sábado, 27 de março de 2021

Governo interno

“Antes subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de algum modo a ficar reprovado.” Paulo (I Coríntios, 9:27) ***
*** *** Governo aprova bônus de 500 euros para cidadãos fazerem turismo interno na Itália Medida faz parte do decreto econômico em combate aos efeitos da pandemia aprovado na quarta-feira (13) *** ***
*** *** Veríssimo define governo Bolsonaro / Lauro Jardim *** *** O espaço e o tempo estão interligados. Não podemos olhar para o espaço à frente sem olhar para trás no tempo. [Carl Sagan] 11 DE MAIO DE 2011 ***
*** Júpiter, Saturno, Marte, Vênus e Mercúrio - os cinco planetas visíveis a olho nu em alinhamento planetário Os cinco planetas visíveis a olho nu foram vistos alinhados pela última vez em 1940 *** Efetivamente, o corpo é miniatura do Universo. É imprescindível, portanto, saber governá-lo. Representação em material terrestre da personalidade espiritual, é razoável esteja cada um atento às suas disposições. Não é que a substância passiva haja adquirido poder superior ao da vontade-humana, todavia, é imperioso reconhecer que as tendências inferiores procuram subtrair-nos o poder de domínio. É indispensável esteja cada homem em dia com o governo de si mesmo. A vida interior, de alguma sorte, assemelha-se à vida de um Estado. O espírito assume a auto-chefia, auxiliado por vários ministérios, quais os da reflexão, do conhecimento, da compreensão, do respeito e da ordem. As idéias diversas e simultâneas constituem apelos bons ou maus do parlamento íntimo. Existem, no fundo de cada mente, extensas potencialidades de progresso e sublimação, reclamando trabalho. O governador supremo que é o espírito, no cosmo celular, redige leis benfeitoras, mas nem sempre mobiliza os órgãos fiscalizadores da própria vontade. E as zonas inferiores continuam em antigas desordens, não lhes importando os decretos renovadores que não hostilizam, nem executam. Em se verificando semelhante anomalia, passa o homem a ser um enigma vivo, quando se não converte num cego ou num celerado. Quem espera vida sã, sem autodisciplina, não se distancia muito do desequilíbrio ruinoso ou total. É necessário instalar o governo de nós mesmos em qualquer posição da vida. O problema fundamental é de vontade forte para conosco, e de boa-vontade para com os nossos irmãos. *** *** *** 158 Governo interno FEB COLEÇÃO FONTE VIVA 1950 30ª edição - 4ª impressão - 8/2017 http://grupoama.org.br/books/Chico%20Xavier%20(Emmanuel)%20-%20Pao%20Nosso.pdf *** ***
*** O universo – O que é, caraterísticas *** O amor pede mais: exige. Novas barreias são conquistadas palmo a palmo, beijo a beijo. Cada centímetro é explorado, desejado, amado. *** o universo é o corpo, e os corpos o universo. *** *** André Luiz Gama MINHA HISTÓRIA Uma filosofia para a vida *** *** Fora da caridade não há salvação *** ***
*** Fora Da Caridade Não Há Salvação *** Instruções dos Espíritos Fora da caridade não há salvação 10. Meus filhos, na máxima: Fora da caridade não há salvação estão encerrados os destinos dos homens, na Terra e no céu; na Terra, porque à sombra desse estandarte eles viverão em paz; no céu, porque os que a houverem praticado acharão graças diante do Senhor. Essa divisa é o facho celeste, a luminosa coluna que guia o homem no deserto da vida, encaminhando-o para a Terra da Promissão. Ela brilha no céu, como auréola santa, na fronte dos eleitos, e, na Terra, se acha gravada no coração daqueles a quem Jesus dirá: “Passai à direita, benditos de meu Pai.” Reconhecê-los-eis pelo perfume de caridade que espalham em torno de si. Nada exprime com mais exatidão o pensamento de Jesus, nada resume tão bem os deveres do homem, como essa máxima de ordem divina. Não