Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sábado, 25 de junho de 2022
E Vamos À Luta
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Poesia | Ferreira Gullar: "Escrito" / "Homem comum" / "Maio 1964 / "O açúcar
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E Vamos À Luta
Gonzaguinha
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Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada
Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...
Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera e enfrenta o leão
Eu vou á luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco de nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade e constrói
A manhã desejada
Aquele que sabe que é negro
o coro da gente
E segura a batida da vida o ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco de um jogo tão duro
E apesar dos pesares ainda se orgulha de ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim, pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira suada da luta e faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...
Eu acredito é na rapaziada
compositores: LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO JUNIOR
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álbum
Meus Momentos - Gonzaguinha
Gravadora: EMI Brazil
Ano: 2006
Faixa: 10
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sábado, 25 de junho de 2022
Marcus Pestana*: Minas me chama, até breve!
Creio que a primeira vez que escrevi no TEMPO foi em maio de 1997 com o artigo “Nem tudo que reluz é ouro” defendendo a privatização da Vale. Vinte cinco anos atrás. A partir de 2011, tornei-me colunista semanal. Sou grato a Vittorio Medioli, Luiz Tito, Herón Guimarães, Ricardo Correa e ao Frederico Duboc, meu interlocutor mais frequente. Hoje interrompo, espero momentaneamente, meus artigos semanais. Isso em observância à legislação eleitoral, mas também ao princípio de “paridade de armas” já que meus futuros adversários não têm uma coluna semanal no O TEMPO. Espero que eles também prezem este princípio como essencial. Sou um pré-candidato da planície. Não tenho retaguarda em nenhum palácio. Vou em nome do legado de nossos governos e da história pessoal dedicada à vida pública.
Na verdade, tinha pendurado as chuteiras, após 40 anos de vida pública. Fui eleito vereador em Juiz de Fora, aos 22 anos, em 1982, após ter sido presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal. Sempre fui um servidor público. Mas atendendo aos apelos de vereadores, prefeitos, lideranças e deputados engraxei as minhas velhas chuteiras e estou de volta aos gramados. Minas me chama. Sempre me advertiram: “você se expõe demais”. Nunca acreditei nessa máxima de que os homens públicos têm que esconder suas opiniões. Não faz bem à democracia.
Fui líder estudantil, diretor do Comitê pela Anistia, Coordenador das Diretas-Já, vereador, deputado estadual, federal, dirigente partidário municipal, estadual e nacional, e nunca escondi minhas opiniões. Fui gestor público como secretário municipal de governo de Juiz de Fora, secretário estadual de planejamento e saúde, chefe de gabinete do ministério das comunicações e secretário executivo do ministério do meio ambiente. Política e gestão pública são irmãs gêmeas. Uma não existe sem a outra. São 40 anos dedicados a gerar soluções, fora a militância democrática e estudantil.
Estava satisfeito em continuar colaborando através do Instituto Teotônio Vilela com a organização de livros, publicações, seminários e cursos. Mas com disse o filósofo, economista e historiador prussiano “Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras, o que importa é modificá-lo”. Saio da zona de conforto e vou à luta como pré-candidato ao Governo de Minas, em nome da defesa da democracia, do combate às desigualdades e de um governo eficiente que melhore a vida das pessoas. Minhas inspirações estão em Ariano Suassuna: “O otimista é um tolo, O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”. Eu sou. E emendou: “Como sou pouco e sei pouco, faço o pouco que me cabe me dando por inteiro”. E assim será.
Podia ficar quieto no meu canto. Me acovardar. Mas o Brasil anda estranho e Minas, acanhada. Desde a juventude me interpelou o texto da escritora Mariana Colasanti: “A gente se acostuma demais para não sofrer. A gente se acostuma para não ralar na aspereza e preservar a pele. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto se acostumar, se perde por si mesma. A gente se acostuma, eu sei, mas não devia”. Eu nunca me acostumei.
Nosso maior escritor alertou: “O real não está nem na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”. Vamos juntos. A travessia é longa. Até breve!
*Marcus Pestana, economista, Presidente do Conselho Curador ITV – Instituto Teotônio Vilela (PSDB)
https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/06/marcus-pestana-minas-me-chama-ate-breve.html#more
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POEMA: HOMEM COMUM - FERREIRA GULLAR - COM GABARITO
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Poema: Homem Comum
Ferreira Gullar
Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento
ando a pé, de ônibus, de táxi, de avião,
e a vida sopra dentro de mim
pânica, a vida sopra de mim de modo assustador,
feito a chama de um maçarico
e pode
subitamente
cessar.
Sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas
rostos e
mãos, o quarda-sol vermelho ao meio-dia
em Pastos-Bons
defuntas alegrias flores passarinhos
facho de tarde luminosa
nomes que já nem sei
bandejas bandeiras bananeiras
tudo
misturado
essa lenha perfumada
que se acende
e me faz caminhar
Sou um homem comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e não vejo na vida, amigo,
nenhum sentido, senão
lutarmos juntos por um mundo melhor.
Poeta fui de rápido destino.
Mas a poesia é rara e não comove
nem move o pau-de-arara.
Quero, por isso, falar com você,
de homem para homem,
apoiar-me em você
oferecer-lhe o meu braço
que o tempo é pouco
e o latifúndio está aí, matando.
Que o tempo é pouco
e aí estão o Chase Bank,
a IT & T, a Bond and Share,
a Wilson, a Hanna, a Anderson Clayton,
e sabe-se lá quantos outros
braços do polvo a nos sugar a vida
e a bolsa
Homem comum, igual
a você,
cruzo a Avenida sob a pressão do imperialismo.
A sombra do latifúndio
mancha a paisagem
turva as águas do mar
e a infância nos volta
à boca, amarga,
suja de lama e de fome.
Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonho e margaridas.
Ferreira Gullar
Entendendo o poema:
01 – Para alargar e definir a imagem de “homem comum”, o autor não se utiliza:
a) De comparações.
b) Do efeito dos adjetivos.
c) Da construção de versos livres.
d) Da força dos verbos.
e) Da beleza dos substantivos saudosistas.
02 – Nos últimos 5 versos, o poeta faz um hino de louvor a:
a) Sermos pessoas comuns, do dia-a-dia.
b) Vermos algum sentido na vida.
c) Não nos desesperamos.
d) Sermos pessoas ajustadas e felizes.
e) Sermos gente, povo solitário e unido.
03 – No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social e o fazer poético, frequente no modernismo. Nessa aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de:
a) Agregação construtiva e poder de intervenção na ordem instituída.
b) Força emotiva e capacidade de preservação da memória social.
c) Denúncia retórica e habilidade para sedimentar sonhos e utopias.
d) Ampliação do universo cultural e intervenção nos valores humanos.
e) Identificação com o discurso masculino e questionamento dos temas líricos.
04 – De acordo com o poema, quem é e como é o homem comum?
Ele é de carne (busca coisas materiais); e de memória (busca coisas imateriais).
05 – O que se opõe a esse homem?
O tempo é pouco...
06 – Observe o seguinte trecho do poema: “Ando a pé, de ônibus, de táxi, de avião e a vida sopra dentro de mim pânica / feito a chama de um maçarico”. No texto lido, o termo “pânica” tem o seguinte valor sintático e semântico:
a) Predicativo do sujeito – sentido de assustada.
b) Predicativo do sujeito – sentido de estática.
c) Adjunto adnominal – sentido de amedrontada.
d) Adjunto adverbial de modo- sentido de apavorada.
e) Predicativo do sujeito – sentido de esquecida.
07 – Homem comum:
“Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento.
e a vida sopra dentro de mim
pânica
feito a chama de um maçarico
e pode
subitamente
cessar.
[...]
Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonho e margaridas.”
Nos versos em destaque, o sujeito poético:
a) Convida seus iguais a lutar por uma vida mais justa e digna.
b) Relativiza a fragilidade humana diante da possibilidade de união.
c) Deslumbra-se diante de sua capacidade de se tornar diferente dos demais.
d) Traduz um sentimento melancólico e pessimista diante da fragilidade humana.
e) Vê, na coletividade, o anonimato como algo que esfria ao ânimos para sonhos e lutas sociais.
08 – O que o sujeito poético nesse poema procura?
Procura-se identificar e por isso vai em busca da sua identidade.
09 – O sujeito poético se apresenta como resultado das experiências que viveu. Que caminhos ele mapeou?
Percursos materiais (representados pela carne) e imateriais (simbolizados pela memória).
10 – O eu lírico se aproxima do universo do leitor demonstrando partilhar com ele experiências cotidianas. Cite-as.
“Ando a pé, de ônibus, de táxi, de avião”.
às agosto 06, 2020
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