o setor empresarial aposte. Como se o único partido legítimo fosse nós. Aí, a teoria, epistemologia da revolução volta para o PT. Como esse mito se relaciona com a modernidade? Ele quer se combinar com interesses modernos da sociedade e vai merecer sempre uma espécie de composição estranha. Como é que faz? O Lula com os grandes empresários vão vender o Brasil para o mundo. O Lula vira um representante do capitalismo brasileiro, para ser um capitalismo de referencia mundial. Mas ele não é o representante dos setores populares, dos trabalhadores? Acaba-se gerando um monstro, aquilo que o Chico de Oliveira chamou de ornitorrinco, um animal raríssimo que só existe em determinadas situações específicas. Combinamos o mito da revolução com os temas da modernidade e a expressão dos setores populares com os do capital e tudo vindo da sociedade e não do Estado, como expressão do processo de democratização brasileira. Isso significou o não abandono do mito da revolução e uma adesão pragmática ao novo paradigma da democracia, que resultou em uma combinação extravagante. Existe um marco nessa discussão sobre a democracia na esquerda brasileira que é o texto do Carlos Nelson Coutinho sobre a democracia como uma valor universal. Nele, Carlos Nelson dizia que a democracia não tem delimitações geográficas. Disse isso em um tempo que o mundo era dividido em Ocidente e mundo socialista, dentro da visão do Enrico Berlinguer de que era necessário estabelecer uma visão nova entre socialismo e democracia... A expressão "democracia como valor universal" é do Berlinguer (então secretário-geral do PCI), que ele pronunciou em Moscou, no 60.º aniversário da revolução bolchevique. Aquilo foi um espanto. E tomou como referência direta a chamada cultura política do comunismo italiano, como diferenciada do comunismo soviético. Essa ideia da democracia como valor universal tem grandes implicações para a mudança da história do comunismo. Depois de 60 anos, um líder de um partido comunista ocidental vai à Moscou e diz que o caminho, no fundo, não é do dos soviéticos, do stalinismo ou do stalinismo renovado do Kruchev etc. Ali há um desafio para o Berlinguer, que ele não conseguiu levar a bom porto. O Carlos Nelson publica esse ensaio em 1979, antes da queda do muro de Berlim. O Carlos Nelson traz esse tema para cá durante o processo de autorreforma do regime. O texto dele é chave. O PT ainda não havia nascido. Qual a grande orientação da esquerda? A esquerda tinha de mudar: o paradigma da democracia suplanta o paradigma da revolução? Para o Carlos Nelson Coutinho sim, mas para ele não suplanta o paradigma do socialismo e do comunismo. O texto dele tem essa ponta. Essa chave é complicada e tem a ver com a história posterior do Partido Comunista Brasileiro. Para ele, a renovação democrática não podia ser um objetivo meramente tático, mas estratégico? Sim, esse é o grande valor do texto. A esquerda que teria de nascer do texto do Carlos Nelson Coutinho teria de ser uma esquerda radicalmente democrática, que ultrapassasse o paradigma da revolução. Esse é o marco do texto do Carlos Nelson. Isso se verificou? Sabemos que não. Esse sonho dele, essa utopia, essa mudança profunda não se verifica. Não temos lideranças políticas a partir da esquerda naquele contexto que pudesse expressar isso. Não há um partido de esquerda da democracia como valor universal. Ela vira uma referência que se espraia pelos partidos de esquerda e pelos liberais. O Carlos Nelson insinua uma espécie de revolução democrática, que não deixa de ser problemática, tanto que a trajetória dele vai ser essa: depois de sair do PCB, ele vai para o PT e, depois, para o PSOL. Por isso o texto é datado. Tem um grande valor naquela conjuntura, mas o desenrolar da conjuntura política no plano da esquerda não levou a isso. A esquerda desloca o problema da democracia para um lado, como se fosse resolvido, e quer atacar o problema social e da economia com uma determinada visão. E a democracia fica mais como esperança do que como problema. Instalar a democracia, consolidar e conquistá-la é um problemão, ainda mais combinando com os temas sociais e econômicos, como é a América Latina. O PT incorpora as massas não por meio da democracia, mas por meio do bem-estar econômico? Exato. É um varguismo de outro tipo. Eu respondo à demanda da mesa, do bem-estar. É um PT Delfim Netto, que quer resolver o problema de quem quer tomar sua cervejinha vendo o jogo do Flamengo. *** *** https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/11/entrevista-alberto-aggio-apoio.html *** *** Com tanta mudança