poderia o Espiritismo provar melhor a sua origem, do que apresentando-a como regra, por isso que é um reflexo do mais puro Cristianismo. Levando-a por guia, nunca o homem se transviará. Dedicai-vos, assim, meus amigos, a perscrutar-lhe o sentido profundo e as consequências, a descobrir-lhe, por vós mesmos, todas as aplicações. Submetei todas as vossas ações ao governo da caridade e a consciência vos responderá. Não só ela evitará que pratiqueis o mal, como também fará que pratiqueis o bem, porquanto uma virtude negativa não basta: é necessária uma virtude ativa. Para fazer-se o bem, mister sempre se torna a ação da vontade; para se não praticar o mal, basta as mais das vezes a inércia e a despreocupação. Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis gozar a luz do Espiritismo. Não é que somente os que a possuem hajam de ser salvos; é que, ajudando-vos a compreender os ensinos do Cristo, ela vos faz melhores cristãos. Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam. – Paulo, o apóstolo. (Paris, 1860.) *** *** O Evangelho Segundo o Espiritismo ALLAN KARDEC FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Rio - Brasil 1944 Tradução de Guillon Ribeiro da 3ª edição francesa revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866 https://www.febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/WEB-O-Evangelho-segundo-o-Espiritismo-Guillon.pdf *** ****
*** *** https://www.42frases.com.br/frases-de-pensamento-positivo/ *** *** Você pode pensar positivo. Os pensamentos positivos são muito mais fortes do que os negativos. ***
*** A força interior bem usada é progresso na certa. *** *** Finale (28/03/2021 13:28) ProgramaçãoPodcast ***
*** PAPA PAPA FRANCISCO ORAÇÃO CORONAVIRUS BÊNÇÃO *** Papa Francisco: Abraçar o Senhor para abraçar a esperança Com o cenário inédito da Praça São Pedro vazia com o Papa Francisco diante da Basílica Vaticana, o Pontífice afirmou que é "diante do sofrimento que se mede o verdadeiro desenvolvimento dos povos”. Francisco falou ainda da ilusão de pensar "que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente". Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano *** Abraçar o Senhor para abraçar a esperança: esta é a mensagem do Papa Francisco aos fiéis de todo o mundo que, neste momento, se encontram em meio à tempestade causada pela pandemia do coronavírus. Diante de uma Praça São Pedro completamente vazia, mas em sintonia com milhões de pessoas através dos meios de comunicação, o trecho escolhido para a oração dos féis foi a tempestade acalmada por Jesus, extraído do Evangelho de Marcos. E foi esta passagem bíblica que inspirou a homilia do Santo Padre, que começa com o “entardecer…”. “Há semanas, parece que a tarde caiu. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo de um silêncio ensurdecedor e de um vazio desolador… Nos vimos amedrontados e perdidos.” Estamos todos no mesmo barco Estes mesmos sentimentos, porém, acrescentou o Papa, nos fizeram entender que estamos todos no mesmo barco, “chamados a remar juntos”. Neste mesmo barco, seja com os discípulos, seja conosco agora, está Jesus. Em meio à tempestade, Ele dorme – o único relato no Evangelho de Jesus que dorme – notou Francisco. Ao ser despertado, questiona: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» (4, 40). LEIA TAMBÉM Papa reza pelo fim da pandemia: homilia integral 27/03/2020 Papa reza pelo fim da pandemia: homilia integral “A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade.” A ilusão de pensar que continuaríamos saudáveis num mundo doente Com a tempestade, afirmou o Papa, cai o nosso “ego” sempre preocupado com a própria imagem e vem à tona a abençoada pertença comum que não podemos ignorar: a pertença