Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quarta-feira, 31 de março de 2021
EM CHEFE, SEM COMANDANTES E COMANDO
"Hierarquia e disciplina, na vida militar e civil, são princípios nobres. Não significam subserviência e nem podem ser resumidos a uma coisa 'simples assim, como um manda e o outro obedece'... Como mandar varrer a entrada do quartel."
SANTOS CRUZ
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No primeiro dia de despacho, eu nunca havia trabalhado com ele, levei um ofício para ele: “Está aqui, chefe, para o senhor assinar”. Ele leu, leu. Ele lia muito rapidamente. Olhou para mim: “Não está bom, faça novamente”. Fiz outra vez. No dia seguinte levei: “Está aqui, chefe. Veja se está bom”. Ele leu. “Ainda não está bom. Melhore”. Na terceira vez que eu levei, eu me senti desmoralizado. Não sabia redigir, não sabia fazer coisa nenhuma. Virei-me para ele e disse: “Chefe, não dá mais para servir contigo, porque eu não tenho condições de fazer o que o senhor quer”. Ele disse: “Não. Aprenda uma coisa. Você me trouxe o documento para assinar, botou em cima da mesa, não disse nada. Você não defendeu o que escreveu. Se você tivesse certeza do que escreveu, você me mostrava o que escreveu, me convencia de que você estava certo”. Aprendi esse detalhe com ele. Ele sempre fazia isso. A primeira tendência era não aceitar, para ver se a gente tinha convicção no que levava.
REYNALDO MELLO DE ALMEIDA
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Bolsonaro descobre que nem só de Pazuellos são feitas as Forças Armadas
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Imagem: UOL Confere
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Josias de Souza
Colunista do UOL
30/03/2021 19h25
A má notícia é que Bolsonaro fabricou uma crise fardada. A boa notícia é que a cúpula dos militares, de olho na Constituição, informa ao presidente da República que nem só de Pazuellos são feitas as Forças Armadas. Há na tropa oficiais como o general Edson Leal Pujol e seus congêneres. São anti-Pazuellos. Gente capaz de dizer a Bolsonaro que, quando a ordem ultrapassa as fronteiras da Constituição, "um manda e outro desobedece."
Em abril de 2019, o general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, declarou o seguinte: "Se nosso governo falhar, errar demais, não entregar o que está prometendo, essa conta irá para as Forças Armadas, daí a nossa extrema preocupação".
Em março de 2020, quando a pandemia chegou ao Brasil, Bolsonaro revelou o receio de não entregar o que prometera. "Se acabar a economia, acaba qualquer governo. Acaba o meu governo".
A escassez de vacinas, a inclemência do vírus e a inépcia dos gestores da crise elevam os riscos de confirmação do temor de Bolsonaro. Mas o comportamento dos chefes militares indica que, ao contrário do que previra Mourão, eventuais infortúnios não poderão ser debitados na conta das Forças Armadas.
Bolsonaro chama de "meu Exército" a corporação da qual foi expulso. E namora a ideia de descolar as Forças Armadas do Estado para grudá-las à sua imagem e aos interesses do seu governo. Cobrava mais engajamento político dos militares. Queria o apoio deles à sua pregação contra medidas restritivas adotadas por governadores no enfrentamento da pandemia.
O presidente não obteve o que queria, eis a novidade essencial. Ao entregar seus cargos em solidariedade ao general Fernando Azevedo e Silva, demitido por Bolsonaro do Ministério da Defesa, os comandantes do Exército, Edson Pujol; da Marinha, Ilques Barbosa; e da Aeronáutica, Antônio Carlos Bermudez mostraram que estão sintonizados com as suas obrigações constitucionais.
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Comandantes da Aeronáutica, Antônio Carlos Moretti Bermudez, do Exército, Edson Pujol, e da Marinha, Ilques Barbosa — Foto: Acervo/TV Globo
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COMANDANTES DAS FORÇAS ARMADAS DEIXAM OS CARGOS
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Pivô da dinamite que Bolsonaro acendeu às vésperas de mais um aniversário do golpe militar de 64, Pujol revelou-se um general de mostruário. Em novembro do ano passado, ele havia traçado um risco imaginário no chão. Foi como se desejasse demarcar os limites da sua atuação como comandante do Exército: "Não queremos fazer parte da política, muito menos deixar ela entrar nos quartéis."
Pujol deixa o comando do Exército por resistir às investidas de Bolsonaro. Azevedo e Silva é expurgado da pasta da Defesa por ter erigido uma barreira de proteção ao subordinado. Os chefes da Marinha e da Aeronáutica batem em retirada por discordar do presidente.
Esse tipo de debandada coletiva é coisa inédita. Bolsonaro faz pose de fortão. Mas sofre um contragolpe sem precedentes. Amarrou ao próprio tornozelo uma bola de ferro muito parecida com uma humilhação.
Gente que conhece as Forças Armadas por dentro, como o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, não imaginava que os colegas pudessem produzir uma resposta coletiva à investida de Bolsonaro. Algo que reforça o ineditismo do gesto.
Ex-amigo de Bolsonaro, Santos Cruz deixou a pasta da Secretaria de Governo da Presidência seis meses depois do início do governo. Foi dissolvido num caldeirão em que se misturavam palavrões do astrólogo Olavo de Carvalho e ataques do filho aloprado do presidente, Carlos Bolsonaro.