*** "Quem se vende como novo anti-Lula saiu do mundo da toga, passou pelo breu das tocas e chega aos holofotes da guerra plebiscitária sem vacina contra a extrema direita, muito ao contrário." *** Poesia gasosa transformando-se em ensaio político sólido.👇 *** 🏿'Breu= escuro toca= buraco no breu das tocas= escondido, para que ninguém soubesse.' ***
*** domingo, 21 de novembro de 2021 Paulo Fábio Dantas Neto* - Quatro ou cinco estrelas no céu da política: a realidade chã bate à porta Tudo se move, nesse novembro ainda distante das eleições de 2022, na direção de que vire água uma ideia que, desde 2020, anima o desenho, ou espectro, da chamada terceira via. Refiro-me não à possibilidade, que considero cada vez mais real, de que uma candidatura se apresente como alternativa à de Bolsonaro em condições de enfrentar, competitivamente, a de Lula, num eventual segundo turno. Tão certo é esse perigo para o PT (atenção, digo que certo é o perigo, não o êxito dessa provável candidatura antipetista) que os movimentos do ex-presidente, internamente e no plano internacional, dirigem-se, paulatinamente, mas cada mais resolutamente, a uma articulação ao centro que descortina o óbvio objetivo de liquidar a fatura no primeiro turno. Se há chances, não é o tema aqui. A ideia gasosa a que me refiro, que parece se desmanchar antes de atingir o estado sólido, é a de uma terceira via constituída sob o signo de uma agregação política para a pacificação racional do país. Aqui outro aviso: não quero com isso insinuar que seria de algum modo possível uma conciliação com a situação a que chegou, desde 2019, o Poder Executivo, como consequência do aventureirismo que prevaleceu nas urnas em 2018. A alusão é à hipótese, de todos os modos desejável, de uma convergência eleitoral dos democratas brasileiros, ao menos no segundo turno das eleições. O que vemos é que a convergência comprovada que há em defesa da democracia e das eleições, não está se traduzindo em convergência, programática ou mesmo pragmática, entre pré-candidaturas. Nada é ainda líquido e certo a um ano de eleições livres como têm sido e serão as do Brasil. Mas o cardápio que se desenha é indigesto para quem quer alívio e desanuviamento do ambiente predatório, maniqueísta, propício a frequentes ataques abaixo da cintura, no qual se exerce a política entre nós, desde 2014. Sem ser de nenhum modo uma jaboticaba brasileira e na contramão dos presságios revigorantes saídos das eleições municipais de 2020, já se encontra previamente instalada, na arena em que se dará a disputa presidencial, uma lógica antipolítica que é um nirvana para novas aventuras míticas. Bolsonaro, Sergio Moro e Lula são personagens muito diferentes. Diante do primeiro, um dejeto da subpolítica, Lula parece de fato um primor de estadista. Diante do guardião do moralismo antipolítico, o mesmo Lula parece a salvação do saber prático que urdiu as melhores democracias. Mas os três têm, em comum, a tendência a consolidar no eleitorado a seguinte percepção: já que só há insetos, prefiro um inseticida para chamar de meu. Mas Lula tem um grande diferencial. Não, não estou falando de sua preocupação com o “social” porque essa é uma preocupação que não diferencia ninguém. Com variados graus de “sinceridade” ela é disposição indispensável a qualquer político relevante que atue numa democracia. Quem não a possuir é, por definição, um suicida eleitoral. Aí está uma das maiores virtudes da democracia, que é obrigar até autocratas a bajular o eleitor. Falo de Lula como uma personagem internacional. Guardados certos limites, análoga a um pop star. Esse é, sem dúvida, o seu maior diferencial e pode se tornar o seu melhor argumento político. No atual momento de (má) inserção do Brasil num mundo necessitado de concertações, esse argumento pode ter, internamente, eficácia política (e não apenas eleitoral) equivalente à da Carta aos Brasileiros de 2002, tanto no sentido de agregação como principalmente na criação de expectativas tranquilizantes. Coisa para profissionais. Lula está começando a conseguir, no