Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 21 de junho de 2022
DECREPITUDE E DECÊNCIA
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MoMA The Museum of Modern Art
Google Arts & Culture
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A Noite Estrelada
Pintura de Vincent van Gogh
A Noite Estrelada é uma pintura de Vincent van Gogh de 1889. A obra retrata a vista da janela de um quarto do hospício de Saint-Rémy-de-Provence, pouco antes do nascer do sol, com a adição de um vilarejo idealizado pelo artista. A tela faz parte da coleção permanente do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque desde 1941. Wikipédia
Artista: Vincent van Gogh
Dimensões: 74 cm x 92 cm
Localização: The Museum of Modern Art
Material: Tinta a óleo
Criação: junho de 1889–junho de 1889
Técnica: Óleo sobre tela
Períodos: Pós-impressionismo, Arte moderna
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Decrepidez.
"decrepitude", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/decrepitude [consultado em 21-06-2022].
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Rua das Pretas
SERVE-SE POESIA AOS PASSANTES (COM GUARDANAPO...)
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1.3.21
Amadeu Baptista (Poema para o septuagésimo aniversário)
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POEMA PARA O SEPTUAGÉSIMO ANIVERSÁRIO
Para a minha decrepitude peço bondade
E um resto de memória para que saiba quem fui.
Quanto aos apelos, quero que fiquem esquecidos,
Bem como o modo como a casa envelheceu.
Se tive feridas, já as limpei algures
E delas nem a crosta sobre a pele quis ficar.
Com as mãos no andarilho faço força
Para me manter de pé, embora às vezes caia.
Continuo a abrir a boca para a sopa
Mas isso é uma questão, digamos, não mais que técnica.
A árvore recebe a chuva e nada diz e eu
É desse silêncio fidedigno que sobrevivo.
Quanto aos amores que tive o peito os cale
Como se de um sedimento se tratasse.
Cada uma das camadas permanece
E entre elas agora só há fósseis.
Na gaveta de baixo guardo o lume
Que me afogueava os sentidos antigamente.
Por ora, com a ressaca, já não vibro,
Desmantelei as rosas com o tempo.
Só vejo construções paradas neste sítio,
Andaimes apodrecidos e pregos ferrugentos.
Algo está mal na cidade indefesa e, por prudência,
Contrariado obrigo-me a carregar a máscara insuportável.
Na constelação do vazio há bizarrias
Que são de levar à loucura os heróis do dia-a-dia.
Nunca se sabe o que nos bate à porta, se Godot, se a fome,
Se o cobrador de impostos, se um monte de cadáveres.
A vida é poderosa, um arrebatamento que não cessa,
A doce e amarga preposição que nos identifica.
Vivi ao abandono e será ao abandono que vou morrer,
A ouvir a mãe a chamar do outro lado do abismo.
Como Cristo, não parti nenhum osso e se inclinei
A cabeça não por foi por reverência mas para conferir
Se o chão estava limpo, a altura do gelo, a quantidade
De destroços acumulados à minha volta.
A decadência é só a decadência,
Uma vassoura gasta que é preciso deitar fora.
Não tenho pão nem vinho que possa repartir
E não creio que após esta noite ressuscite.
Se alguma coisa devo à escrita
É o sabor da viagem que senti no comboio
Que me trouxe até aqui quase sem norte
Mas com a estrela polar no pensamento.
Andei sempre ao contrário do ocaso
Ou andei sempre ao contrário do acaso?
Tomei os sinais do sacrifício por beleza
E é essa evocação que mais me interessa.
Digam de mim que ao olhar o horizonte
Confundi fúria com caminho, utopia com ímpeto
E dúvida com dádiva. Depois não digam nada,
Que eu hei-de ficar calado para sempre
Amadeu Baptista
https://ruadaspretas.blogspot.com/2021/03/amadeu-baptista-poema-para-o.html
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"Desmantelei as rosas com o tempo."
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Sobrou decência no bolsonarismo? | Ponto de Partida
21.428 visualizações Estreou há 15 horas A democracia dos Estados Unidos tem um herói. É o ex-vice-presidente de Donald Trump, Mike Pence. Parece surpreendente? Agora que começamos a conhecer os detalhes do golpe de Estado que Trump tentou, podemos entender também o que foi preciso para evitá-lo. No Brasil de Bolsonaro, a lição é importante.
