Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 27 de junho de 2022
A Parte e o Todo
"Polarizações tripolares não são incomuns."
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Tradução simultânea da pesquisa Datafolha: Lula cai para 38% e Bolsonaro sobe para 25%
Publicado em 24 de junho de 2022 por Tribuna da Internet
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TRIBUNA DA INTERNET
Charge do Newton Silva (Arquivo Google)
Carlos Newton
É intrigante o faniquito que sacode a imprensa, sempre que vai ser divulgada uma pesquisa Datafolha, justamente aquele Instituto que previu, na eleição de 2018, vitória fácil da petista Dilma Rousseff para o Senado em Minas, mas a ex-presidente acabou amargando um quarto lugar. E até hoje Dilma não se recuperou do choque, sente-se traída pelos mineiros e tem problemas para conciliar o sono.
Desde segunda-feira, os jornais estavam alardeando que ia sair mais um resultado Datafolha, divulgado nesta quinta-feira à noite. A imprensa logo alardeou que Lula da Silva vai vencer no primeiro turno, porque tem mais votos do que os demais concorrentes, somados.
VENCE NO 1º TURNO – Segundo o levantamento, Lula venceria a eleição no primeiro turno com 53% dos votos válidos, se o pleito fosse hoje, levando os petistas ao delírio. Teria 47% das intenções de voto, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece na segunda colocação com 28%. Em terceiro lugar vem Ciro Gomes (PDT) com 8%, seguido por André Janones (Avante) com 2%, e Simone Tebet (MDB), com 1%.
Mas seria conveniente que Lula, antes de comemorar com umas e outras, lembrasse do exemplo de Dilma, desconfiasse desses números e conferisse a pesquisa espontânea, aquela que é bem mais próxima da verdade.
Quando o entrevistador pergunta “em quem você vai votar”, sem mostrar a lista de candidatos, o resultado muda inteiramente. Lula, que tinha 38%, nessa pesquisa cai para 37%, enquanto Bolsonaro, que estava em 22%, sobe para 25%. Assim, a diferença, que era de 16%, caiu para 12%
MANCHETE ERRADA – Diante dos números, os jornais deveriam ter destacada que Lula cai e Bolsonaro sobe na pesquisa, mas a imprensa inteira resolveu noticiar a vitória em primeiro turno, que ainda é uma peça de ficção.
Deve-se registrar também que os 10% de Sérgio Moro sumiram, talvez tenham sido tragados pelas enchentes na China, pois Ciro Gomes continua com 8% e Simone Tebet permanece em 1%, perdendo para André Janones, que teria 2%. Mas quem é que pode acreditar numa maluquice dessas? Afinal, seria Janones um fenômeno eleitoral tipo Tiririca? Claro que não. É apenas mais um desconhecido atrás de 15 minutos de fama, diria o artista plástico Andy Warhol.
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P.S. – Outro índice importante é de rejeição, liderado por Bolsonaro, com 55%, seguido pelo ex-presidente Lula, com 35%, e depois Ciro Gomes, 24%, Santos Cruz, 16% etc. e tal. E o resto é folclore. (C.N.)
http://www.tribunadainternet.com.br/traducao-simultanea-da-pesquisa-datafolha-lula-cai-para-38-e-bolsonaro-sobe-para-25/
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TÃO POBREZINHA
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Pobre Menina
Leno e Lilian
Ouça Pobre Menina
Pobre menina, não tem ninguém
Pobre menina, não tem ninguém
Tão pobrezinha, ela mora em um barracão
E todo mundo quer magoar seu coração
A mim não me interessa quem sejam seu pais
Porque, pobre menina, eu te quero demais
Pobre menina, não tem ninguém
Pobre menina, não tem ninguém
Vive mal vestida em seu bairro a vagar
Em toda sua vida só tem feito chorar
Como num conto de fadas, nós vamos casar
Então toda a tristeza vai acabar, vai acabar
Pobre menina, não tem ninguém
Pobre menina, não tem ninguém
Ouça Pobre Menina
Composição: Wes Farrell / Bob Russell.
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segunda-feira, 27 de junho de 2022
Marcus André Melo*: O voto útil e a chapa Tebet/Tasso
Folha de S. Paulo
Os eleitores da chapa votarão sinceramente e não estrategicamente em polarização tripolar
O voto útil é um subtipo de voto estratégico.