plano internacional, a coalizão ampla que tem dificuldade de construir internamente. No Brasil, por compreensíveis motivos ligados ao contencioso político nacional de quase toda a década passada, as forças liberais negam-lhe o papel que suas equivalentes lá fora nele parecem vislumbrar. É visível que Lula passa a ser internacionalmente considerado, no que tange à política brasileira, a alternativa até aqui disponível contra o que se pode chamar, para simplificar, de “esquema Bannon”, ao qual Bolsonaro está associado. O espraiamento desse esquema, de uma direita potencialmente antissistema, pela América Latina, foi tratado com propriedade pelo professor Pablo Ortellado (“Ultradireita sobe na América Latina” – O Globo, 20.11.21), de um modo a compreendermos que a articulação internacional de Lula tende a transbordar da tradicional esquerda europeia, que lhe é tradicionalmente simpática, para incorporar forças liberais. A recepção recente que ele teve de Macron aponta nessa direção. Na conexão internacional está se realizando a polarização Lula-Bolsonaro que os preconizadores da terceira via querem, por motivações nacionais, evitar. A provável candidatura de Sergio Moro é até aqui uma promessa de complicar aquela polarização na medida em que dê certo a sua tentativa de ocupar o lugar de Bolsonaro num confronto final com Lula. No primeiro turno pode até dar certo um discurso provinciano contra uma corrupção suposta pelo discurso do ex-juiz como um mal brasileiro. Mas num eventual segundo turno - caso Moro consiga chegar lá – é previsível sua adesão ou, ao menos, sua indulgência para com a articulação internacional da extrema-direita. Moro à parte, quem quer construir terceira via está convidado a pensar se não corre o risco de ser provinciano também. Ou, pior, o de acabar, num segundo turno contra o PT, sendo arrastado, ao menos no mundo das fakenews (que não é nem de longe monopólio da extrema-direita, ainda que ela ali reine), pela dimensão internacional da polarização. Para evitar esse destino inglório, resta às forças que ainda estejam empenhadas nessa agregação entender o timing e tornar mais urgente a apresentação de uma candidatura (não pode ser a de Moro, claro, cujo mister é a desagregação política) que, na hipótese de chegar ao segundo turno graças à pulverização da direita voluntarista entre Bolsonaro e Moro, permita a diversificação da “frente única” que Lula monta, internacionalmente, em torno de si. Talvez assim setores da política liberal global, notando que passou o perigo imediato das eleições brasileiras serem vencidas pela extrema-direita mundial, fiquem à vontade para se entenderem com outras forças políticas nacionais. No momento, o que é relevante para liberais no mundo, quando olham (se é que olham) para a política eleitoral brasileira, é saber quem pode reagir com êxito à conversão do país em cabeça de ponte permanente do anti-globalismo da extrema-direita. Até agora esse alguém é Lula. Quem se vende como novo anti-Lula saiu do mundo da toga, passou pelo breu das tocas e chega aos holofotes da guerra plebiscitária sem vacina contra a extrema direita, muito ao contrário. Ciro Gomes pode ser lembrado para negar o que afirmo e mitigar o cenário insípido que percebo hoje para uma terceira via. Afinal, é um democrata provado e vacinado contra ovos de serpente, seja o fascista ou o guardiânico. Assim como Lula, ele tem um diferencial positivo, aos olhos de quem aposta em política racional, que Bolsonaro e Moro abominam. No caso dele trata-se do esforço continuado que empreende há anos para apontar com mais clareza um projeto economicamente informado para o país, expondo-o, mais do que qualquer outro dos seus concorrentes, ao escrutínio público. É possível discutir a orientação autárquica desse projeto ou o seu grau de realismo político, mas ao permitir que se faça isso, sua contribuição já é relevante e aduba racionalmente o ambiente político. Porém, Ciro parece provar a cada dia também que exerce um efeito viral contra a ideia de convergência democrática. A personalidade autárquica transborda seus poros e acha-se em fogo alto após sua associação ao publicitário João Santana, cuja expertise em marketing pode igualar, sem superar, sua escolaridade em cancelamentos. Quem sou eu para discutir se dará eleitoralmente certo? A memória