como irmãos. “Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: «Acorda, Senhor!»” O Senhor então nos dirige um apelo, um apelo à fé. Nos chama a viver este tempo de provação como um tempo de decisão: o tempo de escolher o que conta e o que passa, de separar aquilo que é necessário daquilo que não é. “O tempo de reajustar a rota da vida rumo ao Senhor e aos outros.” A heroicidade dos anônimos Francisco cita o exemplo de pessoas que doaram a sua vida e estão escrevendo hoje os momentos decisivos da nossa história. Não são pessoas famosas, mas são “médicos, enfermeiros, funcionários de supermercados, pessoal da limpeza, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho”. “É diante do sofrimento que se mede o verdadeiro desenvolvimento dos nossos povos”, afirmou o Papa, que recordou que a oração e o serviço silencioso são as nossas “armas vencedoras”. A tempestade nos mostra que não somos autossuficientes, que sozinhos afundamos. Por isso, devemos convidar Jesus a embarcar em nossas vidas. Com Ele a bordo, não naufragamos, porque esta é a força de Deus: transformar em bem tudo o que nos acontece, inclusive as coisas negativas. Com Deus, a vida jamais morre. Temos uma esperança Em meio à tempestade, o Senhor nos interpela e pede que nos despertemos. “Temos uma âncora: na sua cruz fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor.” Abraçar a sua cruz, explicou o Papa, significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de onipotência e posse, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. “Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança.” Aqui está a força da fé e que liberta do medo. Francisco então concluiu: “Deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo, desça sobre vocês, como um abraço consolador, a bênção de Deus. Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade.” Ao final da homilia, o Pontífice adorou o Santíssimo e concedeu a bênção Urbi et Orbi, com anexa a Indulgência Plenária. *** Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade! *** *** https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-03/papa-francisco-coronavirus-bencao-urbi-et-orbi.html *** ***
*** O campo do Parque Antarctica. Foto: Academia de História do Palestra Palmeiras *** O espírito do Dérbi *** O PALESTRA LEVOU NA TESTA! ***
*** A alegria dos vitoriosos demandou a cidade. Berrando, assobiando e cantando. O mulato com a mão no guindaste é quem puxava a ladainha: — O Palestra levou na testa! E o pessoal entoava: — Ora pro nobis!10 Ao lado de Miquelina o gordo de lenço no pescoço desabafou: — Tudo culpa daquela besta do Rocco! Ouviu, não é Miquelina? Você ouviu? — Não liga pra esses trouxas, Miquelina. Como não liga? — O Palestra levou na testa! Cretinos. — Ora pro nobis! Só a tiro. __________ 10 Ora pro nobis (latim): fórmula litúrgica que significa “reza por nós”. _____________ — Diga uma cousa, Iolanda. Você vai hoje na Sociedade? — Vou com o meu irmão. — Então passa por casa que eu também vou. — Não?! — Que bruta admiração! Por que não? — E o Biagio? — Não é de sua conta. Os pingentes11 mexiam com as moças de braço dado nas calçadas. *** *** https://www.escolafuturo.net/site/assets/livros/Livro-Objetivo-Br%C3%83%C2%A1s-Bexiga-e-Barra-Funda.pdf *** *** *** ‘Corinthians (2) vs Palestra (1)’: O conto que traduz a identidade, a história e a paixão do Dérbi por Leandro Stein publicado em 12 de julho de 2017 @ 12:05 atualizado em 12 de julho de 2017 @ 14:08 ***
*** A história centenária do clássico entre Corinthians e Palmeiras se traduz de diversas maneiras. São inúmeros episódios marcantes, inúmeros jogos inesquecíveis, inúmeros jogadores venerados. Para se entender perfeitamente o espírito do Dérbi, no entanto, apenas