Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 5 de maio de 2022
"Isso é coisa de satanás"
"Pus a minhoca e pesquei uma botinha
Uma caneca, um pneu, a lamparina"
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ALGO HÁ
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Fernando Molica: Bolsonaro continuará fomentando crises entre Poderes - Liberdade de Opinião
432 visualizações5 de mai. de 2022
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CNN Brasil
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No quadro Liberdade de Opinião desta quinta-feira (5), o comentarista Fernando Molica examina a declaração do presidente do STF, Luiz Fux, de que as Forças Armadas estão comprometidas com a democracia.
https://www.youtube.com/watch?v=HQEQgJxBvAs
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Universidade Nômade
Luz de lamparina na noite dos desgraçados | Universidade Nômade Brasil
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“Se está faltando cana e tem alguém chupando melado, algo há”.
"– A rigor… tem batata nessa chaleira. Compreendeu? Eu tenho cá comigo que o povo tá despistando!"
Leonel de Moura Brizola:
"Amava aqueles pagos e era amado por sua gente."
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Conversa
Simone Tebet
@simonetebetbr
·
3 h
Hoje vou decolar na saída e terei um porto na chegada. Um Porto Alegre que também me é seguro, pelos companheiros que tenho. O maior deles, um verdadeiro pescador da boa política: Pedro Simon.
Mundo velho mundo novo
@Mundovelhomund1
Em resposta a
@simonetebetbr
“Tive a oportunidade de ver a bravura e a competência com que ele conduziu a política brasileira em seu momento mais dramático”, Senador Pedro Simon: ULYSSES GUIMARÃES
11:12 AM · 5 de mai de 2022·Twitter for iPhone
https://twitter.com/mundovelhomund1/status/1522217740739629060?s=24&t=Ef3_D8M8MeI97Va01YaLxw
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A história de Mora, capítulo 13: “A agonia pública do Doutor Ulysses”
Mora a Dilma: "O bom político, geralmente, é mau amigo e mau parente"
Jorge Bastos Moreno
07/01/2012 - 19:53
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O então deputado federal Ulysses Guimarães em foto de 1989 Foto: Gustavo Miranda / O Globo
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O então deputado federal Ulysses Guimarães em foto de 1989 Foto: Gustavo Miranda / O Globo
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BRASÍLIA - As especulações eram muitas: estafa, câncer no cérebro já com metástase pelo corpo todo, atrofia cerebral, esclerose, hérnia de hiato diafragmático, gastrite crônica, prolapso de válvula mitral, artrose cervical, depressão e até miastenia, uma doença degenerativa progressiva que provoca a perda da capacidade de contração muscular.
Medicamentos? Anafranil e carbonato de lítio passaram a fazer parte do dia a dia dos leitores, telespectadores e ouvintes. Lítio, acredito, entrou para o o dicionário político.
Foi assim! Durante meses, a mídia dividiu sua editoria de política com a de saúde. Era a volta frenética da cobertura jornalística de mais um político doente. Só que, dessa vez, era a outra face da valiosa moeda do PMDB: depois de Tancredo, Ulysses Guimarães.
Como sempre, nessas ocasiões, aparecem logo os especialistas de plantão. As entrevistas são sempre as mesmas. Mudam os nomes, mas os sabichões falam sempre "em tese" - aí, eu me recordo de uma das frases preferidas do meu marido: "com o ‘se’, você bota Paris dentro de uma garrafa".
Eu entrava no nosso quarto e flagrava Ulysses aos prantos, com uma reportagem na mão
Tudo isso não apenas incomodava, mas aumentava a depressão de meu marido. Tínhamos, como já disse aqui, que esconder os jornais e revistas. Mesmo assim, de vez em quando, eu entrava no nosso quarto e flagrava Ulysses aos prantos, com uma ou outra reportagem nas mãos, lendo sobre suas gafes e as "teses" médicas.
Senhoras e senhores! Não, por mais que tentem, não conseguirão imaginar o que representava para mim ver o meu marido daquele jeito! O homem que, na Bahia, derrubou armas apontadas contra ele e chutou cães treinados para atacar, chorando, ao pé da cama.