das eleições de 2014 e 2018 pode indicar que sim, ou que não. Fora de dúvida, porém, parece estar o potencial que tem Ciro de se somar ao trio de mitos em cena para ajudar a tornar ainda mais tenso, cruento e rebaixado o nível da disputa eleitoral. E as barbas de Lula, assim como a vida privada do PT, fariam bem se ficassem de molho nesse ponto, sendo João Santana quem é e tendo sido o que foi. Ao capo di tutti capi, paladino de taras fascistas de homens toscos (e aqui é relevante o “recorte de gênero”), ao apologista corporativo da virtude de guardiães do moralismo antipolítico e ao pai pródigo da pátria que quer retomar as rédeas do que pensa ser sua casa, junta-se, em quarteto nada amistoso, o gestor voluntarista que também é um político sem papas na língua, dono de um saber tecnocrático e solitário, caminho único das pedras, saber vocacionado a colisões agonísticas. Sua permanência no cardápio (ademais certa, desde sempre) não desfaz o que afirmei no início. A ideia de terceira via está se esvaindo como hipótese de agregação política para a pacificação do país. O PSDB ainda não é carta posta claramente na mesa, mas talvez já o seja quando a coluna começar a circular. Na impossibilidade de esperar o resultado das prévias daquele partido, porque hoje é sábado, arrisco um comentário. Vencendo o governador João Dória, como prediz, nesse exato momento, a maior parte dos entendidos em tucanato, o quarteto já em cena ganhará o reforço de uma quinta estrela, tornando a pacificação ainda mais invisível no horizonte político imediato. Azeite adicional ao motor que move lógicas plebiscitárias, egocentradas e oniscientes. Lula assumirá, ao menos provisoriamente, o lugar do mais moderado nesse quinteto do barulho. Para fazer justiça a Lula, não se pode acusá-lo de ser centro apenas para europeu ver. Internamente ele também tenta, mas a distância entre intenção, gesto e sucesso parece aqui maior do que a que o separa de um alvissareiro acordo com Geraldo Alckmin. Voltando ao PSDB, em caso de vitória de Dória nas prévias (ou talvez em qualquer caso) o partido faltará, outra vez, ao dever de reapresentar ao país o discurso agregador que Aécio Neves apresentou no segundo turno de 2014. A quem, por petismo ou lavajatismo (sejam eles conscientes ou não), se indignar com o que acabei de afirmar, sugiro um esforço franco de memória. Disse Aécio, naquele segundo turno, que, ao chegar ali, deixava de ser apenas o candidato do PSDB para ser um candidato de convergência democrática, disposto a nela incluir, dentre outros, o projeto do PSB de Eduardo Campos, que Marina Silva acabara de representar, com admirável dignidade, no primeiro turno. Nem um indício ele permitiu de intolerância, de flerte com a extrema-direita, de preconceito político ou cultural de qualquer espécie. Um discurso social-democrata clássico, como poucas vezes o PSDB foi capaz de vocalizar. Chegou muito perto da vitória. Junto com aquele discurso de campanha estão soterrados os mais recentes ecos de uma política democrática e unitária, pela qual significativa parte da sociedade brasileira hoje ainda segue clamando, expondo-se, mais uma vez, a imenso risco de frustração pelos ouvidos moucos que variadas forças políticas de centro insistem em fazer a esse clamor. Tenho compromisso zero com o destino politicamente mesquinho que Aécio Neves, ao emular o bolso-dória em busca de aterrisagem em São Paulo, deu ao capital político acumulado naquela campanha nacional. São conhecidos os seus erros que, no dizer dos seus adversários, só fizeram confirmar uma profecia. Também não me vejo fiador de sua sinceridade, ademais, um valor de problemático uso para analisar política, porque as pedras certamente atiradas na direção de quem o usa tendem a se neutralizar mutuamente, tal é, no caso, a incapacidade elucidativa desse valor. O que não temos direito é ao esquecimento politicamente interessado porque ele é inimigo da lucidez de que precisamos como oxigênio nessa quadra perigosa, daí ter tirado essa lembrança do baú. Se ganhar Leite admito que uma luz se acende, mas não é possível avaliar a capacidade desse fato reverter a tendência que se aponta. Isso dependerá, em boa parte, do potencial de retaliação de Dória, governador de São Paulo, do qual ninguém pode ter a imprudência de duvidar. Assim como não se