Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 8 de março de 2021
Negacionismo de Bolsonaro se baseia em cálculo político – Opinião
Crise sanitária vai agravar-se nos próximos dias e semanas
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Fonte: Valor Econômico
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Ilustração: Daniel Medina
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A sociedade brasileira assiste, atônita, ao comportamento do presidente Jair Bolsonaro em meio à mais grave crise sanitária que atinge o mundo desde a gripe espanhola. Sem honrar a liturgia do cargo que ocupa ou demonstrar o mínimo de empatia com seus compatriotas, o primeiro mandatário do país mantém discurso negacionista no momento em que o número de casos e mortes por covid-19 cresce de forma assustadora e o sistema de saúde, em inúmeros Estados, não tem mais como atender a novos pacientes desta ou de qualquer outra doença.
Para Bolsonaro, o único cálculo possível dessa tragédia é político. Contrário ao “lockdown”, por seus efeitos negativos na economia, o presidente defende tratamentos sem amparo na ciência, como o uso da cloroquina, propõe aos cidadãos que se exponham nas ruas e faz pregação contra o uso de vacinas. Ao mesmo tempo, por meio do Ministério da Saúde, promete fornecer imunizantes a todo o país, assim que forem importados. Ao agir dessa forma, coloca-se como o salvador da pátria e deixa o ônus das medidas de isolamento social para governadores e prefeitos.
O presidente recorre à decisão do STF que deu autonomia aos entes subnacionais para enfrentar a pandemia com o objetivo de eximir-se da responsabilidade de lidar com a crise, que já tirou a vida de 265.500 brasileiros. Paralelamente, opera para impedir que os Estados importem vacinas.
Não há trégua no pesadelo que a nação vive. Na semana passada, ao participar de evento em São Simão (GO), Bolsonaro se mostrou mais preocupado em fomentar a divisão da nação do que trabalhar por uma reconciliação. Do alto do palanque, elevou o tom das críticas que costuma fazer a governadores e prefeitos. Queixou-se de ter sua autoridade “castrada” pelo STF e, mais uma vez desdenhando da gravidade da pandemia, disse que é hora de deixar de “mimimi” e “frescura”.
“Vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os nossos problemas”, indagou. Pergunte-se às mais de 265 mil famílias em luto até quando vão lamentar a perda de seus entes queridos, e aos quase 11 milhões de infectados pelo coronavírus até agora. Provavelmente, elas perguntarão por que o governo do segundo país mais afetado por esta pandemia, na contramão da maioria de seus pares pelo mundo, não se planejou para importar e produzir vacinas, em escala compatível com o tamanho de nossa população (211 milhões, a 7ª do planeta).
Bolsonaro insiste na falsa dicotomia entre economia e saúde. “Só com a nossa economia funcionando e não ficando todo mundo em casa, como querem alguns governadores, é que podemos sonhar com dias melhores. Sem dinheiro, sem emprego, estamos condenados à miséria, fracasso, morte, a distúrbios e saques”, afirmou. Embora não tenham respaldo da equipe econômica, que vê a vacinação como crucial para a retomada da economia, depois da queda de 4,1% em 2020, as declarações do presidente não devem ser relativizadas. Como revelou o Valor, na sexta-feira, a crise sanitária vai agravar-se nos próximos dias e semanas.
No próprio Ministério da Saúde, projeta-se que o número de mortes por covid-19 ultrapasse a barreira dos três mil por dia. Prevê-se que, nesta e na semana seguinte, ocorra aumento exponencial de óbitos, entre outras razões porque faltam vacinas para a imunização em massa - em pouco menos de dois meses do início da vacinação, menos de 10% da população foi vacinada.
A projeção mais pessimista resulta do que se considera a tempestade perfeita: a rápida disseminação do vírus na segunda onda, a dificuldade de a população manter-se em isolamento social, a circulação de novas variantes mais contagiosas e com grande carga viral, o colapso do sistema hospitalar em diversos Estados, além da falta de vacinas.
Grave também é a revelação de que o governo federal está decidido a exercer toda sua capacidade de pressionar os laboratórios a fim de travar a venda de vacinas para Estados e municípios, mesmo que a legislação permita a descentralização do combate à doença. Com razão, governadores e prefeitos pressionam o poder central por maior agilidade na aquisição e distribuição dos imunizantes.
A maioria dos governadores defende que o plano nacional de vacinação seja mantido, mas, em carta à Presidência da República, eles alertaram que o futuro não julgará com benevolência os que não tiverem pressa nesta crise. O que deve ficar claro para todos é que esse julgamento não vai limitar-se ao resultado das próximas eleições.
segunda-feira, 8 de março de 2021
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https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/03/o-que-midia-pensa-opinioes-editoriais_8.html
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O distanciamento social corta, machuca, sangra o coração, mas se faz necessário (Foto: Freepik)
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A nacionalização da culpa
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Marcus André Melo*
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Fonte: Folha de S. Paulo
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Há vacina contra a boçalidade?