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PONTO DE PARTIDA
https://www.youtube.com/watch?v=WYOkqoZlYic
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“Decrepitude moral”
Redação O Antagonista
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Carta Capital
Em discurso, Janot ataca "decrepitude moral" de Gilmar Mendes; leia a íntegra - CartaCapital
https://www.cartacapital.com.br/politica/em-discurso-janot-ataca-decrepitude-moral-de-gilmar-mendes-leia-a-integra/
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POLÍTICA
Em discurso, Janot ataca “decrepitude moral” de Gilmar Mendes; leia a íntegra
Em resposta a ministro do STF, PGR afirma que Mendes usa o cargo para se proteger e perdeu o referencial de “decência e retidão”
POR CARTACAPITAL | 22.03.2017 13H
Um dia depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes criticar a Procuradoria-Geral da República, a quem acusou de cometer crimes ao vazar nomes de políticos alvos de inquérito por conta das delações da Odebrecht, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez duros ataques ao magistrado nesta quarta-feira 22. Segundo Janot, Mendes sofre de “decrepitude moral” e corteja “desavergonhadamente o poder político”.
Em discurso na Escola Superior do Ministério Público da União, Janot defendeu a Operação Lava Jato e recomendou a realização de uma “urgente reforma no sistema político-partidário”, pois a política “não pode continuar a ser uma custosa atividade de risco propícia para aventureiros sem escrúpulos.”
Na sequência, Janot criticou o que vê como “críticas injustas” ao Ministério Público e disse que a instituição “não engana a ninguém e não costuma vender ilusões ou fantasias”.
Janot rebateu de forma veemente a informação publicada pela ombudsman do jornal Folha de S.Paulo, Paula Cesarino Costa, segundo quem os nomes dos alvos de inquérito oriundos das delações da Odebrecht foram repassados por um integrante da PGR a jornalistas em uma “coletiva em off”. “É uma mentira, que beira a irresponsabilidade, afirmar que realizamos, na PGR, coletiva de imprensa para ‘vazar’ nomes da Odebrecht”, afirmou.
Na sequência, Janot não citou Gilmar Mendes, mas seu discurso deixou evidente que a fala era uma resposta ao ministro, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que na terça-feira 21 usou o artigo da Folha como base para suas acusações contra a PGR.
Em um trecho que não estava previsto no discurso (leia a íntegra abaixo), Janot deixou claro que respondia a Mendes. “Não vi uma só palavra de quem teve uma disenteria verbal a se pronunciar sobre essa imputação ao Palácio do Planalto, ao Congresso e ao STF”, afirmou segundo site jurídico Jota.
“Procuramos nos distanciar de banquetes palacianos. Fugimos dos círculos de comensais que cortejam desavergonhadamente o poder político”, disse Janot. Gilmar Mendes, figura próxima ao PSDB, é um assíduo frequentador de jantares com Michel Temer e outros poderosos de Brasília.
“Ainda assim, em projeção mental, alguns tentam nivelar a todos à sua decrepitude moral, e para isso acusam-nos de condutas que lhes são próprias, socorrendo-se não raras vezes da aparente intangibilidade proporcionada pela posição que ocupam no Estado”, afirmou.
Ainda de acordo com Janot, “sempre houve, na história da humanidade, homens dispostos a sacrificar seus compromissos éticos no altar da vaidade desmedida e da ambição sem freios”. São pessoas, afirmou, que “não hesitam em violar o dever de imparcialidade ou em macular o decoro do cargo que exercem; na sofreguidão por reconhecimento e afago dos poderosos de plantão, perdem o referencial de decência e de retidão”.
Para Janot, não é preciso “se impressionar com a importância” que esses “difamadores” parecem “transitoriamente ostentar”. Para encerrar, disse Janot, “compartilho com os senhores a advertência do mestre Montesquieu que sempre tive presente comigo: o homem público deve buscar sempre a aprovação, mas nunca o aplauso. E, se o busca, espera-se, ao menos, que seja pelo cumprimento do seu dever para com as leis; jamais por servilismo ou compadrio”.