pode ter a ingenuidade de imaginar que, existindo essa potência desagregadora, Dória, sendo o político que é, deixe de colocá-la em movimento. Impossível prever o que ocorrerá e não gastarei tempo com o imponderável. Vale assinalar apenas que as possibilidades porventura remanescentes de uma terceira via por agregação política estarão depositadas num eventual entendimento positivo entre o PSDB que seguir a decisão, o MDB que resistir a Lula e a acordos regionais e o PSD, que quer achar brecha para viabilizar o nome de Rodrigo Pacheco, sem dúvida um contraponto à melodia voluntarista do atual quarteto, quase quinteto. Quanto ao União Brasil, a maior, a mais materialmente empoderada e, também, a mais recente força partidária, não parece calibrar seus passos iniciais por escolhas na arena presidencial. Sua banda DEM segue entre brumas, virtualmente paralisada, enquanto a banda PSL cuida do futuro de seus deputados, para muitos dos quais o barco de Sergio Moro, cruzando as águas turvas da antipolítica travestida de nova política, pode ensejar pescaria senão igual, próxima à de 2018, a qual fez, desse agregado de mandatos, uma sigla relevante na pequena política. De certo, além disso, há o fato de que teremos todos que mastigar algo, seja qual for a qualidade do cardápio. Isso é ainda mais importante num momento crítico em que eleição e voto se tornaram bens de sobrevivência coletiva. Logo, quem gostar de “grande política” deve monitorar seus narizes para que eles não sugiram dieta aos respectivos cérebros. Face ao cardápio que se monta, quem tem nariz fisicamente generoso, como é o caso do imprudente que ora escreve, terá trabalho para conservar alguma lucidez e certo realismo. *Cientista político e professor da UFBa. *** https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/11/paulo-fabio-dantas-neto-quatro-ou-cinco.html#more 👇🏿 *** *** "Sussurrando em versos e trovas. Combinando no breu das tocas. Anda nas cabeças e nas bocas. A linguagem do sexo é linguagem de exploração. É cultural e está mimetizado nas memórias sociais. Em todos os lugares." *** *** https://www.recantodasletras.com.br/poesias-de-reflexao/6161928 *** *** O Que Será (À Flor da Pele) Chico Buarque Ouvir "O Que Será (À Flor…" *** *** O que será que me dá Que me bole por dentro, será que me dá Que brota à flor da pele, será que me dá E que me sobe às faces e me faz corar E que me salta aos olhos a me atraiçoar E que me aperta o peito e me faz confessar O que não tem mais jeito de dissimular E que nem é direito ninguém recusar E que me faz mendigo, me faz suplicar O que não tem medida, nem nunca terá O que não tem remédio, nem nunca terá O que não tem receita O que será que será Que dá dentro da gente e que não devia Que desacata a gente, que é revelia Que é feito uma aguardente que não sacia Que é feito estar doente de uma folia Que nem dez mandamentos vão conciliar Nem todos os unguentos vão aliviar Nem todos os quebrantos, toda alquimia E nem todos os santos, será que será O que não tem descanso, nem nunca terá O que não tem cansaço, nem nunca terá O que não tem limite O que será que me dá Que me queima por dentro, será que me dá Que me perturba o sono, será que me dá Que todos os tremores me vêm agitar Que todos os ardores me vêm atiçar Que todos os suores me vêm encharcar Que todos os meus nervos estão a rogar Que todos os meus órgãos estão a clamar E uma aflição medonha me faz implorar O que não tem vergonha, nem nunca terá O que não tem governo, nem nunca terá O que não tem juízo Ouvir "O Que Será (À Flor…" Composição: Chico Buarque. *** *** https://www.letras.mus.br/chico-buarque/1217237/ *** *** *** Aggiornato Reverso ***
domingo, 21 de novembro de 2021 Luiz Sérgio Henriques* - O ‘desvio bolchevique’ da extrema direita O Estado de S. Paulo Os socialistas de hoje, particularmente no Brasil, deveriam rever as relações com o extraordinariamente complexo mundo do liberalismo político Não é bem o caso de nos sentirmos irremediavelmente condenados ou nos imaginarmos como em território ocupado, vivendo passivamente o programa de destruição nada criativa que nos foi imposto a partir das últimas eleições presidenciais. Sabemos, desde a “resistível ascensão” de Donald Trump em 2016, que nenhuma democracia moderna, nem mesmo a mais antiga delas, está a salvo da investida de demagogos