Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sábado, 16 de abril de 2022
Abre a cortina do passado
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GREG NEWS | GERALDO ALCKMIN
169.937 visualizaçõesEstreou há 12 horas
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HBO Brasil
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Confira o 5º episódio da sexta temporada do Greg News, com Gregorio Duvivier! Toda sexta, às 23h, você assiste a um novo episódio na HBO Brasil.
Para ver o Greg News na íntegra: hbomax.com/br
https://www.youtube.com/watch?v=NBOeGUZ36ZY
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Opinião do dia - Hannah Arendt*: pensar o futuro
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El País
Hannah Arendt continua pensando | Babelia | EL PAÍS Brasil
https://brasil.elpais.com/babelia/2020-05-31/hannah-arendt-continua-pensando.html
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sábado, 16 de abril de 2022
Opinião do dia - Hannah Arendt*: pensar o futuro
“No momento em que voltamos nosso espírito para o futuro, não estamos mais preocupados com “objetos”, mas sim com projetos, e não importa se eles formados espontaneamente ou como reações antecipadas a circunstâncias futuras. E assim como o passado apresenta-se ao espírito sempre com aspecto de certeza, a característica principal do futuro é sua incerteza básica, por mais alto que seja o grau de probabilidade a que se possa chegar em uma previsão. Em outras palavras, estamos lidando com coisas que nunca foram, que ainda não são e que podem muito bem nunca vir a ser.”
*Hannah Arendt (1906-1975), “A vida do espírito” p.274. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2009.
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Aquarela Do Brasil
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Emílio Santiago
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Emílio Santiago
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Brasil!
Meu Brasil Brasileiro
Mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingá
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor...
Abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Canta denovo o trovador
A merencória à luz da lua
Toda canção do seu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado...
Esse coqueiro que dá côco
Oi! Onde amarro minha rede
Nas noites claras de luar
Por essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro
Terra de samba e pandeiro...
Brasil!
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiferente
Brasil, samba que dá
Para o mundo se admirar
O Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor...
Abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Canta denovo o trovador
A merencória à luz da lua
Toda canção do seu amor
Huuum!
Essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado...
Esse coqueiro que dá côco
Onde amarro minha rede
Nas noites claras de luar
Por essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a lua vem brincar
Huuum!
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro
Terra de samba e pandeiro...
Brasil!
Meu Brasil Brasileiro
Mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingá
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor...
Abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Canta denovo o trovador
A merencória à luz da lua
Toda canção do seu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado...
Esse coqueiro que dá côco
Onde amarro minha rede
Nas noites claras de luar
Por essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro
Terra de samba e pandeiro...
Oi! Essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil!
O Melhor Das Aquarelas (Ao Vivo) (2005) - Emílio Santiago
Gravadora:
Ano: 2005
Faixa: 15
https://www.kboing.com.br/emilio-santiago/aquarela-do-brasil/
https://youtu.be/PqVmitdEp9k
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Seu Geraldo
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ESCOLINHA DO PROFESSOR RAIMUNDO - SEU GERALDO FALANDO PESQUISOU O TRABALHO SOBRE A ITÁLIA
https://www.youtube.com/watch?v=L4Wyb4kNn7g
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Você é meu chuchuzinho!
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Pelados Em Santos
Mamonas Assassinas
https://www.kboing.com.br/mamonas-assassinas/pelados-em-santos/
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Citações e frases famosas
Hannah Arendt citações recentes (109 citações) | Citações e frases famosas
https://citacoes.in/autores/hannah-arendt/?o=new
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Como pronunciar Hannah Arendt
Frases
Hannah Arendt exemplo em uma frase
La mentira siempre ha sido vista como una herramienta necesaria y justificable para la actividad no sólo de los políticos y los demagogos sino también del hombre de Estado. (Hannah Arendt.)
Pronúncia de La mentira siempre ha sido vista como una herramienta necesaria y justificable para la actividad no sólo de los políticos y los demagogos sino también del hombre de Estado. (Hannah Arendt.)Pronunciada por Covarrubias (Masculino de Espanha)
Hay un precepto bajo el cual he vivido: prepárate para lo peor, espera lo mejor y acepta lo que venga. (Hannah Arendt)
Pronúncia de Hay un precepto bajo el cual he vivido: prepárate para lo peor, espera lo mejor y acepta lo que venga. (Hannah Arendt)Pronunciada por Covarrubias (Masculino de Espanha)
Si todo el mundo siempre miente, el efecto no es que usted crea las mentiras, sino más bien que nadie crea ya en nada más.(Hannah Arendt)
Pronúncia de Si todo el mundo siempre miente, el efecto no es que usted crea las mentiras, sino más bien que nadie crea ya en nada más.(Hannah Arendt)Pronunciada por Covarrubias (Masculino de Espanha)
Você sabe como se pronuncia Hannah Arendt?
https://pt.forvo.com/word/hannah_arendt/
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EL PAÍS
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Hannah Arendt continua pensando
Filósofa refletiu sobre temas que seguem preocupando: o perigo das emoções na política, a confusão entre fatos e opiniões, a crise da cultura e o totalitarismo. Sua obra vive um autêntico ‘boom’ editorial
Máriam Martínez-Bascuñán
MÁRIAM MARTÍNEZ-BASCUÑÁN
31 MAY 2020 - 17:05 BRT
Hannah Arendt, na Universidade de Chicago em 1966.
