Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 2 de junho de 2022
O DOGMA DO SIGMA
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172 ANOS DE JUIZ DE FORA!
57 visualizações 31 de mai. de 2022 Homenagem da TV Diversa pelos 172 anos de Juiz de Fora, a princesa de Minas.
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enciclopédia
do integralismO
O DOGMA DO SIGMA
Rodrigo Christofoletti
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UFJF
Apresentação - EDITORA UFJF
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Criada em 1986, com a missão de estimular e promover o desenvolvimento do ensino e da pesquisa, a EDITORA UFJF é um importante instrumento de divulgação científica. Tem se dedicado à publicação e distribuição de produções resultantes da pesquisa e da extensão da própria Universidade e também de muitos pesquisadores externos.
PREFÁCIO
Com o lema “Deus, Pátria e Família” e com o grito Anauê! em defesa do nacionalismo,
o integralismo brasileiro pode ser considerado o movimento fascista com maior sucesso fora da
Europa. Criada oficialmente em 1932, a Ação Integralista Brasileira (AIB) foi um grupo político que
tinha como propósito a formação de um grande movimento nacional. Plínio Salgado era o chefe
supremo e buscava orientar com uma base cristã a sociedade brasileira em torno de um forte e
sólido projeto político. A extinção da AIB, após o decreto do Estado Novo em 1937, não representou
o fim do integralismo.
Atuando na ilegalidade e seguindo os direcionamentos do chefe nacional, que se encontrava
exilado em Portugal, o integralismo foi rearticulado.1
A partir de 1945, um partido fascista foi
criado em um momento nada propício para movimentos autoritários. O Partido de Representação
Popular (PRP) passou a ser o espaço de atuação daqueles que no passado vestiram camisas verdes e
prestavam obediência a Plínio Salgado. O PRP foi um tímido partido com uma trajetória de 20 anos e
que atuou no cenário político até 1965, momento que culminou com a extinção de todos os partidos
políticos como consequência do Ato Institucional n. 2 (AI-2).
Os integralistas participaram do golpe civil-militar de 1964 e migraram para a Aliança
Renovadora Nacional (ARENA). Após 1975, o integralismo se fragilizou com a morte do chefe
nacional Plínio Salgado.2
Não havia mais unidade entre os integralistas. Os militantes perderam sua
referência. O integralismo foi recriado. Com a morte do líder, o vazio da liderança passou a ser
disputado por gerações futuras, causando impacto na sociedade contemporânea, principalmente
com neointegralistas, que buscam manter o movimento vivo e ativo.3
No momento atual brasileiro, a democracia está sendo constantemente atacada. A história
é negada para justificar projetos autoritários. Não há melhor caminho do que o encontrado por
Rodrigo Christofoletti para explicar tal situação. Em Enciclopédia do integralismo: o dogma do sigma,
uma reflexão apurada sobre um sólido projeto editorial fascista é demonstrada para a compreensão
de práticas e ações autoritárias.
Apesar de toda a importância que o integralismo tem para a compreensão do fascismo
no Brasil, o movimento tornou-se objeto de pesquisa apenas na década de 1970. Foram muitos
estudos. Na Ciência Política, Sociologia, Filosofia e História. Sem dúvida, o ponto de partida para o
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1 GONÇALVES, Leandro Pereira. Plínio Salgado: um católico integralista entre Portugal e o Brasil (1895-1975). Rio de Janeiro:
FGV Editora, 2018.
2 CALDEIRA NETO, Odilon. “Adeus, verde esperança!”: integralismo e a morte de Plínio Salgado. Locus: Revista de História, v. 25,
p. 1-19, 2019.
3 GONÇALVES, Leandro Pereira; CALDEIRA NETO, Odilon. O fascismo em camisas verdes: do integralismo ao neointegralismo.
Rio de Janeiro: FGV Editora, 2020.
pesquisador do integralismo está no estudo de Hélgio Trindade, concluído em 1971, na Université Paris
1 (Panthéon-Sorbonne).
