Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 24 de maio de 2022
MALUFISMO VIVE
Após cinco décadas de política, malufismo sai de cena sem deixar herdeiros
Especialistas veem paralelo entre corrente em torno de Paulo Maluf e bolsonarismo, o que aliados rejeitam. Aos 90, ex-prefeito cumpre prisão domiciliar e enfrenta problemas de saúde
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Condenado pela Justiça e debilitado, ex-deputado Paulo Maluf não demonstra interesse pela política partidária
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Valor Econômico
Análise: Gesto de Doria lembra mais capitulação do que estratégia | Política | Valor Econômico
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César Felício: Gesto lembra mais capitulação do que estratégia
Valor Econômico
Doria busca não deixar herdeiros com sua retirada
O ex-governador João Doria, do PSDB, se retirou da disputa com um "até breve", o que sinaliza que não pretende se retirar propriamente da política. Deixou claro, entretanto, que está fora da campanha presidencial deste ano, ou seja, não será candidato a vice e nem se propõe a ser um apoiador de ninguém. Irá se contentar, em suas palavras, em seguir como um "observador sereno". Diz que o Brasil precisa de uma alternativa aos extremos- ou seja, é contra um apoio a Lula e Bolsonaro- mas que "o PSDB saberá tomar a melhor decisão".
Não há nenhuma palavra, salvo as protocolares, em apoio ao atual governador de São Paulo e seu sucessor, Rodrigo Garcia. E muito menos qualquer indicação, aí nem mesmo protocolar, em favor da senadora Simone Tebet (MDB-MS). Ele não quer creditar mais ganhos aos maiores ganhadores de sua retirada.
Tanto Simone quanto Garcia são os maiores beneficiários naturais da saída de Doria da disputa. Garcia porque quer ficar desatrelado na disputa nacional, uma vez que não tem possibilidade de se aproximar nem de Lula e nem de Bolsonaro, cada qual com seu afilhado na disputa paulista. Simone porque acredita em uma possibilidade de receber um apoio do PSDB e do Cidadania por gravidade, por WO, na infinita novela das negociações da terceira via.
Ainda resta Eduardo Leite. O ex-governador gaúcho, que nunca abriu mão de nada neste processo, nem da pretensão presidencial depois da derrota nas prévias, nem de uma candidatura à reeleição fora do cargo em seu Estado, nem de ser vice de alguém, ou candidato ao Senado, ou postulante à Câmara, deve quem sabe agora finalmente se posicionar sobre seu destino. A possibilidade de entrar na disputa presidencial deve se recolocar naturalmente, mas tanta tergiversação cobra seu preço. A viabilidade da candidatura agora parece menor do que era antes.
A saída de cena de Doria obviamente foi intempestiva. Há apenas dez dias ele ameaçou judicializar a sua queda de braço com a cúpula do partido para fazer valer o resultado das prévias partidárias, na famosa carta de papel timbrado do advogado eleitoral Arthur Rollo. Naquele momento, Doria sinalizou que procuraria prolongar a contenda ao máximo. Mudou de ideia. É um sinal de que a carta de renúncia de ontem guarda muito mais um aspecto de capitulação do que de estratégia. A permanência ou não de Doria na cena política dependerá agora de variáveis que ele não controla.
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Nas entrelinhas: Doria desiste, mas PSDB continua dividido
Publicado em 24/05/2022 - 06:51 Luiz Carlos AzedoCongresso, Eleições, Ética, Governo, Justiça, Memória, Partidos, Política, Política, São Paulo, Saúde
O grupo paulista não quer uma candidatura própria, para assim poder abrir o palanque de Rodrigo Garcia em São Paulo, numa tentativa desesperada de viabilizar a reeleição do atual gestor do estado
O ex-governador de São Paulo João Doria jogou a toalha e desistiu da candidatura à Presidência da República, após ser comunicado pela cúpula da legenda que seria candidato de si mesmo. Doria perdeu o apoio do grupo liderado pelo governador Rodrigo Garcia, que o sucedeu, e pelo presidente do PSDB, Bruno Araújo, aliados aos presidentes do Cidadania, Roberto Freire, e do MDB, Baleia Rossi. Se depender dos presidentes dos três partidos, a candidata da chamada terceira via será a senadora Simone Tebet (MS), do MDB.
