quinta-feira, 30 de setembro de 2021

MUDANÇA

"...temendo que a nuvem se tivesse desfeito, vencida pelo azul terrível, aquele azul que deslumbrava e endoidecia a gente." ***
*** Brainly 2 – Ernst Fischer, na obra "A necessidade da arte". Rio: Zahar, 1983, considera a arte como o - Brainly.com.br Tweet Ver novos Tweets Conversa Dorrit Harazim @dorritharazim 📌👏Não preciso ler mais nada hoje. Fico com o essencial: ⁦ @JoseEAgualusa ⁩ via ⁦ @JornalOGlobo ***
*** 8:25 AM · 25 de set de 2021·Twitter for iPhone *** *** https://twitter.com/dorritharazim/status/1441725548607197186?s=27 *** *** ***
*** O Globo A era em que podíamos cultuar o supérfluo está terminando Precisamos retornar ao essencial 25/09/2021 - 04:30 Durante a guerra civil em Angola, nas cidades mais atingidas pelos confrontos, conheci pessoas que dormiam com os sapatos calçados e uma pequena mochila a servir de travesseiro. Guardavam na mochila tudo o que para elas era essencial, caso tivessem de fugir de repente. Se alguma coisa nos ensinam estes dias estranhos, perigosos e voláteis, é que chegou o momento de colocar numa mochila aquilo que considerarmos essencial. Não porque precisemos fugir — na verdade, não temos para onde fugir —, mas porque a era em que podíamos cultuar o supérfluo, o ruído e o desperdício, está terminando. Precisamos retornar ao essencial. Mas o que é essencial? Para uns pode ser uma garrafa de bom vinho do Porto, para outros um livro, as fotografias da infância, um console de videogame, uns tênis de marca, ou um anel de prata. O essencial de uns é o supérfluo de outros. Volto ao brevíssimo período em que fiz reportagem de guerra em Angola. Certa manhã, vi um velho camponês carregando um colchão à cabeça. Lembro-me de ter comentado, em tom de troça, com outro jornalista: “Eis alguém que valoriza a preguiça”. Voltei a ver o velho ao entardecer, carregando a mulher no colchão. Envergonhado, atormentado pelos remorsos, fui falar com ele. “Só o colchão me pesa”, disse-me o homem com um sorriso tímido. Pesava-lhe mais quando não a carregava. A mulher tirava peso do colchão. É que o amor não pesa — liberta-nos do peso das coisas. Regra geral, quanto menor for uma palavra, quanto menos sílabas tiver, mais antiga ela é. E, quanto mais antiga for, mais importante, mais fundamental, tende a ser aquilo que exprime: mãe, pai, Sol, mar, sal, pão, chão, grão, amor, dor, bom, mau, fogo, cão, boi, fruta, água, paz, samba ou rabada com agrião. Certo, a rabada com agrião, a feijoada e Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski são exceções à regra. Ou seja, o que realmente importa cabe, quase sempre, nas palavras pequenas. O que realmente importa não costuma ter muito peso, nem ocupar muito espaço. O essencial está sempre conosco, nesse pequeno volume, chamado cabeça, que carregamos ao pescoço. Regressei esta semana à Ilha de Moçambique, onde tenho vivido alguns meses por ano, desde 2016. A Ilha, como quase todos os territórios isolados, é um bom lugar para exercitar o desapego. Quem quiser viver num lugar como este tem de de se habituar a viver com pouco. Naturalmente, uma coisa é viver bem, com menos gastos e menos desperdício, e outra é sobreviver em situação de pobreza, como acontece com uma larga parte da população africana. Não há beleza nenhuma na miséria. Por outro lado, vivendo entre gente que tem tão pouco — e ainda assim manifesta uma alegria e uma sabedoria de vida que é raro encontrar, por exemplo, entre os povos prósperos do norte da Europa —, aprende-se a valorizar o essencial. Além disso, torna-se escandalosamente óbvio algo que tendemos a esquecer enquanto permanecermos encerrados na nossa bolha de prosperidade: num planeta com recursos limitados, e em risco de colapso, o ignóbil esbanjamento de uns poucos será sempre a mesa vazia de muitíssimos. FONTE: O GLOBO ***
*** "...O coração de Fabiano bateu junto do coração de Sinha Vitória, um abraço cansado aproximou os farrapos que os cobriam. Resistiram a fraqueza, afastaram-se envergonhados, sem ânimo de afrontar de novo a luz dura, receosos de perder a esperança que os alentava...."
*** Capítulo 1 - Mudança É a história da retirada de uma família, fugindo da seca. *** Fonte: Vidas Secas Graciliano Ramos Capítulo I - Mudança NA PLANÍCIE avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. - Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigouo com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo. A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. - Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés. Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a idéia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinha Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a Sinha Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos. Sinha Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis. E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silencio grande. Ausente do companheiro, a cachorra Baleia tomou a frente do grupo. Arqueada, as costelas à mostra, corria ofegando, a língua fora da boca. E de quando em quando se detinha, esperando as pessoas, que se retardavam. Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dela, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto da farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na catinga. Sinha Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo.. Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava, tangendo um gado inexistente, e latia arremedando a cachorra. As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam. Num cotovelo do caminho avistou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar força. Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam sombra. Sinha Vitória acomodou os filhos, que arriaram como trouxas, cobriu-os com molambos. O menino mais velho, passada a vertigem que o derrubara, encolhido sobre folhas secas, a cabeça encostada a uma raiz, adormecia, acordava. E quando abria os olhos, distinguia vagamente um monte próximo, algumas pedras, um carro de bois. A cachorra Baleia foi enroscar-se junto dele. Estavam no pátio de uma fazenda sem vida O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e também deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono. Certamente o gado se finara e os moradores tinham fugido. Fabiano procurou em vão perceber um toque de chocalho. Avizinhou-se da casa, bateu, tentou forçar a porta. Encontrando resistência, penetrou num cercadinho cheio de plantas mortas, rodeou a tapera, alcançou o terreiro do fundo, viu um barreiro vazio, um bosque de catingueiras murchas, um pé de turco e o prolongamento da cerca do curral. Trepou-se no mourão do canto, examinou a catinga, onde avultavam as ossadas e o negrume dos urubus. Desceu, empurrou a porta da cozinha. Voltou desanimado, ficou um instante no copiar, fazendo tenção de hospedar ali a família. Mas chegando aos juazeiros, encontrou os meninos adormecidos e não quis acordá-los. Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio roída pelo cupim, arrancou touceiras de macambira, arrumou tudo para a fogueira. Nesse ponto Baleia arrebitou as orelhas, arregaçou as ventas, sentiu cheiro de preás, farejou um minuto, localizou- os no morro próximo e saiu correndo. Fabiano seguiu-a com a vista e espantou-se uma sombra passava por cima do monte. Tocou o braço da mulher, apontou o céu, ficaram os dois algum tempo agüentando a claridade do sol. Enxugaram as lágrimas, foram agachar-se perto dos filhos, suspirando, conservaram-se encolhidos, temendo que a nuvem se tivesse desfeito, vencida pelo azul terrível, aquele azul que deslumbrava e endoidecia a gente. Entrava dia e saía dia. As noites cobriam a terra de chofre. A tampa anilada baixava, escurecia, quebrada apenas pelas vermelhidões do poente. Miudinhos, perdidos no deserto queimado, os fugitivos agarraram-se, somaram as suas desgraças e os seus pavores. O coração de Fabiano bateu junto do coração de Sinha Vitória, um abraço cansado aproximou os farrapos que os cobriam. Resistiram a fraqueza, afastaram-se envergonhados, sem ânimo de afrontar de novo a luz dura, receosos de perder a esperança que os alentava. Iam-se amodorrando e foram despertados por Baleia, que trazia nos dentes um preá. Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afastando pedaços de sonho. Sinha Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensangüentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo. Aquilo era caça bem mesquinha, mas adiaria a morte do grupo. E Fabiano queria viver. Olhou o céu com resolução. A nuvem tinha crescido, agora cobria o morro inteiro. Fabiano pisou com segurança, esquecendo as rachaduras' que lhe estragavam os dedos e os calcanhares. Sinha Vitória remexeu no baú, os meninos foram quebrar uma haste de alecrim para fazer um espeto. Baleia, o ouvido atento, o traseiro em repouso e as pernas da frente erguidas, vigiava, aguardando a parte que lhe iria tocar, provavelmente os ossos do bicho e talvez o couro. Fabiano tomou a cuia, desceu a ladeira, encaminhou-se ao rio seco, achou no bebedouro dos animais um pouco de lama. Cavou a areia com as unhas, esperou que a água marejasse e, debruçando-se no chão, bebeu muito. Saciado, caiu de papo para cima, olhando as estrelas, que vinham nascendo. Uma, duas, três, quatro, havia muitas estrelas, havia mais de cinco estrelas no céu. O poente cobria-se de cirros - e uma alegria doida enchia o coração de Fabiano. Pensou na família, sentiu fome. Caminhando, movia-se como uma coisa, para bem dizer não se diferençava muito da bolandeira de seu Tomás. Agora, deitado, apertava a barriga e batia os dentes. Que fim teria levado a bolandeira de seu Tomás? Olhou o céu de novo. Os cirros acumulavam-se, a lua surgiu, grande e branca. Certamente ia chover. Seu Tomás fugira também, com a seca, a bolandeira estava parada. E ele, Fabiano, era como a bolandeira. Não sabia porquê, mas era. Uma, duas, três, havia mais de cinco estrelas no céu. A lua estava cercada de um halo cor de leite. Ia chover. Bem. A catinga ressuscitaria, a semente do gado voltaria ao curral, ele, Fabiano, seria o vaqueiro daquela fazenda morta. Chocalhos de badalos de ossos animariam a. solidão. Os meninos, gordos, vermelhos, brincariam no chiqueiro das cabras, Sinha Vitória vestiria saias de ramagens vistosas. As vacas povoariam o curral. E a catinga ficaria toda verde. Lembrou-se dos filhos, da mulher e da cachorra, que estavam lá em cima, debaixo de um juazeiro, com sede. Lembrou-se do preá morto. Encheu a cuia, ergueu-se, afastou-se, lento, para não derramar a água salobra. Subiu a ladeira. A aragem morna acudia os xiquexiques e os mandacarus. Uma palpitação nova. Sentiu um arrepio na catinga, uma ressurreição de garranchos e folhas secas. Chegou. Pôs a cuia no chão, escorou-a com pedras, matou a sede da família. Em seguida acocorou-se, remexeu o aió, tirou o fuzil, acendeu as raízes de macambira, soprou-as, inchando as bochechas cavadas. Uma labareda tremeu, elevou-se, tingiu- lhe o rosto queimado, a barba ruiva, os olhos azuis. Minutos depois o preá torcia-se e chiava no espeto de alecrim. Eram todos felizes. Sinha Vitória vestiria uma saia larga de ramagens. A cara murcha de sinhá Vitória remoçaria, as nádegas bambas de Sinha Vitória engrossariam, a roupa encarnada de Sinha Vitória provocaria a inveja das outras caboclas. A lua crescia, a sombra leitosa crescia, as estrelas foram esmorecendo naquela brancura que enchia a noite. Uma, duas, três, agora havia poucas estrelas no céu. Ali perto a nuvem escurecia o morro. A fazenda renasceria - e ele, Fabiano, seria o vaqueiro, para bem dizer seria dono daquele mundo. Os troços minguados ajuntavam-se no chão: a espingarda de pederneira, o aió, a cuia de água o baú de folha pintada. A fogueira estalava. O preá chiava em cima das brasas. Uma ressurreição. As cores da saúde voltariam a cara triste de Sinha Vitória. Os meninos se espojariam na terra fofa do chiqueiro das cabras. Chocalhos tilintariam pelos arredores. A catinga ficaria verde. Baleia agitava o rabo, olhando as brasas. E como não podia ocupar-se daquelas coisas, esperava com paciência a hora de mastigar os ossos. Depois iria dormir. *** *** https://cs.ufgd.edu.br/download/Vidas%20Secas%20-%20Graciliano%20Ramos.pdf *** *** *** Fonte: UOL Em Nova York, Deus apareceu para Michelle Bolsonaro em forma de vacina NONE SEPTEMBER 25, 2021 Josias de Souza Colunista UOL Carolina Antunes/PR ***
*** Imagem: Carolina Antunes/PR *** Evangélica, a primeira-dama Michelle teve sua fé premiada em Nova York. Em meio à pandemia mais letal do século, se Deus tivesse que aparecer para a mulher de um presidente como Bolsonaro, Ele não se atreveria a surgir em outra forma que não fosse a de uma vacina de dose única contra a Covid. Sob Bolsonaro, o absurdo adquiriu uma doce naturalidade. A reiteração da irracionalidade suprimiu o espanto dos hábitos nacionais. Se o presidente resolvesse andar de quatro, relinchando contra as vacinas, nada aconteceria. O inaceitável continuaria despachando no Planalto até o último dia do mandato. De repente, a imunização de Michelle Bolsonaro ressuscitou o ponto de exclamação. Um frêmito de indignação percorre a conjuntura desde que o capitão revelou que sua mulher voltou dos Estados Unidos vacinada. Políticos chamam madame de impatriótica. Epidemiologistas a acusam de trair o SUS. Bolsonaro derramou mentiras sobre o púlpito das Nações Unidas. E Augusto Aras reassumiu a chefia do Ministério Público com um discurso em que proclamou que a caneta do procurador-geral não será utilizada como instrumento para criminalizar a política. Nenhuma autoridade fez a concessão de uma surpresa. Bolsonaro converteu o Brasil numa anedótica republiqueta de bananas ao prescrever na principal tribuna da diplomacia mundial o tratamento precoce com o seu kit cloroquina. E Arthur Lira, o réu que preside a Câmara, manteve trancado o gavetão em que se acumulam 132 pedidos de impeachment. O país boceja. Nesse ambiente marcado pela pasmaceira contemplativa, a pancadaria que atinge Michelle desafia a lógica. Deus fez as vacinas. E logo o diabo inventou o negacionismo. Num cenário convencional, Bolsonaro reencarnaria Oswaldo Cruz, explicando aos súditos a necessidade da vacina. Acontece o oposto. Há cinco meses, quando ainda chefiava a Casa Civil, o general Luiz Eduardo Ramos disse que tomou "escondido" do chefe a vacina contra Covid. A admissão soou numa reunião do Conselho de Saúde Suplementar. O general não sabia que o encontro estava sendo gravado e transmitido pelas redes sociais. "Tomei, foi em Brasília, ali no Shopping Iguatemi", disse Ramos. "Tomei escondido porque a orientação era para todo mundo ir para casa, mas vazou. Tomei mesmo, não tenho vergonha não. Eu tomei e vou ser sincero porque eu, como qualquer ser humano, eu quero viver. Eu tenho dois netos maravilhosos, eu tenho uma mulher linda, eu tenho sonhos ainda. Então, eu quero viver, pô. E se a ciência, a medicina, fala que é a vacina, quem sou eu para me contrapor?". Na mesma reunião, o ministro Paulo Guedes deu asas à perversão ao afirmar que os chineses "inventaram" o coronavírus. Embora tivesse tomado duas doses de CoronaVac, o Posto Ipiranga declarou que a vacina importada da China pelo Butantan é "menos efetiva" do que a norte-americana Pfizer. Ao saber que estava sendo filmado, Guedes