vivendo um. Apenas sabendo o gosto que é derrotar a outra camisa e festejar uma vitória que exalta, acima de tudo, a própria paixão. Se os dois clubes se tornaram tão grandes, a rivalidade tem um papel fundamental neste impulso. Rivais que, apesar de tudo, também são irmãos. Que se forjaram a partir das camadas populares e compartilham identidades muito próximas, ainda que moldadas à sua maneira conforme o tempo. Corintianos e palmeirenses vivem a cada minuto a dor e a delícia de serem o que são, extremamente passionais. E, assim, entendem perfeitamente o que significa o clássico para o outro lado. O que torna o triunfo tão mais almejado, tão mais saboroso. Como em qualquer Palmeiras e Corinthians. VEJA TAMBÉM: Como o futebol moldou a identidade cultural do brasileiro Tal identidade está no seio de ambos os clubes. Em suas origens. Durante os primórdios, em um esporte que se espalhava pela cidade além das camadas mais abastadas da população, corintianos e palestrinos deram as mãos. Eram, afinal, a mesma gente operária e de enorme contingente imigrante que transformavam uma São Paulo em pleno crescimento. Não se explica a expansão da metrópole sem se debruçar também sobre o cotidiano e os anseios daqueles que compunham as duas torcidas. As massas alvinegra e alviverde se alastraram rapidamente pelos diferentes bairros. E o sucesso praticamente instantâneo de Corinthians e Palestra Italia nos gramados a partir dos anos 1910, se intensificando cada vez mais nas décadas seguintes, contribuiu para esta popularização. Que fossem rivais em campo, se uniam além das quatro linhas. Um grande símbolo deste peso do Dérbi no processo de expansão do futebol em São Paulo acontece em 1927, quando o clássico completa uma década de existência. Neste momento, ele não ocupava apenas as conversas nas ruas ou as páginas dos jornais. Ele também se eternizou como literatura. Antônio Alcântara Machado compreendeu como poucos o movimento em pleno vapor que a cidade vivia na primeira metade do Século XX. O escritor modernista retratou os costumes de uma São Paulo popular no livro “Brás, Bexiga e Barra Funda”, especialmente a realidade da colônia italiana. E, como havia de ser, o futebol é assunto comum entre os contos. VEJA TAMBÉM: Quando Palmeiras e Corinthians se uniram para enfrentar o poderoso Paulistano O Palestra Italia era uma referência óbvia. Diante da quantidade de italianos na cidade, até os anos 1930 estimava-se que a maior torcida fosse composta pelos palestrinos. De qualquer maneira, embora não assumisse diretamente a bandeira dos colonos, o Corinthians era também italiano em sua fundação e tinham raízes firmes entre os imigrantes proletários. Juntos, os clubes davam a tinta para o conto de Alcântara Machado, ele mesmo personagem de um dérbi anos antes. Como advogado e político, o corintiano viabilizou a cessão de um terreno junto à prefeitura para a construção do Campo da Ponte Grande, o primeiro estádio particular dos alvinegros. Coube ao próprio escritor dar o pontapé inicial na nova casa. Justamente em um Corinthians x Palestra. Difícil encontrar alguém com mais propriedade para inaugurar a literatura voltada à rivalidade. Assim, ‘Corinthians (2) vs Palestra (1)’ tornou-se um clássico sobre o próprio clássico. E pouco importa o que diz o placar do título, quando o tesouro do texto está guardado em suas linhas. A maneira como o conto escancarava já a mobilização de toda uma gente ao redor do Dérbi. A sonoridade intensa das palavras escolhidas a dedo, que exprimem bastante as emoções envolvidas. É uma obra-prima, que serve de elo entre a popularização do futebol e tantas outras áreas do conhecimento. Uma porta de entrada do fenômeno das massas em círculos nos