E o massacre era permanente. Não nos davam trégua. Não havia ainda a Globo News, mas um turbilhão de programas vespertinos - alguns populares, outros sensacionalistas - nas TVs abertas, ao vivo. Entre uma receita de bolo e uma entrevista com uma mulher espancada pelo marido, aparecia um especialista para falar da ou das doenças de meu marido. Eu tranquilizava Ulysses dizendo:
- Ulysses, se esses médicos do "em tese" fossem bons, primeiro, estariam cuidando de você ou das centenas de pacientes que deveriam ter. Veja: são cinco da tarde. Se não estão nos consultórios, é porque os consultórios devem estar às moscas. São médicos de novela, Ulysses!
Meu marido, realmente, estava gravemente enfermo. A intoxicação medicamentosa acabaria levando-o à morte se não tivesse sido detectada e tratada a tempo. O que nos incomodava já não era mais a invasão de privacidade, até porque homens públicos não a têm, infelizmente. Mas a forma como tudo acontecia: se Ulysses cumprimentava alguém com euforia, estava louco; se o fazia comedidamente, estava em forte depressão. Tudo o que ele fazia não era considerado normal. Meu marido passou a ser responsável até pelos erros alheios.
Acham que estou exagerando? Então vou contar a vocês o motivo, o estopim que levou meu marido a ser afastado de suas funções. Sei que vocês não vão acreditar. E é inacreditável mesmo.
Ulysses anunciou que o deputado Siegfried Heuser, que morrera, iria ao exterior em missão oficial
O chamado "condestável" da também chamada Nova República, o homem mais poderoso do país naquele momento, de quem Delfim Netto dizia ser "o pau do circo", foi declarado incapacitado no dia em que anunciou que o deputado Siegfried Heuser iria ao exterior em missão oficial pela Câmara. Dois dias antes, o próprio Ulysses havia informado a morte de Siegfried em um acidente no Chile.
Não vou nem mais repetir aqui o que já contei sobre o jeito desligado de um homem que não conhecia nem o caminho de casa. Quem conhece o mínimo do processo legislativo sabe que o presidente das sessões, nas questões protocolares, segue o roteiro dos funcionários que o auxiliam na Mesa. O funcionário, desatento, seguiu a burocracia e não cancelou a autorização do morto. E quem pagou o pato foi meu marido. Entenderam agora?
Leitores, embalada nessa história do cuidado que os políticos devem ter na hora de ler documentos que lhes passam, permitam-me uma pausa, agora, sobre a doença de meu marido, para contar um caso semelhante, esse sim, cômico. Um pouco antes de Ulysses ficar doente, veio a primeira reforma ministerial do Sarney. Meu marido tinha sido colega de faculdade do Abreu Sodré. Certa noite, aquele repórter apalermado da viagem - lembram? - telefonou para Ulysses:- Tenho um furo. Sabe quem vai ser chanceler? Abreu Sodré. Mas o jornal pediu para eu confirmar com o senhor.
- Se botar, é barriga. Só se Sarney estiver louco. Sodré é folclore!
Meu marido tirou o pão da boca do apalermado. No dia seguinte, todos os outros jornais confirmaram o nome do Sodré, menos o do apalermado. Fiquei com pena.
Meses depois, numa recepção a um chefe de Estado estrangeiro, o Sodré protagoniza uma das cenas mais impagáveis do folclore político brasileiro. Nessas solenidades, os convidados recebem antes cópias dos discursos dos oradores. Quando chegou a vez do nosso chanceler fazer a saudação ao visitante, Sodré trocou o discurso e tascou:
- Excelentíssimo senhor ministro das Relações Exteriores, Abreu Sodré, foi com grande emoção que pisei os pés neste belo país...
E foi indo, não percebeu que estava homenageando a si mesmo. Eu não me lembro mais quem era o chefe de gabinete do Itamaraty. Se não me engano, era o Fred Araújo, um rapaz simpático e muito inteligente. Se não foi, fica sendo. O Fred, desesperado, cutucava, puxava o paletó do Sodré. E o chanceler nem aí:
- Creia-me, chanceler Sodré, deste país, que visito pela primeira vez, levarei as mais gratas lembranças. Desejo que Vossa Excelência, ministro Sodré, transmita ao presidente deste país, José Sarney, meus cumprimentos por estar conduzindo o processo de redemocratização do Brasil com muita determinação e coragem.