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Estado da Arte
Por que ler Hannah Arendt hoje? - Estado da Arte
https://estadodaarte.estadao.com.br/por-que-ler-arendt-bernstein-apresentacao/
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Isak Dinesen dizia que é possível suportar toda a dor se a transformarmos em uma história. Algo parecido poderia se afirmar de Hannah Arendt e sua fecunda relação com a teoria política, um campo do saber que reivindicou com afinco e que lhe serviu para enfrentar todas as crises políticas e pessoais dos amargos tempos em que viveu. Hoje, como à época, o vocabulário que utilizou para pensar e narrar o mundo, suas reflexões e essa escrita tão bela, tão sua, nos ajudam a interpretar o que nos acontece, ainda que seja somente como simples anões olhando o mundo no ombro de gigantes. Ela, evidentemente, o foi, e é sempre uma maravilhosa surpresa descobrir que, por trás de uma obra brilhante, também há uma vida que irradia luz. Foi assim, curiosamente, como ela mesma descreveu a seus referentes em Homens em Tempos Sombrios: Isak Dinesen, a apaixonada autora de A Fazenda Africana, para quem relatar histórias era “deixar que se fossem” e encorajava a “repetir a vida na imaginação”; Walter Benjamin, aquele “homenzinho corcunda” de poético pensamento; e seu mestre Karl Jaspers, cuja vida dedicada à Humanität fez com que a luz do público terminasse por “modelar toda sua pessoa”.
MAIS INFORMAÇÕES
Federico Finchelstein, este viernes en Madrid.
“Bolsonaro acredita no ‘líder acima de tudo’, inclusive da saúde da população em tempos de pandemia”
Benito Mussolini, durante la proclamación del “Imperio italiano” el 9 de mayo de 1936 en Roma.
Contra os 100 anos de fascismos
Antonio Scurati: “Ridicularizamos Trump por seu físico e Salvini por ser vulgar, e assim ganham eleitores que pensam que os imbecis somos nós”
Foi assim que Arendt olhou e descreveu seus contemporâneos, com a mesma empatia e honestidade intelectual com as que tentou contemplar e analisar as turbulências políticas do século XX. Quem quiser encontrar nela um pensamento sistemático, um corpus teórico ordenado e coerente, é melhor que não leia seus escritos. A originalidade de Arendt está justamente em que seus livros escapam a qualquer classificação. Cada um obedece a um propósito e um assunto diferentes, e neles disseca conceitos com a precisão de um cirurgião e a beleza de quem sabe que a linguagem é um precioso tesouro, escapando de qualquer tentação de trancar seu pensamento em um sistema, incluindo de oferecer uma linha argumentativa que sirva de “parapeito” e “corrimão”, como ela mesma dizia, para construirmos um refúgio tranquilizador onde tudo nos encaixa. Muito pelo contrário, descreveu a atividade de pensar como entendeu sua própria vida, como um risco e a partir de uma inspiração profundamente socrática, compreendida como um exercício que sacode e expulsa rotinas, que nos obriga a coser e descoser nossos pensamentos.
Arendt encarou os assuntos mais complexos com a coragem e a prudência do pensador que os observa de frente e os analisa da distância e com o filtro da reflexão. Em suas obras, ressaltou a importância do julgamento político como essa forma concreta que adota o pensar no mundo da política, e também falou de nossa responsabilidade, da radicalidade do mal e sua banalização, do totalitarismo como argamassa homogeneizadora de sujeitos atomizados, da atividade do pensar e a artificialidade e evanescência da esfera pública, e dessa “brilhante luz da presença constante dos outros”. Não se encolheu diante de nenhum tema: a verdade e a mentira na política, o poder como ação acordada e seu oposto, a atração pela violência. São somente alguns exemplos de tudo o que Arendt se atreveu a pensar de maneira genuína, controversa e incisiva, sempre com voz própria: a única maneira de pensar. Por isso não é casual que hoje suas palavras nos interpelem com tanta força. Seu poder está em sua peculiar forma de abordar os grandes temas, de iluminar seus muitos e paradoxais aspectos, de enlaçar sutilmente conceitos e se atrever a fazer todas as perguntas.