quais nem sempre foi aceito. VEJA TAMBÉM: Craques, taças, confusões: os três anos de Corinthians x Palmeiras que ninguém se esquecerá Além de tudo, o conto de Alcântara Machado antevê o futuro. Ou melhor, antecipa a transformação oral do que se vê com os olhos em um campo de futebol e que expressa a febre de bola. Como melhor explicou o saudoso Nicolau Sevcenko, um dos maiores historiadores brasileiros, em artigo na Revista USP: “O texto é um primor de concisão, ritmo e vibração. Ao mesmo tempo é fundamentalmente visual. É quase só imagem, movimento e ruído. Verbos, interjeições e onomatopeia. Só há um modo de ler esse texto: em voz alta, de um fôlego só, com o frenesi apaixonado de um locutor de futebol. Mas note-se: essa profissão ainda não existia – o que torna o fluxo arrebatado de Alcântara Machado numa espécie de discurso premonitório ou elocução congenial à essência energética e passional do esporte. O escritor intuiu e deu forma literária ao âmago mesmo do fenômeno”. Tamanha riqueza em palavras deve ser preservada além de seus 90 anos. O texto de Alcântara Machado é atemporal. Uma coleção de sensações que corintianos e palmeirenses continuam captando a cada leitura. E que ainda sentem, em cada novo dérbi. *****
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*** Em 7 de maio de 1900, finalmente era inaugurada a primeira linha de bondes elétricos em São Paulo unindo o largo de São Bento à Barra Funda. A cidade foi a quarta do país a ter bonde elétrico, após Rio de Janeiro (1892), Salvador (1897) e Manaus (1899). Inicialmente havia 15 unidades com capacidade para 45 passageiros sentados para atender algo em torno a 240 mil habitantes. *** *** https://www.bn.gov.br/acontece/noticias/2020/05/ha-120-anos-era-inaugurada-primeira-linha-eletrica *** *** CORINTHIANS (2) VS PALESTRA (1) Prrrrii! — Aí, Heitor! A bola foi parar na extrema esquerda. Melle desembestou com ela. A arquibancada pôs-se em pé. Conteve a respiração. Suspirou: — Aaaah! Miquelina cravava as unhas no braço gordo da Iolanda. Em torno do trapézio verde a ânsia de vinte mil pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De vermelho. Delírio futebolístico no Parque Antártica. Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava. — Neco! Neco! Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou. — Gooool! Gooool! Miquelina ficou abobada com o olhar parado. Arquejando. Achando aquilo um desaforo, um absurdo. Aleguá-guá-guá! Aleguá-guá-guá! Hurra! Hurra! Corinthians! Palhetas subiram no ar. Com os gritos. Entusiasmos rugiam. Pulavam. Dançavam. E as mãos batendo nas bocas: — Go-o-o-o-o-o-ol! Miquelina fechou os olhos de ódio. — Corinthians! Corinthians! Tapou os ouvidos. — Já me estou deixando ficar com raiva! A exaltação decresceu como um trovão. — O Rocco é que está garantindo o Palestra. Aí, Rocco! Quebra eles sem dó! A Iolanda achou graça. Deu risada. — Você está ficando maluca, Miquelina. Puxa! Que bruta paixão! Era mesmo. Gostava do Rocco, pronto. Deu o fora no Biagio (o jovem e esperançoso esportista Biagio Panaiocchi, diligente auxiliar da firma desta praça G. Gasparoni & Filhos e denodado meia-direita do S. C. Corinthians Paulista, campeão do Centenário) só por causa dele. — Juiz ladrão, indecente! Larga o apito. gatuno! Na Sociedade Beneficente e Recreativa do Bexiga toda a gente sabia de sua história com o Biagio. Só porque ele era freqüentador dos bailes dominicais da Sociedade não pôs mais os pés lá. E passou a torcer para O Palestra. E começou a namorar o Rocco. — O Palestra não dá pro pulo! — Fecha essa latrina, seu burro! Miquelina ergueu-se na ponta dos pés. Ergueu os braços. Ergueu a voz: — Centra, Matias! Centra, Matias! Matias centrou. A assistência