O que disse Gilmar Mendes
Na terça-feira, Gilmar Mendes acusou a PGR de vazar para a imprensa nomes de pessoas citadas nas delações da Odebrecht. Para o ministro, a publicação de informações da Lava Jato que estão sob sigilo é uma forma de “desmoralização da autoridade pública” e alimenta uma “caça de escândalos para espetaculização”.
“A Procuradoria-Geral da República tem que prestar a este tribunal as explicações sobre esses fatos. Não haverá justiça com procedimentos à margem da lei. As investigações devem ter por objetivo produzir provas e não entreter a opinião pública ou demonstrar autoridade. Quem quiser cavalgar escândalo porque está investido de poder de investigação, está abusando de seu poder”, disse.
Conteúdo: CartaCapital
https://www.cartacapital.com.br/politica/em-discurso-janot-ataca-decrepitude-moral-de-gilmar-mendes-leia-a-integra/
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O Antagonista - UOL
Gilmar, o eterno | O Antagonista
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Gilmar, o eterno
Redação O Antagonista
20.06.22 08:50
Ministro completa duas décadas no Supremo Tribunal Federal
Gilmar, o eterno
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Foto: Adriano Machado/Crusoé
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Um site jurídico que é fã de Gilmar Mendes nos lembra que o ministro completa hoje duas décadas de Supremo Tribunal Federal.
“Com pulso firme, o ministro segue sem medo de polêmica, tirando o Judiciário da letargia, combatendo o populismo judicial e defendendo os direitos fundamentais”, diz a matéria.
Obrigado, FHC.
Redação O Antagonista
22.03.17 16:49
Rodrigo Janot acusou Gilmar Mendes de “decrepitude moral”.
Em seguida, atacou aqueles que, “no afago dos poderosos de plantão, perdem o referencial de decência e de retidão”, sacrificando “seus compromissos éticos no altar da vaidade desmedida e da ambição sem freios”.
https://oantagonista.uol.com.br/brasil/decrepitude-moral/
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Música e Trabalho: O dia em que o morro descer e não for carnaval (Wilson das Neves)
1.505 visualizações 26 de jul. de 2020 O Dia Em Que o Morro Descer e Não For Carnaval
(Composição: Paulo Cesar Pinheiro e Wilson das Neves/1996)
Intérprete: Wilson das Neves
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O dia em que o morro descer e não for carnaval
ninguém vai ficar pra assistir o desfile final
na entrada rajada de fogos pra quem nunca viu
vai ser de escopeta, metralha, granada e fuzil
(é a guerra civil)
No dia em que o morro descer e não for carnaval
não vai nem dar tempo de ter o ensaio geral
e cada uma ala da escola será uma quadrilha
a evolução já vai ser de guerrilha
e a alegoria um tremendo arsenal
o tema do enredo vai ser a cidade partida
no dia em que o couro comer na avenida
se o morro descer e não for carnaval
O povo virá de cortiço, alagado e favela
mostrando a miséria sobre a passarela
sem a fantasia que sai no jornal
vai ser uma única escola, uma só bateria
quem vai ser jurado? Ninguém gostaria
que desfile assim não vai ter nada igual
Não tem órgão oficial, nem governo, nem Liga
nem autoridade que compre essa briga
ninguém sabe a força desse pessoal
melhor é o Poder devolver à esse povo a alegria
senão todo mundo vai sambar no dia
em que o morro descer e não for carnaval.
https://www.youtube.com/watch?v=IgagjiznH1U
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"(...) É isso, né? Sabe a pessoa, assim: - Como é que é? Quem é que perguntou? Acho que foi para o Miguel Arraes. Uma jovenzinha. Éhhhhh...Governador, como é ter oitenta anos? Aí ele respondeu: - Minha filha é uma m. (...)"