Durante os últimos anos, nos vimos obrigados a voltar o olhar ao livro As Origens do Totalitarismo, onde disseca os pontos fundamentais que explicam essa estranha lealdade consubstancial aos movimentos de massas que os populistas de toda espécie buscam. O exemplo paradigmático é, evidentemente, Trump, e aquelas aterrorizantes palavras que pronunciou em Iowa na campanha de 2016: “Poderia estar em plena Quinta Avenida e atirar em alguém, e não perderia eleitores”. Essa forma acrítica de ser partidário estava relacionada com essa ideia que ele soube ativar em seus eleitores e que Arendt descreveu em sua obra-prima: faziam parte de algo maior do que uma força política convencional; integravam um movimento. Muitos dos fenômenos que descrevem essa era da pós-verdade foram explicados e desenvolvidos por Arendt ao nos falar da adesão inquebrantável aos novos demagogos de seu tempo. Sobrevivente de uma época mais atribulada do que a atual, Arendt soube ver como tais movimentos sempre apresentam sistemas de significado alternativos perfeitamente coerentes, onde o que convence seus integrantes não são os fatos (“nem mesmo os fatos inventados”, nos diz) e sim a consistência aparente daquilo a que nos sentimos pertencer. Já aparece aqui a insuportável carga emocional com a que hoje nos ligamos a nossa tribo.
A autora de Verdade e Política também nos ajudou a diferenciar entre verdades factuais e opiniões, nos alertando que “a liberdade de opinião é uma farsa se não se garantir a informação objetiva e os próprios fatos não forem aceitos”. Dessas observações se destila a imensa importância que Arendt concedeu à esfera pública, esse espaço que permite a existência de um “mundo comum” e sua inevitável conexão com a pluralidade de opiniões e a liberdade humana. Porque somente com a discussão “humanizamos aquilo que está acontecendo no mundo e em nós mesmos, pelo mero fato de falar sobre isso; e à medida que o fazemos, aprendemos a ser humanos”. Arendt nos alertava do risco de preencher esse espaço de uma única verdade, pois qualquer verdade “termina necessariamente o movimento do pensamento”. Assim, pluralidade e liberdade estão sempre juntas com ela, conectadas à esfera pública a partir de seu republicanismo, nesse espaço de aparição que possibilita a autonomia pessoal e política exatamente ali onde convivem vozes dissidentes, levando adiante uma discussão autêntica, capaz de gerar um “mundo comum”. Mas é a informação objetiva que garante que possamos nos pronunciar sobre algo com uma ancoragem no real, fugindo de realidades paralelas e da tentação de levar ao público meras inquietudes privadas. As opiniões só podem se formar com a condição de que existam essa informação objetiva e uma discussão autenticamente plural e aberta; do contrário, ocorrerão “estados de ânimo, mas não de opiniões”. É inevitável pensar na atual quebra do espaço público derivada do absurdo poder das redes, de sua potestade para expulsar as vozes dissidentes e preencher o debate de mera emocionalidade.
A reivindicação do puramente fatual não a fez evitar as perguntas políticas sobre como os fatos do passado afetavam o presente, mas também o futuro. Sua motivação, seu impulso político estiveram caracterizados pelo que ela mesma denominou “amor do mundo”, por nossa responsabilidade para com seu cuidado. Por isso precisamos de Arendt, porque constrói a partir da esperança, transformando-a em categoria política. Hoje, quando parece que todos os males residem no futuro, Arendt nos lembra que, enquanto existirem novas vidas, sempre existirá a possibilidade de “um novo começo”, porque “cada recém-chegado” tem a capacidade de “fazer algo novo”, a faculdade de fazer e manter novas promessas que permitam construir “ilhas de segurança”. Tais promessas são os pactos sobre os quais se edificam as instituições, o marco de referência que permitem desenvolver o jogo de nossa vida em comum. Sem elas, não há jogo e estabilidade possíveis, mas também não, curiosamente, pluralidade, ação e movimento. A ausência de certezas não nos libera da responsabilidade de cuidar do mundo que compartilhamos. Esse é o legado de Hannah Arendt. Talvez não seja um ponto de vista ruim.
LEITURAS
Hannah Arendt. Por Amor ao Mundo. Elisabeth Young-Bruehl. Relume-Dumará.
Nos Passos de Hannah Arendt. Laure Adler. Record.
Eichmann Em Jerusalém. Hannah Arendt. Companhia das Letras.
Origens do Totalitarismo. Hannah Arendt. Companhia de Bolso.
A Condição Humana. Hannah Arendt. Grupo GEN.
A Vida do Espírito. Hannah Arendt. Civilização Brasileira.
Da Revolução. Hannah Arendt. Penguin Books.
Entre o Passado e o Futuro. Oito Exercícios Sobre a Reflexão Política. Hannah Arendt. Perspectiva.