Ao bater a porta, Santos Cruz produziu o melhor resumo da administração Bolsonaro: "Um show de besteiras", que "tira o foco daquilo que é importante." No momento, o importante é combater a pandemia. E Bolsonaro quer arrastar as Forças Armadas para o centro de suas polêmicas antissanitárias.
Quando o general Eduardo Pazuello, ainda na pele de ministro da Saúde, foi desautorizado em sua decisão de comprar 46 milhões de doses da CoronaVac, reagiu à humilhação com o subserviente "um manda e outro obedece."
Santos Cruz lecionou: "Hierarquia e disciplina, na vida militar e civil, são princípios nobres. Não significam subserviência e nem podem ser resumidos a uma coisa 'simples assim, como um manda e o outro obedece'... Como mandar varrer a entrada do quartel." O que Azevedo e Silva, Pujol, Ilques Barbosa; e Antônio Bermudez informaram a Bolsonaro é que não se dispõem a realizar varrições não previstas na Constituição. O vice Mourão agora declara que Bolsonaro pode colocar quem quiser no lugar dos comandantes que os militares não se desviarão da legalidade. Num instante em que o Brasil precisa de vacinas e sobriedade, é muito bom saber que as Forças Armadas não estão à disposição de Bolsonaro para participar de aventuras antidemocráticas nem aceitam pagar contas alheias.
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General Fernando Azevedo e Silva deixa o Ministério da Defesa
Por
Rodolfo Costa
Brasília
29/03/2021 16:07
Atualizado em 29/03/2021 às 17:47
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General Fernando Azevedo e Silva era ministro da Defesa desde o primeiro dia do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019| Foto: Alexandre Manfrim/Ministério da Defesa
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O general Fernando Azevedo e Silva não é mais ministro da Defesa. O militar anunciou na tarde desta segunda-feira (29) sua demissão do governo em nota oficial divulgada à imprensa. "Saio na certeza da missão cumprida", afirma.
Na nota, o ministro agradeceu o convite ao presidente Jair Bolsonaro, a quem diz ter dedicado "total lealdade ao longo desses mais de dois anos" pela "oportunidade de ter servido ao país, como ministro da Defesa". Não ficou claro no comunicado se ele pediu demissão ou se foi demitido pelo presidente da República. Na agenda oficial de Bolsonaro consta que os dois se reuniram no início da tarde desta segunda-feira.
Segundo o blog de Lauro Jardim, de O Globo, Bolsonaro disse ao ministro da Defesa que "precisava" do cargo. "Bolsonaro também costumava reclamar com o general Azevedo e Silva que precisava de demonstrações públicas de apoio das Forças Armadas. E culpava Azevedo e Silva por não tê-las", escreveu Jardim.
De perfil moderado, Azevedo e Silva era ministro da Defesa desde o primeiro dia do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019. Durante esse período, ele atuou para ampliar o orçamento das Forças Armadas e benefícios ao oficialato na reforma da Previdência dos militares, aprovada em 2019. Na nota, o general destaca ter preservado as Forças Armadas "como instituições de Estado". "O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira", declarou.
Segundo a CNN Brasil, a expectativa é de que Bolsonaro anuncie para o lugar de Azevedo e Silva outro militar, mais próximo do presidente da República. Ele já teria alguns nomes na mesa. O ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, é o favorito para ocupar o posto.
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Bolsonaro demite ministros e muda o comando de seis pastas. Quem saiu ganhando nessa reforma ministerial?
Forças Armadas
Ala ideológica
Centrão
Congresso
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Antes de assumir o ministério, Fernando Azevedo e Silva foi chefe do Estado Maior do Exército, assessor especial do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e assessor parlamentar do Alto-Comando do Exército, no Congresso. Está na reserva do Exército desde julho de 2018. Ao longo da sua vida militar, recebeu 17 condecorações nacionais e quatro estrangeiras.
Natural da cidade do Rio de Janeiro, Azevedo e Silva é um general quatro estrelas. Ocupou vários cargos e funções nas Forças Armadas. Comandou o 2º Batalhão de Infantaria Leve, em São Vicente (SP), a Brigada de Infantaria Paraquedista e o Centro de Capacitação Física do Exército. Foi ainda diretor do Departamento de Desporto Militar do Ministério da Defesa.
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Leia na íntegra a nota de Fernando Azevedo e Silva
"Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País, como Ministro de Estado da Defesa.
Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado.
O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira.
Saio na certeza da missão cumprida."
Fernando Azevedo e Silva
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https://www.gazetadopovo.com.br/republica/fernando-azevedo-e-silva-general-deixa-o-ministerio-da-defesa/
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https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2021/03/30/bolsonaro-descobre-que-nem-so-de-pazuellos-sao-feitas-as-forcas-armadas.htm
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Trajetória histórica do Brasil, fato. Acontecimentos assim compreendidos, teoria. Celebrados, fabulação.
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Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964
Publicado em 30/03/2021 18h29 Atualizado em 30/03/2021 18h36
MINISTÉRIO DA DEFESA
Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964
Brasília, DF, 31 de março de 2021
Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época.
O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo, contando com a significativa participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência.
A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia.
Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964.
As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.
Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura.
O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população.
A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País.
O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março.
WALTER SOUZA BRAGA NETTO
Ministro de Estado da Defesa
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https://www.gov.br/defesa/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias/ordem-do-dia-alusiva-ao-31-de-marco-de-1964-2021
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