Doria foi vítima dele mesmo. Rompeu com seu padrinho político, Geraldo Alckmin, que hoje é o vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A aliança de segundo turno que havia feito com o presidente Jair Bolsonaro, em 2018, rompeu-se no começo da pandemia da covid-19, por causa da política de distanciamento social adotada pelo governo paulista para restringir a propagação da doença. Quando o Instituto Butantan, pioneiramente, começou a produzir a vacina chinesa CoronaVac, Doria se tornou o principal adversário de Bolsonaro, cujo negacionismo combateu em entrevistas diárias pela tevê.
A superexposição na mídia, porém, alavancou sua rejeição nas pesquisas de opinião, embora viesse fazendo um bom governo, dos pontos de vista administrativo e financeiro. Doria nunca teve uma trégua das lideranças petistas de seu estado, muito fortes nas áreas da saúde e da educação, e também sofreu oposição sistemática dos bolsonaristas de São Paulo, principalmente nas áreas do agronegócio e da segurança pública. Lançou-se candidato à Presidência em situação muito desvantajosa do ponto de vista de imagem.
Seu maior erro talvez tenha sido levar o vice-governador Rodrigo Garcia do DEM para o PSDB, o que aprofundou seu isolamento interno, afastando lideranças históricas, como Alckmin, que já estava com um pé fora da legenda, e os ex-senadores Aloysio Nunes Ferreira e José Aníbal. A mudança também provocou o afastamento de sua candidatura do antigo DEM, que viria a se fundir com o PSL e formar o União Brasil. Além disso, Doria terceirizou as articulações políticas com deputados federais, estaduais e prefeitos, deixando-as a cargo de Garcia.
Ungido seu sucessor natural, Rodrigo Garcia passou a operar com os deputados Carlos Sampaio (SP), Rodrigo Maia (RJ), Bruno Araújo e Baleia Rossi para tornar irreversível a saída de Doria do Palácio dos Bandeirantes. As prévias do PSDB, do ponto de vista prático, serviram apenas para isso. Quando Doria ameaçou não disputar a Presidência e permanecer no governo paulista, Garcia e Araujo assinaram um termo de compromisso garantindo que apoiavam sua candidatura ao Planalto. Doria caiu na armadilha: renunciou ao mandato de governador e acabou defenestrado.
Candidatura própria
Doria também nunca teve grande apoio fora de São Paulo. A desistência dele, porém, não unifica o PSDB. Os líderes históricos da legenda desejam lançar uma candidatura própria. Os nomes cogitados são os do ex-governador gaúcho Eduardo Leite, que perdeu as prévias para Doria e retirou sua candidatura, mas está desincompatibilizado para concorrer à Presidência; e o senador Tasso Jereissati (CE), um dos fundadores do partido. O deputado Aécio Neves (MG) e o ex-governador de Goiás Marconi Perillo defendem essa alternativa.
Entretanto, a reunião da Executiva que se realizaria hoje foi suspensa por Bruno Araújo. O grupo paulista não quer uma candidatura própria, para assim poder abrir o palanque de Garcia em São Paulo, numa tentativa desesperada de viabilizar a reeleição do atual gestor. Pesquisa divulgada ontem pelo Real Big Data revela que o candidato petista Fernando Haddad lidera a disputa com 29%, seguido de Tarcísio de Freitas (PR) e Márcio Franca (PSB), com 15%. Rodrigo Garcia tem 7%. Nos cenários sem Haddad ou França, Garcia permanece atrás de Tarcísio, o candidato de Bolsonaro.
