Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sexta-feira, 26 de março de 2021
Sua Excelência, o fato
"O Dr. Ulysses Guimarães gostava da expressão Sua Excelência, o fato, para se referir a algo irrefutável, semelhante ao los hechos son los hechos dos espanhóis. Em jornalismo muitas vezes temos de provar com fatos uma afirmação, uma denúncia, até mesmo uma insinuação."
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Por Paulo José Cunha*
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No seu pronunciamento em rede nacional na última terça-feira, Jair Bolsonaro tentou mudar narrativa sobre apoio do governo federal às vacinas contra a Covid-19 | Reprodução
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Por Malu Gaspar
25/03/2021 • 06:00
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- O Globo
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Quando os historiadores do futuro olharem para os tempos atuais, possivelmente encontrarão na terceira semana de março de 2021 um bom roteiro para entender como chegamos ao ponto em que estamos. Na terça-feira à noite, Jair Bolsonaro fez um pronunciamento em que, sem nenhum pudor, tentou reescrever a história de como sabotou quanto pôde as iniciativas de negociação e compra de vacinas para a prevenção da Covid-19.
No mesmo dia, do lado oposto da Praça dos Três Poderes, a decisão do Supremo que concluiu pela parcialidade do ex-juiz Sergio Moro, no caso de Lula, fez brotar na outra ponta do espectro político a narrativa que tenta editar a realidade, apagando a corrupção comprovada e confessada à exaustão.
De formas diferentes, os dois episódios dizem muito sobre o que nos tornamos.
Bolsonaro declarou que sempre considerou o vírus um grande desafio, pensando talvez que alguma lavagem cerebral vá apagar da mente dos brasileiros a expressão “gripezinha”. Recitou sempre ter afirmado que compraria qualquer vacina aprovada pela Anvisa, quando estão amplamente registrados, em vídeos, tuítes e discursos, seu desprezo pela vacinação e as repetidas afirmações de que não compraria a “vacina chinesa do Doria” — sem contar sua mania de sugerir que vacinas têm efeitos danosos à saúde.
Itamaraty: Por mais vacinas, presidentes da Câmara e do Senado querem saída de Ernesto Araújo
O presidente da República disse também que, no final do ano, o Brasil terá garantido 500 milhões de doses para imunizar toda a população. É pelo que torcemos todos os dias, mas garantir isso com base em encomendas de dezenas de milhões de doses que não se sabe ao certo quando chegam só pode ser má-fé.
Embora seja aviltante, não é um comportamento surpreendente. Bolsonaro sempre foi movido pela disseminação de desinformação e de notícias falsas. Sua versão da realidade invariavelmente é composta de um pastiche de fatos que lhe convêm.
Mas todo o sofrimento e as falácias perpetradas pelo presidente da República aparentemente não serviram de alerta para o perigo de tentar reescrever a história usando apenas os fatos que interessam.
Também televisionada e comentada em tempo real, a decisão do Supremo sobre Moro foi celebrada como uma permissão para que se esqueça o que ocorreu no Brasil nas últimas décadas. Não é.
As atitudes da república de Curitiba e as mensagens da Vaza-Jato precisam entrar para a história da mesma forma que as confissões dos delatores da Odebrecht e as provas que demonstram como ocorreram e quem ganhou com desvios bilionários na Petrobras, na Eletrobras e na Sete Brasil, apenas para citar alguns casos.
Para quem respeita os fatos mais do que as narrativas, a decisão de Gilmar Mendes de impedir a posse de Lula na Casa Civil de Dilma Rousseff, depois que Moro autorizou a divulgação dos áudios grampeados fora do prazo legal, deveria figurar nos anais com a gravação do telefonema em que o mesmo Mendes se propõe a ajudar Aécio Neves a pressionar um senador a votar pela aprovação de uma lei de abuso de autoridade.
Ficaria bem, aliás, se colocada na mesma seção que o choro do ministro do Supremo em homenagem ao advogado de Lula, no julgamento desta semana — com a longa explicação da ministra Cármen Lúcia para o fato de ter mudado de opinião, mesmo dizendo que as mensagens captadas pelos hackers nada tinham a ver com isso.