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Dora Kramer: “Até os aliados do governo perceberam que a CPI da Petrobras é uma roubada”
7.218 visualizações 21 de jun. de 2022 Se inscreva no canal: https://ayr.app/l/gT35
https://www.youtube.com/watch?v=SNX9k3lsmJk
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Dora Kramer: “Sucesso nas pesquisas subiu à cabeça de Lula e programa de governo está bagunçado”
4.962 visualizações 21 de jun. de 2022 Se inscreva no canal: https://ayr.app/l/gT35
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Agora
Página infeliz da nossa história: a prisão de Miguel Arraes em 1º de abril de 1964
Foto: Reprodução Internet
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01/04/2021
A data de hoje marca os 57 anos de um dos dias mais infelizes da história do Brasil. Em 1º de abril de 1964, militares invadiram o Palácio do Campo das Princesas na tentativa de forçar o então governador Miguel Arraes de Alencar, a renunciar ao mandato. Eleito democraticamente pelo povo de Pernambuco, Arraes se recusou a acatar a ordem, tendo sido preso e deposto do cargo que lhe foi conferido pelo voto popular.
O Brasil vem enfrentando nos últimos meses, tentativas constantes de ataques à democracia e à Constituição. Algumas autoridades, legalmente constituídas que deveriam manter o juramento de defesa do estado democrático de direito, muitas vezes são os incentivadores e até motivadores, desses ataques.
Para que a História não seja esquecida, o Ver Agora traz um excelente relato de alguém que participou do momento histórico. O texto, originalmente publicado pelo jornal Folha de Pernambuco em 2014, do Dr. Ivan Rodrigues, na época presidente da CIlpe e também preso pelo golpe militar, é uma contribuição de quem presenciou a altivez e o espírito público do Governador Miguel Arraes, que com coragem bradou aos seus algozes: “O senhor não tem autoridade para me depor. Sou Governador do Estado eleito pelo povo de Pernambuco e somente ele pode me depor. Ou então o senhor quer dizer que estou preso e isso o senhor pode fazer pela força.”
"PRIMEIRO DE ABRIL DE 1964 (Quem foi que inventou o 31 de março ?)
Por Ivan Rodrigues
Como parte das manifestações promovidas para relembrarem o dia Primeiro de Abril de 1964, fui o palestrante de um evento realizado no Instituto Miguel Arraes, em que relatei os fatos ocorridos naquele dia e mais alguns relativos à minha ligação por mais de 40 anos com o grande líder que foi Miguel Arraes.
“Relutei muito para decidir se deveria escrever essa palestra ou, de improviso, correr o risco de me trair pela emoção e dizer algumas inconveniências. Preferi escrever e faço aqui um relato sucinto da ocorrência que mais me impressionou naquele dia 1º de abril de 1964 e outras acontecidas no decorrer da minha vida, sempre ligadas a Dr. Arraes. Vou direto à primeira:
Desde a véspera, 31 de março, surgiam boatos desencontrados e realçados pela precariedade dos noticiários existentes, como sempre arrebanhando a opinião pública através de uma imprensa predisposta a servir ao poder dominante, ao sabor de suas conveniências. As conversas se prolongavam, em ritmo sempre vibrante e variado, sobre revolução, contra-revolução, golpes de estado, participação “yankee”, disposição de lutas, covardias e empáfias.
Começo a perceber gente arrumando malas e víveres em seus carros e saindo como apressados viajores. Imagino que devo fazer alguma coisa, tomar alguma atitude, romper uma passividade que me incomodava. Passei na empresa que dirigia, assinei alguns papéis mais urgentes e dirigi-me de imediato ao Palácio do Campo das Princesas.
Percebo logo uma intensa movimentação de tropas militares em seu entorno, sem interferirem, entretanto, no ingresso das pessoas ao Palácio. Até aquela hora todo mundo entrava ou saía sem dificuldades e ali encontro centenas de pessoas que não mais consigo relembrar com segurança e não quero cometer a injustiça de omiti-los.
Assisto a chegada do Comandante do Distrito Naval, Almirante Dias Fernandes que, trancado com Dr. Arraes no seu gabinete juntamente com Pelópidas Silveira e Celso Furtado, trazia uma proposta indecorosa em nome de um suposto Comando, que asseguraria a permanência do Governador à frente do Executivo desde que manifestasse apoio irrestrito à quartelada que já se anunciava. Proposta recusada, como todos sabem. Porém, enquanto se realizava a reunião, as tropas do exército ocuparam a Praça da República com ninhos de metralhadoras estrategicamente colocadas visando o Palácio e sustando a entrada de qualquer pessoa daquela hora em diante. Depois, as comunicações foram cortadas e fomos desligados do mundo exterior. O corpo da guarda palaciana foi ocupado pelo Exército e ninguém mais saia do Palácio.