A lógica das articulações da bancada paulista para remover a candidatura de Doria foi a da alça de caixão difícil de carregar. Com a desistência, a situação se alterou completamente, porque Garcia não tem mais nenhuma desculpa para explicar sua desvantagem nas pesquisas eleitorais e precisa recuperar a expectativa de poder que perde a cada dia. Ou seja, provar que a rejeição de Doria era seu principal obstáculo. Tem a seu favor o grupo econômico que apoiava seu antecessor e teve um papel decisivo no convencimento de que o tucano deveria desistir de disputar a Presidência. Entretanto, Tarcísio de Freitas também transita entre os empresários paulistas.
Viabilizar o palanque de Simone Tebet em São Paulo é uma prioridade na terceira via, mas tanto Baleia Rossi quanto o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que administra a capital paulista, sabem que essa não é uma prioridade do atual governador. A candidata do MDB tem apoiou político de Garcia para impedir uma candidatura própria do PSDB, porém não tem nenhuma garantia de apoio eleitoral no estado com maior eleitorado do país.
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STF mantém decisão que negou indulto a Paulo Maluf
Maioria do Plenário concluiu que laudo médico atestou que Maluf não tem doença grave permanente
24/05/2022 10:07 | Atualizado 24/05/2022 10:07
ACESSIBILIDADE:
Maluf cumpre a pena em prisão domiciliar humanitária, na sua mansão em SP Foto: Reprodução TV Globo
Redação
Redação
Na sessão virtual encerrada em 20/5, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria, negou recurso da defesa de Paulo Salim Maluf contra decisão do ministro Edson Fachin que havia negado o indulto humanitário ao ex-governador e ex-prefeito de São Paulo nos autos da Execução Penal (EP) 29. Maluf cumpre penas impostas pelo Supremo em duas Ações Penais (AP 863 e 968), por lavagem de dinheiro e crime eleitoral, e está em prisão domiciliar humanitária desde 2018.
A defesa do ex-governador havia requerido a extinção da punibilidade do crime eleitoral referente à AP 968 pelo reconhecimento do direito ao indulto, nos termos do Decreto 10.590/2020, com o argumento de que suas condições de saúde se enquadram entre as enfermidades descritas no ato presidencial (paraplegia e doença grave). O ministro Fachin negou o pedido, por entender que, de acordo com o laudo oficial, Maluf não tem doença grave permanente, nos termos exigidos pelo decreto presidencial.
Ao recorrer da decisão, a defesa sustentou que o exame médico oficial teria deixado de levar em consideração aspectos obrigatórios para o diagnóstico de doença degenerativa decorrente do envelhecimento nem abordado as conclusões dos laudos particulares apresentados pela defesa.
Requisitos
Prevaleceu, no julgamento, o voto do relator, ministro Edson Fachin, pelo desprovimento do recurso. Ele lembrou que a perícia oficial, exigida pelo decreto, concluiu que Maluf não está acometido por doença grave permanente. Os documentos trazidos pela defesa, segundo o ministro, trazem informações não oficiais, emitidas por profissionais da confiança do paciente, no exercício privado de suas atividades, contrariando exigência expressa no decreto.
O relator ressaltou que, embora o laudo pericial ateste o comprometimento funcional irreversível de Maluf, em decorrência de doenças e do processo degenerativo de envelhecimento, a conclusão refuta a paraplegia. Em relação a enfermidades crônicas cujo tratamento é contraindicado no ambiente prisional, Fachin lembrou que sua decisão monocrática manteve a prisão domiciliar humanitária assegurada desde 2018. Portanto, não há razão para afastar o laudo firmado por três peritos oficiais.
Ficaram vencidos os ministros Dias Toffoli e André Mendonça, que votaram pelo provimento do recurso para conceder o indulto. Toffoli considerou demonstrado por laudos, pareceres e exames médicos que Maluf é portador de doença grave e permanente que exige cuidados contínuos que não poderiam ser ministrados em estabelecimento prisional.