Só por esse pequeno trailer já dá para vocês perceberem como deve ter sido a gestão do Sodré no Itamaraty. Abreu Sodré era amigo pessoal do presidente da República. E, quando surgiu a oportunidade de fazer um Ministério só seu, Sarney, numa prática republicana comum, nomeou alguns amigos também.
Leve em conta esta frase do meu marido: "O bom político, geralmente, é mau amigo e mau parente"
Dilma, minha querida presidente, a quem não tive a honra de conhecer pessoalmente, a senhora que, daqui a algumas horas ou dias, talvez, terá a oportunidade de nomear o seu próprio Ministério, por favor, leve em consideração esta frase do meu marido: "O bom político, geralmente, é mau amigo e mau parente."
Bem, retornando ao doloroso drama da doença de Ulysses, devo recordar o que já disse aqui: o que quase matou meu marido foi aquele maldito remédio para diarreia, contraindicado no caso de apendicite aguda.
E vejam como a ciência revolucionou conceitos e mudou a qualidade de vida: todas as especulações sobre doenças mentais se casavam porque Ulysses já era considerado muito velho. Ele estava com 69 anos de idade.
O Globo, um jornal nacional: Fique por dentro da evolução do jornal mais lido do Brasil
https://oglobo.globo.com/politica/a-historia-de-mora-capitulo-13-agonia-publica-do-doutor-ulysses-3594245
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Todo Estudo
Leonel Brizola: vida, carreira política e importância na história brasileira
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O Leonel do Sudoeste
4 minutos de leitura
Dante Mendonça
Dante Mendonça
25/06/04 01h00 - Atualizado: 20/01/13 11h37
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Leonel de Moura Brizola só não foi presidente da República porque não era do Sudoeste do Paraná. Se nos meados do século passado o engenheiro tivesse migrado para Pato Branco ou Francisco Beltrão, a exemplo de tantos outros conterrâneos gaúchos, a gloriosa carreira política de Brizola ganharia uma outra trajetória e uma outra biografia.
O engenheiro Leonel teria lutado pelas terras, em 1957, liderando os colonos que invadiram cidades e expulsaram as companhias comerciais de terra e seus jagunços, ombro a ombro com o médico Walter Pecoits. Eleito prefeito de Pato Branco, e logo em seguida deputado estadual, viria para Curitiba, de mala e cuia, onde formaria uma outra base eleitoral. Derrotaria Ney Braga nas urnas, numa inigualável campanha, e seria o novo prefeito da capital. Por ampla maioria de votos, seria o governador mais jovem da história do Estado do Paraná. Quando da renúncia de Jânio Quadros, Brizola montaria no Palácio Iguaçu a Cadeia da Legalidade, para garantir a posse de Jango Goulart, vice em viagem para a China. Eleito deputado federal pelo Paraná, conclamaria a população do Sul a se levantar contra o golpe militar de 64. Integrando a primeira lista de cassados pelos militares, primeiro se refugiaria numa fazenda do Sudoeste paranaense e em seguida se exilaria no Uruguai.
Em 6 de setembro de 1979, quando Leonel de Moura Brizola desembarcou em Foz do Iguaçu, seria conduzido nos braços do povo até Pato Branco. No percurso, seriam realizados grandes comícios em Medianeira, Cascavel, Dois Vizinhos, lançando sua candidatura a presidente da República. Por margem minúscula, Brizola teria vencido o “sapo barbudo” no primeiro turno. Favoritíssimo, Brizola teria derrotado o alagoano caçador de marajás. E outra vez retornaria a Pato Branco, ainda nos braços do povo do Sudoeste.
Empossado presidente, na primeira hora do primeiro dia, Brizola convocaria uma reunião urgente com o FMI e lhe daria um rotundo não!
Bem, daí pra frente… só Deus sabe o que teria nos reservado aquele ex-prefeito de Pato Branco.