Ao falar sobre o episódio dos áudios, Mendes se mostrou indignado com a omissão, na divulgação das gravações, de conversas em que o ex-presidente Lula se dizia relutante em assumir a Casa Civil. “Alguém me diga que isso é normal?”, questionou o ministro. “Alguém me diga que isso ficará sem consequências jurídicas? E não preciso de hackers aqui, ministro Kassio. Não é preciso invocar as lições de hackers aqui, mas os fatos. Os fatos. Sua excelência, o fato.”
Mendes tem razão. A escolha dos fatos que interessam para construir as narrativas que convêm nos fez chegar até aqui.
A eleição de 2018 mostrou que os brasileiros estavam mais suscetíveis a esse tipo de narrativa do que se imaginava. Não seria exagero dizer que muita gente viu em Bolsonaro a oportunidade de se agarrar a visões simplistas e parciais da realidade, para não ter de lidar com os assuntos que incomodavam — como o imperativo da tolerância e da diversidade de opiniões, credos e ideologias que faz da democracia o melhor regime de convivência possível.
Contudo, ao contrário do que possa parecer a alguns adoradores de mitos, a escolha dos fatos que convêm não fará desaparecer da história a mentira e a crueldade que nos governam em meio à tragédia. Assim como não fará sumir a corrupção do passado e do presente.
Reescrever a história de forma conveniente pode ser um bom anestésico. Mas não vai nos dar a clareza e a maturidade que podem imunizar contra as mentiras dos novos e velhos falsos profetas.
Leia mais: Juízes não podem tudo
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https://blogs.oglobo.globo.com/malu-gaspar/post/sua-excelencia-o-fato.html
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quinta-feira, 25 de março de 2021
Luiz Carlos Azedo - Sinistro, 300 mil mortos
- Correio Braziliense
A falta de imunizantes é atribuída ao negacionismo do presidente da República e às trapalhadas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello
Com mais 100 mil mortes em menos de três meses, a covid-19 bateu a marca sinistra de 300 mil óbitos no Brasil. A crônica das causas desta tragédia está escrita nas lives, nas entrevistas do Palácio da Alvorada e nos posts do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. O mais dramático é que a escala de transmissão da doença, a partir desse patamar, continua maior do que a capacidade de contenção da pandemia, com o ritmo atual de imunização da população, que está muito atrasada. A falta de imunizantes é atribuída ao negacionismo do presidente da República e às trapalhadas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
No mesmo dia em que essa marca foi atingida, uma reunião do presidente Jair Bolsonaro com os demais chefes dos Poderes da República, da qual participaram, também, alguns ministros, constituiu um comitê para coordenar as ações contra a pandemia, liderado pelo senador Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso. Entretanto, o que era para ser uma virada no combate à pandemia logo caiu no descrédito, no decorrer do dia, por causa das declarações de Bolsonaro no próprio encontro e do fato de os governadores e os prefeitos não estarem representados no comitê. O primeiro a reagir foi o governador João Doria (PSDB), ao dizer que São Paulo não estava representado.
Bolsonaro fez uma defesa enfática do “tratamento precoce” e criticou a instituição do lockdown como medida para conter a pandemia do novo coronavírus. Visivelmente contrariado, alegou que, se governadores e prefeitos tivessem “apoiado o tratamento precoce” com cloroquina e ivermectina, não seria necessário o fechamento temporário de atividades comerciais. Bolsonaro também classificou como “inaceitável” um lockdown nacional. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), ainda tentaram consertar a situação, ao insistir que somente a comunidade científica poderia atestar a eficácia das drogas.
Para aumentar o descrédito, da noite para o dia, o Ministério da Saúde havia mudado os formulários de registro das mortes por covid-19, provocando uma subnotificação generalizada do número de casos, o que gerou protestos de secretários de saúde estaduais e municipais. À tarde, em entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, revelou desconhecimento da mudança e determinou que se voltasse aos critérios anteriores. Mas jogou outro balde de água fria nas expetativas de mudanças na política sanitária ao defender a autonomia dos médicos para prescrever o tratamento precoce com medicamentos sem eficácia comprovada e endossar as teses de Bolsonaro sobre o lockdown. Disse que sua meta é aplicar 1 milhão de vacinas por dia, mas não explicou como nem quando.