Nele o eleitor(a) não quer "desperdiçar o voto": se sua primeira preferência não tem chance de vitória, acaba optando pela que rejeita menos entre aquelas com mais chances.
Há outros subtipos:
1. Voto em partidos pequenos para que logrem atingir cláusulas de barreira, viabilizando coalizões de governo lideradas por partidos grandes que sejam a primeira preferência do eleitor (ex., Alemanha: eleitores do CSU/CDU que votam no FDP).
2. Voto em adversário mais fraco no primeiro turno, que seria mais facilmente derrotado pelo candidato de primeira preferência no segundo.
3. Voto em opções rivais buscando sinalizar insatisfação com o partido de primeira preferência que já tenha eleição garantida (ex., França, como mostrou Piketty, que formalizou o argumento).
O voto estratégico acontece assim sob qualquer regra eleitoral e para diferentes tipos de eleições e sistemas de governo. Ele tem duas características básicas: nele o eleitor não vota na sua primeira preferência (quando o faz, o voto é "sincero", no jargão) e age levando em conta o resultado final. O voto estratégico caracteriza apenas o segmento que tem preferência por "partidos não viáveis" (todas as opções fora os dois contendores principais).
Nessa perspectiva, na ausência de um candidato da terceira via, o voto estratégico caracterizaria o universo dos eleitores que não têm Lula ou Bolsonaro como primeira opção. A chapa Tebet/Tasso, que surgiu por default, não por concertação, muda radicalmente o cenário do primeiro turno.
Esse segmento, estimado em 27% do eleitorado em abril de 2021, deixaria de votar estrategicamente e passaria a votar "sinceramente". Polarizações tripolares não são incomuns. Sartori fez estudo clássico sobre elas no pós-Guerra.
A questão fundamental então é se o crescimento nas pesquisas das duas candidaturas e a consequente desidratação do segmento revela consolidação do voto ou reflete o comportamento estratégico dos eleitores. E mais importante: se haverá reversão para o voto "sincero".
Análises comparativas mostram que o voto estratégico será tanto maior quanto mais acirrado o pleito, porque cria incentivos para que o eleitor possa influenciar o resultado.
O efeito da intensificação da polarização, no entanto, dependerá da localização dos eleitores na distribuição de preferências (se nos polos ou no centro): para eleitores centristas, aumentará o custo psicológico de mudar o voto.
Quanto mais afastados os polos do centro (mediana), maior o custo. Dada a natureza afetiva da polarização, a dupla rejeição das alternativas —mais que aspectos programáticos— terá papel crucial para a chapa.
*Professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA).
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A Parte e o Todo - Heisemberger
“A moderna física atômica lançou nova luz sobre problemas filosóficos, éticos e políticos. Talvez este livro possa contribuir para que os fundamentos dessa discussão sejam compreendidos pelo maior número possível de pessoas.” É o que diz Werner Heisenberg (1901-1976) no prefácio dessa sua autobiografia intelectual, escrita de forma sui generis, com base em recordações de diálogos que o autor travou com Einstein, Bohr, Planck, Dirac, Fermi, Pauli, Sommerfeld, Rutherford e outros colegas.
É o registro, para um público amplo, dos debates que marcaram a trajetória de um dos maiores cientistas do século, formulador do famoso princípio da incerteza e ganhador de um Prêmio Nobel aos 31 anos de idade. Quatro décadas se passam entre seu primeiro encontro com a teoria atômica, as dúvidas sobre a carreira na ciência ou na música, a fase crítica de criação da teoria quântica e o surgimento da física das partículas elementares. “Pretendi transmitir”, diz o autor, “inclusive aos que estão distantes da física atômica, uma impressão dos movimentos de pensamento [Denkbewegungen] que acompanharam a história do surgimento dessa ciência.”
Mas o livro é mais do que isso. Amante da música e da filosofia. Heisenberg passou toda a vida em contato com elas (não por acaso, seu relato começa e termina com reflexões sobre o Timeu, de Platão). Homem de ação, deixou um raro testemunho sobre a vida intelectual e política na Alemanha durante a ascensão, o auge e a derrocada do poder hitlerista: em 1919, com dezoito anos de idade, Heisenberg participou da guerra civil iniciada com a proclamação de uma República Soviética em Munique; na década de 1920, aderiu ao Movimento da Juventude, que congregava a nova geração desejosa de assumir o comando de um país derrotado; na década de 1930, contra a opinião da maioria de seus melhores colegas, decidiu permanecer na Alemanha nazista.