apavorou-se: "Não mandem para o ar". O Ministério da Saúde retirou o vídeo da internet. Mas era tarde. A pantomima ganhou as manchetes. Hoje, a covardia do general e a submissão do PhD de Chicago dão uma ideia da pressão a que estava submetida Michelle. Na live da última quinta-feira, transmitida ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro contou: "Olha o que aconteceu com a minha esposa. Me perguntou se tomo ou não a vacina. Veio conversar comigo. Sabe como é que é esposa, sabe como é. Tomo ou não? Dei minha opinião." A "opinião" de Bolsonaro é conhecida. Ao se encontrar em Nova York com o premiê britânico Boris Johnson, ele reiterou, entre risos, que não se vacinou. Absteve-se, porém, de revelar aos devotos da live da noite de quinta-feira o teor do conselho que deu a Michelle. "Vou dizer o que ela fez: tomou a vacina. É maior de idade, tem 39 anos. Tomou a vacina." Michelle poderia ter rendido homenagens à ciência há dois meses, vacinando-se em Brasília. Mas talvez tivesse que imitar o general Ramos, agindo às escondidas para não aguçar os maus bofes de Bolsonaro. Mas na República do capitão irascível a covardia é monopólio da farda. Em resposta à chuva de críticas, o Planalto informou em nota que Michelle recebeu o sinal divino no instante em que se submeteu ao teste obrigatório de PCR, antes do embarque da comitiva presidencial, em Nova York. Diz o texto: "Durante a realização da testagem, a primeira-dama foi indagada pelo médico se ela gostaria de aproveitar a oportunidade para ser vacinada. Como já pensava em receber o imunizante, resolveu aceitar." Deus, como se sabe, é brasileiro. Mas Ele está em toda parte. E decidiu soar para Michelle em língua inglesa: "Yes, madam, how can I help you?" A mulher de Bolsonaro não hesitou: "Uma vacina, pelo amor de Deus!" A visita de Bolsonaro a Nova York foi marcada pelo vexame. O presidente e seius acompanhantes tiveram de comer na calçada a pizza que o Tinhoso amassou. Infectado pelo coronavírus e pelo bolsovírus, Marcelo Queiroga despiu o jaleco ao exibir o dedo médio em riste para um grupo de manifestantes. O chanceler Carlos Alberto França teve um surto de Ernesto Araújo ao ser filmadon reproduzindo o gesto da arminha. De volta ao Brasil, ao testar positivo para Covid, o Zero Três Eduardo Bolsonaro, terceiro membro da comitiva alcançado pelo coronavírus, informou que está engolindo cloroquina. Num caldeirão de horrores em que a mentira, a ignorância e a infeção se misturaram a dedos insensatos, o braço oferecido por Michelle à agulha norte-americana é um traço civilizatório. Ficou entendido que a aversão de Bolsonaro à ciência não é levada a sério nem pela primeira-dama. Deus não mereceria existir se Michelle recusasse a vacina em Nova York. *** *** Maria Leopoldina Maria Leopoldina entrou para a história do Brasil por ter sido a primeira imperatriz do país. Casada com d. Pedro I, a arquiduquesa austríaca teve papel fundamental em convencer seu marido a permanecer no Brasil e posicionar-se pela independência brasileira. O casamento de Leopoldina, no entanto, foi infeliz, e ela faleceu como consequência de um aborto espontâneo. Os historiadores contam que a primeira imperatriz teve o seu papel na independência diminuído e apagado nas gerações seguintes. Sua atuação, nesse sentido, foi para garantir a manutenção da monarquia no Brasil. Da relação dela com d. Pedro I nasceram sete filhos, deles um foi d. Pedro II. Acesse também: Cinco curiosidades sobre d. Pedro I, o primeiro imperador do Brasil Nascimento Maria Leopoldina era austríaca e nasceu, em Viena, no dia 22 de janeiro de 1797. Seus pais eram a imperatriz Maria Teresa e o imperador Francisco I, e Leopoldina foi o quinto filho do casal, sendo a quarta do sexo feminino. Seu nome completo era Carolina Josefa Leopoldina Fernanda Francisca de Habsburgo-Lorena (o Maria só foi acrescentado quando ela veio ao Brasil). Maria Leopoldina nasceu na Áustria e casou-se com d. Pedro por procuração, em 1817. [1]
*** Maria Leopoldina nasceu na Áustria e casou-se com d. Pedro por procuração, em 1817. [1] Leopoldina teve 11 irmãos, e, entre eles, ela teve uma relação muito próxima com Maria Luísa, sua irmã mais velha. Quando Leopoldina casou-se com d. Pedro, ela escreveu várias cartas confidenciando detalhes de sua vida para a irmã. Essas cartas foram (e são) utilizadas pelos historiadores para a reconstrução de parte da vida da imperatriz do Brasil. Leopoldina, como toda criança da realeza, recebeu uma educação muito boa e foi tutorada por pessoas importantes e influentes, como Goethe. Parte de sua educação era aprender a comportar-se em público e a respeitar as normas de etiqueta praticadas pela aristocracia europeia. A arquiduquesa (título dela na Áustria) também foi educada a colocar os assuntos de Estado acima dos seus desejos pessoais, assim, se ela precisasse sacrificar suas vontades pelo bem da Áustria, isso seria feito de bom grado. Foi o que ela fez quando se casou com d. Pedro, e os historiadores apontam que ela não reclamou, em nenhum momento, do seu destino. Mudança para o Brasil O grande fato da vida de Leopoldina, e que fez com que sua história cruzasse-se com a do Brasil, foi o seu casamento com o filho de d. João VI, rei de Portugal. O destino inesperado de Leopoldina começou a ser traçado quando portugueses e austríacos negociaram essa possibilidade durante o Congresso de Viena. Do lado dos portugueses, foi decidido que d. Pedro deveria casar-se porque se acreditava que o matrimônio iria colocá-lo “nos trilhos”. Já na sua juventude, d. Pedro era conhecido por ser mulherengo e ficou marcado por diversos casos amorosos, chegando, inclusive, a envolver-se com mulheres da mesma família. Fora isso, o casamento de d. Pedro com uma das filhas de Francisco I era muito importante política e economicamente para Portugal. Primeiro porque garantia uma aliança com uma das monarquias mais poderosas e tradicionais da Europa, e, segundo, porque abria possibilidade para Portugal pôr fim na dependência que tinha da Inglaterra. Para os austríacos, esse casamento era a chance de garantir-lhes uma importante influência na América. O historiador Clóvis Bulcão aponta que o matrimônio foi considerado um grande feito diplomático dos dois lados e causou profundo incômodo na Inglaterra|1|. Uma vez concluída a negociação, o casamento de d. Pedro e Leopoldina aconteceu, em 13 de maio de 1817, por procuração. Quem representou o noivo na cerimônia foi o arquiduque Carlos, duque de Tuschen e tio de Leopoldina. Foi somente quase seis meses depois que Leopoldina e d. Pedro conheceram-se pessoalmente. Pintura retrata a chegada de Leopoldina ao Brasil, em novembro de 1817. [1]
*** Pintura retrata a chegada de Leopoldina ao Brasil, em novembro de 1817. [1] *** Leopoldina mostrou-se animada com a viagem, estudou português e preparou um grupo de cientistas para estudar mineralogia e botânica aqui. Sua viagem foi longa e durou 85 dias, até que desembarcou no Brasil, em 5 de novembro de 1817. A recepção da princesa foi bastante efusiva e uma festa em sua homenagem foi realizada. Os historiadores contam que Leopoldina ficou encantada com a beleza do Rio de Janeiro e definiu o local como “a Suíça [uma referência à geografia do Rio de Janeiro] unida ao mais belo e ameno céu”|2|. Dias depois, outra recepção foi realizada para ela e membros do corpo diplomático austríaco. Acesse também: As leis abolicionistas aprovadas ao longo do Segundo Reinado Como foi o casamento de Leopoldina com d. Pedro? Com base nos relatos de Leopoldina e em seu estado nos seus últimos anos de vida, pode ser dito que o seu casamento não foi feliz. Os primeiros comentários dela acerca do marido eram sobre seu apetite sexual e sua personalidade. Clóvis Bulcão traz um desses comentários feito para sua irmã: “Com toda franqueza, diz ele tudo o que pensa, e isso com alguma brutalidade: habituado a executar a sua vontade, todos devem acomodar-se a ele; até eu sou obrigada a admitir alguns azedumes. Vendo, entretanto, que me chocou, chora comigo […].|3|” A animação e o encantamento inicial de Leopoldina com o casamento e com seu marido logo deixaram de existir. Até 1822 ela tinha grande influência sobre ele, mas, quando tornou-se imperador, o interesse por ela diminuiu consideravelmente, e o tratamento a ela dispensado fez com que a imperatriz fosse bastante infeliz. O período mais conturbado do casamento iniciou-se pouco antes da independência, durante uma viagem de d. Pedro a São Paulo. Lá ele conheceu Domitila de Castro, futura marquesa de Santos. Domitila foi amante do imperador durante muitos anos, e esse caso foi uma grande humilhação para Leopoldina. Esse caso extraconjugal era escancarado ao ponto que toda a cidade do Rio de Janeiro sabia dele, até estrangeiros que vieram ao Brasil relataram-no. Domitila enriqueceu com o seu envolvimento com o imperador. Ela adquiriu bens e títulos, assim como seus familiares. A situação era tão vexatória para Leopoldina que d. Pedro I chegou a nomear sua amante como primeira-dama da esposa. Essa função fazia com que Domitila tivesse contato diário com a imperatriz do Brasil. Esta deixou registrado em carta que d. Pedro I destratava-a na frente da amante e definiu-a como “a causa de todas as minhas desgraças”|4|. Além de ser maltratada, d. Pedro I fez outras coisas horríveis com a imperatriz, como sofrer proibições e agressões. Proibiu-a de gastar a mesada a que ela tinha direito, cortou pela metade os gastos dela com comida, proibiu-a de passear a cavalo, e existem relatos de que chegou a agredi-la fisicamente, inclusive grávida. Do casamento de Leopoldina com d. Pedro, nasceram sete filhos, dos quais o mais importante foi Pedro de Alcântara, coroado imperador do Brasil em 1840, tornando-se d. Pedro II. Falecimento Os últimos anos de Leopoldina foram marcados pelas decepções causadas pelo imperador. O casamento infeliz deixou-a em um estado de ânimo que alguns historiadores definem como compatível ao que consideramos atualmente como depressão. Isso é confirmado por vários relatos da época. Além de depressiva, no final de 1826, a imperatriz estava grávida e sofreu um aborto espontâneo. Com a saúde fragilizada, seu quadro agravou-se e ela faleceu no dia 11 de dezembro de 1826, aos 29 anos de idade. Alguns relatos sugerem que o aborto pode ter sido consequência das agressões de d. Pedro I. Acesse também: A história de uma das netas de Maria Leopoldina: a princesa Isabel Qual foi o papel de Leopoldina na independência do Brasil? Leopoldina foi uma figura fundamental durante os acontecimentos que levaram a nossa independência, mas sua atuação foi sendo esquecida. O processo de independência iniciou-se com os esforços da burguesia portuguesa (representada pelas Cortes portuguesas) em recolonizar o Brasil. As medidas tomadas pelas Cortes e a forma como tratavam os representantes do Brasil começaram a agitar o clima político, sobretudo no Rio de Janeiro. Nesse momento, Maria Leopoldina abriu mão de seus desejos pessoais e focou naquilo que havia sido ensinada a prezar: os valores monárquicos e os interesses do Estado. Em 1820 o desejo de Leopoldina era retornar para a Europa, mas a leitura que ela fez do cenário político fê-la abrir mão de seu desejo. Ela leu o clima político do Brasil e percebeu que o risco de que uma revolução democrática e republicana acontecesse aqui era considerável, caso os portugueses continuassem pressionando o reino brasileiro. Assim ela passou a aconselhar seu marido a como agir nesse cenário. D. Pedro era indeciso e ainda apegado ao sentimento de lealdade a Portugal, e, assim, suas ações eram hesitantes. Leopoldina percebeu que a monarquia só se manteria em vigência no Brasil se um monarca dos Bragança tomasse a liderança da situação e conduzisse o processo de independência. Com isso ela atuou para convencer d. Pedro a permanecer no país (até certo momento ele considerava retornar a Portugal), e depois, quando a relação com Portugal ficou muito ruim, ela, junto de José Bonifácio, convenceu o príncipe regente a romper com o próprio país de origem e declarar a independência do Brasil. Notas |1| BULCÃO, Clóvis. Leopoldina, a austríaca que amou o Brasil. In.: FIGUEIREDO, Luciano. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013, p. 237-238. |2| Idem, p. 238. |3| Idem, p. 239. |4| LUSTOSA, Isabel. D. Pedro I: um herói sem nenhum caráter. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. Crédito das imagens [1] Commons Publicado por Daniel Neves Silva ASSISTA À VÍDEO AULA ***
*** *** NOITE DA AGONIA: HÁ 196 ANOS, DOM PEDRO I MANDAVA PRENDER DEPUTADOS Neste episódio fatídico, o Imperador Pedro I optou pelas armas para fazer sua versão da Constituição prevalecer REINALDO LOPES E RODRIGO CAVALCANTE PUBLICADO EM 12/11/2019, ÀS 14H41 ***
*** Constituinte de 1823 retratada em óleo sobre tela Constituinte de 1823 retratada em óleo sobre tela - Wikimedia Commons *** Na madrugada do dia 12 de novembro de 1823, temendo que o poder da Assembleia Constituinte ameaçasse seu reinado, dom Pedro I ordenou que o Exército invadisse o Plenário. O brigadeiro José Manuel de Morais entrou à frente de sua tropa, com um decreto em mãos. Assinado pelo imperador, o texto dizia: "Havendo eu convocado como tinha direito de convocar a Assembléia Geral no ano próximo passado (...) Hei por bem, como imperador e defensor perpétuo do Brasil, dissolver a mesma Assembléia e convocar uma outra". O episódio ficaria conhecido como Noite da Agonia. Os membros da Assembleia, que se preparavam para redigir a primeira Constituição brasileira, resistiram por horas, mas não conseguiram evitar a dissolução do grupo. Muitos deputados, incluindo o Patriarca da Independência José Bonifácio, foram presos e depois deportados. Dias depois, o imperador reuniu dez cidadãos de sua confiança. A portas fechadas, eles escreveram a primeira Constituição do Brasil independente, publicada no ano seguinte. Esse episódio deixa claro o quanto a figura de Dom Pedro I é complexa. Afinal, desde criança, todo brasileiro está acostumado a ver dom Pedro I de pelo menos duas maneiras. A primeira é aquela dos livros didáticos, com sua pose sisuda, porte imperial e tão (pouco) atraente como uma estátua mal conservada em praça pública. A segunda versão, mais popular, é a do dom Pedro intempestivo, mulherengo e temperamental, que proclamou a independência em um acesso de fúria à margem do rio Ipiranga, em meio a um forte desarranjo intestinal. O que pouca gente sabe é que, entre essas duas versões, há outra face de dom Pedro bem menos conhecida no Brasil que só agora começa a ser resgatada. “Ele se tornou um símbolo de liberdade na Europa na década de 1830”, diz Isabel Vargues, professora de História da Universidade de Coimbra, em Portugal. “Em meio a inúmeros monarcas conservadores que estavam de volta ao poder nesse período, Pedro IV foi considerado um estadista moderno que inaugurou um período liberal no país.” Não estranhe: Pedro IV é como nosso dom Pedro I passou a ser chamado pelos portugueses após ser proclamado rei em sua terra natal. Pesquisas já revelaram um lado fascinante do homem que conseguiu transformar a América Portuguesa em uma única nação, destino bem diferente do da América Espanhola — que se fragmentou em várias repúblicas. Isso não significa, é claro, que dom Pedro esteja sendo