Pressões políticas
A reunião foi resultado das pressões de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira para que Bolsonaro reveja sua posição, numa tentativa de satisfazer a opinião pública, que cobra a vacinação em massa. Também serviu para continuar empurrando com a barriga a instalação de CPIs voltadas a investigar a atuação do Ministério da Saúde, no Senado, e a concessão irregular de auxílio emergencial, na Câmara.
Arthur Lira protagonizou o momento de maior tensão da reunião com Bolsonaro, ao advertir que estava apertando um sinal amarelo para “erros desnecessários”. Disse que os remédios políticos costumam ser amargos, às vezes, fatais, numa clara advertência ao chefe do Executivo. Cobrou mais empenho do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, na obtenção de vacinas. Mais tarde, o chanceler passou por grandes constrangimentos na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, onde foi sabatinado. Araújo depende do Senado para aprovar a indicação de novos embaixadores. É forte candidato a ser defenestrado do cargo, devido ao congelamento das relações do governo brasileiro com Estados Unidos, China e Índia. A pandemia deixou evidente que a atual política externa prejudica o Brasil.
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https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/03/luiz-carlos-azedo-sinistro-300-mil.html
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Marcado para 14/4 julgamento de recursos da decisão que anulou condenações de Lula
A PGR pede que a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) seja mantida, enquanto a defesa do ex-presidente questiona a perda de objeto de processos conexos.
25/03/2021 19h13 - Atualizado há
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O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, pautou para 14/4 o julgamento dos recursos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a decisão monocrática do ministro Edson Fachin que anulou todas as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) nas ações penais contra Lula, inclusive as condenações, após reconhecer a incompetência daquele juízo para processar e julgar os processos. Fachin determinou o envio dos autos para a Justiça Federal em Brasília (DF), porque os fatos apontados não têm relação direta com o esquema de desvios na Petrobras, objeto da Operação Lava Jato, e remeteu ao Plenário o julgamento dos recursos, apresentados nos autos do Habeas Corpus (HC) 193726.
No agravo regimental, a PGR pede que o Plenário do STF reconheça a competência da 13 ª Vara Federal de Curitiba e preserve todos os atos processuais e decisórios. Também em agravo regimental, a defesa de Lula solicita que se ajustem os efeitos da decisão de Fachin relativos à declaração da perda de objeto de processos conexos. Os advogados do ex-presidente pretendem que a extinção se dê somente após o trânsito em julgado (esgotamento dos recursos) da decisão sobre a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba, com exceção do HC 164493, que trata da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro no caso do tríplex em Guarujá (SP). Esse julgamento, porém, foi concluído esta semana e, por maioria de votos, o colegiado concluiu que o magistrado foi parcial na condução do processo.
VP//CF
Leia mais:
15/3/2021 - Ministro Fachin abre prazo para manifestação da PGR em recurso de Lula sobre anulação de condenações
12/3/2021 - Ministro Fachin remete ao Plenário recurso da PGR contra anulação das condenações de Lula
8/3/2021 - Fachin anula condenações de Lula e manda ações penais para Justiça Federal do DF
Processo relacionado: HC 193726
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http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=463009&ori=1
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Arthur Lira diz que Câmara “acende sinal amarelo” com erros do governo
Por Guilherme Mendes Em 24 mar, 2021 - 19:09
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O Presidente da Câmara, dep. Arthur Lira (PP - AL) [fotografo]Pablo Valadares/Câmara dos Deputados[/fotografo]
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O Presidente da Câmara, dep. Arthur Lira (PP - AL)Pablo Valadares/Câmara dos DeputadosPablo Valadares/Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que a Casa deve colaborar com o comitê contra covid-19 junto aos outros poderes, mas que não deve tolerar novos erros relacionados ao combate da pandemia.
"Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar", disse Lira, em discurso durante a sessão. "Não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados."
Leia a íntegra do discurso:
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Minhas senhoras e meus senhores,
Como todos sabem, participei hoje como representante desta Casa de
encontro com o senhor Presidente da República e todos os Chefes de
Poderes para tratar de uma abordagem eficaz, pragmática e holística da
questão da pandemia.
Pandemia é vacinar, sim, acima de tudo. Mas para vacinar temos de ter
boas relações diplomáticas, sobretudo com a China, nosso maior parceiro
comercial e um dos maiores fabricantes de insumos e imunizastes do
planeta. Para vacinar temos de ter uma percepção correta de nossos
parceiros americanos e nossos esforços na área do meio ambiente
precisam ser reconhecidos, assim como nossa interlocucao.
Então, essa mudança de atitude em relação à pandemia, quero crer, é a
semente de algo muito maior, muito mais necessário e, diria, urgente é
inadiável: será preciso evoluir, dar um salto para a frente, libertamos as
amarras que nos prendem a condicionamentos que não funcionam mais,
que nos escravizam a condicionamentos que já se esgotaram.
Minhas senhoras e meus senhores,
Esta Presidência tem procurado se conduzir na trilha de um estrito
equilíbrio entre o espírito de colaboração que, mais que nunca, é
necessário manter e construir com os demais Poderes durante estes
momentos dramáticos da pandemia e a observância fiel e disciplinada à
vontade soberana desta Casa.
Vivemos nestes dias o pior do pior, as horas mais dolorosas da maior
desgraça humanitária que se abateu sobre nosso povo. E quero dizer a
todos que estou sensível ao desespero dos brasileiros e à angústia de
Vossas Excelências, que nada mais fazem do que traduzir o terror que
testemunham em suas bases, em suas comunidades.
Como presidente da Câmara dos Deputados, quero deixar claro que não
ficaremos alienados aqui, votando matérias teóricas como se o mundo real
fosse apenas algo que existisse no noticiário. Estou apertando hoje um
sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui
votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não
errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários,
erros inúteis, erros que que são muito menores do que os acertos
cometidos continuarem a serem praticados.
E eu aqui não estou fulanizando. Dirijo-me a todos que conduzem os
órgãos diretamente envolvidos no combate à pandemia. O Executivo
federal, os executivos estaduais e os milhares de executivos municipais
também. Como sabemos, o sistema de saúde é tripartite. Mas, também
sabemos, a política é cruel e a busca por culpados - sobretudo em
momentos de desolação coletiva - é um terreno fértil para a produção de
linchamentos. Por isso mesmo, todos tem de estar mais alertas do que
nunca pois a dramaticidade do momento exige.
A razão não está de um lado só, com certeza. Os erros não estão de um
lado só, sem duvida. Mas, acima de tudo, os que tem mais
responsabilidade tem maior obrigação de errar menos, de se corrigir mais
rapidamente e de acertar cada vez mais. É isso ou o colapso.
Também não é justo descarregar toda a culpa de tudo no governo federal
ou no presidente. Precisamos, primeiro, de forma bem intencionada e de
alma leve, abrir nossos corações e buscar a união de todos, tentar que o
coletivo se imponha sobre os indivíduos. Esgotar todas as possibilidades
deste caminho antes de partir para as responsabilizações individuais. É
nesse esforço solidário e genuíno que estarei engajado, junto com os
demais poderes. Mas será preciso que essa capacidade de ouvir tenha
como contrapartida a flexibilidade de ceder. Sem esse exercício, a ser
praticado por todos, esse esforço não produzira os resultados necessários.
Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos
amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de
erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável. Não é
esta a intenção desta Presidência. Preferimos que as atuais anomalias se
curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência,
da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política.
Mas alerto que, dentre todas as mazelas brasileiras, nenhuma é mais
importante do que a pandemia. Esta não é a casa da privatização, não é a
casa das reformas, não é nem mesmo a casa das leis. É a casa do povo
brasileiro. E quando o povo brasileiro está sob risco nenhum outro tema ou
pauta é mais prioritário.