Multa
Em outro recurso, a defesa questionava decisão que notificou Maluf acerca do pagamento do valor remanescente de R$ 2,4 milhões, relativo às sanções pecuniárias impostas pelo Supremo, tendo em vista que a Procuradoria-Geral da República (PGR) constatou erros de cálculo na correção monetária implementada pelo juízo da Vara de Execução Criminal de São Paulo. O argumento era de que a ausência de recurso no prazo de cinco dias após o pagamento integral da multa, feito de acordo com os cálculos do juízo de primeiro grau, acarreta a extinção da punibilidade por inércia do Ministério Público.
Em seu voto pelo desprovimento do recurso, seguido por unanimidade, Fachin explicou que as normas constitucionais, legais e regimentais conferem ao STF a competência para a execução penal de seus acórdãos, ressalvada a faculdade de, por razões de conveniência, delegar a realização de alguns atos. “Ao contrário do que parece sustentar a defesa, em nenhum momento se delegou competência para declarar a extinção da pena de multa ao juízo de primeiro grau”, afirmou. “O que se propiciou foi tão somente o recolhimento do valor naquela instância jurisdicional”.
Ele deu razão à PGR quando aponta discrepância entre os critérios de cálculo e determinou que o juízo da 4ª Vara das Execuções Penais do Foro Central da Barra Funda da Comarca de São Paulo (SP) calcule o valor remanescente das penas de multa conforme os critérios legais de correção monetária e os parâmetros para apuração do valor estabelecidos no julgamento das APs 863 e 968. (Com informações do STF)
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CNN Brasil
Após cinco décadas de política, malufismo sai de cena sem deixar herdeiros | CNN Brasil
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Condenado pela Justiça e debilitado, ex-deputado Paulo Maluf não demonstra interesse pela política partidária
Gustavo Lima/ Câmara dos Deputados
Marcus Lopescolaboração para a CNN
26/03/2022 às 04:30 | Atualizado 26/03/2022 às 08:27
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“Você sabe o que significa a sigla PMDB? Paulo Maluf dirigirá o Brasil.” A frase foi dita pelo próprio Paulo Maluf, em 1984, após sair vitorioso da convenção do seu partido, o PDS, para disputar as eleições presidenciais, no ano seguinte.
Maluf perdeu a eleição no Colégio Eleitoral para Tancredo Neves, candidato do PMDB, e nunca dirigiu o Brasil.
Disputou 16 eleições, entre diretas e indiretas, das quais perdeu dez e ganhou seis. Nos tempos áureos, foi o deputado federal campeão de votos no país e um prefeito com altos índices de popularidade, mas deixou o cenário político após ter sido preso, em 2017, e, no ano seguinte, ter o mandato de deputado federal cassado.
Com tantos reveses, o malufismo ― corrente política em torno de Maluf durante mais de cinco décadas ―, está praticamente extinto por falta de sucessores e por causa da controversa carreira do seu criador, recheada de acusações de improbidade administrativa e um discurso conservador em relação à pauta de costumes.
Isso leva à comparação com outro movimento político personalista conservador de direita: o bolsonarismo, capitaneado pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Não há propriamente um paralelo entre as duas correntes [bolsonarismo e malufismo], mas uma ancestralidade comum”, diz o cientista político Antonio Sérgio Rocha, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo ele, tanto no malufismo, como no bolsonarismo, predomina a manipulação do medo da classe média ― do empobrecimento, da esquerda no poder e da perda de status social com a ascensão de gente das classes C e D ―, além do uso de uma moral socialmente conservadora.
Opinião semelhante tem a cientista política Deysi Cioccari, que é doutora em ciências sociais pela PUC-SP.