4
Foi um pioneiro. A partir dele, diversos outros trabalhos e interpretações
foram desenvolvidos sobre o movimento.5
Um elemento que contribuiu com o crescimento das pesquisas sobre o integralismo foi a
abertura de arquivos. Em 1985, o município de Rio Claro, no interior de São Paulo, recebeu a doação
de todos os documentos pessoais e políticos das mãos da viúva de Plínio Salgado, Carmela Patti
Salgado, e assim construiu o Fundo Plínio Salgado, no Arquivo Público e Histórico de Rio Claro.6
E foi na cidade de Rio Claro que tive a oportunidade de conhecer o autor da obra que tenho
a honra de prefaciar. Em 2002, deixei a cidade de Juiz de Fora para participar do I Encontro Nacional
de Pesquisadores do Integralismo.7
Lembro-me como se fosse hoje. Ao chegar no Arquivo Público,
que sediava o encontro, fui recebido de braços abertos pelo Rodrigo, organizador do evento e que
estava naquele momento concluindo o mestrado em História na Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho (UNESP). Ele pesquisava a Enciclopédia do integralismo, um projeto editorial dos
anos 1950. Fiquei fascinado, principalmente porque era uma proposta de trabalho muito original
de um período inexplorado pela historiografia, a fase democrática do fascismo brasileiro a partir do
PRP. Inclusive, foi nesse evento que conheci os outros dois pesquisadores do PRP, Gilberto Calil e
Rogério Lustosa Victor.8
Nas pesquisas desenvolvidas por Rodrigo Christofoletti, com a conclusão, em 2010, do
doutorado em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getulio Vargas, e que culminaram no
livro que o leitor poderá ler em breve, foi analisado o ambicioso projeto editorial levado a cabo pela
Livraria Clássica Brasileira, instituída por Plínio Salgado, para marcar os 25 anos do integralismo, em
1957, a Enciclopédia do Integralismo.
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4 TRINDADE, Hélgio. Integralismo: o fascismo brasileiro da década de 30. 2. ed. Porto Alegre: Difel; UFRGS, 1979.
5 BERTONHA, João Fábio. Bibliografia orientativa sobre o integralismo: 1932-2007. Jaboticabal, SP: Funep, 2010.
6 CAMPOS, Maria Teresa de Arruda; DOTTA, Renato Alencar (Org.). Dos papéis de Plínio: contribuições do Arquivo de Rio Claro para a
historiografia brasileira. Rio Claro, SP: Oca, 2013. Além de Rio Claro, destaco o Acervo Documental Ação Integralista Brasileira/Partido
de Representação Popular – Espaço de Documentação e Memória Cultural da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(AIB/PRPDELFOS-PUCRS), fundo que contém uma imensa quantidade de documentos sobre a história do integralismo, oriunda do
Centro de Documentação sobre a Ação Integralista Brasileira e o Partido de Representação Popular. GONÇALVES, Leandro Pereira.
A trajetória dos papéis da direita do Rio Grande do Sul: de associação cívico-cultural minuano a acervo AIB/PRP (DELFOS/PUCRS).
In: NASCIMENTO, José Antonio Moraes do. (Org.). Centros de Documentação e Arquivos: acervos, experiências e formação. São
Leopoldo, RS: Oikos, 2016. p. 95-112.
7 DOTTA, Renato Alencar; POSSAS, Lidia Maria Vianna; CAVALARI, Rosa Maria Feiteiro (Org.). Integralismo: novos estudos e
reinterpretações. Rio Claro, SP: Arquivo Público e Histórico de Rio Claro, 2004.
8 Gilberto Calil possui um trabalho de referência para todos que querem compreender a história do PRP. No primeiro trabalho,
desenvolvido em 2001, analisou a rearticulação do integralismo durante o período do Estado Novo e a formação do PRP. Em 2005,
analisou o papel desempenhado pelo partido durante todo o período de sua existência, desde a formação até a extinção. Calil
aponta que o partido não cumpriu o papel de protagonista nas decisões políticas do período, mantendo-se como coadjuvante
engajado na defesa da dominação burguesa e no combate ao comunismo (CALIL, Gilberto Grassi. O integralismo no processo político
brasileiro: o PRP entre 1945 e 1965 – cães de guarda da ordem burguesa. 2005. 819 f. Tese (Doutorado em História) – Universidade
Federal Fluminense, Niterói, 2005; CALIL, Gilberto Grassi. O integralismo no pós-guerra: a formação do PRP (1945-1950). Porto
Alegre: EDIPUCRS, 2001). Rogério Lustosa Victor desenvolveu uma pesquisa de muita relevância acerca do integralismo e do PRP.