silenciou. Imparato emendou. A assistência berrou. — Palestra! Palestra! Aleguá-guá! Palestra Aleguá! Aleguá! O italianinho sem dentes com um soco furou a palheta Ramenzoni de contentamento. Miquelina nem podia falar. E o menino de ligas saiu de seu lugar. todo ofegante, todo vermelho, todo triunfante, e foi dizer para os primos corinthianos na última fileira da arquibancada: — Conheceram, seus canjas? O campo ficou vazio. — Ó… lh’a gasosa! Moças comiam amendoim torrado sentadas nas capotas dos automóveis. A sombra avançava no gramado maltratado. Mulatas de vestidos azuis ganham beliscões. E riam. Torcedores discutiam com gestos. — Ó… lh’a gasosa! Um aeroplano passeou sobre o campo. Miquelina mandou pelo irmão um recado ao Rocco. — Diga pra ele quebrar o Biagio que é o perigo do Corinthians. Filipino mergulhou na multidão. Palmas saudaram os jogadores de cabelos molhados. Prrrrii! — O Rocco disse pra você ficar sossegada. Amilcar deu uma cabeçada. A bola foi bater em Tedesco que saiu correndo com ela. E a linha toda avançou. — Costura, macacada Mas o juiz marcou um impedimento. — Vendido! Bandido! Assassino! Turumbamba na arquibancada. O refle do sargento subiu a escada. — Não pode! Põe pra fora! Não pode! Turumbamba na geral. A cavalaria movimentou-se. Miquelina teve medo. O sargento prendeu o palestrino. Miquelina protestou baixinho: — Nem torcer a gente pode mais! Nunca vi! — Quantos minutos ainda? — Oito. Biagio alcançou a bola. Aí, Biagio! Foi levando, foi levando. Assim, Biagio! Driblou um. Isso! Fugiu de outro. Isso! Avançava para a vitória. Salame nele, Biagio! Arremeteu. Chute agora! Parou. Disparou. Parou. Aí! Reparou. Hesitou. Biagio Biagio! Calculou. Agora! Preparou-se. Olha o Rocco! É agora. Aí! Olha o Rocco! Caiu. — CA-VA-LO! Prrrrii! — Pênalti! Miquelina pôs a mão no coração. Depois fechou os olhos. Depois perguntou: — Quem é que vai bater, Iolanda? — O Biagio mesmo. — Desgraçado. O medo fez silêncio. Prrrrii! Pan! — Go-o-o-o-ol! Corinthians! — Quantos minutos ainda? Pri-pri-pri! — Acabou, Nossa Senhora! Acabou. As árvores da geral derrubaram gente. — Abr’a porteira! Rá! Fech’a porteira! Prá! O entusiasmo invadiu o campo e levantou o Biagio nos braços. — Solt’o rojão! Fiu! Rebent’a bomba! Pum! CORINTHIANS! O ruído dos automóveis festejava a vitória. O campo foi-se esvaziando como um tanque. Miquelina murchou dentro de sua tristeza. — Que é — que é? É jacaré? Não é! Miquelina nem sentia os empurrões. — Que é — que é? É tubarão? Não é! Miquelina não sentia nada. — Então que é? CORINTHIANS! Miquelina não vivia. Na Avenida Água Branca os bondes formando cordão esperavam campainhando o zé-pereira. — Aqui, Miquelina. Os três espremeram-se no banco onde já havia três. E gente no estribo. E gente na coberta. E gente nas plataformas. E gente do lado da entrevia. A alegria dos vitoriosos demandou a cidade. Berrando, assobiando e cantando. O mulato com a mão no guindaste é quem puxava a ladainha: — O Palestra levou na testa! E o pessoal entoava: — Ora pro nobis! Ao lado de Miquelina o gordo de lenço no pescoço desabafou: — Tudo culpa daquela besta do Rocco! Ouviu, não é Miquelina? Você ouviu? — Não liga pra esses trouxas, Miquelina. Como não liga? — O Palestra levou na testa! Cretinos. — Ora pro nobis! Só a tiro. — Diga uma cousa, Iolanda. Você vai hoje na Sociedade? — Vou com o meu irmão. — Então passa por casa que eu também vou. — Não! — Que bruta admiração! Por que não? — E o Biagio? — Não é de sua conta. Os pingentes mexiam com as moças de braço dado nas calçadas. *** *** https://trivela.com.br/brasil/corinthians-2-palestra-1-o-conto-que-traduz-a-identidade-a-historia-e-a-paixao-do-derbi/ *** ***

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