Nela, em fins de 1938, realizou-se a primeira fissão do átomo de urânio, façanha que abriu a possibilidade de acesso a uma nova e poderosíssima fonte de energia, passível de utilização na paz e na guerra. Os homens que haviam dedicado enorme talento e esforço à abertura desse novo campo científico ficaram perplexos. Compreenderam o que estava por vir, num mundo às vésperas de mais um grande conflito. Einstein e Fermi já estavam exilados nos Estados Unidos; Bohr permanecia na Dinamarca, que seria ocupada pelos alemães, com os quais não colaborou. Heisenberg foi um dos poucos físicos de primeira linha que participaram no esforço alemão para dominar a energia nuclear durante a Segunda Guerra Mundial. As bases teóricas da construção da bomba atômica foram rapidamente compreendidas, mas – felizmente, diz ele – os problemas tecnológicos associados a esse empreendimento pareceram insuperáveis nas condições vigentes então.
Finda a guerra na Europa, Heisenberg recebeu na prisão a notícia da bomba sobre Hiroshima. Depois de libertado pelos Aliados, foi reconduzido à direção do Instituto Max Planck, onde se dedicou a reconstruir a ciência alemã e a lançar as bases da atual física das partículas. Tornou-se membro estrangeiro da Royal Society, da Inglaterra, e recebeu a Ordem do Mérito, da França. E não esqueceu nem a filosofia nem a música, presentes até o fim nesse emocionante relato de vida.
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DW
1981: Casamento de Charles e Diana – DW – 29/07/2021
https://www.dw.com/pt-br/1981-casamento-de-charles-e-diana/a-598473
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Evidências
Chitãozinho & Xororó
Ouça Evidências
Quando eu digo que deixei de te amar
É porque eu te amo
Quando eu digo que não quero mais você
É porque eu te quero
Eu tenho medo de te dar meu coração
E confessar que eu estou em tuas mãos
Mas não posso imaginar
O que vai ser de mim
Se eu te perder um dia
Eu me afasto e me defendo de você
Mas depois me entrego
Faço tipo, falo coisas que eu não sou
Mas depois eu nego
Mas a verdade
É que eu sou louco por você
E tenho medo de pensar em te perder
Eu preciso aceitar que não dá mais
Pra separar as nossas vidas
E nessa loucura de dizer que não te quero
Vou negando as aparências
Disfarçando as evidências
Mas pra que viver fingindo
Se eu não posso enganar meu coração?
Eu sei que te amo!
Chega de mentiras
De negar o meu desejo
Eu te quero mais que tudo
Eu preciso do seu beijo
Eu entrego a minha vida
Pra você fazer o que quiser de mim
Só quero ouvir você dizer que sim!
Diz que é verdade, que tem saudade
Que ainda você pensa muito em mim
Diz que é verdade, que tem saudade
Que ainda você quer viver pra mim
Ouça Evidências
Composição: Jose Augusto / Paulo Sérgio Valle.
segunda-feira, 27 de junho de 2022
Carlos Pereira: A ‘noiva’ em fuga
O Estado de S. Paulo
Trajetória majoritária via candidatura de Bolsonaro à reeleição é de alto risco para o Centrão
Partidos que não têm condições de lançar um candidato competitivo à Presidência possuem como segunda melhor alternativa concentrar esforços e recursos nas campanhas proporcionais, mirando alcançar um bom desempenho para a Câmara dos Deputados.
Ao ocupar um maior número de cadeiras na Câmara, tal partido, além de ter acesso a uma maior parcela dos fundos Partidário e eleitoral no novo ciclo legislativo, poderá se posicionar como o partido pivotal de qualquer governo que venha a se tornar vitorioso na eleição presidencial.
Muito provavelmente, o partido do candidato que vencer a eleição presidencial, e tampouco a sua coligação eleitoral, não terá maioria legislativa para governar. Necessitará, portanto, convidar outros partidos para fazer parte da sua coalizão.