conduzido ao posto de guia moral da história do Brasil. De fato, ele teve várias amantes e é bastante confiável a possibilidade de que ele tenha tido crises de diarreia em meio à proclamação da independência. Mas o realce que uma parcela da população e de historiadores continua a dar a esses aspectos picarescos parece apenas confirmar o prazer que sentem os brasileiros em reduzir os feitos de nossos vultos históricos. ***
*** Pedro I em 1816, por Jean-Baptiste Debret / Crédito: Wikimedia Commons *** Afinal, é difícil imaginar que um americano ponha em xeque a grandeza de John Kennedy devido às suas escapadas conjugais, como a que teve com a atriz Marilyn Monroe. Tampouco seria fácil encontrar um francês diminuindo a grandeza de Napoleão por causa de algum mal-estar intestinal em meio a uma de suas batalhas — algo bem provável de ter acontecido. “Não se trata de negar defeitos do caráter de dom Pedro I, mas de reconhecer que ele foi um estadista avançado quando comparado aos seus pares da época ”, diz Braz Brancato, professor de História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e estudioso da vida de dom Pedro após sua volta para a Europa. “Além disso, ele conseguiu governar em um dos períodos mais turbulentos para os regimes monárquicos, que estavam caindo a todo momento.” O PEQUENO PRÍNCIPE A vida de dom Pedro começa em um quarto no Palácio de Queluz, residência da família real portuguesa, cujas paredes estavam decoradas com cenas do clássico Dom Quixote de la Mancha. Foi ali que Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon nasceu, em 12 de outubro de 1798. Apesar do nome portentoso, aquela não era uma boa hora para um príncipe de Portugal nascer. Na época, o país estava encurralado entre duas potências. De um lado, a antiga aliada Inglaterra, dona da mais temida marinha do mundo. Do outro, a França de Napoleão Bonaparte, que havia acabado de invadir a Espanha e exigia que Portugal fechasse seus portos para os ingleses. No aperto, dom João optou pela Inglaterra, a aliada tradicional. O resto você já sabe: a corte portuguesa foi transferida para o outro lado do Atlântico em 1808 e o Brasil jamais seria o mesmo. A família se adaptou logo à vida por aqui, incluindo o pequeno Pedro. Cercado de tutores encarregados de prepará-lo para ser o sábio sucessor do pai, o pequeno príncipe acabou tendo uma infância tão movimentada quanto a de qualquer moleque carioca da época. Irreverente, divertia-se dando pancadas no queixo dos meninos que vinham beijar-lhe a mão. Fascinado por armas, caçava à vontade. Adorava andar a cavalo, tocava vários instrumentos musicais e gostava do trabalho manual. Orgulhava-se de seu talento como marceneiro e ferreiro, atividades, à época, consideradas próprias para escravos. Mas ele não ligava: costumava conversar horas com criados. Esse convívio popular atraía comentários não muito elogiosos. Nobres francesas reconheciam que ele era um rapagão bonito — de acordo com as más línguas, a única pessoa bonita de toda a casa real de Bragança —, mas abominavam suas roupas e seus modos. Mesmo assim, ao completar 18 anos, o príncipe era considerado um dos maiores conquistadores do Rio de Janeiro. Era hora, então, de arrumarem uma nobre noiva para dom Pedro. E bota nobre nisso: a jovem arquiduquesa (ou apenas princesa) Leopoldina Carolina era filha do imperador Francisco I, líder do Império Austro-Húngaro — nessa época, uma potência. Os dois não podiam ser mais diferentes: enquanto dom Pedro preferia andar com amigos de origem simples, Leopoldina era muito refinada, tinha sólida formação científica (era craque em mineralogia) e havia sido amiga do poeta alemão Johann W. Goethe e do compositor austríaco Franz Schubert. *** Dona Leopoldina de Áustria e seus filhos / Crédito: Wikimedia Commons *** Como a irmã de Leopoldina tornara-se esposa de Napoleão, dom Pedro se tornou concunhado do homem que obrigou sua família a fugir de Portugal. Apesar das diferenças, Leopoldina ficou de queixo caído no primeiro encontro com o noivo. Eis o que ela escreveu numa carta sobre a primeira refeição a dois entre eles: “Conduziu-me ao salão de jantar, puxou a cadeira e, enquanto comíamos, piscou-me o olho e enlaçou a perna dele na minha debaixo da mesa”. Crise em portugal Apesar do casamento, a paz da família real no Rio estava com os dias contados. Desde 1815, com a derrocada de Napoleão, a desculpa que a corte tinha usado para se mudar para o Brasil não se sustentava mais. Dom João (agora João VI, graças à morte de sua mãe, Maria I) não só se recusava a voltar como havia transformado a ex-colônia em reino unido a Portugal, sacramentando o Brasil como sede do império português. A capital carioca havia deixado de ser uma vila acanhada de uns 40 mil habitantes para virar uma metrópole de mais de 100 mil. Quem não estava achando essa história nada engraçada eram os portugueses. Eles haviam perdido o domínio político sobre o Brasil, viviam uma crise econômica (gerada, em parte, pelo fim do monopólio comercial sobre a colônia) e estavam submetidos a uma humilhante ocupação militar inglesa. Adicione a esse caldo uma pitada das ideias da Revolução Francesa, que ainda repercutiam em toda a Europa, e o resultado foi a chamada Revolução Constitucionalista do Porto, em 1820. Os revolucionários convocaram eleições e exigiram uma Constituição para Portugal, limitando os poderes absolutos do rei. Para isso, determinavam que o soberano voltasse. Dom João VI não sabia se ia, se ficava ou se mandava dom Pedro. Tudo indica que ele temia o interesse do filho pelas ideias liberais e que, uma vez em Lisboa, ele fosse aclamado rei pelos revolucionários. O herdeiro, por sua vez, ressentia-se da desconfiança do pai. Em meio à crise, dom Pedro acabou se tornando porta-voz das reivindicações constitucionais junto ao pai, convencendo-o a jurar lealdade à Constituição. Quando dom João VI decidiu retornar, em março de 1821, dom Pedro tornou-se príncipe regente do Brasil. Pouco antes da partida do pai, ele tomou sua primeira medida antipopular: mandou reprimir com baionetas tumultos causados por protestos contra medidas impostas por Portugal. Pelo menos três pessoas morreram no episódio. Independência Em Portugal, dom João VI tornou-se uma figura decorativa. Quem governava, de fato, era a Assembleia — e suas medidas atingiam em cheio o orgulho brasileiro. “O projeto dos portugueses mais exaltados parecia ser a redução do Brasil ao estado colonial, numa situação política e econômica mais desvantajosa que a de antes da vinda do rei”, diz Isabel Lustosa, autora da biografia Dom Pedro I. A partir de então, Portugal decidiu que cada província do Brasil teria um governo autônomo que responderia diretamente a Lisboa, enfraquecendo o poder do príncipe regente. Para piorar, Lisboa enviou tropas ao Brasil que deviam submissão direta ao governo português. Dom Pedro estava dividido. De um lado, era inclinado a manter-se fiel a Portugal. Do outro, era atraído pelos panfletos e boatos que anunciavam que seria aclamado rei ou imperador do Brasil, caso rompesse com Lisboa. Um decreto luso exigindo que o príncipe voltasse à Europa, onde deveria viajar por vários países para “terminar sua educação”, fez com que ele enfrentasse diretamente as ordens da corte e decidisse permanecer no Brasil. Foi o Dia do Fico, em 9 de janeiro de 1822. Estava aberto o caminho para a independência. ***
*** Pedro I rodeado por uma multidão em São Paulo depois de dar a notícia da independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822 / Crédito: Wikimedia Commons *** Na tarde do dia 7 de setembro, ao voltar de uma viagem à capital paulista para apaziguar disputas políticas, a comitiva de dom Pedro foi alcançada na colina do Ipiranga pelo serviço de correio da corte. As notícias não eram nada boas: a Assembleia portuguesa exigia a demissão de todos os ministros nomeados por dom Pedro e ameaçava fazer uma devassa em todos os atos do príncipe. Segundo um dos membros da comitiva, o padre Belchior (o mesmo que narrou que dom Pedro estava sofrendo uma disenteria “que o obrigava o tempo todo a apear-se para prover”), dom Pedro pisoteou as cartas vindas de Portugal, arrancou do chapéu o laço com as cores lusitanas e teria dito as famosas palavras: “Laços fora, soldados. Viva a independência, a liberdade e a separação do Brasil”, declarando que o lema do país seria Independência ou Morte. Em 12 de outubro, dom Pedro I é aclamado imperador e defensor perpétuo do Brasil. Mas, diferentemente do que muita gente imagina, a independência do país não foi feita apenas com o grito no Ipiranga. Ao cortar os laços com Portugal, o Brasil, na prática, declarou guerra à ex-metrópole. Sangue foi derramado em diversas regiões — em algumas províncias, como na Bahia, a independência só seria conquistada quase um ano depois. Constituinte Após a independência, prevalecia o consenso de que o Brasil precisava de uma Constituição própria. Apesar de defender princípios liberais, dom Pedro temia que o poder da Assembleia Constituinte eleita em 1823 ameaçasse seu governo, o que poderia também levar à fragmentação do Império. Após se sentir desafiado pelos parlamentares oposicionistas, ele dissolveu a Assembleia em novembro. “Por muito tempo, essa medida autoritária terminou ofuscando o reconhecimento do avanço do texto constitucional imposto por dom Pedro”, diz a historiadora Lucia Bastos Neves, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. A nova Constituição incluía direitos pouco comuns para a época, como a liberdade de crença e culto concedida a adeptos de religiões não-cristãs. Por outro lado, garantia ao imperador poderes excepcionais. Além de ser o chefe do Executivo, ele detinha também o chamado Poder Moderador, com o qual podia resolver impasses entre os demais poderes com mão de ferro e dissolver o Congresso quando quisesse. A decisão causou revolta. Lideradas por Pernambuco, várias províncias do Nordeste se rebelaram contra o que consideraram um ato de tirania, formando a chamada Confederação do Equador. A repressão foi implacável e vários chefes rebeldes, entre eles Frei Caneca, foram executados. A revolta foi seguida por outra, no extremo sul do Império: a província da Cisplatina (atual Uruguai), anexada por dom João VI, rebelou-se com ajuda da Argentina. A guerra acabou em 1828, com o reconhecimento do Uruguai como país independente. Outros desastres, dessa vez na vida doméstica, foram minando a popularidade do soberano. O principal deles foi o triste fim de seu casamento com dona Leopoldina. Dom Pedro chegou muito perto de assumir em público seu romance com Domitila de Castro, a marquesa de Santos, com quem teve vários filhos reconhecidos. O pior, porém, é que transformou a amante em dama de honra da imperatriz. Dona Leopoldina sofreu uma série de crises depressivas. Acabou morrendo em dezembro de 1826. Com a morte de dom João VI no mesmo ano, o imperador se viu envolvido na sucessão do trono português. Acabou designando sua filha adolescente, dona Maria da Glória, como rainha de Portugal, combinando o casamento dela com o tio, dom Miguel, nomeado regente. Tiro pela culatra: Miguel assumiu o poder como rei absoluto de Portugal e mandou o irmão às favas. *** Marquesa de Santos, com 29 anos de idade, ostentando a faixa da Ordem Real de Santa Isabel, 1826 / Crédito: Wikimedia Commons *** Por aqui, as hostilidades entre brasileiros e portugueses fizeram com que dom Pedro percebesse que os nativos sempre o veriam com desconfiança por seus laços congênitos com Portugal. A imprensa atacava dom Pedro violentamente, o povo protestava nas ruas. Como seu filho, Pedro, havia nascido no Brasil, o imperador deu sua última cartada para que o Brasil não se esfacelasse, abdicando do trono em nome de uma criança de 5 anos de idade (que, coroado em 1841, seria o último imperador do Brasil). Pedro IV, o liberal Para nós, brasileiros, a história de dom Pedro costuma terminar por aqui, com seu retorno à Europa. Mas foi ao partir para o exílio, em 1831, então já casado com dona Amélia, uma princesa alemã, que ele viveu uma espécie de renascimento e se tornou um ícone da liberdade na Europa. Havia vários motivos para que dom Pedro fosse encarado dessa maneira. O primeiro deles era sua defesa da volta de um governo constitucional às terras lusas, governada então despoticamente por seu irmão Miguel. “Naquela época, não era comum que um monarca se empenhasse em garantir direitos constitucionais”, diz Braz Brancato. Segundo o historiador, isso fazia com que ele fosse visto com desconfiança por seus pares da Santa Aliança, grupo de monarquias conservadoras cristãs que incluía Rússia, Áustria e Prússia (hoje na Alemanha). Ao se instalar em Paris com parte da família, dom Pedro tornou-se uma das personalidades mais populares da capital francesa, sendo recebido com deferência nos elegantes bailes da corte. A França vivia uma onda liberal marcada pela ascensão do rei constitucional Luís Filipe, e dom Pedro chegou a morar em um castelo real, onde recebia exilados de Portugal e de outros países que sofriam sob a mão de monarcas despóticos. Nesse período, ele buscou apoio militar para invadir Portugal e destituir seu irmão, fazendo de sua filha a rainha de Portugal. Apesar do apoio verbal, nenhum dos reinos europeus quis se envolver oficialmente com a briga. Foi só com empréstimos pessoais (para pagar mercenários) e certo número de voluntários portugueses e franceses que dom Pedro partiu para sua derradeira aventura. Liderando um exército de 7 mil homens, ele foi para Portugal, onde teria que enfrentar dezenas de milhares de soldados comandados por dom Miguel. Incansável e se arriscando pessoalmente nas batalhas, ele inspirou seus soldados de tal maneira que o que parecia impossível aconteceu: em 20 de setembro de 1834, Portugal passava às mãos da nova rainha, dona Maria II. “Ela e seu filho, Pedro V, iriam inaugurar a fase moderna e constitucional da monarquia portuguesa”, diz Isabel Vargues. O ex-imperador do Brasil não viveu muito para acompanhar o governo da filha. A guerra acabara também com sua saúde, e ele morreu provavelmente de tuberculose no dia 24 de setembro de 1834. No mesmo quarto decorado pelas cenas de dom Quixote onde ele nascera, 36 anos antes, quando o Brasil não passava de uma colônia portuguesa do outro lado do Atlântico. Todas as mulheres do Imperador Fazer a conta de quantas mulheres passaram pela cama de dom Pedro ao longo de sua curta mas apimentada vida é um desafio temerário. Até porque boa parte de seus casos não veio a público. Basta dizer que 18 filhos seus estão oficialmente registrados, tidos com duas esposas (Leopoldina e Amélia) e cinco amantes. Ele não costumava perdoar mulheres da mesma família: deu suas escapadas com uma das irmãs da marquesa de Santos, sua amante mais famosa, bem como com a dançarina Noemi Thierry e a irmã da própria. Ninguém ainda conseguiu explicar muito bem o que dom Pedro viu na marquesa — que se chamava Domitila de Castro e originalmente não era de família nobre coisa nenhuma, e só foi ganhando títulos e mais títulos pelas boas graças dele. Segundo quase todos os contemporâneos, não era muito bonita, e já tinha se separado do primeiro marido por ter sido infiel a ele. Mas o fato é que o imperador não só trocou cartas apaixonadas com ela durante sete anos (chamava-a de “Titília” e chegou a dedicar-lhe alguns versos de valor literário duvidoso) como deu cargos e títulos de nobreza para a família inteira de Domitila. A filha mais velha dos dois ganhou o título de duquesa de Goiás. A mãe da marquesa, dona Escolástica, era chamada de “velha querida do meu coração” pelo imperador. ***
*** O casamento de Pedro e Amélia; ao lado do imperador estão seus filhos do primeiro casamento: Pedro, Januária, Paula e Francisca / Crédito: Wikimedia Commons *** Pedro decidiu casar-se novamente, com dona Amélia, então com 17 anos e, ao que consta, uma das princesas mais belas da Europa. Dona Amélia parece ter sido a única mulher que conseguiu botar um freio no sujeito, embora ele tenha dado suas escapadas durante a fase que passou exilado em Paris. Há indícios de que não foi só por virtude que ele deu essa sossegada no fim da vida. Numa carta de 1830 a Antônio Teles, o imperador relata seu “propósito firme de não... (insira aqui seu verbo preferido para designar o ato sexual) senão em casa, não só por motivos de religião, mas até porque para o pôr assim (desenho de um pênis ereto) já não é pouco dificultoso”. E, em outra carta, endereçada à marquesa de Santos: “Desgraçado daquele homem que uma vez desconcerta a máquina triforme (o pênis), porque depois, para tornar a atinar, custa os diabos”. Independência e... morte Para muitos brasileiros que não nasceram na Bahia, a data 2 de julho não significa muita coisa além do antigo nome do Aeroporto Internacional de Salvador (que hoje é chamado Luiz Eduardo Magalhães). Foi nessa data, em 1823, que as tropas brasileiras retomaram a cidade de Salvador, até então ocupada pelo exército português. É que mesmo com a declaração da independência, em 1822, o Brasil não se livrou das tropas portuguesas. Nas províncias da Bahia, Maranhão, Piauí, Grão-Pará e Cisplatina (atual Uruguai), as tropas permaneceram fiéis a Lisboa. Isso era natural, já que, na época, a maior parte da oficialidade brasileira era formada por portugueses e descendentes. Por causa disso, muitas vidas se perderam para que os laços fossem rompidos. “A independência do Brasil não foi um processo pacífico, como se costuma afirmar”, diz a professora Lucia Neves, da UERJ. “É claro que os conflitos não foram tão sangrentos como na América Espanhola, mas houve batalhas sérias em várias regiões.” A chamada Guerra da Independência, que se estendeu de 1822 a 1823, só foi vencida pelos brasileiros depois que o ministro José Bonifácio de Andrada e Silva ordenou a compra de armas e navios e a contratação de tropas estrangeiras para lutar ao lado dos brasileiros. ***
*** Pedro em seu leito de morte em 1834, por José Joaquim Rodrigues Primavera / Crédito: Wikimedia Commons *** O almirante inglês lorde Cochrane, que já havia prestado seus serviços ao Chile na luta contra a Espanha, teve um papel decisivo ao comandar as esquadras brasileiras no combate à marinha portuguesa. Foi ele o responsável pelo bloqueio marítimo ao porto de Salvador, por exemplo, que impediu o desembarque de tropas na Bahia que iriam servir de reforço aos portugueses. Sem ajuda externa, os portugueses foram encurralados e terminaram expulsos da capital baiana em 2 de julho, data da independência na Bahia. Saiba mais sobre esse evento nas obras abaixo: 1 Constituições Brasileiras: 1824-1988 - https://amzn.to/2X7Rimm 2 Discurso de Dom Pedro I recitado na abertura da Assembéia Geral Constituinte e Legislativa a 3 de maio de 1823, de Frei Caneca - https://amzn.to/2QackQ0 3 Pedro I, de Isabel Lustosa - https://amzn.to/2Qbk3NJ Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, assinantes Amazon Prime recebem os produtos com mais rapidez e frete grátis, e a revista Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página. *** *** https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/dom-pedro-i-noite-da-agonia-assembleia-constituinte.phtml *** *** *** Maria Leopoldina de Áustria | Grandes Mulheres da História - Brasil Escola *** *** *** https://mundoeducacao.uol.com.br/biografias/maria-leopoldina.htm *** ***

Mula, Caixeiro Viajante, Fabricante, Traficante

*** Mula ou traficante? ***
*** Relembrando... ***
*** Assistir: *** *** *** Me Salva! LAP02 - Exercício: Transformada de f(t) = t *** Fonte: Me Salva! ENEM 2021 *** fONTE: VEJA Lula diz que PT ‘não presta em algumas coisas’ SEPTEMBER 29, 2021 ***
*** Lula Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Lula Luiz Inácio Lula da Silva (PT): ex-presidente lidera pesquisas de intenção de voto para 2022 Ricardo Stuckert/Instituto Lula *** Em evento virtual da Escola Nacional de Formação do PT, o ex-presidente Lula afirmou que o partido “não presta em algumas coisas”, mas que é “preciso consertar”. Ele não citou quais seriam os pontos a melhorar. “O PT tem todos os defeitos que a gente quer que ele tenha. Assim como a minha companheira Maria Hermínia Tavares diz, ‘o PT tem defeito, não presta em algumas coisas, mas é o meu partido’. E, se tem defeito, eu vou consertar e fazer ser perfeito. O que não posso é abandonar a cada tropeço”, afirmou a militantes na noite desta quarta. Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para 2022, diz que que tem “dívida” com o povo brasileiro e que quer investir no salário, na educação e na qualidade de vida. O ex-presidente fez, ainda, um aceno às bases do partido. “O PT não tem que ter medo de falar a linguagem do pobre, do negro, do índio, do desempregado, da classe média operária, da classe média bancária, do profissional liberal. A gente não tem que ter medo de defender essa gente. Se a gente começar a achar que a gente tem que ter discurso mais sofisticado, a gente vai virar um partido comum, e a gente vai acabar.” *** *** https://veja.abril.com.br/blog/radar/lula-diz-que-pt-nao-presta-em-algumas-coisas/ *** *** F por T Mudando r de lugar Linguodental por Labiodental Luciano Hang diz que Lula no LinkedIn “é como o Papa no Tinder” Dono da Havan ironizou o fato do ex-presidente ter criado uma conta na rede social de negócios Compartilhe Hang fez piada com o perfil criado por Lula na rede social ***
*** Sérgio Lima/Poder360 *** PODER360 22.set.2021 (quarta-feira) - 11h28 O dono da Havan, Luciano Hang, disse nesta 4ª feira (22.set.2021) que o fato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter criado uma conta no LinkedIn se equipara ao Papa ter um perfil no Tinder, rede social voltada para relacionamentos. “Lula em rede social de trabalho é como o Papa no Tinder“, diz a arte publicada pelo bilionário no Twitter. Hang seguiu ironizando no comentário da publicação. Questionou se Lula vai “mostrar como ficar rico sem trabalhar”, referindo-se a piadas recorrentes de bolsonaristas sobre o ex-presidente supostamente nunca ter trabalhado antes de chegar ao poder. O LinkedIn é uma rede social criada em 2002 voltada para negócios. Nela, as pessoas divulgam seu histórico acadêmico e profissional, além de divulgarem seu próprio trabalho. A plataforma também é utilizada por empresas para anunciarem vagas de emprego. ***
*** Fonte: PODER360 *** *** https://www.poder360.com.br/brasil/luciano-hang-diz-que-lula-no-linkedin-e-como-o-papa-no-tinder/ *** *** 02/11/2010 09h00 - Atualizado em 02/11/2010 18h31 Palanques com Lula não garantem vitória a Dilma nos municípios Petista venceu em 15 das 25 cidades em que teve comícios com presidente. Maior vantagem pró-Dilma se deu em Garanhuns (PE), terra natal de Lula. Do G1, em São Paulo ***
*** FACEBOOK Em sentido horário, da foto ao lato à esquerda, imagens de Lula e Dilma em comícios em Campinas (SP), Betim (SP), Campinas (SP) e em Joinville (SC). Em sentido horário, a partir da foto ao alto à esquerda, imagens de Lula e Dilma em comícios em Campinas (SP), Betim (MG), Campinas (SP) e em Joinville (SC). (Fotos: Divulgação) *** A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em comícios da ex-candidata e presidente eleita Dilma Rousseff não foi garantia de vitória do PT nas cidades que receberam os atos políticos. Desde o início oficial da campanha presidencial, em julho, Lula e Dilma subiram juntos em palanques em 25 municípios. Dilma venceu a votação do segundo turno em 15 dessas cidades. Nos outros dez municípios, o vencedor foi José Serra (PSDB). As cidades em que Dilma fez comício com Lula e obteve maior vantagem foram Garanhuns (PE), terra natal do presidente, e Salvador (BA). A presidente eleita alcançou 85,48% dos votos válidos ante 14,52% de Serra no município do agreste pernambucano. Na capital baiana, chegou a 73,34% dos votos válidos, contra 26,66% do tucano. Já o ex-candidato do PSDB registrou melhor desempenho em cidades sulistas. Em Curitiba, que recebeu dois comícios de Lula e Dilma, superou a petista com 63,64% dos votos válidos, contra 36,36% da presidente eleita. Também obteve desempenho semelhante em Joinville (SC), com 63,14% dos votos, ante 36,86% de Dilma. Atos seguiram roteiro semelhante Os comícios de Dilma na campanha seguiram roteiro semelhante. Em quase todas as ocasiões, encerravam um dia de "agenda casada" do presidente, com atividades oficiais durante o dia e ato de campanha à noite, especificado como "compromisso privado" na agenda divulgada diariamente pelo Planalto. Invariavelmente, como estratégia para evitar dispersão do público antes do final, Lula encerrava os atos. Ao todo, Lula e Dilma subiram juntos no palanque por 27 vezes (as sulistas Porto Alegre e Curitiba receberam dois comícios cada uma), para atos que privilegiaram municípios de mais de 200 mil habitantes nas regiões Sudeste (dez cidades), Nordeste (cinco) e Sul (cinco). Houve quatro comícios no Centro-Oeste e apenas um no Norte, em Ananindeua, cidade do entorno de Belém. Dilma também bateu nas mesmas teclas nos discursos. Por diversas vezes, procurou contrapor a gestão petista ao governo anterior citando dados de mobilidade social do governo Lula e o pagamento da dívida com o Fundo Monetário Internacional. No primeiro turno, reiterava o discurso de gênero e a imagem da "mãe" que cuidará do povo como um filho. Dizia que, primeira mulher presidente, não poderia errar para atestar a capacidade das mulheres, assim como Lula provara que um metalúrgico poderia governar. Na reta final do primeiro turno e na segunda etapa, os discursos de Dilma passaram a incorporar mais críticas à oposição, que acusava de "espalhar ódio e mentira". Com o acirramento da discussão sobre religião, tambem passou a usar referências a Deus. Confira abaixo o resultado da votação no segundo turno nas cidades que receberam comícios com a presença do presidente e da presidente eleita, com destaque em negrito para as cidades em que Dilma venceu: Cidade Votação Dilma Votação Serra Rio de Janeiro (RJ) 60,99% 39,01% Garanhuns (PE) 85,48% 14,52% Belo Horizonte (MG) 49,61% 50,39% Osasco (SP) 54,54% 45,46% Mauá (SP) 57% 43% São Bernardo do Campo (SP) 56,21% 43,79% Campo Grande (MS) 40,24% 59,76% Salvador (BA) 73,34% 26,66% Recife (PE) 66,35% 33,65% Foz do Iguaçu (PR) 50,21% 49,79% Valparaíso (GO) 63,08% 36,92% Betim (MG) 64,92% 35,08% Joinville (SC) 36,86% 63,14% Juiz de Fora (MG) 68,84% 31,16% Campinas (SP) 48,36% 51,64% Porto Alegre (RS) 44,19% 55,81% São Paulo (SP) 46,36% 53,64% Ceilândia (DF)* 52,81% 47,19% Teresina (PI) 63,88% 36,12% Ananindeua (PA) 52,26% 47,74% Goiânia (GO) 42,42% 57,57% Caxias do Sul (RS) 39,39% 60,61% Uberlândia (MG) 66,97% 33,03% Vitória da Conquista (BA) 44,09% 55,91% Curitiba (PR) 36,36% 63,64% * O resultado é o total de Brasília http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/11/palanques-com-lula-nao-garantem-vitoria-dilma-nos-municipios.html SEJA O PRIMEIRO A COMENTAR *** *** http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/11/palanques-com-lula-nao-garantem-vitoria-dilma-nos-municipios.html *** *** ***
*** NOTÍCIAS BRASIL Lula se revezará com Dilma em palanque segunda-feira, 30/09/2013, 05:46 - Atualizado em 30/09/2013, 05:46 - Autor: Ouça esta reportagem Depois de dizer que está “no jogo”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou que será um caixeiro viajante para reeleger sua sucessora, Dilma Rousseff. “Quero ser a metamorfose ambulante da Dilma”, afirmou ele, em entrevista aos jornais do Grupo Diários Associados, que circulam na capital federal. A cúpula do PT só aguarda a definição do quadro partidário, nesta semana, para montar uma agenda de viagens para Lula. Pela lei, o prazo de filiação para quem quiser disputar a eleição do ano que vem termina no sábado, 5. Lula não ficará na coordenação da campanha de Dilma, mas deixou claro o que todos já sabiam no meio político: pedirá votos para a presidente, muitas vezes se revezando com ela nos palanques. “Eu vou percorrer o Brasil como se eu fosse candidato”, afirmou Lula. “Se ela não puder ir para o comício num determinado dia, eu vou no lugar dela. Se ela for para o Sul, eu vou para o Norte. Se ela for para o Nordeste, eu vou para o Sudeste. A única coisa que eu não vou fazer é cantar, porque sou desafinado, mas, no resto, ela pode contar comigo.” A estratégia do “revezamento” já foi usada por Lula no fim da campanha de 2010, quando ele lançou Dilma à Presidência. Essa “divisão de tarefas” sempre foi defendida pelo marqueteiro João Santana como forma de multiplicar a propaganda petista. Na entrevista, o ex-presidente também avisou que não aceitará divisões no PT em relação a Dilma, enterrando de vez o “Volta Lula”, entoado por setores do partido. “Se houver alguém que se diz lulista, e não dilmista, eu o dispenso de ser lulista”, insistiu. “Eu não estou pedindo que as pessoas gostem dela. Eu quero que as pessoas a respeitem na função institucional e saibam que o PT está lá para apoiá-la.” Campos e Aécio Na avaliação de Lula, o PT e integrantes do governo erraram ao empurrar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para fora da base aliada. “Foi um prejuízo para a gente ter o PSB, e sobretudo o Eduardo, do outro lado”, disse o ex-presidente. Mesmo assim, ele afirmou não dar “de barato” que Campos - presidente do PSB - dispute o Palácio do Planalto com Dilma, no ano que vem. “Eu não dou de barato que as coisas estão definidas na eleição. Nem para o Eduardo Campos ser candidato nem para o Aécio (Neves) ser candidato. Sabe-se lá o que o (José) Serra vai tramar contra o Aécio?”, argumentou Lula. O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, é o pré-candidato tucano à sucessão de Dilma, mas dirigentes petistas acham que o ex-governador José Serra (PSDB) poderá desbancá-lo do posto. O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), ainda nutre esperanças na saída de Serra do PSDB. Freire quer dar legenda a Serra para que ele possa novamente concorrer ao Planalto. Para Lula, a ex-senadora Marina Silva tem o direito de criar um partido, mas precisa assumir que está entrando nesse jogo. “Tem de ter coragem de dizer que é partido, não tem de inventar outro nome, dizer que não é partido, é uma rede. É partido e vai ter deputado, como todo partido”, provocou Lula. (AE) *** *** https://dol.com.br/noticias/brasil/noticia-258177-lula-se-revezara-com-dilma-em-palanque.html?d=1 *** *** ***
*** Aula 02 Fonética Articulatória (Consoantes do português brasileiro) Universidade Federal de Minas Gerais – Faculdade de Letras Apoio Pedagógico – Estudos Linguísticos: Fonética e Fonologia Professora: Amanda Ivo 2019/2 Relembrando... • FONÉTICA: disciplina