O Sudoeste do Paraná é uma região produtora de ministros; soja, milho e fumo também. E só não produziu um presidente da República porque Brizola – filho de lavradores, como todos os pioneiros do Sudoeste – nasceu no povoado de Cruzinha, que pertenceu a Passo Fundo, até 1931, quando passou a ser Carazinho. O Sudoeste é um celeiro de políticos, solo fértil de ministros. Se não, vejamos: Alceni Guerra e Borges da Silveira, ministros da Saúde; Deni Schwartz, ministro dos Transportes; e Euclides Scalco, todo-poderoso de Fernando Henrique na Casa Civil. Pelo porte, numa comparação proporcional com outras regiões do país, o Sudoeste é um fenômeno político.
Assim, em se tratando de fenômenos, o fenômeno Leonel de Moura Brizola só não foi presidente da República porque não migrou para Pato Branco ou Francisco Beltrão.
Por ativismo, Leonel Brizola ainda se faz presente no Sudoeste do Paraná. Amava aqueles pagos e era amado por sua gente. Em 1994, candidato a presidente, foi recebido em Francisco Beltrão com um comício jamais visto, apesar de o candidato pedetista amargar um dos últimos postos da corrida presidencial, atrás até do tosco candidato Enéas. Mas nada o desanimava; o entusiasmo da praça o revigorava. Após o comício, Brizola recebeu das mãos de um dos assessores a pesquisa do Ibope, pouco antes divulgada em rede nacional de tevê. Ao repórter que o abordou, ele explicou os números desfavoráveis, não sem antes um breve silêncio:
– A rigor… tem batata nessa chaleira. Compreendeu? Eu tenho cá comigo que o povo tá despistando!
O povo do Sudoeste não despistava e entendia as palavras do orador contundente e irônico, mesmo quando Brizola se autodefinia como uma “planta do deserto”, que só precisa de algumas gotas de orvalho para reverdejar.
Até domingo; e como dizia o velho Briza: “Se está faltando cana e tem alguém chupando melado, algo há”.
https://tribunapr.uol.com.br/blogs/dante-mendonca/o-leonel-do-sudoeste/
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Boris Casoy: Atrito entre instituições não cessará no curto prazo - Liberdade de Opinião
286 visualizações5 de mai. de 2022
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No quadro Liberdade de Opinião desta quinta-feira (5), o jornalista Boris Casoy avalia a declaração do presidente do STF, Luiz Fux, de que as Forças Armadas estão comprometidas com a democracia.
https://www.youtube.com/watch?v=C2GSxy5PSYs
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No quadro Liberdade de Opinião desta quinta-feira (5), o jornalista Boris Casoy avalia a declaração do presidente do STF, Luiz Fux, de que as Forças Armadas estão comprometidas com a democracia #CNNNovoDia #CNNnasEleições #06deAgostoTemDebate
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0:23 / 5:54
https://twitter.com/i/status/1522209282904580097
Boris Casoy: Atrito entre instituições não cessará no curto prazo
10:39 AM · 5 de mai de 2022·Grabyo
https://twitter.com/cnnbrasil/status/1522209282904580097
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April 30, 2022
4:25 PM GMT-3
Last Updated 5 days ago
Any Bolsonaro attempt to undermine Brazil election should be met with sanctions, ex U.S. diplomat says
Reuters
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Brazil's President Jair Bolsonaro speaks during a ceremony in Brasilia
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Brazil's President Jair Bolsonaro reacts during a ceremony in Brasilia, Brazil April 28, 2022. REUTERS/Andressa Anholete
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RIO DE JANEIRO, April 30 (Reuters) - Washington should make it clear to the "messianic" Brazilian President Jair Bolsonaro that any effort to undermine his country's elections would trigger multilateral sanctions, a newly retired U.S. State Department official wrote on Saturday.
The opinion piece in the O Globo newspaper from Scott Hamilton, the U.S. consul in Rio de Janeiro from 2018 to 2021 who retired from the State Department this week, is likely to irk Bolsonaro. The far-right populist has made baseless allegations of Brazilian electoral fraud, which Hamilton called part of a plan to reject any defeat in the October election.
The article may complicate the relationship between Brasilia and Washington at a time when U.S. officials have pushed to improve ties with Bolsonaro's administration, trying to overcome differences over the Ukraine war.