A uma certa altura, aproxima-se pelo terraço dos fundos o Coronel Dutra de Castilho, até então Comandante do 14º Regimento de Infantaria, e manifesta a intenção de falar pessoalmente com o Governador.
Dr. Arraes desce do primeiro andar e vai ao encontro do Coronel nos limites do terraço dos fundos. Com uma inevitável curiosidade, fico junto e acompanhei o incidente em todos os seus detalhes. Estabelece-se então o diálogo, surrealista para os dias de hoje, mas que considero definidor, com extrema clareza, da situação vivenciada pelos interlocutores e de suas posições antagônicas.
Não conseguiria transcrever literalmente, mas vou tentar reproduzi-lo com a máxima fidelidade possível, sendo de notar que, em um fim de noite após o cumprimento de sua exaustiva agenda, quando ficávamos prosando até tarde, conferi com Dr. Arraes todos os detalhes.
Inicia-se a conversa e percebia-se, com absoluta nitidez, que o Coronel estava visivelmente emocionado e, em nenhum momento, deixou de tratar Dr. Arraes por “excelência”. Diz o Coronel:
“Venho comunicar que V. Excelência está deposto.”
Responde Dr. Arraes:
“O senhor não tem autoridade para me depor. Sou Governador do Estado eleito pelo povo de Pernambuco e somente ele pode me depor. Ou então o senhor quer dizer que estou preso e isso o senhor pode fazer pela força.”
Retruca o Coronel:
“De forma alguma, Excelência. Pelo contrário, lhe daremos todas as garantias cabíveis.”
E aí Dr. Arraes responde-lhe serenamente e de forma profética:
“NÃO PRECISO DE SUAS GARANTIAS. SOU O GOVERNADOR DE PERNAMBUCO E EXERCEREI O MEU MANDATO ATÉ O ULTIMO DIA, ESTEJA ONDE ESTIVER.”
Feito e dito isso, Dr. Arraes encerrou o episódio e retornou ao Palácio. Este diálogo não necessita explicação, nem exige analista ou cientista político para interpretá-lo. De um lado, o poder da força, da imposição, da tutela, sedimentado em especulações delirantes dos militares sequiosos do poder.
De outro lado, a afirmação democrática de um governante altivo, impávido, destemido e legitimado por uma eleição submetida às regras republicanas e reagindo às demonstrações de força, comandadas pelas corporações obscurantistas, politicamente orientadas por um “udenismo” desesperado diante das sucessivas derrotas eleitorais.
Pouco tempo depois, subiu ao primeiro andar um capitão do exército (vejam como a patente foi baixando), determinando que daquela hora em diante somente permaneceriam no Palácio o Governador e os seus familiares. Os demais teriam um pequeno prazo para deixar o Palácio.
Aí acontece a parte mais constrangedora do episódio: o Governador Miguel Arraes postado em frente do elevador do primeiro andar, despede-se e aperta a mão, um a um, de todos os presentes que foram obrigados a retirar-se do Palácio naquele momento.
Ainda um fato importante deve ser destacado pois, a despeito de ter ocorrido antes de 1964, foi fator determinante para a eclosão do golpe de 1964. Assisti, em novembro de 1963, no Salão das Bandeiras do Palácio do Campo das Princêsas, naquela longa mesa que ainda hoje existe, a assinatura do famoso Acordo do Campo. De um lado da mesa os usineiros e senhores de engenho (hoje denominados plantadores de cana) e do outro lado os camponeses maltrapilhos, com Dr. Arraes sentado à cabeceira da mesa dirigindo os trabalhos.
Esse acordo que completou 50 anos recentemente e, de forma lamentável, sem qualquer registro ou comemoração por iniciativa dos sindicatos e centrais sindicais rurais, foi um marco regulatório nas relações de trabalho no campo, com repercussão no Brasil e cultuado no mundo inteiro pelas instituições trabalhistas.