O partido pivô, especialmente se for ideologicamente amorfo e não tiver disputado a Presidência, será quase sempre a alternativa de “coadjuvante perfeito” pelo majoritário vencedor.
Os partidos do Centrão, sob a liderança do presidente da Câmara, Arthur Lira, têm jogado o jogo do partido coadjuvante do governo Bolsonaro quase à perfeição. Não aderiu ao governo num primeiro momento. Quando foi convidado para fazer parte da coalizão em 2020, Bolsonaro já estava vulnerável, com popularidade declinante, denúncias de rachadinha envolvendo familiares, vários pedidos de impeachment e em plena pandemia.
O Centrão, portanto, ao ter poder de barganha, pôde estabelecer os termos de troca. Além de passar a ocupar vários e importantes ministérios e diretorias de estatais, passou a ter a discricionariedade na elaboração e na execução de uma “nova” moeda de troca: as emendas de relator. Só no ano eleitoral de 2022 foram previstos R$ 16,5 bilhões para serem executados via “orçamento secreto”, o que pode gerar uma alta taxa de reeleição para seus deputados.
Mas parece que a ambição do Centrão ainda não foi saciada. Com a filiação de Bolsonaro ao PL, seus partidos mudaram de trajetória e agora seguem a trilha majoritária via candidatura à reeleição do presidente. Embora inicialmente atrativa, se transformou em uma jogada de altíssimo risco com a perda de competitividade eleitoral de Bolsonaro, especialmente após o escândalo de corrupção no MEC, de sua tentativa de interferência na PF e de obstrução da Justiça.
Se derrotado, como apontam as pesquisas de opinião, o Centrão pode sair do céu e ir direto para o inferno. Lira precisa ser lembrado de que, embora constrangedor, noivos ainda podem ser abandonados no altar. Abandonar Bolsonaro pode, portanto, ser um caminho mais seguro e relativamente mais vantajoso para o Centrão no próximo governo.
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Vinicius Torres Freire: Eleitor mudou muito desde Lula 1
Folha de S. Paulo
Quase 40% não votaram em 2002, voto parece mais decidido e país rachou com ódio e economia
Lula da Silva (PT) foi preso em abril de 2018. Em junho, liderava o Datafolha, com 30% dos votos para presidente. Em segundo lugar vinha "Ninguém", com 21%: isto é, a soma de nulos, brancos e indecisos. Jair Bolsonaro (PL), então PSL, tinha 17%.
No outro cenário da pesquisa, Fernando Haddad era o candidato petista, com 4%. "Ninguém" liderava, com 33%. Bolsonaro vinha a seguir, com 19%.
Foi uma eleição esdrúxula e lúgubre. Parece compreensível que, em meados do ano, "Ninguém" tivesse tantos votos, que acabariam tendo outro destino quando o país entrou em surto terminal.
Mas houve outras eleições em que havia tantos ou mais votos nulos, brancos e indecisos no meio do ano. Na campanha de 2022, o nível de abstinência eleitoral e indecisão é do mais baixo na redemocratização.
Óbvio que o voto pode mudar até outubro, mas mais gente tomou partido mais cedo. É mais um dado para pensar o que pode mudar o destino da eleição, assim como é o caso do voto feminino, da rejeição maior de pobres e pretos a Bolsonaro ou do peso que podem ter os estelionatos eleitorais.
Parece óbvio, mas a gente se esquece ainda de como o eleitor mudou desde Lula 1. Há continuidades, de experiência socioeconômica, política ou outra. Mas massas de cidadãos passam a votar ou deixam de fazê-lo, em condições muito diferentes de debate público.
Das pessoas que ora têm idade para votar, quase 40% não podiam fazê-lo ou nem haviam nascido em 2002, na vitória de Lula 1. Quase um quarto do eleitorado tinha menos de 16 anos quando Lula deixou o poder, em 2010. Devem ter memória diferente dos "bons anos petistas". Os evangélicos eram 15% da população em 2000, são mais de 30% agora.
Em 2006, o número de celulares equivalia a 53% da população _não quer dizer que fosse essa a parcela dos brasileiros com celular: alguém tinha mais de um, outrem nenhum. Em 2018, equivalia a 109%; agora, a 120%.