“São políticas caracterizadas pela emoção. O carisma de Bolsonaro foi um dos maiores fatores para a sua eleição em 2018 e pela faixa de 25% dos eleitores que ele mantém no apoio. Bolsonaro não tem nenhuma realização que justifique essa média, a não ser a emoção daqueles que se identificam com ele. Com o malufismo, é o mesmo princípio”, diz.
Aliados do ex-prefeito rejeitam a comparação com Bolsonaro, mesmo em pautas como a segurança.
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Maluf sempre defendeu que a população tem de ser protegida por uma segurança pública eficiente, mas não que a população esteja armada
Jesse Ribeiro, ex-chefe de gabinete de Maluf na Câmara dos Deputados e um dos seus fiéis escudeiros há mais de 40 anos
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Lembrando o lema de Maluf no governo de São Paulo em relação à segurança ― “A Rota (polícia de elite de São Paulo) tem de ir para a rua” ― Ribeiro destaca outros contrapontos com Bolsonaro, como a histórica capacidade de articulação política de Maluf (inclusive com o PT, com o apoio a Fernando Haddad no segundo turno para a eleição do petista à prefeitura, em 2012) e o respeito às instituições, como o Judiciário, mesmo tendo sido condenado e preso a mando do Supremo Tribunal Federal (STF).
Veja imagens da trajetória política de Maluf
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Nomeado prefeito de São Paulo durante a ditadura, Paulo Maluf comprou fuscas com dinheiro público para entregar aos jogadores da seleção brasileira campeã na Copa do Mundo de 1970
Crédito: Estadão Conteúdo
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Após décadas se movimentando como peça importante no cenário político paulista e nacional, prestes a completar 91 anos e com a saúde debilitada, as vitórias mais recentes do nonagenário político foram contra a Covid-19, que o levou a ser hospitalizado, e a liberdade condicional concedida pelo ministro Edson Fachin, do STF.
Maluf foi condenado pelo Supremo em ação penal por crime de lavagem de dinheiro, que teria sido desviado de obras da Prefeitura de São Paulo durante o período em que foi prefeito, entre 1993 e 1996.
Para alguém que se orgulhava das constantes viagens ao exterior, principalmente Paris, Maluf, que hoje em dia se locomove apenas em cadeira de rodas, apresenta sonhos mais modestos, segundo interlocutores: passar uma temporada na sua casa em Campos de Jordão (SP), na Serra da Mantiqueira.
A memória do político está boa na maior parte do tempo, segundo parentes e assessores que o visitam com autorização da Justiça na mansão da rua Costa Rica, nos Jardins, em São Paulo, onde vive apenas com a esposa, Sylvia, funcionários e cuidadores.
Bunker do malufismo, pelo endereço passaram políticos de várias tendências ― inclusive da esquerda ― para acertar composições políticas. Em diversas ocasiões, principalmente em eleições, foram concedidas entrevistas coletivas no portão da residência.
Essas entrevistas eram meio de improviso, mas Maluf era pontual: gostava de falar sempre na parte da manhã, “para não atrapalhar o horário de fechamento dos jornais e dos noticiários do meio-dia na televisão”.
Sempre lidou com a imprensa à sua maneira: em vez de partir para o embate com profissionais quando sofria ataques na mídia, como costuma fazer o presidente Jair Bolsonaro em diversas ocasiões, Maluf preferia constranger repórteres com abraços e estalados beijinhos no rosto durante as entrevistas e aparições públicas.
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Doutor Paulo, como ficou conhecido por assessores e admiradores, lê os jornais todos os dias, acompanha os noticiários da televisão e chegou a criticar o acidente ocorrido em fevereiro nas obras da linha-6 do metrô, que abriu uma cratera na Marginal Tietê.
Maluf, que sempre gostou de ostentar o diploma de engenheiro pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a ponto de corrigir assessores e secretários de obras durante exposições públicas de projetos no período em que foi prefeito, comentou a interlocutores que a obra tinha sido executada de maneira errada. Deu a entender que, na época de Maluf, o túnel não desabaria.