Então, faço um alerta amigo, leal e solidário: dentre todos os remédios
políticos possíveis que está Casa pode aplicar num momento de enorme
angústia do povo e de seus representantes, o de menor dano seria fazer
um freio de arrumação até que todas as medidas necessárias e todas as
posturas inadiáveis fossem imediatamente adotadas, até que qualquer
outra pauta pudesse ser novamente colocada em tramitação. Falo de
adotarmos uma espécie de “Esforço Concentrado para a Pandemia”,
durante duas semanas, em que os demais temas da pauta legislativa
sofreriam uma pausa para dar lugar ao único que importa: como salvar
vidas, como obter vacinas, quais os obstáculos políticos, legais e
regulatórios precisam ser retirados para que nosso povo possa obter a
maior quantidade de vacinas, no menor prazo de tempo possível.
Não é hora de tensionamentos. E CPIs ou lockdowns parlamentares -
medidas com níveis decrescentes de danos políticos - devem ser evitados.
Mas isso não depende apenas desta Casa. Depende também - e
sobretudo - daqueles que fora daqui precisam ter a sensibilidade de que o
momento é grave, a solidariedade é grande, mas tudo tem limite, tudo! E o
limite do parlamento brasileiro, a Casa do Povo, é quando o mínimo de
sensatez em relação ao povo não está sendo obedecido.
Sou um otimista. Acredito que a força do diálogo e do convencimento, a
força da transformação através da sinceridade de propósitos e da
colaboração fiel, mesmo que algumas vezes dissonante, é o caminho para
a construção dos avanços.
Espero, do fundo do meu coração, que estas palavras ecoem e que nosso
esforço de conciliação prevaleça sobre todos os outros perigos.
Muito obrigado a todos e Deus proteja o Povo Brasileiro.
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Leia mais
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Apesar de dizer que não estava "fulanizando" a questão, Lira esfriou uma possível discussão de impeachment do presidente Jair Bolsonaro.
"Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável" disse. "Não é esta a intenção desta Presidência."
Para Lira, a solução se encontra de outras maneiras: "Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política", disse o deputado, que se definiu como um otimista.
"Dentre todos os remédios políticos possíveis que está Casa pode aplicar num momento de enorme angústia do povo e de seus representantes, o de menor dano seria fazer um freio de arrumação até que todas as medidas necessárias e todas as posturas inadiáveis fossem imediatamente adotadas", disse, "até que qualquer outra pauta pudesse ser novamente colocada em tramitação."
Lira, como presidente da Câmara, participou de reunião na manhã desta quarta-feira (24) no Palácio da Alvorada, onde se discutiu a criação de um comitê para discutir semanalmente ações no combate à pandemia. A medida ocorre mais de um ano depois da primeira morte por conta da doença, e no dia em que o país registra 300 mil mortes pela doença. A reunião também serviu para pressionar o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a respeito de sua gestão.
> Deputados do PSB denunciam Bolsonaro por prevaricação e homicídio por omissão
> Ministro da Saúde nega maquiagem em divulgação de dados de covid-19
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https://congressoemfoco.uol.com.br/legislativo/arthur-lira-recado-comite-covid-19/
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"O Brasil não pode destruir o passado de combate à corrupção", diz Moro após decisão do STF
24.03.21 14:01
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“O Brasil não pode destruir o passado de combate à corrupção”, diz Moro após decisão do STF
Foto: Adriano Machado/Crusoé
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Após a Segunda Turma do STF declarar a parcialidade de Sergio Moro no processo do triplex do Lula, o ex-juiz afirmou que “o Brasil não pode retroceder e destruir o passado recente de combate à corrupção”.
A manifestação foi divulgada há pouco por meio de nota oficial. De acordo com Moro, “a Operação Lava Jato foi um marco no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro no Brasil e, de certo modo, em outros países, especialmente da América Latina, colocando fim à generalizada impunidade destes crimes”.