O número de contas em redes sociais passou de 86 milhões em 2014 para 130 milhões em 2018 e 171 milhões em 2022 (dados de várias fontes compilados no site Datareportal, a serem tomados com grãos de sal).
Lula tem 56% contra 20% de Bolsonaro entre as famílias que ganham até dois salários mínimos; perde ou empata nas demais faixas de renda. É uma eleição "de classe" ou da revolta da pobreza, mas não é história tão diferente pelo menos desde 2006. Bolsonaro, de resto, ainda tem 20% dos pobres na pior crise da República.
Como se sabe, 36% dos homens e 21% das mulheres votam em Bolsonaro. É diferença expressiva, ainda maior que na votação de Lula em 2002 e 2006, também mais votado por homens.
"Ninguém" (nulos, brancos, indecisos) teve 11% dos votos no Datafolha desta semana, tão pouco quanto no junho ou julho da eleição de Lula 1 (2002) e Dilma 1 (2010).
No junho da eleição de Dilma 2 (2014), "Ninguém" tinha 30%, à frente de Aécio Neves (PSDB). Foi eleição apertada e conturbada pelas sequelas de 2013 e na véspera da Grande Recessão. Nas eleições de FHC, brancos, nulos e indecisos eram cerca de 20% em meados do ano, quando a disputa com Lula estava empatada.
Eleição é mais do que "a economia, estúpido!". Eleitores parecem algo mais decididos porque os candidatos são mais conhecidos e por causa do conflito odiento, "cultural" e econômico, que vai rachar o país a perder de vista.
Machismo e outras desumanidades afetam o voto, assim como a volta da questão religiosa. Várias classes reacionárias se organizaram politicamente, o tumulto volátil da política digital domina a conversa pública, há quase uma mudança de geração de 2002 para 2022. Eleição e voto podem ser mais complicados do que parece.
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Acordo do TSE contra fake news tem baixa adesão de religiosos
MATEUS VARGAS
seg., 27 de junho de 2022 3:35 AM
***ARQUIVO***BRASÍLIA, DF, 08.03.2022 - O líder da bancada evangélica no Congresso, deputado Sostenes Cavalcante (União Brasil-RJ). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
***ARQUIVO***BRASÍLIA, DF, 08.03.2022 - O líder da bancada evangélica no Congresso, deputado Sostenes Cavalcante (União Brasil-RJ). (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) convidou 33 líderes ou representantes de entidades religiosas para assinar um acordo contra fake news nas eleições, mas conseguiu apoio efetivo de apenas 13 nomes.
A ideia do tribunal era receber a assinatura de aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), como o empresário Carlos Wizard, além do líder da bancada evangélica, o deputado Sóstenes Cavalcante (União Brasil-RJ), mas eles não endossaram o acordo.
Também foram convidados, mas não apoiaram o termo de cooperação, representantes de grandes igrejas evangélicas.
O TSE buscou, entre outros nomes, o bispo Abner Ferreira, presidente da Assembleia de Deus, Ministério de Madureira, o pastor Samuel Câmara, presidente da CADB (Convenção da Assembleia de Deus do Brasil), e o bispo Eduardo Bravo, presidente da Unigrejas. Bravo chegou a afirmar à Folha, dias antes do evento, que assinaria o documento.
Depois, em nota, o presidente da Unigrejas disse que resolveu ficar como observador pois havia "temas sensíveis em pauta, como o chamado combate à desinformação".
Já o deputado Sóstenes afirmou que não participou por "razões pessoais". As listas dos convidados e de quem assinou o documento foram entregues pelo tribunal à Folha via Lei de Acesso à Informação.
Procurado, o TSE não se manifestou sobre os pedidos rejeitados de apoio ao termo.
O tribunal recebeu apoio de entidades de juristas evangélicos, islâmicos e espíritas. Também participaram do evento em 6 de junho e assinaram o documento representantes dos adventistas, judeus, budistas e de religiões afro-brasileiras.
No acordo, as lideranças religiosas se comprometeram a promover a "exclusão da violência durante as pregações, sermões e homilias, ou ainda em declarações públicas ou publicações que venham a fazer".
A ideia do TSE é reduzir a resistência ao sistema de voto, no momento em que Bolsonaro realiza ataques às urnas e faz ameaças golpistas.