A CNN não conseguiu entrevistar o político, por conta das restrições legais e de saúde.
Malufismo, uma corrente em extinção
Com a saída de Maluf do cenário político após sua prisão determinada pelo STF, em 2017, o malufismo, que já estava enfraquecido desde a conturbada gestão Celso Pitta (1997-2000) na prefeitura paulistana, praticamente acabou.
Assim como outras correntes políticas populares centradas na figura da sua liderança máxima, como o adhemarismo (Adhemar de Barros), o brizolismo (Leonel Brizola) e o janismo (Jânio Quadros), o malufismo não deixa sucessores diretos, segundo os próprios malufistas.
“O malufismo morreu porque Maluf não se interessou em fazer o seu sucessor. Além disso, uma série de alianças equivocadas, como a com o PT na eleição de [Fernando] Haddad, fizeram o malufismo perder a sua identidade”, afirma o ex-vereador Antonio Salim Curiati Junior, formado politicamente na base malufista e vereador paulistano por oito anos (1997 a 2004).
Seu pai, o ex-deputado estadual Salim Curiati, pertence ao grupo do “malufismo raiz”.
Para o ex-vereador, outro problema comprometeu Maluf: o ego.
Maluf nunca quis alguém que pudesse fazer sombra para ele
Antonio Salim Curiati Junior
Ele relembra a frase dita por Maluf na eleição do seu sucessor, Celso Pitta. “Se ele [Pitta] não for um grande prefeito, nunca mais votem em mim”, disse na campanha de 1996, quando esbanjava popularidade e altos índices de aprovação ao encerrar sua gestão na prefeitura.
Pitta foi eleito na esteira dessa popularidade, mas seu governo foi considerado um desastre administrativo marcado por denúncias de corrupção que envolviam cobrança de propinas em um esquema que ficou conhecido como “máfia dos fiscais”.
“A frase do Pitta ser um bom prefeito foi pior do que o ‘estupra mas não mata’”, diz Curiati Junior, referindo-se a outra frase polêmica de Maluf.
Antenor Braido, ex-secretário de Comunicação de Pitta, defende o ex-chefe, mas admite que ele não tinha traquejo político para lidar com a administração pública e o apetite do legislativo municipal por cargos e verbas.
“Não dá para negar que Maluf foi um ótimo prefeito, mas ele entregou a prefeitura quebrada ao seu sucessor, que era um técnico e não um político”, afirma Braido.
Indagado sobre o fato de o próprio Pitta ter sido secretário de Finanças de Maluf, o ex-secretário contemporiza. “Pitta era o secretário, mas quem mandava era o prefeito”, diz Braido, que admite ser complicado explicar o porquê de Pitta ter aceitado a missão de suceder Maluf, já que não carregava nenhuma tradição na política e conhecia de perto a complexa situação financeira da prefeitura na época, já que participou da gestão malufista.
É possível que a vaidade possa ter falado um pouco mais alto
Antenor Braido, ex-secretário de Comunicação da Prefeitura de São Paulo
O empresário Alberto Haddad, de 34 anos, tenta manter acesa a chama do malufismo. Pré-candidato a deputado estadual pela primeira vez em São Paulo pelo PP (Progressistas), ele se apresenta nas redes sociais como “Albertinho, o sobrinho de Maluf” e usa símbolos que tornaram o tio famoso, como o coração.
Na verdade, o parentesco é um pouco mais distante: sua bisavó era tia de Salim Farah Maluf, pai de Paulo Maluf.
Alberto, que se antecipa ao negar qualquer parentesco com Fernando Haddad, defende o legado e cita de cor todas as obras e projetos da carreira política do tio: Leve-Leite, Cingapura (habitação), aeroporto de Guarulhos e rodovias e avenidas em São Paulo, exatamente como fazia Maluf em suas campanhas eleitorais.