“Todos os acusados foram tratados nos processos e julgamentos com o devido respeito, com imparcialidade e sem qualquer animosidade da minha parte, como juiz do caso”, disse o ex-magistrado.
Ele ainda complementou: “O Brasil não pode retroceder e destruir o passado recente de combate à corrupção e à impunidade e pelo qual foi elogiado internacionalmente. A preocupação deve ser com o presente e com o futuro para aprimorar os mecanismos de prevenção e combate à corrupção e com isto construir um país melhor e mais justo para todos”.
Leia abaixo a nota na íntegra:
NOTA OFICIAL
Sobre o julgamento da 2ª Turma do STF que, por três votos a dois, anulou a condenação do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção e lavagem de dinheiro:
A Operação Lava Jato foi um marco no combate à corrupção e à lavagem de dinheiro no Brasil e, de certo modo, em outros países, especialmente da América Latina, colocando fim à generalizada impunidade destes crimes. Mais de quatro bilhões de reais pagos em subornos foram recuperados aos cofres públicos e quase duas centenas de pessoas foram condenadas por corrupção e lavagem de dinheiro.
Todos os acusados foram tratados nos processos e julgamentos com o devido respeito, com imparcialidade e sem qualquer animosidade da minha parte, como juiz do caso.
Apesar da decisão da segunda turma do STF, tenho absoluta tranquilidade em relação aos acertos das minhas decisões, todas fundamentadas, nos processos judiciais, inclusive quanto aqueles que tinham como acusado o ex-Presidente.
A sentença condenatória contra o ex-Presidente foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região e pelo Superior Tribunal de Justiça que, igualmente, rejeitaram as alegações de falta de imparcialidade. O ex-Presidente só teve a prisão ordenada pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em 2018, após ter habeas corpus denegado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal.
O Brasil não pode retroceder e destruir o passado recente de combate à corrupção e à impunidade e pelo qual foi elogiado internacionalmente.
A preocupação deve ser com o presente e com o futuro para aprimorar os mecanismos de prevenção e combate à corrupção e com isto construir um país melhor e mais justo para todos.
Curitiba, 24 de março de 2021.
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https://www.oantagonista.com/brasil/o-brasil-nao-pode-destruir-o-passado-de-combate-a-corrupcao-diz-moro-apos-decisao-do-stf/
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Cacique tinha faro aguçado e gosto especial pelo poder
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Quem é o cavaleiro símbolo do Estadão?
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ACM gostava tanto do poder que seu faro político parecia antecipar-lhe com precisão as mudanças de rumo para continuar mandando. Era um dos esteios políticos do apoio político ao governo João Figueiredo, em 1984, mas repentinamente inverteu seu rumo. Após uma conversa aberta, numa madrugada de outubro daquele ano, com o então candidato Tancredo Neves, virou o leme, abandonou o PDS, partido do regime militar e deu, com a adesão do seu grupo, a certeza matemática da vitória oposicionista no colégio eleitoral. Diria depois que ali mudou a História do Brasil. Pouco depois, quando o então ministro da Aeronáutica, Délio Jardim de Mattos, num discurso no aeroporto de Salvador, chamou de traidores os que se bandeavam para a oposição, ACM respondeu dois tons acima, dizendo que traidores e corruptos eram "os que apoiavam um corrupto para a presidência" (o candidato do governo era Paulo Mauf). A reação foi a senha. Ele, José Sarney, Aureliano Chaves e Marco Maciel perderam o medo dos militares: saíram do PDS e forma fundar o PFL. A recompensa veio logo: nomeado ministro das Comunicações de Tancredo, continuou mandando mais do que antes. Em 1986, sofreria a primeira grande derrota eleitoral, quando seu candidato Josaphat Marinho, perdeu o governo da Bahia para Waldir Pires, então no PMDB. Renovado, disputou, ele mesmo, o governo da Bahia em 1990 e ganhou, desta vez em eleições diretas. Em seguida, tornou-se arauto do governo Collor, mas rompeu com ele na desgraça. No governo Itamar Franco foi alvejado com o episódio da "pasta rosa". Quando Itamar nomeou seu inimigo Jutahy Júnior, ACM gritou que tinha um dossiê de provas de corrupção no governo. Itamar pediu-lhe o dossiê. À frente de uma tropa, ACM atravessou a Praça dos Três Poderes e, ao entrar no gabinete, encontrou toda a imprensa lá dentro. Pediu que os jornalistas saíssem, mas Itamar objetou e sugeriu que mostrasse o dossiê à vista da imprensa. ACM não tinha nenhum dossiê consistente. Deu uma desculpa e se foi. Em 1994, foi eleito senador e acabou na presidência da Senado. Fortíssimo no primeiro governo FHC, ele pintou e bordou com o governo para que fosse suspensa a intervenção do governo no Banco Econômico e para aprovar a sua venda ao Banco Excel. Xingou o presidente do Banco Central, falou em novos dossiês e comandou novamente uma britzkrieg pela praça até o palácio. Fernando Henrique cedeu: o Excel comprou o Econômico pelo valor simbólico de R$ 1.