Bolsonaro's office and the U.S. embassy in Brasilia did not immediately respond to requests for comment.
Hamilton wrote that in his time in Rio he had "witnessed the ways in which Bolsonaro and his supporters tried to sabotage the integrity of the Brazilian democratic process."
The Brazilian president's "intent is clear and dangerous: to undermine the public's faith (in the electoral system) and set the stage for the effort to refuse to accept its outcome," wrote Hamilton.
Bolsonaro trails leftist former President Luiz Inacio Lula da Silva in opinion polls ahead of the Oct. 2 election.
Hamilton wrote that Bolsonaro "sees himself as an envoy of God to save Brazil from 'communism.' It is a messianic vision impervious to reason."
As a result, Hamilton wrote, "the United States should make it crystal clear to President Bolsonaro that an attempt to interfere with the integrity of the Brazilian electoral process will be the object of ... punitive sanctions on all involved, imposed simultaneously by a broad group of countries."
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Reporting by Gabriel Stargardter Editing by Brad Haynes and Chris Reese
Our Standards: The Thomson Reuters Trust Principles.
More from Reuters
https://www.reuters.com/world/americas/any-bolsonaro-attempt-undermine-brazil-election-should-be-met-with-sanctions-ex-2022-04-30/
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lamparina na noite dos desgraçados
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RÁDIO CÂMARA
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CÂMARA É HISTÓRIA
Íntegra do discurso presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Dr. Ulysses Guimarães (10' 23")
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Íntegra do discurso presidente da Assembléia Nacional Constituinte, Dr. Ulysses Guimarães (10' 23")
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Discurso
"Senhoras e senhores constituintes.
Dois de fevereiro de 1987. Ecoam nesta sala as reivindicações das ruas. A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar. São palavras constantes do discurso de posse como presidente da Assembléia Nacional Constituinte.
Hoje. 5 de outubro de 1988, no que tange à Constituição, a Nação mudou. (Aplausos). A Constituição mudou na sua elaboração, mudou na definição dos Poderes. Mudou restaurando a federação, mudou quando quer mudar o homem cidadão. E é só cidadão quem ganha justo e suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e remédio, lazer quando descansa.
Num país de 30 milhões, 401 mil analfabetos, afrontosos 25 por cento da população, cabe advertir a cidadania começa com o alfabeto. Chegamos, esperamos a Constituição como um vigia espera a aurora.
A Nação nos mandou executar um serviço. Nós o fizemos com amor, aplicação e sem medo.
A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca.
Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério.
Quando após tantos anos de lutas e sacrifícios promulgamos o Estatuto do Homem da Liberdade e da Democracia bradamos por imposição de sua honra.
Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. (Aplausos)
Amaldiçoamos a tirania aonde quer que ela desgrace homens e nações. Principalmente na América Latina.
Foi a audácia inovadora, a arquitetura da Constituinte, recusando anteprojeto forâneo ou de elaboração interna.
O enorme esforço admissionado pelas 61 mil e 20 emendas, além de 122 emendas populares, algumas com mais de 1 milhão de assinaturas, que foram apresentadas, publicadas, distribuídas, relatadas e votadas no longo caminho das subcomissões até a redação final.
A participação foi também pela presença pois diariamente cerca de 10 mil postulantes franquearam livremente as 11 entradas do enorme complexo arquitetônico do Parlamento à procura dos gabinetes, comissões, galeria e salões.
Há, portanto, representativo e oxigenado sopro de gente, de rua, de praça, de favela, de fábrica, de trabalhadores, de cozinheiras, de menores carentes, de índios, de posseiros, de empresários, de estudantes, de aposentados, de servidores civis e militares, atestando a contemporaneidade e autenticidade social do texto que ora passa a vigorar.
Como caramujo guardará para sempre o bramido das ondas de sofrimento, esperança e reivindicações de onde proveio.
Nós os legisladores ampliamos os nossos deveres. Teremos de honrá-los. A Nação repudia a preguiça, a negligência e a inépcia.