que pareceriam inverossímeis há apenas uma geração ou até menos. Não se trata de autocomplacência, mas sim da percepção de estar em meio a um fenômeno que nos ultrapassa. Párias, certamente, mas entre pares, bastando mencionar o nutrido grupo de autoritários que, um pouco por toda parte, venceram eleições e, a seguir, passaram a minar instituições do Estado e a simplificar em proveito próprio a riqueza e a pluralidade da sociedade civil. Sem querer desviar minimamente o foco do drama principal, é preciso lembrar ações e consignas que balizaram há pouco mais de duas décadas o chamado “socialismo do século 21”. Lideranças populares ou militares de patentes intermediárias lançaram-se à política em diferentes contextos nacionais, marcados, todos eles, por um liberalismo restrito ou oligárquico. A promessa era a de varrer “tudo o que está aí” e inaugurar o imaginado poder popular direto. De fato, num país após o outro, em sequência inquietante, à primeira vitória presidencial seguiram-se assembleias constituintes que consagraram tanto o novo capo providencial quanto seu partido, o qual, se não era único, passaria a controlar paulatinamente as alavancas de comando político e econômico. Por certo, uma contrafação do espírito bolchevique original supostamente aggiornato para o novo século. Com as adaptações que cada caso requer e que a algaravia nas redes sociais exige, a estratégia revolucionarista viria a mudar de lado, a ponto de agora se poder apontar a existência de bizarros “bolcheviques de direita”, seguindo uma pista dada por Anne Applebaum. Os novos atores revolucionários, algozes do que chamam de establishment, têm sido capazes, entre outros “feitos”, de contestar ferozmente as eleições americanas e o “regime de Biden” ou levar a efeito contundentes ofensivas subversivas, como a que, no Brasil, culminou no 7 de setembro passado. Sem falar nos casos exemplares – do ponto de vista de tais subversivos – de Polônia ou Hungria, realidades em que se instalaram com aparente solidez e em que ditam regras práticas de dominação e imposturas conceituais, como a da “democracia iliberal”. Há fraturas curiosas na variedade destes “leninistas” de novo tipo. Uma delas, a tensão entre a evidente vocação minoritária, que só um golpe da fortuna, em atmosfera plebiscitária, pode transformar em vitória eleitoral, e a certeza dogmática de encarnar o espírito do tempo, que os faz singularmente audaciosos. Outra, aquela entre a crueza material dos objetivos perseguidos, condensados na restauração dos instintos animais do capitalismo, e a manipulação obscena de sentimentos religiosos, colocando-os a serviço de forças avessas não só ao socialismo, seja qual for o sentido que se dê ao termo, como também ao liberalismo clássico e, em geral, aos processos característicos da modernidade. Um anticomunismo caricato completa o baú de ossos: caricato, pois sem razão de ser nem objeto definido, a menos que se considere Cuba como potência ameaçadora ou a China como líder de uma revolução mundial em andamento. Significativa a contraposição frontal que volta a se dar entre, por um lado, a extrema direita e, por outro, duas correntes essenciais da modernidade ocidental, a saber, o liberalismo e o socialismo, na diversidade das suas manifestações. Em condições diferentes, há quase cem anos estas duas últimas tendências, com inclusão dos comunistas no grupo socialista, traçaram um complicado percurso até se juntarem na grande frente antifascista para combater a extrema direita de então. A bravura dos comunistas na luta antifascista constituiu um fator relevantíssimo na recriação do mundo no pós-guerra, ainda que não os pudesse redimir da incapacidade de renovarem a própria cultura política e de se afastarem das realidades nada atraentes – muito pelo contrário! – do que viria a se chamar socialismo real. Os socialistas de hoje, particularmente no Brasil, ao examinar este passado e ao avaliar as possibilidades do presente, deveriam rever as relações com o mundo extraordinariamente complexo do liberalismo político. A bem da verdade, os social-democratas, na generalidade dos países ocidentais, há muito fizeram a transição para o universo democrático, afastando-se de tentações autoritárias e tornando-se um sólido pilar dos regimes constitucionais. Seria tolice ignorar as pulsões