O Estado de S.Paulo
21 de julho de 2007 / 00h00
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https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,cacique-tinha-faro-agucado-e-gosto-especial-pelo-poder,22660
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Los echos son los echos, na língua-mãe do ministro
"Vélez diz que o 31 de março foi uma decisão soberana da sociedade brasileira. Não foi. E a história demonstra: foi apenas uma quartelada"
Por Paulo José Cunha Em 08 abr, 2019 - 8:55 Última Atualização 08 abr, 2019 - 9:42
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O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, durante audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do SenadoMarcelo Camargo/Agência BrasilMarcelo Camargo/Agência Brasil
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Quando esta coluna for publicada é capaz de Ricardo Vélez, ministro da Educação, não ser mais ministro. Mesmo para um governo de incompetentes empedernidos como o atual, é difícil suportar uma carga excessiva de burrice. Tem hora que cansa. O atual governo tem gasto mais tempo, energia e saliva para explicar as imbecilidades pronunciadas pelos seus integrantes do que governando o país.
Neste espaço já dissemos que é impossível reescrever a história adaptando-a aos humores e sistemas de crenças dos detentores do poder. Uma coisa é Damares, ministra da Família, garantir que foi Deus quem inventou a Matemática. É uma idiotice, mas chega a ser quase inofensiva. Outra bem diferente é o ministro da Educação querer substituir os livros de história por outros onde a versão dos fatos pretéritos lhe seja mais conveniente. Até porque não vai adiantar coisa alguma. “Los echos son los echos”, na língua-mãe do ministro. E ponto final.
Onde se lê: “regime democrático de força” leia-se: “ditadura”
Pois o ministro (alguém entra aí no Google e confere se ele ainda continua ministro) Ricardo Vélez teve a ousadia de afirmar, com aspas e tudo que “a história brasileira mostra que o 31 de março de 1964 foi uma decisão soberana da sociedade brasileira. Quem colocou o presidente Castello Branco (que assumiu após o golpe) no poder não foram os quartéis”. E o regime militar, que durou de 64 a 85, teria surgido “de uma composição e de uma decisão política (...) em que o Executivo chamou para si mais funções”. E mesmo diante de todas as atrocidades, desaparecimentos, execuções, torturas, censura à imprensa, perseguições políticas e cassações de mandatos, Vélez teve a coragem de afirmar que “não houve ditadura e sim um regime democrático de força”
(Parêntese. Em 1977, eu era repórter político do Jornal do Brasil quando recebi a notícia da cassação, pelo presidente-general Ernesto Geisel, do mandato do líder da oposição na Câmara, deputado Alencar Furtado. Três dias antes, Furtado tinha feito um discurso num programa de tv que entrou para a história. Nele, falava de “lares em prantos; filhos órfãos de pais vivos — quem sabe — mortos, talvez. Órfãos do talvez ou do quem sabe. Para que não haja esposas que enviúvem com maridos vivos, talvez; ou mortos, quem sabe? Viúvas do quem sabe ou do talvez.” Fui repercutir a cassação com o presidente do Senado, Petrônio Portela. Diante da minha afirmação de que Alencar tinha sido cassado, Petrônio pronunciou um palavrão, pediu desculpas e saiu murmurando enraivecido: “como não tiveram pelo menos a decência de me avisar?”