Soma-se a nossa atividade ordinária bastante dilatada, a edição de 56 leis complementares e 314 leis ordinárias. Não esquecemos que na ausência da lei complementar os cidadãos poderão ter o provimento suplementar pelo mandado de injunção.
Tem significado de diagnóstico a Constituição ter alargado o exercício da democracia. É o clarim da soberania popular e direta tocando no umbral da Constituição para ordenar o avanço no campo das necessidades sociais.
O povo passou a ter a iniciativa de leis. Mais do que isso, o povo é o superlegislador habilitado a rejeitar pelo referendo os projetos aprovados pelo Parlamento.
A vida pública brasileira será também fiscalizada pelos cidadãos. Do Presidente da República ao prefeito, do senador ao vereador.
A moral é o cerne da pátria. A corrupção é o cupim da República. República suja pela corrupção impune toma nas mão de demagogos que a pretexto de salvá-la a tiranizam.
Não roubar, não deixar roubar, por na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública. Não é a Constituição perfeita. Se fosse perfeita seria irreformável.
Ela própria com humildade e realismo admite ser emendada dentro de cindo anos.
Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira, desbravadora, será luz ainda que de lamparina na noite dos desgraçados.
É caminhando que se abrem os caminhos. Ela vai caminhar e abri-los. Será redentor o caminho que penetrar nos bolsões sujos, escuros e ignorados da miséria.
A sociedade sempre acaba vencendo, mesmo ante a inércia ou o antagonismo do Estado.
O Estado era Tordesilhas. Rebelada a sociedade empurrou as fronteiras do Brasil, criando uma das maiores geografias do mundo.
O Estado encarnado na metrópole resignara-se ante a invasão holandesa no Nordeste. A sociedade restaurou nossa integridade territorial com a insurreição nativa de Tabocas e Guararapes sob a liderança de André Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e João Fernandes Vieira que cunhou a frase da preeminência da sociedade sobre o Estado: Desobeder a El Rei para servir El Rei.
O Estado capitulou na entrega do Acre. A sociedade retomou com as foices, os machados e os punhos de Plácido de Castro e seus seringueiros.
O Estado prendeu e exilou. A sociedade, com Teotônio Vilella, pela anistia, libertou e repatriou.
A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram. (Aplausos acalorados)
Foi a sociedade mobilizada nos colossais comícios das Diretas Já que pela transição e pela mudança derrotou o Estado usurpador.
Termino com as palavras com que comecei esta fala.
A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar. A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade rumo à mudança.
Que a promulgação seja o nosso grito.
Mudar para vencer. Muda Brasil."
Redação: Eduardo Tramarim
Câmara é História
Rádio Câmara
Câmara é História
Fatos históricos que tiveram como palco a Câmara dos Deputados
https://www.camara.leg.br/radio/programas/277285-integra-do-discurso-presidente-da-assembleia-nacional-constituinte-dr-ulysses-guimaraes-10-23/
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Careca Velha
3.619 visualizações5 de ago. de 2020
Di Melo - Tema
Careca Velha
Di Melo
Careca velha
Só dorme de toca
É tradição que o peixe morre pela boca
Careca velha
Só dorme de toca
É tradição que o peixe morre pela boca
Peguei o anzol
Fui pra beira do riacho
Pus a minhoca e pesquei uma botinha
Uma caneca, um pneu, a lamparina
É uma vergonha, uma sorte desgraçada
Voltei pra casa, mas o bonde atrasou
A peixaria tava com a porta 'baixada
Careca velha
Só dorme de toca
É tradição que o peixe morre pela boca
Careca velha
Só dorme de toca
É tradição que o peixe morre pela boca
Um certo dia pescou peixe de dois metros
Disse o valente pescador quase mentindo
É dessa altura
Abre os braços sorrindo
O que é certo é quando a boca tá fechada
Não entra mosca, nem mosquito, nem mais nada
E a vida devagar vai seguindo
Careca velha
Só dorme de toca
É tradição que o peixe morre pela boca
Careca velha
Só dorme de toca
É tradição que o peixe morre pela boca
Eu falei: Careca velha só dorme de toca
É tradição que o peixe morre pela boca
Fonte: Musixmatch
Compositores: Adoniran Barbosa / Oswaldo Guilherme
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