"Democracia, ordem jurídica e religião partilham, para além do caráter necessário e vital, o fato de que pressupõem, em conexão com a busca incessante por justiça, a consolidação de um estado firme e indeclinável de aceitação e respeito", afirmou o presidente do TSE, Edson Fachin, durante o evento.
O presidente do tribunal disse que a proposta é defender a "natureza pacífica das eleições" e que a Justiça Eleitoral enfrenta "dificuldades inusuais".
"Como decorrência da crescente intolerância, do progressivo esgarçamento de laços e, sobretudo, do evidente processo de degradação de valores decorrente da expansão irrefreada do fenômeno da desinformação", disse o magistrado.
Horas antes do evento de assinatura do termo de cooperação, o pastor Silas Malafaia, aliado de Bolsonaro, publicou um vídeo nas redes sociais chamando Fachin de "esquerdopata de carteirinha". Ele cobrou boicote ao documento.
"Foi um fiasco. Uma das maiores religiões do país não tem os representantes legais. Ele [Fachin] fez isso com interesses políticos para isolar o presidente [Bolsonaro]", afirmou Malafaia à Folha.
O tribunal também convidou alguns escritores para assinarem o pacto, como Augusto Cury. A Folha não conseguiu contato com ele.
Também foi enquadrado na categoria "escritor", no convite da corte, o empresário Carlos Wizard. Procurado, ele não quis explicar a razão de não ter assinado com o TSE.
A CPI da Covid-19 sugeriu o indiciamento de Wizard pelos crimes de epidemia com resultado morte e incitação ao crime. Ele foi um incentivador do uso de medicamentos sem eficácia para a Covid, como a hidroxicloroquina.
Um dos articuladores do evento do TSE, e signatários do pacto, é William Douglas, juiz do TRF (Tribunal Regional Federal) da 2ª Região.
Douglas era um dos nomes avaliados por Bolsonaro para preencher a vaga de "terrivelmente evangélico" no STF, que ficou com André Mendonça.
O TSE também convidou alguns líderes religiosos que foram representados, no evento, por outros nomes, caso da monja Coen Rosh. Ela não esteve na cerimônia do tribunal, mas o documento foi assinado pelo monge Keizo Doi.
Em outros casos, o convite foi feito ao presidente de uma entidade, que acabou representado no evento por um subordinado.
https://br.noticias.yahoo.com/acordo-tse-contra-fake-news-063500511.html?guccounter=1&guce_referrer=aHR0cHM6Ly93d3cuZ29vZ2xlLmNvbS8&guce_referrer_sig=AQAAAJUiseiUOitFzY2rplVE1VB5BFQSfrG_ZJ9sCF1SJ2du01S7F_ZMfUYPUZmK8x7Ze9Y7R08asmCc1dQ3c_bzC_OTGwA3TrLjeCfKppvLNiS3qodO2UxJbOpdboy0fViDSK1DuySmqv3zjOp9l-d_F4WM6XgHFAMVfnTwHqxq2-D-
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O Tribunal Superior Eleitoral é a instância jurídica máxima da Justiça Eleitoral brasileira, tendo jurisdição nacional. As demais instâncias são representadas nos momentos de eleição pelos Tribunais Regionais Eleitorais, juízes eleitorais e juntas eleitorais espalhados pelo Brasil. Wikipédia
Presidente: Edson Fachin
País: Brasil
Composição: 7 ministros
Mandato: 2 anos com possibilidade de uma recondução de mais 2 anos
Competência: Justiça Eleitoral do Brasil
Jurisdição Territorial: Todo o território nacional do Brasil
Consulta às pesquisas registradas
Visualizar Pesquisa Eleitoral - BR-03991/2022
BRASIL
Número de identificação: BR-03991/2022 Data de registro: 24/06/2022
Cargo(s): Presidente Data de divulgação: 30/06/2022
Empresa contratada/ Nome Fantasia: CNPJ: 07630546000175 - DATAFOLHA INSTITUTO DE PESQUISAS LTDA. Eleição: Eleições Gerais 2022
Entrevistados: 1218 Data de início da pesquisa: 29/06/2022
Data de término da pesquisa: 01/07/2022 Estatístico responsável: Renata Nunes César
Registro do estatístico no CONRE: 72.49A Valor: R$ 176.912,00
Contratante é a própria empresa? Não
Contratante(s): CPF/CNPJ: 60579703000148 - EMPRESA FOLHA DA MANHA S.A. / Origem do Recurso: (Recursos próprios)
Pagante(s) do trabalho:
Metodologia de pesquisa:
Pesquisa do tipo quantitativo, por amostragem, com aplicação de questionário estruturado e abordagem pessoal em pontos de fluxo populacional. O conjunto dos eleitores do Estado do Rio de Janeiro foi tomado como universo da pesquisa.