Pois era assim a ditadura: um completo e total desprezo pelos demais poderes. Nem o presidente do Congresso tinha sido avisado da cassação do líder da oposição. Soube pela boca de um repórter iniciante. Mas, segundo Vélez, não houve ditadura. Fecha parêntese).
>> Bolsonaro indica saída de Vélez do Ministério da Educação e fim do horário de verão
Onde se lê: “Executivo chamou para si mais funções” leia-se: “ditadura”
Vélez diz que o 31 de março foi uma decisão soberana da sociedade brasileira. Não foi. E a história demonstra: foi apenas uma quartelada. O que ele chama de “sociedade” eram apenas aquelas senhoras pias e contritas que participaram da Marcha com Deus pela Liberdade. E se não foram os quartéis que colocaram Castello no poder, quem o colocou lá? O povo? Ou alguém acredita, como Vélez e Bolsonaro acreditam, que o fajuto colégio eleitoral que carimbava as escolhas dos generais de plantão era democrático? Ele diz que o que houve foi um momento “em que o Executivo chamou para si mais funções”. Se não fosse trágico, seria de matar de rir. Porque se trata, apenas, de uma definição heterodoxa de ditadura, momento em que “o Executivo chamou para si mais funções”. Apenas...todas. Todas, como em qualquer ditadura.
Detalhe: os militares já resolveram essa questão de 1964 há muito tempo. Vários deles se envergonham do que foi praticado ali e não estão dispostos a exumar essa história. Sabem que o mau cheiro será insuportável.
Mas o pior vem agora. Vélez teve a coragem de anunciar que vai mesmo (isto se ainda for ministro, alguém aí confere, por favor), fazer “mudanças progressivas nos livros didáticos” para realizar uma revisão das versões sobre o regime militar.
A Carta Brandi foi uma baita fake news
Com certeza, Vélez acredita na versão de que João Goulart queria implantar a tal de “república sindicalista” para implantar o comunismo no Brasil. O ministro podia procurar saber o que foi a “Carta Brandi”. Iria parar de falar bobagens. Não precisa ir ao Google, eu conto. A “Carta Brandi” foi uma carta divulgada em setembro de 1955, endereçada a João Goulart, candidato a vice-presidente da República, e atribuída ao deputado argentino Antônio Jesús Brandi. O documento se referia a supostas articulações de Goulart com o governo argentino, chefiado à época por Juan Domingo Perón, visando à deflagração no Brasil de um movimento armado de cunho sindicalista. Um inquérito policial-militar, instaurado em outubro do mesmo ano, comprovou que a tal carta era um documento apócrifo, forjado por falsários argentinos para ser vendido aos opositores de Goulart. Ou seja: tudo não passou de uma fake news, para usar o palavreado de hoje, inventado para servir de munição aos opositores de Goulart. E ainda hoje, gente como Vélez e Bolsonaro sustentam a versão falsa como se ela fosse verdadeira.
Como o autoritarismo está na base de todas as decisões ou anúncios do atual governo, não custa lembrar ao ministro e ao Presidente que mudar conteúdo de livros didáticos não se faz com uma canetada. Para isso terá de ser criada uma comissão com representantes do ministério, da sociedade e da academia e de especialistas em história contemporânea. Que dificilmente farão uma revisão tão profunda na história recente.
Enquanto isso, os livros continuarão a contar a versão correta de que o Brasil foi dominado por uma ditadura militar durante 21 anos, durante a qual houve prisões ilegais, sequestros, torturas, censura, assassinatos e o diabo. Lamento, ministro (alguém vê aí se ele ainda é ministro), mas “los echos son los echos”. Quer o senhor queira, quer não queira.
Paulo José Cunha
Paulo José Cunha é professor, jornalista e escritor.
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https://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunas/los-echos-son-los-echos-na-lingua-mae-do-ministro/
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