Compreender: formação, exílio e totalitarismo; ensaios (1930-1954). Hannah Arendt. Companhia das Letras.
Crises da República. Hannah Arendt. Perspectiva.
Tiempos presentes. Hannah Arendt. Gedisa.
Homens em Tempos Sombrios. Hannah Arendt. Companhia de Bolso.
Diario Filosófico. Hannah Arendt. Herder.
Poemas. Hannah Arendt. Herder.
Mais informações
Cartaz de protesto contra Bolsonaro na Índia.
A correia de transmissão do autoritarismo no Brasil de Bolsonaro
PEDRO ABRAMOVAY
O filósofo Michel Feher na última terça-feira, em Barcelona.
“A extrema direita garante ‘solvência’ a quem adere a seus valores”
NOELIA RAMÍREZ
ARQUIVADO EM
Hannah Arendt
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Cultura
Totalitarismo
Ditadura
Ultradireita
Política
Guerra
Intelectuais
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A QUEDA DA
CASA DE USHER
"Son couer est un luth suspendu;Sitôt qu'on le touche, il
résonne".
Du Beranger
Durante todo um dia pesado, escuro e mudo de
outono, em que nuvens baixas amontoavam-se
opressivamente no céu, eu percorri a cavalo um trecho de
campo singularmente triste, e finalmente me encontrei,
quando as sombras da noite se avizinhavam, à vista da
melancólica Casa de Usher. Não sei como foi – mas, ao
primeiro olhar que lancei ao edifício, uma sensação de
insuportável angústia invadiu o meu espírito. Digo
insuportável, pois tal sensação não foi aliviada por nada
desse sentimento quase agradável na sua poesia, com o
qual a mente ordinariamente acolhe mesmo as imagens
mais cruéis por sua desolação e seu horror. Olhei para a
cena que se abria diante de mim – para a casa simples e
para a simples paisagem do domínio para as paredes frias
– para as janelas paradas como olhos vidrados – para
algumas moitas de juncos – e para uns troncos alvacentos
de árvores mortas – com uma enorme depressão mental
que só posso comparar, com alguma propriedade, com os
momentos que se sucedem ao despertar de um fumador
de ópio – com o momento amargo de retorno à rotina –
com o terrível cair do véu. Eu tinha no coração uma
invencível tristeza onde nenhum estímulo da Imaginação
podia descobrir qualquer coisa de sublime. Que era –
pensava eu, imóvel – que era isso que tanto me
atormentava na contemplação da Casa de Usher? Era um
mistério inteiramente impenetrável; também não consegui
compreender as idéias nebulosas que me assaltaram. Fui
forçado a contentar-me com a conclusão insatisfatória de
que enquanto, sem dúvida, há combinações de coisas simples que têm o poder de assim nos afetar, a análise
desse poder ainda está entre as cogitações além do nosso
alcance. Refleti que era possível que um simples arranjo
diferente dos pormenores do cenário, das minúcias do
quadro, seria suficiente para modificar, ou talvez para
aniquilar a sua capacidade de suscitar impressões
penosas; e, procedendo de acordo com esta idéia, dirigi o
meu cavalo para a borda escarpada de uma lagoa, ou
antes de um charco sombrio e lúgubre que formava um
sereno espelho perto da residência, e olhei para baixo –
mas com uma emoção ainda mais profunda do que antes
para as imagens invertidas das junças cinzentas, e dos
troncos espectrais, e das janelas paradas com olhos
mortiços.
Apesar de tudo, resolvi então ficar durante algumas
semanas nessa mansão de melancolia. Seu proprietário,
Roderick Usher, fora um dos meus alegres companheiros
de infância; mas muitos anos haviam decorrido depois
que nos tínhamos encontrado pela última vez. Uma carta,
entretanto, fora, havia pouco, ter às minhas mãos num
recanto distante do país – uma carta dele – a qual, no seu
tom grandemente impertinente, não admitia outra
resposta, que a minha presença. A letra evidenciava a sua
agitação nervosa. Falava numa doença física aguda – num
distúrbio mental que o atormentava – e num grande
desejo de ver-me, por ser eu o seu melhor e, mesmo, o
seu único amigo pessoal, esperando que a satisfação de
me tornar a ver trouxesse algum alívio aos seus
padecimentos. Foi a maneira como tudo isto, e muito mais
do que isto, me foi dito – foi o coração que impregnava o
seu pedido, o que não me permitiu um momento de
hesitação; e, assim obedeci em seguida ao que, todavia,
considerei uma convocação bastante singular.
A QUEDA DA
CASA DE USHER
EDGAR
ALLAN POE
https://liualcarothar.files.wordpress.com/2012/02/a-queda-da-casa-de-usher-poe.pdf
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