Uma das marcas do malufismo no setor de transportes foi justamente o rodoviarismo, criticado por especialistas em gestão pública por ser considerado mais caro e menos eficiente, na relação custo/benefício, do que outros meios de transporte de massa, como o metrô.
Uma das obras mais controversas de Maluf é justamente rodoviária: o Elevado João Goulart (ex-Costa e Silva), o Minhocão, inaugurado em 1971 durante a primeira gestão de Maluf na prefeitura, que assumiu o cargo nomeado pelo regime militar.
Em relação ao Cingapura, as principais críticas são o baixo volume de unidades entregues ― cerca de 17 mil, ante uma meta de mais de 90 mil ― e a falta de projetos permanentes de urbanização no entorno dos conjuntos habitacionais.
“Quero continuar o legado dele e a forma de administrar para a população”, diz Alberto, que volta a enumerar os feitos do padrinho.
“O tio Paulo sempre foi o número 1 em tudo. Quando ele assumiu a prefeitura, São Paulo tinha dois túneis. Sozinho, ele fez oito. No governo do estado, mais do que dobrou a capacidade de vazão de água da Sabesp”, conta o orgulhoso sobrinho, que, de fato, sempre foi muito chegado a Maluf e o acompanhava desde a infância, segundo assessores e pessoas próximas ao ex-prefeito.
Mas, segundo essas mesmas pessoas, é melhor Alberto não contar com a ajuda do tio que, apesar de continuar filiado ao PP, não demonstra mais interesse pela política partidária, dada as condições de saúde e a idade avançada.
Alberto, que também cuida das redes sociais do tio, de fato não sabe se será eleito ou mesmo se a candidatura será confirmada, mas promete manter acesa a chama do malufismo, independente do resultado eleitoral nas eleições de outubro.
Em 1986, candidato ao governo de São Paulo, Maluf perdeu a eleição para Orestes Quércia (PMDB), mas soltou uma de suas pérolas em um debate entre candidatos: “O malufista é igual corintiano: o time pode perder, mas ele será sempre corintiano.”
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https://www.cnnbrasil.com.br/politica/paulo-maluf-e-malufismo-saem-de-cena-sem-deixar-herdeiros/
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Debate na Band: Governo de São Paulo 1998 – 2º turno – Maluf X Covas - Parte 6
11.167 visualizações16 de ago. de 2018
Band Jornalismo
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A Band promoveu o primeiro encontro entre os dois candidatos ao Governo do Estado de São Paulo que chegaram ao segundo turno nas eleições de 1998. Participaram do debate Paulo Maluf (PPB) Mário Covas (PSDB).
https://www.youtube.com/watch?v=0R8DQINUf2c
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Debate entre Maluf e Covas, em S Paulo, é marcado
Daniel Hessel Teich SÃO PAULO. O primeiro debate no segundo turno das eleições em São Paulo, promovido ontem à noite pela Rede Bandeirantes, foi marcado por acusações entre os candidatos Paulo Maluf (PPB) e Mário Covas (PSDB). Covas, a exemplo do que tem feito nos últimos dias, atacou Maluf, comparando-o de novo a Stalin e Hitler e criticando o passado do candidato à frente do Governo paulista entre 1979 e 1983. Ele lembrou declarações antigas de atuais aliados de Maluf, como o presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que em 1984 qualificou seu Governo de amoral e disse que não gostava de Maluf, não o apoiaria e que ele era marcado pelo estigma da repulsa. Covas invocou ainda um antigo discurso do ex-ministro e atual vice de Maluf, Luiz Carlos Santos, na Assembléia Legislativa paulista, em que ele citava um novo verbo, "malufar", como sinônimo de roubar e ainda chamava o candidato de "Ladruf". Maluf respondeu que Antônio Carlos poderá dizer o que pensa a respeito do assunto hoje, quando terão um encontro em São Paulo. Já sobre o que dissera