autoritárias da esquerda terceiro-mundista, as mesmas que, como dissemos, envenenaram o termo “socialismo” no início do século. Mais tolice, ainda, deixar-se dominar por elas, renunciando ao papel essencial de defesa da República e do próprio País, talvez na sua hora mais difícil. *Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das obras de Gramsci no Brasil *** *** https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/11/luiz-sergio-henriques-o-desvio.html *** *** aggiornato Conjugar este verbo Sugestões: aggiornare aggiornato regolarmente Tradução de "aggiornato" em português Adjetivo Outro Advérbio Particípio passado atualizadoactualizadoinformadoparrevistoadaptadoatualizouactualizaçãoatualizaractualizouatualizaçãoatualizamosatualizeiactualizarModernizado Al termine dell'installazione del browser viene aggiornato. Após a conclusão da instalação do seu navegador é atualizado. Ricordati di iscriverti alla newsletter a destra per rimanere sempre aggiornato. Lembre-se de se juntar à newsletter para o direito de ficar sempre atualizado. L'allegato V deve pertanto essere aggiornato. O Anexo V deve, por conseguinte, ser actualizado. 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*** L'italiano medio Articolo 31 Ouvir "L'italiano medio" *** *** Io mi ricordo collette di natale Campi di grano ai lati della provinciale Il tragico Fantozzi la satira sociale Oggi cerco Luttazzi e Non lo trovo sul canale Comunque sono un bravo cittadino Ho aggiornato suonerie del telefonino E un bicchiere di vino con un panino Provo felicità se Costanzo fa il trenino Ho un santino in salotto Lo pregio così vicino all'enalotto Ho Gerry Scotti col risotto ma è scotto Che mi diventare milionario come Silvio Con il giornale di Paolo e tanta fede in Emilio Quest'anno ho avuto fame ma per due settimane Ho fatto il ricco a Porto Cervo? che bello!!! Però mi ricordo collette di natale Campi di grano ora il grano è da buttare M'importa poco ora io vado al centro commerciale E il mio problema è solo dove parcheggiare RIT. Ohoo ohoo Ma a me non me ne frega tanto Ohoo ohoo Io sono un italiano e canto E datemi Fiorello e Panariello alla tv Sono l'italiano medio, nel blu dipinto di blu Io sono un bravo cittadino onesto Bevo alla mattina un bel caffè corretto Dopo cena il limoncello in vacanza la tequila La gazzetta d'inverno e d'estate novella 2000 Che bella la vita di una stella Marina o Martina o quella della velina La mora o la bionda è buona e rotonda Finchè la barca va finchè la barca affonda E intanto sto perdendo sulla patente il punto E un'auto blu mi sfreccia accanto Che incanto? RIT. Ohoo ohoo Ma a me non me ne frega tanto Ohoo ohoo Io sono un italiano e canto Non togliermi il pallone e non ti disturbo più Sono l'italiano medio, nel blu dipinto di blu Ma spero che un sogno così non finisca mai più Mi voglio svegliare mai più Ti voglio far vedere Che sono proprio un bravo cittadino Ho il portafoglio di Valentino E l'importante è quello che ci metto dentro Vado contro il vento a sinistra a destra Sabato in centro fino a consumare le suole Ballo canzoni spagnole così non mi sforzo A seguire le parole e penso a fare l'amore Alla villa di Briatore alla nonna senza Ascensore alla donna del gladiatore A qual è il male minore l'onore sua eccellenza Monsignore e ancore baciamo la mano Che bel miracolo italiano RIT. Ohoo ohoo Ma a me non me ne frega tanto Ohoo ohoo Io sono un italiano e canto E datemi Fiorello e Panariello alla tv Sono l'italiano medio, nel blu dipinto di blu RIT. Ohoo ohoo Ma a me non me ne frega tanto Ohoo ohoo Io sono un italiano e canto Non togliermi il pallone e non ti disturbo più Sono l'italiano medio, nel blu dipinto di blu Ouvir "L'italiano medio" Composição: Antonello Aleotti / Francesco Bottai / V. Perrini. ***