da linguística que apresenta métodos para descrição, classificação e transcrição dos sons da fala. ÁREAS da fonética: fonética articulatória fonética acústica fonética auditiva (perceptual) Relembrando... • Nosso foco, nas primeiras aulas, será na fonética articulatória, que compreende o estudo da produção da fala do ponto de vista fisiológico e articulatório. Relembrando... O aparelho fonador: Relembrando... • O que são CONSOANTES? • SONS PRODUZIDOS COM ALGUM TIPO DE OBSTRUÇÃO DA PASSAGEM DA CORRENTE DE AR. • Elas são descritas quanto: • 1) LUGAR/PONTO de articulação: onde o articulador ativo se encontra com o passivo. • 2) MODO/MANEIRA de articulação: como e em qual grau ocorre a obstrução da passagem do ar. Descrição das consoantes do português brasileiro (PB) Consoantes do PB Maneira/Lugar Bilabial (A: lábio inferior. P: lábio superior) Labiodental (A: lábio inferior. P: dentes superiores) Dental ou Alveolar (A: ápice ou lâmina da língua. P: dentes superiores ou alvéolos) Alveolopalatal (A: parte anterior da língua. P: parte medial do palato duro) Palatal (A: parte média da língua. P: parte medial do palato duro) Velar (A: parte posterior da língua. P: véu palatino/palato mole) Glotal (A e P: músculos da glote) Oclusiva (Obstrução total do ar através da boca. Véu palatino levantado) p b t d k g Africada (1º igual as oclusivas, no final, igual as fricativas) tʃ dʒ Fricativa (Há fricção durante a passagem da corrente de ar) f v s z ʃ ʒ X ɣ h ɦ Nasal (Obstrução total do ar através da boca. Véu palatino abaixado) m n ɲ ỹ Tepe (Rápida obstrução quando a língua toca os alvéolos) ɾ Vibrante (Língua toca várias vezes os alvéolos. Várias vribrações) r̆ Retroflexa (Encurvamento da língua em direção ao palato duro) ɹ Lateral (Obstrução da parte central. Ar passa pelas laterais) l ɫ ʎ lʲ TABELA FONÉTICA DO PB Agora, podemos descrever uma consoante: • 1º coloque o MODO de articulação • 2º coloque o LUGAR de articulação • 3º coloque o estado da glote Ex: [b] oclusiva bilabial vozeada Vamos praticar? Exercício 1 • Descreva as consoantes do português brasileiro (PB) abaixo: [p] [g] [t] [n] [h] [tʃ] [ʒ] [s] GABARITO • Descreva as consoantes do português brasileiro (PB) abaixo: [p] oclusiva bilabial desvozeada [g] oclusiva velar vozeada [t] oclusiva dental desvozeada [n] nasal alveolar vozeada [h] fricativa glotal desvozeada [tʃ] africada alveolopalatal desvozeada [ʒ] fricativa alveolopalatal vozeada [s] fricativa alveolar desvozeada Contexto ou ambiente Posição em que o som ocorre na palavra INÍCIO DE SÍLABA Início de palavra . . [ˈpatʊ] [ˈfohsə] [ˈmahʧɪ] Entre vogais (intervocálico) [aˈɾaɾə] [aˈzə] [aˈsə] Após consoante (na mesma sílaba) [ˈpɾatʊ] [ˈfloɹ] [tɾe͂ɪ̯] FINAL DE SÍLABA Final de palavra [ˈmah] [pasˈtɛw] [ˈlapɪs] Antes de consoante (em sílabas diferentes) [ˈpoɹtʊ] [pasˈtɛw] ˈfuʃkə • Veremos, agora, as consoantes dividias em 7 grupos. Mostraremos em qual/quais contexto(s) cada grupo de consoante pode ocorrer. Grupo 1: Oclusivas [p] – oclusiva bilabial desvozeada [b] – oclusiva bilabial vozeada [t] – oclusiva alveolar desvozeada [d] – oclusiva alveolar vozeada [k] – oclusiva velar desvozeada [ɡ] – oclusiva velar vozeada Grupo 1: Oclusivas – contextos: Início de palavra PATO - [ˈpatʊ] BONECA - [buˈnɛkə] TOURO - [ˈtoɾʊ] DADO - [ˈdadʊ] CARTA - [ˈkahtə] GATO - [ˈɡatʊ] Intervocálico TAPA - [ˈtapə] LÁBIO - [ˈlabɪ̯ʊ] ATOR - [aˈtoh] DADO - [ˈdadʊ] ATAQUE - [aˈtakɪ] PAGA - [ˈpaɡə] Adjacente a outra consoante na mesma sílaba PLANTA - [ˈplãtə] BRAÇO - [ˈbɾasʊ] TRICÔ - [tɾiˈko] LADRÃO - [ˈladɾãʊ̯] CLAVÍCULA - [klaˈvikʊlə] GRANDE - [ˈɡɾãʤɪ] Adjacente a outra consoante em sílabas diferentes ARPA - [ˈahpə] BARBA - [ˈbaɦbə] PASTEL - [pasˈtɛw] PARDO - [ˈpaɦdʊ] CASCA - [ˈkaskə] ALGA - [ˈawɡə] Grupo 2: Africadas [ʧ] – africada alveopalatal desvozeada [ʤ] – africada alveopalatal vozeada Grupo 2: Africadas – contexto: Antes de “[ i ]” ADITIVO - [aʤiˈʧivʊ] Em dialetos em que a palatalização de oclusivas alveolares ocorre – como o de Belo Horizonte, por exemplo – todos os t/d ortográficos são foneticamente segmentos africados [ʧ, ʤ] (seguidos de [i]). Nestes dialetos ocorrem também os segmentos [t, d] seguidos das demais vogais diferentes de [i]. CRISTÓFARO-SILVA (2013, p. 57) Grupo 3: Fricativas labiodentais [f] – fricativa labiodental desvozeada [v] – fricativa labiodental vozeada Grupo 3: Fricativas labiodentais – contextos: Início de palavra FACA - [ˈfakə] VACA - [ˈvakə] Intervocálico SOFÁ - [soˈfa] NAVE - [ˈnavɪ] Adjacente a outra consoante na mesma sílaba FRACO - [ˈfɾakʊ] FLOR - [ˈfloɾ] LIVRARIA - [livɾaˈɾiə] VLADMIR - [vlaʤiˈmih] Adjacente a outra consoante em sílabas diferentes PERFEITO - [pehˈfeɪ̯tʊ] CORVO - [ˈkoɦvʊ] Grupo 4: Nasais [m] – nasal bilabial vozeada [n] – nasal alveolar vozeada [ɲ] – nasal palatal vozeada, ou [y ̃ ] – glide palatal nasal referente ao dígrafo “nh” Grupo 4: Nasais – contextos: Início de palavra MADRE - [ˈmadɾɪ] NÓ - [ˈnɔ] Intervocálico AMOR - [aˈmoh] MANÉ - [maˈnɛ] SENHA - [ˈsẽɲə] ~ [ˈsẽỹə] Adjacente a outra consoante em sílabas diferentes ASMA - [ˈazmə] CARNE - [ˈkaɦnɪ] Grupo 5A: Laterais [l] – lateral alveolar vozeada [ʎ] – lateral palatal vozeada ou [lʲ] – lateral alveolar vozeada palatalizada ou [y] – glide palatal referente ao dígrafo “lh” Grupo 5A: Laterais – contextos: Início de palavra LATA - [ˈlatə] Intervocálico MOLE - [ˈmɔlɪ] OLHOS - [ˈɔʎʊs] ~ [ˈɔlʲʊs] ~ [ˈɔyʊs] Adjacente a outra consoante na mesma sílaba PLANTA - [ˈplãtə] Adjacente a outra consoante em sílabas diferentes ESLAVO - [izˈlavʊ] ORLA - [ˈɔɹlə] Grupo 5B: Laterais (em final de sílaba) [w] – glide labiovelar ou [ɫ] – lateral alveolar vozeada velarizada SAL - [ˈsaw] ~ [ˈsaɫ] ALTAR - [awˈtah] ~ [aɫˈtah] Grupo 6A: Sibilantes [s] – fricativa alveolar desvozeada [z] – fricativa alveolar vozeada [ʃ] – fricativa alveopalatal desvozeada [ʒ] – fricativa alveopalatal vozeada Grupo 6A: Sibilantes – contextos: Início de palavra SAPECA - [ˈsapɛkə] ZELO - [ˈzelʊ] CHIQUE - [ˈʃikɪ] GIRAFA - [ˈʒiɾafə] Intervocálico ASSA - [ˈasə] ASA - [ˈazə] ACHA - [ˈaʃə] AJA - [ˈaʒə] Adjacente a outra consoante em sílabas diferentes GARÇA - [ˈɡahsə] VÁRZEA - [ˈvaɦzɪ̯ə] MARCHA - [ˈmahʃə] ARGILA - [aɦˈʒilə] Grupo 6B: Sibilantes (em final de sílaba) Final de palavra (VARIAÇÃO DIALETAL) LOTES - [ˈlɔʧɪs] ~ [ˈlɔʧɪʃ] RAIZ - [haˈis] ~ [haˈiʃ] Antes de consoante desvozeada CASCA - [ˈkaskə] ~ [ˈkaʃkə] ASFALTO - [asˈfawtʊ] ~ [aʃˈfawtʊ] POSTE - [ˈpɔʃʧɪ] Antes de consoante vozeada ASSIMILAÇÃO DE VOZEAMENTO!! [s] > [z]; [ʃ] > [ʒ] MESMO - [ˈmezmʊ] ~ [ˈmeʒmʊ] RASGO - [ˈhazɡʊ] ~ [ˈhaʒɡʊ] DESDE - [ˈdeʒʤɪ] Grupo 6: Sibilantes Ambiente Ex. Belo Horizonte Teófilo Otoni Rio de Janeiro Recife final de palavra jazz, mês [s] [z] [ʃ] [s] final de sílaba, seguido por C desvoz casca [s] [s] [ʃ] [s] final de sílaba, seguido por C voz rasga [z] [z] [ʒ] [z] final de sílaba, seguido por africada poste, desde [ʃ] ~ [ʒ] [ʃ] ~ [ʒ] [ʃ] ~ [ʒ] - final de sílaba, seguido por alveopalatal pasta, asno, islã [s] ~ [z] [s] ~ [z] [ʃ] ~ [ʒ] [ʃ] ~ [ʒ] início de palavra sala, zumba, chá, já intervocálico assa, asa, acha, aja [s], [z], [ʃ], [ʒ] início de sílaba, precedido por C farsa, várzea, marcha, argila Exercício 2 • Qual sibilante ocorre nas palavras abaixo? Preencha com os símbolos: [s], [z], [ʃ] ou [ʒ]. (A forma ortográfica está indicada entre parênteses.) • [ˈ me___mʊ] (mesmo) • [___akaˈ ɾɛ] (jacaré) • [ˈ ma___] (mas) • [ˈpa___tə] (pasta) • [ˈpeɪ ̯__ɪ] (peixe) • [ˈ__ebɾə] (zebra) • [ˈgĩ___ʊ] (guincho) • [paˈ___ɔkə] (paçoca) Grupo 7A: Róticos (“r” fraco) [ɾ] – tepe alveolar vozeado – contextos: Intervocálico ARARA - [aˈɾaɾə] CARAMELO - [kaɾaˈmɛlʊ] Adjacente a outra consoante na mesma sílaba PRATO - [ˈpɾatʊ] LUCRATIVO - [lukɾaˈʧivʊ] Grupo 7B: Róticos (“r” forte) [h] – fricativa glotal desvozeada ou [x] – fricativa velar desvozeada ou [r ̌] – vibrante múltipla Intervocálico CARRETA - [kaˈhetə] ~ [kaˈxetə] ~ [kaˈřetə] HONRA - [õˈhə] ~ [õˈxə] ~ [õˈřə] Adjacente a outra consoante em sílaba diferente ISRAEL - [ishaˈew] ~ [isxaˈew] ~ [izřaˈew] Início de palavra RATO - [ˈhatʊ] ~ [ˈxatʊ] ~ [ˈřatʊ] Grupo 7C: Róticos (em final de sílaba) [h] – fricativa glotal desvozeada ou [x] – fricativa velar desvozeada ou [ɹ] – retroflexa ou [ɾ] – tepe alveolar Grupo 7C: Róticos (em final de sílaba) Final de palavra MAR - [ˈmah] ~ [ˈmax] ~ [ˈmaɹ] ~ [ˈmaɾ] Antes de consoante desvozeada MARTE - [ˈmahʧɪ] ~ [ˈmaxʧɪ] ~ [ˈmaɹʧɪ] ~ [ˈmaɾʧɪ] FARSA - [ˈfahsə] ~ [ˈfaxsə] ~ [ˈfaɹsə] ~ [ˈfaɾsə] Antes de consoante vozeada ASSIMILAÇÃO DE VOZEAMENTO! [h] > [ɦ]; [x] > [ɣ] TARDE - [ˈtaɦʤɪ] ~ [ˈtaɣʤɪ] ~ [ˈtaɹʤɪ] ~ [ˈtaɾʤɪ] PARMA - [ˈpaɦmə] ~ [ˈpaɣmə] ~ [ˈpaɹmə] ~ [ˈpaɾmə] Grupo 7: Róticos Ambiente Ex. Belo Horizonte São Paulo Caipira Rio de Janeiro intervocálico (fraco) caro, arara [ɾ] seguindo C na mesma sílaba prato [ɾ] início de palavra rato [h] [x] intervocálico (forte) carro, marrom, honra [h] [x] seguindo C em sílaba diferente Israel [h] [x] final de palavra mar [h] [ɾ] [ɹ] [x] final de sílaba, seguido por C desvoz Marte [h] [ɾ] [ɹ] [x] final de sílaba, seguido por C voz gordo [ɦ] [ɾ] [ɹ] [ɣ] Exercício 3 • Qual rótico ocorre nas palavras abaixo? Preencha com os símbolos: [ɾ], [h], [ɦ], [x], [ɣ], [ɹ] ou [ř]. (A forma ortográfica está indicada entre parênteses.) • [ˈka__nɪ] (carne) • [__ataˈzãnə] (ratazana) • [ˈka__ʊ] (carro) • [ˈlõt___ə] (lontra) • [a ˈ __a__ə] (arara) • [ˈpo___tə] (porta) • [ˈpa__də] (parda) • [biˈ soʊ ̯__ʊ] (besouro) • [a__ãˈɲa__] (arranhar) Referências • CANTONI, M. Articulação das consoantes. 2018. 17 slides. • CRISTÓFARO-SILVA, T. Fonética e fonologia do português: Roteiros de estudos e guias de exercícios. 10. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2013 [1999]. • CRISTÓFARO-SILVA, T.; YEHIA, H. Sonoridade em Artes, Saúde e Tecnologia. Belo Horizonte: Faculdade de Letras, 2009. Disponível em http://fonologia.org. ISBN 978-85-7758-135-1. • FREITAS, M.; TOLEDO, C.; IVO, A. Fonética Articulatória. 2019. slides. *** *** https://grad.letras.ufmg.br/arquivos/monitoria/Aula%2002%20apoio.pdf *** *** ***
*** TRÁFICO PRIVILEGIADO 5ª Turma do STJ decide que "mula" do tráfico não integra organização criminosa 25 de maio de 2017, 14h00 ImprimirEnviar A pessoa que transporta drogas ilícitas, conhecida como mula, nem sempre integra a organização criminosa, de acordo com recente decisão da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça. Por unanimidade, o colegiado mudou o entendimento que prevalecia entre os seus integrantes para entender que é possível reconhecer o tráfico privilegiado ao agente que transporta as drogas. A decisão, embora não encerre as discussões que vinham sendo travadas nas duas turmas do STJ e nos tribunais de segunda instância, dá um importante norte e se alinha com a jurisprudência formada no Supremo Tribunal Federal sobre a condição do transportador de drogas (mula) em uma organização criminosa. O relator do Habeas Corpus na 5ª Turma, ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas disse que, embora haja diversos julgados de ambas as turmas do STJ nos quais se afirme não ser possível o reconhecimento do tráfico privilegiado ao agente transportador de drogas na qualidade de "mula", “acolho o entendimento uníssono do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, no sentido de que a simples atuação nessa condição não induz, automaticamente, à conclusão de que o sentenciado integre organização criminosa, sendo imprescindível, para tanto, prova inequívoca do seu envolvimento, estável e permanente, com o grupo criminoso, para autorizar a redução da pena em sua totalidade”. Em seu voto citou precedentes dos ministros do STF Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Ribeiro Dantas decidiu também reduzir a pena da condenada, uma mulher de origem africana, na fração mínima legal de um sexto, resultando na pena de 5 anos de reclusão e 500 dias-multa. “O conhecimento pela paciente de estar a serviço do crime organizado no tráfico internacional constitui fundamento concreto e idôneo para se valorar negativamente na terceira fase da dosimetria, razão pela qual o percentual de redução, pela incidência da minorante do artigo 33, parágrafo 4º, da Lei 11.343/2006, deve ser estabelecido no mínimo legal, atento a especial gravidade da conduta praticada.” A ré foi presa em flagrante dentro de um táxi com pacotes de cocaína colados ao corpo, quando ia para o aeroporto. A decisão é importante por registrar que é papel da acusação apresentar provas de que a “mula” tem ligação estável com a organização criminosa para ser reconhecida a associação do artigo 35, e não o contrário. Discussão antiga Conforme veio registrando nos últimos anos, o Anuário da Justiça publicou decisões de desembargadores tanto reconhecendo a mula como cooptada pela organização criminosa como também partícipe dela, recebendo então penas mais duras previstas na Lei de Drogas (Lei 11.343/2006). Na 1ª Seção do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP e MS), em 2016, dos sete desembargadores que a compõe apenas dois, Cotrim Guimarães e Wilson Zauhy, entendiam que, nas acusações de transporte de drogas, as “mulas” não fazem, necessariamente, parte da organização criminosa e podem ter suas penas reduzidas. Os demais integrantes da seção pensavam que o ato é feito de forma consciente e os réus já sabem que estão se envolvendo em atividades ilícitas. Nesses casos, embargos infringentes que pedem redução de pena vinham sendo negados, por maioria de votos. Na 5ª Turma do mesmo tribunal, especializada em matéria penal, os desembargadores avaliavam caso a caso se réus que atuaram no tráfico de drogas como “mulas” integram a organização criminosa ou se agiram de modo ocasional, na função de meros transportadores. Neste caso, votavam pela manutenção da aplicação da causa de diminuição do artigo 33, parágrafo 4º, da Lei 11.343/2006, no mínimo de 1/6 da pena-base. *** Acervo completo O aplicativo Anuário da Justiça está disponível na App Store, Play Store e Amazon. Dentro do app, o usuário poderá ter acesso a todo o acervo das 42 edições produzidas pela ConJur nos últimos dez anos. *** A matéria era divergente até na Procuradoria da República da 3ª Região, responsável pela proposição das denúncias. Segundo o procurador-chefe nos anos de 2013 a 2015, Pedro Barbosa, em declaração ao Anuário da Justiça Federal 2015, a Lei de Drogas deu liberdade muito grande ao julgador. O traficante que não integra organização criminosa e não tem antecedentes criminais pode ter a pena de 5 a 15 anos de reclusão diminuída de um a dois terços. Com isso, diz, há quem entenda que o mero fato de o “mula” existir já faz dele integrante da organização criminosa. Outros entendem que o “mula”, por ser contratado pela organização criminosa, não a integra. “É uma situação que cria muita insegurança jurídica para essas pessoas”, afirmou o procurador-chefe na ocasião. No Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a questão também gerou discussão. Era comum as turmas assumirem posições bem diferentes, gerando debates quando se reuniam nos julgamentos da 4ª Seção. Em 2013, a juíza convocada para a 7ª Turma Salise Monteiro Sanchotene admitiu ser rigorosa na questão do “mula”, mas no crime de contrabando. “Quem traz um caminhão de cigarros do Paraguai não pode ser confundido com um simples sacoleiro”, exemplifica. Na 8ª Turma do TRF-4, desde 2012 não havia consenso se a pena deveria ser diminuída ou aumentada, já que o “mula” traficou sob promessa de pagamento, o que seria um agravante. Em 2015, o desembargador Hélio Nogueira entendeu que a conduta não caracteriza baixo potencial lesivo e que, no caso analisado, não havia provas da coação moral ou do estado da necessidade alegados pela defesa. “Tanto a coação moral irresistível como o estado de necessidade devem ser comprovados por meios seguros, que demonstrem a presença de todos os seus elementos caracterizadores, não podendo ser reconhecidos com fundamento em meras alegações da defesa, como é a hipótese dos autos”, explicou o magistrado. Dessa forma, Nogueira não atenuou a pena e confirmou a condenação de duas mulheres acusadas de tráfico internacional de drogas a 8 anos e 7 anos e 6 meses de reclusão além de multa. Elas foram presas em flagrante com 9,6 kg de cocaína escondidas no forro de suas malas logo após cruzarem a fronteira Bolívia-Brasil. HC 387.077/SP Revista Consultor Jurídico, 25 de maio de 2017, 14h00 ***
*** Assistir: *** *** *** #CPIdaPandemia ouve o empresário Otávio Fakhoury sobre disseminação de notícias falsas – 30/9/2021 assistindo agoraTransmissão iniciada há 42 minutos *** TV Senado A Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia ouve o empresário Otávio Oscar Fakhoury, apontado como financiador de disseminação de notícias falsas sobre o tratamento contra a Covid-19. *** *** https://www.youtube.com/watch?v=yfxDI14WUaQ *** *** *** O Rio da Minha Aldeia Fernando Pessoa *** Ouvir: *** O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o tejo não mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o tejo não é o rio que corre pela minha aldeia, O Tejo tem grande navios E navega nele ainda, Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, A memória das naus. O Tejo desce de Espanha E o Tejo entra no mar em Portugal. Toda a gente sabe isso. Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia E para onde ele vai E donde ele vem. E por isso, porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia. Pelo Tejo vai-se para o Mundo. Para além do Tejo há a América E a fortuna daqueles que a encontram. Ninguém nunca pensou no que há para além Do rio da minha aldeia. O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem está ao pé dele está só ao pé dele Ouvir "O Rio da Minha Ald…" *** *** https://www.letras.com.br/fernando-pessoa/o-rio-da-minha-aldeia *** ***

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Única oposição digna dessa definição

CÓDIGO DE NUREMBERG ***
*** Biosferas - Divulgação Científica
*** PRAZO PARA ENTREGA DA CARTA DE OPOSIÇÃO https://www.sindimetal.org.br/prazo-para-entrega-da-carta-de-oposicao/ *** BRASIL ANS autua Prevent Senior por não avisar pacientes sobre ‘kit covid’ Artigo Atualizado há 11 horas em setembro 29, 2021 Por Redação ***
*** A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autuou a operadora de plano de saúde Prevent Senior por não informar aos pacientes e seus familiares que eles estavam sendo medicados com o chamado “kit covid”. A infração é punida com multa de R$ 25 mil, valor que pode aumentar conforme o número de pessoas atingidas. O auto de infração foi lavrado na tarde de segunda-feira, 27, e anunciado pela ANS na noite desta terça-feira, 28. Segundo a Agência, a operadora tem dez dias para apresentar sua defesa. ***
*** (Foto: Divulgação) *** “No curso das apurações relacionadas a denúncias contra a Prevent Senior, foram verificados elementos que contradizem a versão inicial apresentada pela operadora”, diz nota da ANS. “Foram constatados indícios de infração para a conduta de ‘deixar de comunicar aos beneficiários as informações estabelecidas em lei ou pela ANS’, tipificada no art. 74 da Resolução Normativa nº 124 de 2006, e a ANS lavrou um auto de infração na tarde do dia 27. A operadora tem 10 dias contatos a partir dessa data para apresentar sua defesa”, segue a nota. *** *** https://nh.tv.br/brasil/ans-autua-prevent-senior-por-nao-avisar-pacientes-sobre-kit-covid/ *** *** ***
*** ANS autua Prevent Senior por não avisar pacientes sobre ‘kit covid’ SEPTEMBER 28, 2021 RIO – A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) autuou a operadora de plano de saúde Prevent Senior por não informar aos pacientes e seus familiares que eles estavam sendo medicados com o chamado “kit covid”. A infração é punida com multa de R$ 25 mil, valor que pode aumentar conforme o número de pessoas atingidas. O auto de infração foi lavrado na tarde de segunda-feira, 27, e anunciado pela ANS na noite desta terça-feira, 28. Segundo a agência, a operadora tem dez dias para apresentar sua defesa. O que a CPI da Covid não viu: ANS escolheu Prevent como caso de sucesso na pandemia ***
*** O que a CPI da Covid não viu: ANS escolheu Prevent como caso de sucesso na pandemia *** “No curso das apurações relacionadas a denúncias contra a Prevent Senior, foram verificados elementos que contradizem a versão inicial apresentada pela operadora”, diz nota da ANS. “Foram constatados indícios de infração para a conduta de ‘deixar de comunicar aos beneficiários as informações estabelecidas em lei ou pela ANS’, tipificada no art. 74 da Resolução Normativa nº 124 de 2006, e a ANS lavrou um auto de infração na tarde do dia 27. A operadora tem 10 dias contatos a partir dessa data para apresentar sua defesa”, segue a nota. A ANS informou também que segue analisando denúncias sobre cerceamento ao exercício da atividade médica aos prestadores vinculados à rede própria da operadora Prevent Senior. A Prevent Senior se tornou alvo da CPI após um grupo de 15 médicos que atuaram na operadora entregar um dossiê aos parlamentares em que acusam a rede de servir como uma espécie de “laboratório” do “kit covid”. Segundo a denúncia, pacientes não eram informados sobre o tratamento e atestados de óbitos eram fraudados para omitir que a morte foi causada pela doença. A empresa nega as acusações e se diz alvo de difamação. Nesta terça-feira, 28, a advogada Bruna Morato, representante de médicos que denunciam a rede por fraudes na pandemia, acusou o governo Jair Bolsonaro de firmar um “pacto” com a operadora de saúde para validar o tratamento da covid com medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença – o chamado “kit covid”. O objetivo, segundo ela, era usar um estudo realizado em hospitais da rede para confirmar o discurso do Palácio do Planalto contrário ao isolamento social e ao lockdown, adotados como forma de evitar a propagação do vírus. Os relatos da advogada levaram os senadores a pedir que o Conselho Federal de Medicina, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo e a Agência Nacional de Saúde Suplementar, vinculada ao Ministério da Saúde, sejam investigados pela Procuradoria da República e pela Polícia Federal por suposta omissão. Na semana passada, o procurador-geral da Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo, criou uma força-tarefa que vai investigar se a Prevent Seniortratou pacientes, sem o seu consentimento, com “kit-covid”. Paralelamente, a ANS informou ter realizado, também na segunda-feira, diligências na sede da operadora Hapvida, em Fortaleza, e na sede da operadora São Francisco, em Ribeirão Preto. Embora faça parte do Grupo Hapvida desde 2019, a operadora São Francisco tem CNPJ próprio, devendo obedecer à legislação de saúde suplementar e estando sujeita a sanções caso cometa infrações. Durante as diligências foram solicitados esclarecimentos a respeito das denúncias sobre cerceamento ao exercício da atividade médica aos prestadores vinculados à rede própria da operadora e sobre a assinatura de termo de consentimento, pelos beneficiários atendidos na rede própria, para a prescrição do chamado "Kit Covid". Para a instrução dos processos que tramitam na ANS, foi concedido prazo de cinco dias úteis para envio de documentação, pelas operadoras. Até a publicação desta reportagem, o Estadão não havia conseguido ouvir as operadoras sobre as medidas da ANS. *** *** https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,ans-autua-prevent-senior-por-nao-avisar-pacientes-sobre-kit-covid,70003853889 *** ***
*** Jornal Correio Na CPI, advogada liga Prevent e 'gabinete paralelo' ao Ministério da Economia - Jornal Correio *** Assista: *** *** #CPIdaPandemia #TVSenado #CPIdaCovid CPI da Pandemia ouve Bruna Morato, advogada de médicos da Prevent Senior – 28/9/2021 Transmitido ao vivo em 28 de set. de 2021 TV Senado A #CPIdaPandemia se reúne para ouvir o depoimento de Bruna Morato, advogada de médicos que trabalham ou trabalharam para a Prevent Senior e que elaboraram um dossiê sobre irregularidades no tratamento de pacientes com Covid-19. Acompanhe notícias sobre a covid-19 neste hotsite do Senado: (https://www.senado.leg.br/senado/hots...) #TVSenado #CPIdaCovid #PreventSenior #BrunaMorato *** *** https://www.youtube.com/watch?v=eFtfVEp__Gg *** *** ***
*** VEJA AO VIVO: CPI da Pandemia ouve o empresário Luciano Hang | VEJA Assista: *** *** *** #CPIdaPandemia ouve o empresário Luciano Hang nesta quarta – 29/9/2021 Transmissão iniciada há 7 horas TV Senado A Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia se reúne para ouvir o depoimento do empresário Luciano Hang. A CPI quer aprofundar investigações sobre o envolvimento de Hang em esquemas de disseminação de informações falsas, principalmente sobre tratamentos ineficazes contra a Covid-19. Acompanhe notícias sobre a covid-19 neste hotsite do Senado: (https://www.senado.leg.br/senado/hots...) *** *** https://www.youtube.com/watch?v=YQu5ZM1Ag78 *** *** ***
*** G1 - Globo ONU: pandemia agravou desigualdade na América Latina *** Pandemia encontrou Brasil despreparado e deve agravar desigualdade social, afirma ONU Pnud, Unicef, Unesco e Opas reuniram 94 indicadores em relatório sobre a situação do país logo antes da Covid. Dados apontam para impacto mais perverso em grupos mais vulneráveis. Por Juliana Lima e Letícia Carvalho, TV Globo — Brasília 29/09/2021 00h00 Atualizado há 18 horas Relatório inédito divulgado nesta quarta-feira (29) pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que, embora a pandemia tenha atingido todos os países, as consequências devem ser piores para as nações com maior desigualdade social, como o Brasil. O documento reconhece que o país acumula progressos nos índices de desenvolvimento humano, mas ressalva que a pandemia de Covid deve gerar retrocessos em conquistas sociais e econômicas históricas. No estudo, pesquisadores selecionaram 94 indicadores com o objetivo de mostrar como estava o Brasil quando a pandemia chegou, no início de 2020. Os resultados apontam fragilidades estruturais e questões sensíveis para o enfrentamento da crise sanitária, econômica e social que atingiu o país nos meses seguintes. O relatório foi elaborado por especialistas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). De acordo com o documento, a pandemia desencadeia uma crise com impactos em todas as dimensões do desenvolvimento humano: na renda, com a maior retração da atividade econômica mundial registrada desde a Grande Depressão de 1929; na saúde, com um número de mortes acima de 4,5 milhões até setembro de 2021; e na educação, com estudantes fora da escola, sem acesso à internet e um contingente de jovens que não voltarão mais a estudar, ampliando desigualdades já existentes. No Brasil, diz o relatório, os grupos em situação de vulnerabilidade são os mais afetados, tornando ainda mais evidentes as diferenças de acesso à proteção social, educação, emprego, renda e moradia. “Os países serão afetados, mas não da mesma forma; e, para o Brasil (seus 26 estados e o Distrito Federal), a desigualdade desempenha nesse contexto um papel importante”, diz o texto. Para exemplificar como a pandemia afetou de forma desigual a população brasileira, o documento cita dados divulgados em fevereiro pelo Núcleo de Saúde Pública da UFRJ. De acordo com esse levantamento, a letalidade entre pacientes internados com casos confirmados de Covid foi de 56% entre brancos e de 79% entre não brancos. Ao classificar os óbitos pelo nível de escolaridade das vítimas, os números mostraram: 71% de óbitos entre os sem escolaridade; 59% entre os que cursaram até o 5º ano (ensino fundamental 1); 48% entre os que cursaram até o 9º ano (ensino fundamental 2); 35% entre os que cursaram até o ensino médio; 22% para os pacientes que tinham nível superior. Segundo material divulgado pelo site das Nações Unidas, a alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, afirmou nesta terça-feira (28) que a crise relacionada à pandemia perpetuou desigualdades "verdadeiramente chocantes" e expôs grupos vulneráveis ao que ela classificou como um "choque médico, econômico e social". ONU: pandemia agravou desigualdade na América Latina ONU: pandemia agravou desigualdade na América Latina LEIA TAMBÉM Guterres alerta na Assembleia Geral da ONU que o mundo 'está se movendo na direção errada' Como a pandemia impacta de maneira mais severa a vida das mulheres ONU: Desigualdade e baixo crescimento econômico colocam Brasil e países vizinhos em 'armadilha' Preparo para enfrentar a pandemia O relatório constata que, embora seja considerado um país de alto Índice de Desenvolvimento Humano (0,778), o Brasil ainda não conseguiu sanar necessidades básicas da população – o que resulta na existência simultânea de vários “Brasis”. "Notadamente, apesar dos ganhos substanciais em saúde, educação e no padrão de vida da população registrados nas últimas décadas, ainda há um conjunto de necessidades básicas diferentemente atendidas no Brasil e nos seus estados; e, paralelamente, uma nova geração de desigualdades se abre, alargando a lacuna entre aqueles que têm e aqueles que não têm". Antes da pandemia, o Brasil já tinha 6,5% de sua população – ou seja, 13,5 milhões de brasileiros – vivendo abaixo da linha de extrema pobreza. Em alguns estados, como Alagoas e Maranhão, o percentual de brasileiros com renda mensal per capita inferior a R$ 145 (ou US$ 1,90 por dia, como adota o Banco Mundial), era superior a 15%. Antes do primeiro caso confirmado de coronavírus em terras brasileiras, mais de 40% dos trabalhadores já estavam na informalidade. A taxa variava de 31,8% no Distrito Federal a 67,5% no Pará. Também naquele momento, 35,7% da população brasileira vivia em domicílios sem esgoto ou rede coletora – o percentual chegava a 90,6% em Rondônia. Enquanto a taxa média de abandono escolar no ensino médio no Brasil era de 6,1%, Pernambuco registrava evasão de 1,2%, e o Pará, 12,8%. Indicadores de saúde A pandemia se deparou com um país onde 75,9% da população dependia do sistema público de saúde. No Acre, por exemplo, apenas 5,6% dos moradores do estado tinham plano privado. Já em São Paulo, esse percentual era de 40,7%. À fragilidade no acesso aos planos de saúde, soma-se a baixa disponibilidade de leitos no Sistema Único de Saúde (SUS). Antes da pandemia, o índice de leitos complementares (UTIs e unidades intermediárias) não passava de 1,5 para cada 10 mil habitantes. Segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, a relação ideal é de 1 a 3 leitos para cada 10 mil habitantes. A taxa de respiradores disponíveis para os brasileiros também era baixa, de apenas 3,1 equipamentos para cada 10 mil habitantes. O dispositivo – muito demandado durante os picos