Plano amostral e ponderação quanto a sexo, idade, grau de instrução e nível econômico do entrevistado; intervalo de confiança e margem de erro:
Universo: Eleitores do Estado do Rio de Janeiro Tamanho da amostra: A amostra prevista é de 1218 entrevistas. Técnica de amostragem: A amostra é estratificada por natureza dos municípios (capital, região metropolitana ou interior). Em cada estrato, num primeiro estágio, são sorteados com probabilidade proporcional ao tamanho (PPT) os municípios que farão parte do levantamento. Num segundo estágio, são sorteados os bairros e pontos de abordagem onde serão aplicadas as entrevistas. Por fim, os entrevistados são selecionados aleatoriamente para responder ao questionário, de acordo com cotas de sexo e faixa etária. O estrato referente à capital foi desproporcionalizado para permitir detalhamento dos dados, com tamanho previsto de 616 entrevistas. Nos resultados finais as corretas proporções serão restabelecidas através de ponderação. Os dados utilizados para definição e seleção da amostra são baseados nos dados fornecidos pelo TSE (junho 2022), IBGE (PNAD 2019 e Estimativa 2021) e dados primários de outros levantamentos do instituto. Os dados relativos a sexo e faixa etária são: Sexo masculino: 46%, feminino: 54%, 16 a 24 anos 13%, 25 a 34 anos 18%, 35 a 44 anos 19%, 45 a 59 anos 25% e 60 anos ou mais 25%. Para a variável grau de instrução os dados utilizados como referência são: até nível médio completo ou incompleto (inclui os sem escolaridade e analfabetos) =74% e nível superior =26%. Ponderação dos resultados: Está prevista eventual ponderação para correção nos tamanhos dos estratos, considerando as variáveis natureza do município, sexo, faixa etária e escolaridade, de acordo com os percentuais detalhados anteriormente. Para o nível econômico do entrevistado (renda familiar mensal declarada), a distribuição observada em levantamentos anteriores do instituto e utilizada como referência foi: Até 2 S.M. (salários mínimos)=45%, mais de 2 S.M.=52%, não souberam ou recusaram a resposta=3%. O fator previsto para ponderação é 1 (resultados obtidos em campo). Área física: Serão realizadas entrevistas em 32 municípios, localizados no Estado do Rio de Janeiro. A relação completa dos municípios e bairros pesquisados será encaminhada a esse tribunal posteriormente até o sétimo dia seguinte à data de registro da pesquisa, conforme Resolução 23.600/2019 do TSE, no art.2º §7º. Margem de Erro: A margem de erro máxima prevista é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95% e baseada em uma amostra aleatória simples (AAS). Os intervalos de confiança serão calculados considerando os resultados obtidos para um nível de confiança de 95%.
Sistema interno de controle e verificação, conferência e fiscalização da coleta de dados e do trabalho de campo:
Os entrevistadores envolvidos na realização desta pesquisa são treinados pelo Instituto e recebem instruções específicas para cada projeto realizado. A coleta será feita com a utilização de tablet e questionário eletrônico. São checados, no mínimo, 30% dos questionários de cada pesquisador, seja in loco por supervisores de campo ou, posteriormente, por telefone. Internamente, todo o material é verificado e codificado. Antes do processamento final e emissão dos resultados, realiza-se processo de consistência dos dados. Os dados coletados e tratados nesta pesquisa atendem às exigências da LGPD, Lei Geral de Proteção de Dados, garantindo ao respondente o sigilo de sua identidade e o correto tratamento de suas respostas.