“O regime parlamentar não tem o dom de fazer cogumelar estadistas geniais. Mas é incontestável que esse regime não admite que um tenentinho ignorante pule da tarimba para a chefia do poder, sem preparo, sem conhecimento de qualquer espécie”. A crítica de Medeiros e Albuquerque, em “O Regime Presidencial do Brasil” (1914), permanece atual.
Medeiros rebatia críticos como Lauro Muller que alegavam que a república presidencial havia feito algo que a monarquia parlamentarista nunca havia conseguido: eliminar a febre amarela. Foi a ciência a responsável, argumentou. Antes da descoberta do vetor “fosse o Brasil império, reino, teocracia, república presidencial ou parlamentar nenhum governo podia extinguir a febre amarela no Rio de Janeiro”. Mas insistia que o parlamentarismo era vacina eficaz contra a boçalidade.
Ignorância e incompetência voltaram à baila. Sim, outsiders despreparados e sem liderança —moral ou política— representam um risco inominável em emergências, como a que estamos vivendo. Embora os governantes se beneficiem do clima de união de todos face à crise, esta janela de boa vontade coletiva se fecha se ela se prolonga.
Calamidades jogam luz sobre o desempenho dos governantes, desvelando aspectos que em situações normais passam despercebidos.
A descoberta da vacina havia mudado a dinâmica política da pandemia porque nacionalizou o padrão fragmentado de “27 epidemias” vigente. A responsabilidade política pela vacina é inequivocamente federal, embora no caso da Coronavac a liderança de Doria tenha criado um contraponto federativo temporário importante.
Com a difusão da pandemia, a nacionalização da responsabilidade política se completou. Com isso, o governo federal que poderia ter auferido ganhos políticos até 2022 com uma vacinação nacional entrou em uma dinâmica de difícil reversão dado a sucessão de descalabros que observamos.
A estratégia de deslocar a culpa para estados e municípios esgotou-se. Tampouco funciona mais a mobilização em torno de questões de corrupção subnacional quando o governo iniciou um abraço com o centrão e enfrenta denúncias gravíssimas no próprio clã presidencial. E mais importante: a escalada de óbitos pela Covid já atingiu valores que torna supérflua a discussão sobre o trade off economia versus saúde.
A nova política da atenção dá saliência ao risco de políticas públicas desastrosas que foram eclipsados no debate público pela crítica maximalista de risco de morte da democracia.
Medeiros mirou alto: no provável nexo inelutável entre instituições e competência. É bastante, por ora, enfrentar o desafio que a falta desta última nos coloca.
segunda-feira, 8 de março de 2021
*Marcus André Melo, professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA).
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https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/03/marcus-andre-melo-nacionalizacao-da.html
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Biden denuncia a "incrível irresponsabilidade" de Trump
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Imagem: JOE RAEDLE/GETTY IMAGES VIA AFP
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AFP 20/11/2020 09h24
Fareed Zakaria
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Biden exibe onde Reagan errou
No mundo de hoje, há desafios que somente um governo com boa liderança e administração pode
resolver.
Foi o governo americano que levou o homem à Lua e criou a internet; há hoje desafios fundamentais que só um bom governo pode resolver
Apresidência de Joe Biden ainda está no começo, mas não é cedo demais para apontar seu feito
mais notável, que terá implicações por muitos anos ainda. O programa de vacinação contra a covid-19 foi transformado. O governo federal criou ou expandiu mais de 450 centros de vacinação, e
o país está aplicando 2 milhões de vacinas por dia, mais de duas vezes o que era feito quando Biden
assumiu o governo. O presidente diz ter garantido um suprimento suficiente para imunizar toda a
população adulta dos EUA nos próximos três meses, bem antes de todos os principais países com
exceção do Reino Unido. Os EUA aplicaram cerca de 80 milhões de doses da vacina, enquanto a
União Europeia aplicou 35 milhões e a China, 50 milhões. Mais de 15% dos americanos receberam
pelo menos uma dose, proporção cerca de cinco vezes maior do que a observada entre os chineses.
Em resumo, Biden está demonstrando aos americanos e ao mundo que o governo dos EUA pode
voltar a funcionar.
O governo Trump merece crédito pela Operação Warp Speed (Velocidade de dobra), o programa
que ajudou a financiar as vacinas, e o setor privado merece crédito pela velocidade e eficácia milagrosa no desenvolvimento dos imunizantes. Mas, no geral, o presidente Donald Trump deixou a
vacinação em si a cargo dos Estados. Em março do ano passado, Ron Klain, agora chefe de gabinete de Biden, observou que o governo Trump administrava a pandemia, uma crise nacional imensa,
como se o país ainda estivesse vivendo “sob os artigos da confederação”.