Santos, ele mesmo respondeu, dizendo que as acusações que alega serem de mais de 20 anos atrás foram descontextualizadas de seu discurso original. Mas em pelo menos dois momentos Covas perdeu a oportunidade de responder a ataques de Maluf: quando o pepebista se referiu às suspeitas de superfaturamento de obras habitacionais da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e, quando - incitado por uma provocação a respeito da frase "estupra mas não mata" - Maluf contra-atacou dizendo que a polícia de Covas havia libertado o maníaco do Parque do Estado após ele ser preso por usar cheques de uma de suas vítimas. - O governador Covas se nega a debater planos de Governo, porque ele não tem. No seu Governo, a criminalidade explodiu, houve invasões de terra e o desemprego cresceu. A polícia do Covas soltou o maníaco do parque quando ele havia matado apenas uma pessoa. Agora, ele deve explicações de ter superfaturado obras da CDHU - disse. - Os eleitores não estão interessados apenas em programas de Governo. Querem saber também qual é a história e a trajetória política dos candidatos. Querem saber que tipo de antecedentes ele tem, seu caráter - retrucou o tucano. O ajuste fiscal foi mencionado no debate, que durou uma hora e meia. Maluf, cuja bancada no Congresso tem dado apoio aos projetos do Governo federal, criticou a proposta de aumento de impostos, que está em estudos. Covas e Maluf chegaram à TV Bandeirantes às 21h30m. Covas estava acompanhado de seu vice, Geraldo Alckmin Filho, e de sua mulher, Lila Covas. Maluf tinha a companhia de Oscar Schmidt, que perdeu a eleição para o Senado e do candidato Francisco Rossi, que deixou o PDT para apoiá-lo no segundo turno. Do lado de fora, a atração ficou por conta dos correligionários de cada candidato. Numa referência ao escândalo dos frangos (denúncia de compra superfaturada de frangos de parentes de Maluf pela Prefeitura de São Paulo, comandada por Celso Pitta), os tucanos montaram uma barraca onde ofereciam pedaços de frango assado. Os manifestantes do PPB não ficaram atrás. Uma espécie de cadeia era encimada com as palavras "Goro Grana" e "CDHU". É que o Ministério Público de São Paulo apontou superfaturamento no programa habitacional do Governo estadual. Goro Hama, homem de confiança de Covas, é o presidente da CDHU. Os estrategistas de marketing de Maluf disseram que foi bom para este a atitude belicosa de Covas. Segundo eles, esse comportamento era esperado e mostrava desespero diante da diferença de sete pontos com relação a Maluf apontada pela pesquisa do Datafolha, divulgada ontem. - Ele é tão irascível que não deixava nem os assessores chegar perto - comentou. Para Duda, o melhor momento foi quando Maluf mandou Covas ir para casa descansar pois já tinha tido seus quatro anos. Já Covas, após o debate, disse que não gosta de depender de marqueteiros. - Só faltou Duda Mendonça vestir o terno do Maluf - disse.
https://www.senado.gov.br/noticias/opiniaopublica/inc/senamidia/historico/1998/10/zn10193.htm
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BRIZOLA: FILHOTE DA DITADURA
MALUF: DESEQUILIBRADO
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Debate na Band: Presidencial 1989 – 1º turno – Parte 7 (05/11/89)
15.485 visualizações9 de ago. de 2018
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Band Jornalismo
3,63 mi de inscritos
Confira o sétimo bloco do debate entre os candidatos à Presidência da República nas eleições de 1989. Participaram do debate Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Leonel Brizola (PDT), Paulo Maluf (PDS), Roberto Freire (PCB), Ronaldo Caiado (PSD), Mário Covas (PSDB) e Guilherme Afif Dominguos (PL).
https://www.youtube.com/watch?v=ZNkABlNPwb4
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