*** Letras de músicas Articolo 31 - LETRAS.MUS.BR Articolo 31 — L'italiano medio letra e tradução A página contém a letra e a tradução em português da música "L'italiano medio" de Articolo 31. *** Letra Io mi ricordo collette di natale Campi di grano ai lati della provinciale Il pratico Fantozzi la satira sociale Oggi cerco Luttazzi e non lo trovo sul canale Comunque sono un bravo cittadino Ho aggiornato suonerie del telefonino Un bicchiere di Pinot con un panino Provo felicit se Costanzo fa il trenino Ho un santino in salotto Lo prego cos vinco all’enalotto Gerry Scotti col risotto ma Scotto Che mi fa diventare milionario come Silvio Col giornale di Paolo e tanta fede in Emilio Quest’anno ho avuto fame Ma per 2 settimane ho fatto il ricco a Porto Cervo Che bello Per ricordo collette di natale Campi di grano ora il grano da buttare Mi importa poco oggi io vado al centro commerciale E il mio problema solo dove parcheggiare Ohohoh ohohoh ma a me non me ne frega tanto Ohohoh ohohoh io sono un italiano e canto E datemi Fiorello e Panariello alla TV Sono l’italiano medio nel blu dipinto di blu Io sono un bravo cittadino onesto Bevo al mattino un bel caff corretto Dopo cena il limoncello in vacanza la tequila La gazzetta d’inverno e d’estate novella 2000 Che bella la vita di una stella marina o Martina O quella della velina la mora e la bionda bona e rotonda finch la barca va finch la barca affonda E intanto sto perdendo sulla patente il punto E un’auto blu mi sfreccia accanto che incanto Ohohoh ohohoh ma a me non me ne frega tanto Ohohoh ohohoh io sono un italiano e canto Non togliermi il pallone e non ti disturbo pi Sono l’italiano medio nel blu dipinto di blu Ma spero che un sogno cos non ritorni mai pi Mi voglio svegliare Mai pi ti voglio fare vedere Che sono proprio un bravo cittadino Ho il portafoglio di Valentino E l’importante quello che ci metto dentro Vado con il vento a sinistra a destra sabato in centro Fino a consumare le suole ballo canzoni spagnole Cos non mi sforzo a seguire le parole Penso a fare all’amore alla figlia di Briatore Allla donna senza ascensore alla donna del calciatore Al quale male minore l’onore sua eccellenza Monsignore Ancora baciamo la mano che bel miracolo italiano Ohohoh ohohoh ma a me non me ne frega tanto Ohohoh ohohoh io sono un italiano e canto E datemi Fiorello e Panariello all TV Sono l’italiano medio nel blu dipinto di blu Ohohoh ohohoh ma a me non me ne frega tanto Ohohoh ohohoh io sono un italiano e canto Non togliermi il pallone e non ti disturbo pi Sono l’italiano medio nel blu dipinto di blu Tradução da letra Lembro-me da collette de Natal. Campos de trigo nos lados da província A prática Fantozzi a sátira social Hoje procuro o Wrestazzi e não o encontro no canal. Seja como for, sou um bom cidadão. Actualizei os toques do telefone Um copo de Pinot com uma sanduíche Eu tento felicit se Costanzo faz o trem Tenho um santino na sala. Rezo para ganhar no enalotto. Gerry Scotti com risotto mas Scotto Isso faz de mim um milionário como o Silvio Com o jornal de Paul e muita fé em Emilio Este ano eu estava com fome. Mas durante 2 semanas eu fiz o rico em Porto Cervo Belo Para recordação da collette de Natal Campos de trigo agora o trigo para jogar Hoje não me importo de ir ao centro comercial. E o meu problema só onde estacionar Mas eu não me importo tanto. Sou italiano e canto E dá-me Fiorello e Panariello na TV. Eu sou a média italiana de azul pintado Sou um bom cidadão honesto. Eu bebo de manhã um bom café. Depois do jantar limoncello com tequila natalícia La gazzetta d'Inverno e d'Estate novella 2000 Como é bela a vida de uma estrela-do-mar ou da Martina Ou aquela com o cabelo preto e a loira. bona e finch o barco vai finch o barco afunda E entretanto estou a perder o sentido da licença. E um carro azul corre ao meu lado que eu encanto Mas eu não me importo tanto. Sou italiano e canto Não me tires a bola e não te incomodes pi sou o italiano normal de azul pintado Mas espero que um sonho nunca volte quero acordar Nunca te quero mostrar Que sou um bom cidadão Tenho a carteira do Valentino. E o importante é o que eu coloco nele. Eu vou com o vento esquerda sábado à direita no centro Até consumir solas dançar canções espanholas Por isso não me esforço para seguir as palavras Penso em fazer amor com a filha do Briatore. Para a mulher sem elevador para a mulher do futebolista A que mal menor honra Sua Excelência Monsenhor Ainda beijamos a mão aquele belo milagre Italiano Mas eu não me importo tanto. Sou italiano e canto E dá-me Fiorello e Panariello toda a TV Eu sou a média italiana de azul pintado Mas eu não me importo tanto. Sou italiano e canto Não me tires a bola e não te incomodes pi sou o italiano normal de azul pintado *** *** https://ptlyrics.com/articolo-31/litaliano-medio/ *** ***

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