Ele visa analisar o processo de construção da memória integralista (VICTOR, Rogério Lustosa. O labirinto integralista: o conflito de
memórias (1938-1962). Goiânia: Ifiteg; América, 2013; VICTOR, Rogério Lustosa. O integralismo nas águas do Lete: história, memória
e esquecimento. Goiânia: Ed. Universidade Católica de Goiás, 2005).
A intenção original era a publicação de 25 volumes com obras políticas de Plínio Salgado e
outros autores integralistas, além de textos sobre a relação do movimento com a Igreja Católica e poemas
como forma de ressignificar os feitos integralistas. Entretanto, como nos conta Christofoletti, dificuldades
financeiras sofridas ao longo de sua publicação fizeram com que 12 volumes fossem lançados.
Foi um período marcado pela Guerra Fria, e o discurso anticomunista era a base do
integralismo. As relações políticas foram intensas e relevantes, como Rodrigo Christofoletti apresenta
de forma perspicaz. Havia um clima de hostilidade ao integralismo. Plínio Salgado precisava
demonstrar constantemente que o fascismo brasileiro era democrático e que estava adaptado à
nova ordem vigente. Com isso, a Enciclopédia ganhou uma importância muito grande, pois era
apresentada pelos integralistas como o resumo da ópera do movimento em torno de um projeto de
poder - que jamais ocorreu.
Os estudos sobre o PRP são escassos, mas isso não representa que não há relevância. Pelo
contrário. Trata-se de um período de enorme importância aos estudiosos do fascismo brasileiro.
O presente texto, portanto, possui relevância sobre o significado de determinadas reflexões
relacionadas ao integralismo, principalmente a partir da escassez de pesquisas na fase democrática.9
O livro de Rodrigo Christofoletti vem um momento mais que apropriado. O pesadelo autoritário e o
avanço fascista estão cada vez mais vivos. O autoritarismo e a intolerância estão longe de ser página
virada na história.
Prof. Dr. Leandro Pereira Gonçalves
Universidade Federal de Juiz de Fora e Pesquisador CNPq
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9 Outros estudos podem ser localizados em coletâneas sobre o integralismo como: GONÇALVES, Leandro Pereira; SIMÕES, Renata
Duarte (Org.). Entre tipos e recortes: histórias da imprensa integralista. Rio de Janeiro: Autografia, 2019. v. 3; GONÇALVES, Leandro
Pereira; SIMÕES, Renata Duarte (Org.). Entre tipos e recortes: histórias da imprensa integralista. 2a ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2017;
2018. 2 v. Além de trabalhos acadêmicos em uma perspectiva regional como as dissertações de Ângela Flach (FLACH, Ângela. “Os
vanguardeiros do anticomunismo”: O PRP e os perrepistas no Rio Grande do Sul (1961-1964). 2003. 255 f. Dissertação (Mestrado
em História) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003) e Claudira Cardoso (CARDOSO, Claudira.
Partido de Representação Popular: política de alianças nos governos estaduais do RS de 1958 a 1962. 1999. Dissertação (Mestrado em
História) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999), bem como estudos voltados para a imprensa e
intelectualidade, como o trabalho de Gabriel Soares Predebon (PREDEBON, Gabriel Soares. A trajetória e as colunas cinematográficas
de Ironides Rodrigues para A Marcha (1954-1962). Dissertação (Mestrado em história) — Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2019).
Fonte: EDITORA UFJF
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Juiz de Fora 172 anos: programa especial da TV Integração comemora o aniversário da cidade
Cidade mineira faz 172 nesta terça-feira (31). Assista na íntegra.
Por Karla Pereira
28/05/2022 17h46 Atualizado há 4 dias
Assista ao especial, exibido na TV Integração em Juiz de Fora:
Juiz de Fora 172 anos
Juiz de Fora 172 anos
https://redeglobo.globo.com/mg/tvintegracao/noticia/juiz-de-fora-172-anos-programa-especial-da-tv-integracao-comemora-o-aniversario-da-cidade.ghtml
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