da pandemia – era escasso no sistema de saúde, e seis estados tinham menos de dois equipamentos para cada 10 mil moradores: Acre, Alagoas, Amapá, Maranhão, Pará e Piauí. Os pesquisadores afirmam, no relatório divulgado nesta quarta, que essa desigualdade afeta, por um lado, a capacidade de responder à Covid e a seus impactos diretos na saúde. Por outro, o cenário coloca em risco a continuidade de outros serviços essenciais de saúde, como a vacinação de crianças, o acompanhamento pré-natal e o atendimento pós-parto. Educação Com a suspensão das aulas presenciais por causa da pandemia, as redes de ensino tiveram que buscar alternativas de educação remota em um cenário adverso. No Brasil, apenas 37,2% das escolas públicas tinham internet disponível para ensino e aprendizagem na educação fundamental. No Maranhão, o índice era ainda mais dramático: só 6,3% das escolas tinham recursos virtuais. Pará (6,9%) e Acre (8,9%) também amargavam níveis abaixo dos 10%. Educação a distância: pandemia deixa evidente desigualdade de acesso à internet no Brasil Educação a distância: pandemia deixa evidente desigualdade de acesso à internet no Brasil A disparidade fica ainda mais explícita quando esses dados são comparados aos das redes particulares de educação. Quando a pandemia chegou, 93,1% dos colégios privados tinham internet como ferramenta auxiliar para o ensino fundamental. A desigualdade regional, no entanto, também marca a educação privada. Paraíba, Alagoas e Pernambuco registravam 32,9%, 44,9% e 45% de colégios particulares com internet disponível, respectivamente. Ensino remoto provocou desigualdade no ensino brasileiro Ensino remoto provocou desigualdade no ensino brasileiro ONU *** *** https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/09/29/pandemia-encontrou-brasil-despreparado-e-deve-agravar-desigualdades-sociais-afirma-onu.ghtml *** *** *** *** https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/09/29/pandemia-encontrou-brasil-despreparado-e-deve-agravar-desigualdades-sociais-afirma-onu.ghtml *** *** ***
*** Opinião - Estadão Populismo contra o povo do mentiroso preguiçoso - Opinião - Estadão *** quarta-feira, 29 de setembro de 2021 José Nêumanne* - Populismo contra o povo do mentiroso preguiçoso O Estado de S. Paulo Expoente da direita estúpida ajudou a tornar Lula elegível por prever que o derrotará Em 8 de abril de 2020, Jair Bolsonaro traçou, em cadeia de rádio e TV, as linhas gerais de sua conduta no comando do combate à pandemia da covid-19: receitou cloroquina ineficaz, pregou reabertura do comércio, condenou o uso de máscaras, inculpou prefeitos e governadores por medidas de restrição à circulação de pessoas como forma de evitar o contágio da doença e ainda citou o que o diretor da Organização Mundial da Saúde, de fato, não disse. Em 18 meses de guerra da Pátria, que ele nunca provou amar, contra o contágio do vírus, chegando perto de 600 mil baixas, muitas delas que poderiam ter sido evitadas, presidiu o populismo contra o povo. Daí 53% dos entrevistados pelo Ipec terem achado sua gestão “ruim ou péssima”. Apesar de bater recorde e ultrapassar a metade, o índice não reflete a dimensão de seu desastre. Após ter festejado a previsão de retomada da economia, pálida, segundo a previsão do Focus (mais 1,88%), a nova fica abaixo de 1%. Enquanto países desenvolvidos crescem aproveitando o êxito de isolamento, uso de máscara e vacina, o tríduo desprezado por seu negacionismo de resultados arrebanha fanáticos seguidores, calculados em 11% da população pelo diretor do Datafolha, Mauro Paulino. No Estadão, Marcelo de Moraes registrou o marco dos mil dias com duas constatações: “O índice de inflação exibe uma alta de 9,68% em 12 meses até agosto. Já a Pnad Contínua, que registra o movimento da economia informal, mostra 14,8 milhões de desempregados até o meio do ano.” É sabido que a inflação dos mais pobres ultrapassou dois dígitos. Carlos Madeiro relatou, no UOL, que, desde o início da atual gestão, pelo menos 2 milhões de famílias caíram para os níveis de extrema pobreza (renda per capita de até R$ 89 mensais), “pessoas que vivem nas ruas ou em barracos e enfrentam insegurança alimentar recorrente”. E mais: “o número de junho, por sinal, é o maior de famílias na miséria desde o início dos registros disponíveis do Ministério da Cidadania – desde agosto de 2012 – e representa 41,1 milhões de pessoas.” Mas ele não dispensa a pose: “Eu avisei”, berra em lives e comícios ilícitos. No Globo, Miguel de Almeida deu ao chefe do Executivo a pecha de “pé-frio”, que, segundo o etimologista Deonísio da Silva, se inspira em baixa temperatura de cadáver. Os indícios são fortíssimos. A pandemia, que ele apelidou de “gripezinha”, é o tema principal da única oposição digna dessa definição no cenário republicano atual, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado. Seus sete membros majoritários usarão documento de juristas, escrito sob a liderança do ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr., e lhe atribuíram sete crimes com possibilidade de abertura de processo de impeachment pela Câmara dos Deputados: contra a saúde, a administração e a paz públicas e a humanidade, infração de medidas sanitárias preventivas, charlatanismo, incitação ao crime e prevaricação. A má fama da pandemia da covid pode superar as pragas do pesadelo do faraó do Egito explicado por José. A crise hídrica, que faz o desgoverno do capitão das malícias aumentar a níveis imorais a tarifa da luz, não resulta de sua incurável falta de vontade de trabalhar. Mas a verdade completa é que os caprichos do preguiçoso que tem ódio mortal ao trabalho anabolizam os efeitos do vírus e da seca porque ele não adota atitudes que gestores laboriosos e responsáveis tomariam em seu lugar. Como lembrou o epidemiologista Gonzalo Vecina, no Dois Dedos de Prosa no blog do Nêumanne no portal do Estadão, ele manteve a obra nefasta da passagem devastadora de seu líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, no Ministério da Saúde no governo Temer, seu escriba de falsa pacificação. Ele também esperou que São Pedro mandasse chuva para evitar a seca nos reservatórios e não preparou o País para a crise. “Mil dias sem corrupção”, apregoam seus seguidores desde a segunda 27. Não é o que revelará o relatório de Renan Calheiros na CPI. Nem o Ministério Público do Rio, que repetirá no gabinete do filho Carlos, dito eleitor único de sua vitória em 2018 pelo áulico secretário-genro das Comunicações, Fábio Faria, a devassa das traquinagens do coleguinha paraquedista Fabrício Queiroz sob a gestão irresponsável do primogênito Flávio na Alerj. A maior prova da falácia é a demolição sistemática e brutal feita com parceiros parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal do combate ao furto do erário realizado pela Operação Lava Jato e pelo ex-juiz Sérgio Moro. Ele ajudou a tornar Lula elegível por achar ser este o mais fácil a derrotar. Ao nomear Augusto Aras procurador-geral da República para derrubar pedra sobre pedra as conquistas do combate à corrupção, que exaltou falsamente para sair vitorioso na campanha eleitoral de 2018, o péssimo cristão, que cultua morte e mentira, e não vida e verdade, Jair (nada messias) Bolsonaro, serviçal do Centrão de Arthur Lira e do patrimônio imobiliário dos filhos, finge-se de Dimas, à direita do Cristo na cruz, para servir a Simas, o mau ladrão, à esquerda de Jesus. *Jornalista, poeta e escritor *** *** https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/09/jose-neumanne-populismo-contra-o-povo.html *** *** ***
*** Instituto Isaia [PDF] Aula 3 - Codigo de Nuremberg - 20.07.2021 https://institutoisaia.com.br/unidade-pesquisa-clinica/pdf/2021/Aula3-Codigo-de-Nuremberg-20-07-2021.pdf *** BIODIREITOREVISTA 105 Código de Nuremberg: a construção histórica da pesquisa com seres humanos Em 1 de outubro de 2012 - às 00:00 Resumo: Durante o desenrolar da Segunda Guerra Mundial, foram perpetradas as mais tristes torturas já registradas na história mundial, produzindo as mais vergonhosas e abjetas chagas para toda a coletividade, principalmente quando se verifica o emprego de seres humanos reduzidos a condição de “cobaias” pelos médicos nazistas. A partir desta perspectiva, o presente artigo adota como pilar fundamental a necessidade de discorrer acerca do Código de Nuremberg, documento internacional que consagra em seu bojo princípios éticos de experimentação com seres humanos, traçando, para tanto, um liame com os elementos que lhe contribuíram com o substrato de confecção. Nesta toada, igualmente, o presente visará explicitar, de modo objetivo, a singular importância do referido diploma para a comunidade científica, ao tempo em que destaca todo o ideário proveniente dos princípios constantes de sua redação. Palavras-chaves: Código de Nuremberg, princípio da beneficência, princípio da autonomia e princípio da justiça. Abstract: During the course of World War II, were perpetrated the saddest torture already registered in world history, producing the most shameful and abject toward whole collectivity, especially if the employment of humans reduced the condition of "guinea pigs" by doctors Nazis. From this perspective, this article adopts, as a fundamental pillar of rhapsodize about the necessity of the Nuremberg Code, international document embodying ethical principles in his underwear, experimentation with human beings, plotting, for both, a connection with the elements which have contributed to the substrate manufacturing. This tone also, this will cover, objectively, a singular importance degree for the scientific community, all the highlights from the principles set out in your essay. Keywords: Nuremberg Code, principle of beneficence, principle of autonomy and principle of justice. Sumário: I – Comentário Introdutório; II – Substrato Histórico: Segunda Guerra Mundial (1939-1945); III – Eugênia Nazista e a Experimentação com Seres Humanos; IV – Código de Nuremberg: A Disciplina da Experimentação Humana. I – Comentário Introdutório. Em uma primeira plana, preponderante se faz tecer alguns comentários acerca de toda a feição de estrutura que alicerça o Direito. É cediço que, dentre os muitos aspectos que integram a Ciência Jurídica, a mutabilidade é digno de nota e como tal deve ser observada quando propulsiona a adequação das normas, abstratas e genéricas, ao caso concreto. Nesta situação, busca-se atender as necessidades da população de modo geral, ao tempo que extirpa do seio da coletividade os ideários de vingança particular, resquícios do primitivismo proveniente da Lei de Talião. Nesta senda, como a boa técnica aconselha, pode-se citar o célebre brocardo jurídico ubi societas, ibi jus, que demonstra, de maneira clara e robusta, a interdependência mantida entre o Direito e a sociedade. Aliás, Ulpiano, no período romano, já alardeava que ubi homo ibi societas; ubi societas, ibi jus (onde está o homem, aí está a sociedade; onde está a sociedade, aí está o direito). Pois bem, pode-se vislumbrar, desta sorte, uma dupla consequência. Para a Ciência Jurídica, tal relação é pedra de sustento para atalhar a anacrosidade das normas, eliminando qualquer ranço de inalterabilidade e estagnação de seu arcabouço. Já para a sociedade, configura elemento magno de pacificação, pois evita que a força física suplante a lei e os ideários dela advindos, assim como a exploração dos mais fracos pelos abastados. Cuida pontuar, ainda, que quid sit iuris, isto é, o Direito, como ciência detentora de um arcabouço maciço de conhecimento, se funda, mormente, em uma conversão de fatores históricos que “conspiram” para a sedimentação de seus dogmas. Como manifesto exemplo do esposado, pode-se fazer menção a construção do Código de Nuremberg, fruto da mais ampla e triste sorte de experiências fomentadas na Segunda Guerra Mundial pelas forças alemãs em seus prisioneiros de guerra. II – Substrato Histórico: Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Como gizado anteriormente, fato é que o sucedâneo de elementos históricos tem o condão de construir ou ao menos ofertar o substrato indispensável para a edificação de documentos legais que rechacem o que ocorrera. Nesta esteira de pensamento, pode-se destacar que o Código de Nuremberg teve suas bases e baldrames fincados com a gama de atos horrendos e animalescos produzidos, sobretudo, durante o desenrolar da Segunda Grande Guerra. Foi durante os negros anos de 1939 e 1945 que as descompassadas ideias de Hitler em sua busca de uma raça pura se desenvolveu, produzindo chagas e úlceras que aviltaram a dignidade de tantos milhões e desencadearam a repulsa do ser humano para com o seu semelhante. As consequências produzidas há mais de cinquenta anos ainda sussurram na história e, felizmente, não permitem que cada indivíduo esqueça o que a sanha desmedida de um é capaz de produzir em relação a toda humanidade. O sangue de milhões de inocentes, em um Holocausto estúpido e infundado, banhou a Europa e revelou o ser humano em seu lado mais primitivo e, ao mesmo tempo mais maléfico, o homem como algoz do próprio homem, a ambição de um como flagelo de milhões. Calha pôr em destaque que no período em comento, pode-se verificar, de maneira robusta, a depreciação dos direitos humanos basilares, sendo suprimidos e sufocados pelo ideário fanático dos defensores do nazismo. Ao lado disso, pode-se ainda arvorar como premissa o fato que a concepção de dignidade da pessoa humana, tão festejada nas últimas décadas do século XX, reduz-se a um mero e utópico conceito, algo estéril e incapaz de atuar, tendo como marco de limitação, a vontade caprichosa e insensata de um governante atormentado. Neste apocalíptico quadro, as maiores perversões ganharam corpo e toda triste sorte de práticas subumanas de experimentação biológica gozam de grande destaque. Aqui, não mais se consegue distinguir o ser humano como criatura dotada de potencialidade a serem desenvolvida, ao revés, vê-se tão-somente milhões de cobaias à disposição de “médicos” e “enfermeiros”. III – A Eugênia Nazista e a Experimentação com Seres Humanos. Tendo por sedimento primário as breves ponderações tecidas alhures, pode-se considerar que a mola motriz para o desencadear de tais fatos repousa nas premissas de eugênia entabuladas pelo cientista inglês Francis Galton, que “propôs a seleção artificial para o aprimoramento da população humana segundo os critérios considerados melhores à época”[1]. Ao escrever a obra Hereditary Genius (O gênio herdado), em 1869, Galton observou que a inteligência em vários membros de múltiplas famílias inglesas durante sucessivas gerações, permitindo-lhe alcançar como conclusão de que “a inteligência acima da média nos indivíduos de uma determinada família se transmite hereditariamente”[2]. Destarte, acreditando que a condição inata, e não os múltiplos fatores oriundos do meio-ambiente, tinham o condão de determinar a inteligência, Galton propôs uma eugênia positiva, que se daria por meio de casamentos seletivos. Hitler, após ter contato com os ideários da eugênia americana, da qual, aliás, demonstrava ser profundo conhecedor, consolida sua posição eugenista ao ter contato com múltiplas publicações acerca do tema, moldando, por conseguinte, seu fanatismo à pseudociência da eugênia. “Ele (Hitler) preferiu legitimar seu ódio racial envolvendo-o