Dados relativos aos municípios e bairros abrangidos pela pesquisa. Na ausência de delimitação do bairro, será identificada a área em que foi realizada a pesquisa(conforme §7º. do art. 2º. da Resolução-TSE nº. 23.600/2019, A partir do dia em que a pesquisa puder ser divulgada e até o dia seguinte, o registro deverá ser complementado, sob pena de ser a pesquisa considerada não registrada; na ausência de delimitação do bairro, será identificada a área em que foi realizada):
https://www.tse.jus.br/eleicoes/pesquisa-eleitorais/consulta-as-pesquisas-registradas
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www.researchgate.net
www.researchgate.net/publication/290908112/figu...
V
ANÁLISE POR TRIANGULAÇÃO DE MÉTODOS: UM REFERENCIAL PARA PESQUISAS QUALITATIVAS
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⭐⭐⭐⭐⭐ VIDEOAULA 1 - TRIANGULAÇÃO DE DADOS (SÉRIE PESQUISA CIENTÍFICA)
1.514 visualizações 7 de jul. de 2020 Nesse vídeo, inauguro a série label verde, que aborda a triangulação em pesquisa científica.
O tema é triangulação, um importante aliado em pesquisa qualitativa. Confira!
https://www.youtube.com/watch?v=o_3b_M--68E
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DEVO, NÃO NEGO, PAGO QUANDO DEIXAREM
Calote ou farsa? O que esperar do primeiro default em moeda estrangeira da Rússia em mais de 100 anos
Mercado considera que a Rússia entrou formalmente em default; Moscou qualifica calote como ‘farsa criada artificialmente por país hostil’
Ricardo Gozzi
27 de junho de 2022 7:51 - atualizado às 12:32
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Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, vinha conseguindo driblar o risco de calote. - Imagem: Reprodução Flickr
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Expirou na noite de ontem o prazo para que a Rússia pagasse cerca de US$ 100 milhões em juros devidos a credores estrangeiros.
A Rússia afirma dispor do dinheiro.
Segundo a agência de notícias Bloomberg, porém, o governo não conseguiu efetuar a tempo o pagamento por causa das sanções impostas a Moscou na esteira da invasão da Ucrânia.
Rússia qualifica calote como 'farsa'
Enquanto o mercado considera que a Rússia está oficialmente em default - um nome chique para calote -, o ministro russo das Finanças, Anton Siluanov, qualifica a situação como uma “farsa”.
"Temos dinheiro em caixa e estamos em prontidão para pagar", disse Siluanov. “Trata-se de uma crise criada artificialmente por um país hostil e que em nada afetará a qualidade de vida dos russos.”
Desde o início da guerra da Ucrânia, a Rússia vinha conseguindo driblar as sanções e convencer os credores a aceitarem os pagamentos em rublos.
O governo dos Estados Unidos chegou a informar que parte do pagamento vencido ontem à noite foi realmente feita pela Rússia, mas em rublos.
O problema é que o pagamento não é considerado válido se não for feito na moeda na qual foi emitida a dívida.
Primeiro calote em mais de um século
Este é o primeiro calote em moeda estrangeira por parte de Moscou em mais de 100 anos.
A última vez que a Rússia deixou de honrar seus compromissos com os credores foi em 1998.
Na ocasião, porém, a crise que levou à maxidesvalorização do rublo desencadeou um calote em moeda local.
Em moeda estrangeira, o último calote da dívida russa data de 1918, na esteira da Revolução Bolchevique.
O que esperar do calote russo
Apesar da gravidade da situação, especialistas consideram que um eventual calote russo não deve desencadear um efeito dominó.
As perdas, segundo eles, devem ficar limitadas aos detentores dos títulos em default.
Tim Ash, analista de mercados emergentes da BlueBay Asset Management, escreveu no Twitter que o default “claramente não está” fora do controle da Rússia. Segundo ele, são as sanções a impedem a Rússia de pagar o que deve.
Na visão de Kristalina Georgieva, a atual diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, embora a guerra traga consequências devastadoras em termos de sofrimento humano e alta dos preços dos alimentos e da energia em todo o mundo, um possível calote russo “não seria sistemicamente relevante”.
No médio e no longo prazo, os potenciais efeitos permanecem um mistério.
A Rússia ainda tem cerca de US$ 1 bilhão em pagamentos previstos até o fim do ano.
Diante disso, a ausência de uma solução para o calote provavelmente elevará a tensão nos mercados.
Ricardo Gozzi
https://www.seudinheiro.com/2022/economia/russia-calote-farsa-rsgp-rens/
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