Trump fez isso por dois motivos. Primeiro, estava claro que a pandemia criaria grandes problemas,
e ele não queria a responsabilidade por eles. A ideia era: “Deixemos que os governadores arquem
com o lockdown. Nós seremos responsáveis pela recuperação”. Segundo, faz anos que os republicanos desmerecem o governo federal, descrevendo-o como incompetente e disfuncional, dizendo que
Washington era corrupta e o setor privado cuidaria melhor de tudo. A solução inicial de Trump para a pandemia foi reunir algumas empresas privadas e anunciar que elas logo teriam páginas na internet e centros de testagem para atender a população. Quase nada disso aconteceu.
Biden assumiu e logo reverteu a abordagem de Trump. Assumiu a responsabilidade pela crise,
apresentando uma estratégia nacional em 200 páginas que descrevia, por exemplo, como o governo usaria seus poderes e recursos para intensificar a vacinação. Isso incluiu a encomenda de milhões de novas doses de vacinas, o uso da lei de produção da defesa para garantir a rápida ampliação da capacidade de produção, o envolvimento das Forças Armadas, da Guarda Nacional, da
Agência Federal de Administração de Emergências (Fema, na sigla em inglês) e outros órgãos para
reforçar os pontos de vacinação, e o envio direto de vacinas às farmácias.
O resultado foi uma rápida ampliação do fornecimento, produção e aplicação das vacinas. Com
sorte, os EUA logo estarão vacinando 3 milhões por dia.
Governar é trabalhoso. Nos EUA, mais ainda. Trata-se de um sistema político criado para evitar a
tirania, e não para facilitar medidas rápidas. O poder é mantido sob controle, dividido e exercido
de maneira compartilhada. Para que tudo funcione é necessário energia, engenhosidade e, acima
de tudo, fé no governo. Claramente, Biden aprendeu com sua experiência quando organizou um
programa de estímulo enquanto vice-presidente de Barack Obama. Klain, que coordenou a resposta ao Ebola em 2014-2015, é muito concentrado nas questões de execução. O coordenador de Biden para o combate à covid-19, Jeffrey Zients, é um executivo talentoso que demonstrou excelente
desempenho no setor público e privado (talvez seja mais lembrado por consertar a página do Obamacare na internet).
Um funcionário do alto escalão da Casa Branca me disse: “Temos de trabalhar nisso todos os dias,
acertar os detalhes, convencer, bajular e forçar todos a manterem a sincronia. Há muita gente boa
trabalhando no governo federal – na FEMA, por exemplo, eles fazem verdadeiros milagres – mas é
preciso liderar e administrar. É possível fazê-lo. A resposta não é dizer que um grupo de consultoria faria um trabalho melhor. Para pessoas como nós, que acreditam no governo, a tarefa principal
é fazer o governo funcionar.”
O contraste em relação a Trump é fácil de observar, pois Trump não encarava seu trabalho como a
responsabilidade de administrar disciplinadamente a burocracia federal. Para ele, a presidência
era um reality show de TV e a política se limitava a uma série de atos simbólicos. Mas há uma visão
mais ampla do governo federal que nasceu com a Guerra do Vietnã, com o Watergate e alguns dos
excessos dos programas da Grande Sociedade, expressada pelo presidente Ronald Reagan em seu
discurso de posse quando disse: “O governo não é a solução dos nossos problemas; o governo é o
problema”.
Biden pode mostrar a todos nós que Reagan estava errado. Foi o governo americano que levou o
homem à Lua e criou a internet. E, no mundo de hoje, há desafios fundamentais que somente um
governo com boa liderança e administração pode resolver. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
Trump queria governadores arcando com o lockdown e ele trazendo a recuperação
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https://digital.estadao.com.br/o-estado-de-s-paulo/20210308/textview
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Biden denuncia a "incrível irresponsabilidade" de Trump
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O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, denunciou nesta quinta-feira a "incrível irresponsabilidade" do presidente Donald Trump, que ainda se recusa a aceitar a derrota nas eleições de 3 de novembro. O estado americano da Geórgia terminou a recontagem manual de todos os votos da eleição presidencial e os resultados confirmam a vitória de Biden
Por UOL, 20 de nov. de 2020
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https://www.youtube.com/watch?v=ZpY3RYcactc
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Distanciando-se de petismo e bolsonarismo, Ciro Gomes afirma acreditar em um 'novo caminho' para a política nacional
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https://jovempan.com.br/programas/jovem-pan-morning-show/ciro-gomes-nao-existiria-o-bolsonarismo-bocal-se-nao-fosse-o-lulopetismo-corrompido.html
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Ciro Gomes fala sobre governo Bolsonaro, pandemia e eleições em 2022
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UOL
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Nesta segunda-feira (8), às 11h, o ex-governador Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência da República em 2018, é entrevistado pelo jornalista Kennedy Alencar, colunista do UOL
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https://www.youtube.com/watch?v=lqevir7x2_E
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