numa fachada médica e pseudocientífica mais palatável – a eugenia. De fato, foi capaz de recrutar mais seguidores entre alemães equilibrados ao afirmar que a ciência estava a seus lado”[3] . Ainda nesta linha de ideia, pode-se citar a obra Mein Kampf, no qual Hitler declara que: “A exigência de que pessoas defeituosas podem ser impedidas de procriar descendências igualmente defeituosas parte da razão mais cristalina e, se sistematicamente executada, representa o ato mais humano da humanidade” (Hitler, Mein Kampf, v.I cap. X, p. 255, apud Edwin Black, op. cit. p. 443)[4]. “O Estado dos Povos deve estabelecer a raça no centro de toda vida. Precisa tomar cuidado para mantê-la pura… Precisa cuidar para que somente os saudáveis tenham filhos; pois existe apenas uma única desgraça: deixar que alguém, a despeito da própria doença e deficiência, traga crianças ao mundo… É necessário que sejam declarados incapazes para procriar todos os que são doentes de modo visível e que herdaram uma doença e podem, dessa maneira, passá-la adiante, e colocar isso em prática.” (Hitler, Mein Kampf, v.II cap. II, p. 403-404, apud Edwin Black, op. cit. p. 443)[5] “A prevenção da faculdade de procriadora e da oportunidade para procriar, da parte dos fisicamente degenerados e mentalmente enfermos, durante um período de seiscentos anos, não somente libertará a humanidade de uma incomensurável desgraça mas levará a uma recuperação que hoje parece escassamente conceptível… O resultado será uma raça que, pelo menos, terá eliminado os germes da nossa atual decadência física, e consequentemente, espiritual.” (Hitler, Mein Kampf, v.II cap. II, p.p. 402, 404-405, apud Edwin Black, op. cit. p. 443)[6]. Cumpre destacar que a razão motivadora para que a medicina se dedicasse ao campo eugênico foi à busca da sociedade perfeita, pois, segundo os nazistas, a inferioridade dos não arianos, não decorria de qualquer desigualdade social existentes, mas sim dos laços sanguíneos existentes, da etnia que pertenciam. Logo, esse era a causa que motivava a inferioridade racial e que acarretava os problemas sociais. Portanto, o extermínio seria apenas uma seleção natural que traria benefício à sociedade, verifica-se, desta feita, a clara amoldagem do fanatismo de Hitler aos ideais de eugênia propostos por Galton. Um ponto que merece ser apontado está relacionado ao fato curioso dos médicos usarem até mesmo ambulâncias da Cruz vermelha, para demonstrarem que as execuções se resumiam a um favor humanitário, necessário para a obtenção de uma raça pura e superior às demais. É possível traçar entre os doentes incuráveis, sessenta (60) mil epiléticos, quatro (04) mil cegos, dezesseis (16) mil surdos, vinte (20) mil deficientes físicos, dez (10) mil alcoólatras, duzentos (200) mil deficientes mentais, oitenta (80) mil esquizofrênicos e vinte mil (20) mil maníacos depressivos foram executados. Tudo em busca de uma raça ariana pura. As experiências, lideradas principalmente pelo Dr. Josef Mengele, o “Anjo da Morte”, eram, essencialmente, de cunho genético, desenvolvendo seus experimentos em Auschwitz. Conta-se que no referido campo de concentração, o “Anjo da Morte”, propositalmente, contaminava judeus sadios com o bacilo do tifo, no intuito de criar vacinas (antídotos). Inclui-se também a utilização de injeções de tintas de cor azul nos olhos de crianças ou ainda amputações de cunho diverso e cirurgias caracterizadas pela brutalidade acentuada, assim como a tentativa de, pelo menos uma vez, criar siameses de forma artificial, mediante a união de veias de irmãos gêmeos (Wikipédia, 2010). Narra-se, ainda, que com o intuito de avaliar a resistência do corpo humano, médicos empregavam câmaras de alta e baixa temperatura, composta por dezenas de prisioneiros. Registra-se que com as referenciadas práticas de hipotermia, centenas de pessoas foram vitimizadas. Todos esses atos científicos compreendiam a política biológica defendida pelos nazis, que em nome da busca da raça perfeita, fizeram seres humanos como meras cobaias. Outro exemplo de médico nazista que perpetrou verdadeiros atentados contra a humanidade foi Dr. Carl Clauberg que injetou uma sucessão de substâncias químicas no útero de milhares de mulheres de origem judia e cigana. Segundo é narrado, as vítimas passavam por um processo de esterilização oriundo das injeções que produziam uma dor extrema, sendo comum a inflamação dos ovários, espasmos estomacais e hemorragias internas. Além disso, o Dr. Carl Clauberg posicionava homens e mulheres repetidamente durante vários minutos entre duas máquinas de radiografia apontadas aos seus órgãos sexuais. Contudo, a maioria das vítimas morriam imediatamente e aqueles que conseguiam sobreviver, eram levados para câmaras de gás e devido aos graves ferimentos causados pela radiação, tornava-se um impedimento para o regresso ao trabalho forçado (Tortura.wordspress, 2010). Célebre pelas atrocidades cometidas, a Drª. Herta Oberheuser se valia de injeções de óleo e evipan para assassinar suas vítimas, preferencialmente, crianças. Conforme é descrito, posteriormente, a médica retirava os órgãos vitais para análise. “O intervalo entre a injecção e a morte variava entre 3 e 5 minutos estando à pessoa perfeitamente consciente até ao último momento” (Tortura.wordspress, 2010). É considerada como o indivíduo que fez as experiências mais repulsivas e cruéis já tentadas pelo ser humano, uma vez que o objetivo primordial era tão-só infringir dor em suas “cobaias”, pois, entre os objetos que utilizava estava a inserção de pregos enferrujados, lascas de vidro e madeira, desse modo, simulando as condições de batalha de um soldado alemão (Tortura.wordspress, 2010). IV – O Código de Nuremberg: A Disciplina da Experimentação Humana. Um dos principais documentos que surgiram no pós-Segunda Guerra Mundial é o Código de Nuremberg, que consiste em um documento internacional que em seu âmago compreende um conjunto de princípios de essência ética e que regem as experiências com seres humanos, observando o tratamento digno dos indivíduos que servem como elementos para experimentação médica. Em um primeiro contato, pode-se considerar que o documento em comento teve como fito repudiar, expressamente, toda a multiplicidade de crimes motivados pelo “avanço” médico impensado, propulsionado tão-somente pela incontida busca da raça pura ariana. Tal fato se torna ainda mais palpável quando se observa que dos vinte e três julgados pelo Tribunal Militar Internacional, em Nuremberg, vinte eram médicos, considerados como criminosos de guerra justamente pelos brutais experimentos desenvolvidos com seres humanos nos campos de concentração nazistas. Devido a todo o substrato sobre qual se construiu o diploma internacional em análise, é possível extrair como principal característica a estruturação de dez princípios básicos, que determinam em seu texto as normas do consentimento informado e da ilegalidade da coerção da experimentação humana. Verifica-se, também, os sustentáculos da regulamentação dos experimentos científicos com seres humanos, bem como a defesa pela beneficência como um dos fatores justificáveis sobre os participantes dos experimentos. Aliás, isso é perceptível no primeiro artigo do referido documento: “1 – O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente essencial. Isso significa que a pessoa envolvida deve ser legalmente capacitada para dar o seu consentimento; tal pessoa deve exercer o seu direito livre de escolha, sem intervenção de qualquer desses elementos: força, fraude, mentira, coação, astúcia ou outra forma de restrição ou coerção posterior; e deve ter conhecimento e compreensão suficientes do assunto em questão para tomar sua decisão. Esse último aspecto requer que sejam explicadas à pessoa a natureza, duração e propósito do experimento; os métodos que o conduzirão; as inconveniências e riscos esperados; os eventuais efeitos que o experimento possa ter sobre a saúde do participante. O dever e a responsabilidade de garantir a qualidade do consentimento recaem sobre o pesquisador que inicia, dirige ou gerencia o experimento. São deveres e responsabilidades que não podem ser delegados a outrem impunemente”[7]. Ao esmiuçar a redação do referido artigo, infere-se a consagração da liberdade daquele participante que servirá como elemento na experimentação, salvaguardando o consentimento voluntário, sem qualquer intervenção ou ingerência, repudiando, expressamente, a forma coercitiva e arbitrária com que se deu durante o conflito armado. Trata-se, desta feita, da consagração do princípio da autonomia, que, “em resumo, diz que todo ser humano deve ser livre para decidir sobre o que é melhor para si, não podendo, de forma alguma, ser coagido a tomar decisões que firam seus interesses” (PIRES et all, 2010). Ademais, como bem pontua Pires e Trindade (2010), para que tal fato ocorra, é indispensável que o indivíduo esteja devidamente informado sobre as vantagens e desvantagens, como também dos riscos dos procedimentos ao qual está submetendo, o que se pode perceber, inclusive, taxativamente entalhado na redação do dispostivo em exame. Igualmente, pode-se ainda trazer à baila o art. 2º do Código de Nuremberg que consagra o princípio da beneficência, como aduz a redação do referido: “2 – O experimento deve ser tal que produza resultados vantajosos para a sociedade, os quais não possam ser buscados por outros métodos de estudo, e não devem ser feitos casuística e desnecessariamente”. (Wikipédia, 2010). Aliás, em atinência ao referido princípio, alguns pontos são dignos de comentários, como bem pondera Jussara de Azambuja Loch[8], beneficência quer dizer fazer o bem. Assim, em uma perspectiva prática, significa ter a obrigação moral de agir para o benefício do outro. Como pontua a supracitada articulista, “este conceito, quando é utilizado na área de cuidados com a saúde, que engloba todas as profissões das ciências biomédicas, significa fazer o que é melhor para o paciente, não só do ponto de vista técnico-assistencial, mas também do ponto de vista ético”. Ainda nesta trilha de raciocínio, insta frisar o robusto entendimento firmado por Pires e Trindade (2010), mormente, quando destacam que a finalidade última do desenvolvimento da ciência deveria repousar sobre o conforto e o bem-estar dos seres humanos. Em sua ponderação, os referidos articulistas ainda destacam que: “Portanto, as pesquisas, principalmente as biomédicas, jamais poderiam provocar sofrimento físico ou submeter seus sujeitos a situações humilhantes. O que sobressai nesse princípio é a obrigatoriedade de se fazer o bem, de procurar a cura ou tratamento de doenças sem que, para isso, seja necessário prejudicar ou sacrificar uma pessoa para atingir os objetivos”. (PIRES et all, 2010) Verifica-se, também, consagrado no Código de Nuremberg a ótica de não infringir sofrimento naquele que serve como voluntário nos experimentos, o que revela o repúdio do agir de figuras como Dra. Herta Oberheuser, Dr, Carl Clauberg e Dr. Josef Mengele. Isto é, a experimentação com seres humanos não pode ser feita ao acaso ou ainda de forma desmedida, em razão de não ser o voluntário uma mera “cobaia”, ao contrário trata-se de um indivíduo que com o seu “sacrifício” auxilia a evolução médica e o aprimoramento das técnicas em prol da humanidade. Pode-se, inclusive, construir tal ideário a partir da redação dos artigos 4º ao 7º do Código de Nuremberg: “4º – O experimento deve ser conduzido de maneira a evitar todo o sofrimento e danos desnecessários, físicos ou mentais. 5º – Nenhum experimento deve ser conduzido quando existirem razões para acreditar numa possível morte ou invalidez permanente; exceto, talvez, no caso de o próprio médico pesquisador se submeter ao experimento. 6º – O grau de risco aceitável deve ser limitado pela importância humanitária do problema que o pesquisador se propõe resolver. 7º – Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o participante do experimento de qualquer possibilidade, mesmo remota, de dano, invalidez ou morte.” (Wikipédia, 2010) O terceiro e último princípio que se pode considerar consagrado no Código de Nuremberg tange à justiça. Desta forma, compreende-se que os seres humanos são iguais desde seu nascimento,“não lhes podendo ser negado qualquer tratamento ou assistência em função de discriminação oriunda de seu status social, raça ou qualquer outro fator subjacente a sua identidade” (PIRES et all, 2010). Logo, todos aqueles que participarem de experimentos biomédicos devem, imperiosamente, ser tratados com a imparcialidade por parte do pesquisador, porquanto os eventuais venefícios devem ser, obrigatoriamente, de forma equânime entre os sujeitos participantes. Face ao esposado, é possível salientar que a utilização do ser humano em pesquisas médicas usufrui de grande importância, sobretudo quando se lança mão de múltiplos exemplos consagrados pela história, como a vacina contra a varíola, a vacina contra a hidrofobia, a descoberta da insulina, os estudos sobre a febre amarela, a prevenção da pelgra e a história das pesquisas em anestesiologia. Todavia, estas devem se pautar em um procedimento norteado pela tecnicidade do médico que a produz, aliado com a conscientização do voluntario e o respeito à sua integridade, objetivando evitar que novas sanhas impensadas e desmedidas venham a ser produzidas em nome do avanço da medicina. Referência: Carl Clauberg. Disponível no site: . Acesso dia 12 de Setembro de 2010.. CARMO, Jairo Francisco do. Os herdeiros do Holocausto, onde estão?. Disponível em: . Acesso dia 12 de Setembro de 2010. Código de Nuremberg. Disponível no site: . Acesso dia 12 de Setembro de 2010 COTRIN, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. Volume Único. São Paulo: Editora Saraiva, 2007. Declaração Americana de Direitos Humanos. Disponível no site: . Acesso dia 12 de Setembro de 2010. Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Disponível no site: .Acesso dia 12 de Setembro de 2010. Eugênia. Disponível no site: . Acesso dia 12 de Setembro de 2010. FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. Volume Único. São Paulo: Editora Saraiva, 2003. GAMA, Ricardo Rodrigues. Dicionário Básico Jurídico. São Paulo: Editora Russel, 2006. Herta Oberheuser. Disponível no site: . Acesso dia 12 de Setembro de 2010. LOCH, Jussara de Azambuja. Princípios da Bioética. Disponível no site: . Acesso dia 12 de Setembro de 2010. MEIRELES, Raimundo Gomes. Direito e Filosofia. Disponível no site: . Acesso dia 12 de Setembro de 2010. MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais: Teoria Geral. 5ª Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2003. PEDROSA, Paulo Sérgio Rodrigues. Eugenia: o pesadelo genético do século XX. Parte III: a ciência nazista. Disponível na MONTFORT Associação Cultural – site: . Acesso dia 12 de Setembro de 2010. PIRES, Jansen Ribeiro Pires; TRINDADE, José Geraldo Campos. Das Origens da Bioética à Bioética Principalista. Disponível no site: . Acesso dia 13 de Setembro de 2010. Notas: [1] – Disponível no site: . [2]– Idem. [3]– Disponível no site: . [4]– Idem. [5]– Idem. [6]– Idem. [7]– Disponível no site: . [8] – Disponível no site: *** *** https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-105/codigo-de-nuremberg-a-construcao-historica-da-pesquisa-com-seres-humanos/ *** ***