Dr. Arraes nunca foi perdoado pelos patrões, não pelas razões econômicas que lhes foram favoráveis, mas por terem de sentar à mesma mesa com os trabalhadores, fato sociologicamente inadmissível para eles, que consideravam o evento uma suprema humilhação.
E tanto foi assim que, após a tramitação dos fatos descritos e ocorridos no Palácio no dia 1º de abril, fui conduzido ao Quartel General do Exército com outros companheiros e, recebidos pelo Cel. Bandeira, fomos encaminhados presos para o 7º R. O. em Olinda numa operação de remoção comandada pelo usineiro José Lopes de Siqueira Santos, da Usina Estreliana, com uma metralhadora à tiracolo e dando ordens aos militares do exército.
O incidente reflete verdadeiramente a autoria da inspiração, das manobras e da execução do golpe militar. Pelos antecedentes do aludido usineiro e pela autoridade que ostentava no comando da operação, imaginei que não chegaríamos ao destino previsto e quando fomos enfileirados no Corpo da Guarda daquela unidade militar, raciocinei: “Graças a Deus estamos presos”.
Costumo dizer que sou um privilegiado na medida em que fui distinguido pela oportunidade de testemunhar episódios que registram a marca de um grande patriota e líder político brasileiro. A sua história e grandeza precisam ser conservadas para exemplo das gerações que o sucederem. Estou aqui cumprindo um dever que considero fundamental para esse registro, antes que a “traiçoeira” me arrebate desse convívio.
Sinto ainda necessidade de registrar algumas lições que recebi do Dr. Arraes que marcam a sua personalidade singular. Coordenei, também com muito orgulho, o programa de eletrificação rural nos dois governos de Arraes, depois reconhecido como o maior programa da América Latina. Criticado por seus adversários sob a alegação de que suas iniciativas não eram estruturadoras para o desenvolvimento do Estado e sua população, Dr. Arraes respondia com muita sabedoria: “Não conheço nada mais estruturador para um cidadão do que uma caneca de água limpa para beber e um bico de luz para alumiar a escuridão”.
Por isso mesmo, peço permissão para quebrar o protocolo e fazer uma digressão que talvez desvirtue o sentido deste evento. São episódios pessoais, mas estreitamente ligados a Dr. Arraes:
Sou um velho já meio cansado que nunca amealhou riquezas, nem colecionou comendas. Não guardo rancores, nem alimento ressentimentos. Mais de oitenta anos de vida dura e difícil – sabe Deus como! – alternando temporais e bonanças, mas sempre adorando a vida que, por vezes, é gratificante. Sempre tive lado e costumo dizer que “A Coerência é o Caminho Mais Espinhoso da Política”.
Tive dois grandes Mestres na vida: o meu velho pai Zébatatinha que me ensinou o roteiro da dignidade, da cidadania e do apreço à família e Dr. Miguel Arraes – meu líder político e amigo durante mais de quarenta anos – que traduziu para mim o dever de servir à população com honradez e espírito público."
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Natural de Garanhuns, no Agreste Meridional, nascido em 13 de fevereiro 1928, Ivan Rodrigues da Silva é Assessor Especial do governador Paulo Câmara. Até 2018, foi secretário executivo de Planejamento e Gestão da Casa Civil e possui uma extensa lista de serviços prestados ao desenvolvimento econômico e social de Pernambuco. Formado em Direito pela Faculdade de Direito Caruaru, onde foi aluno laureado e orador da turma de 1966, além de pós-graduado em Administração, Ivan Rodrigues participou ativamente das três gestões do ex-governador Miguel Arraes de Alencar e das duas gestões do ex-governador Eduardo Campos.
Casado, pai de dois filhos e, na época, presidente da Companhia de Industrialização de Leite de Pernambuco (Cilpe), Ivan Rodrigues foi preso, juntamente com o então governador Miguel Arraes, em 1º de abril de 1964, pelas tropas do IV Exército, dentro do Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo do Estado, quando se instalou o Golpe Militar no país. Após a anistia e com o retorno de Miguel Arraes ao Executivo Estadual, reeleito em 1986, Ivan Rodrigues volta ao Campo das Princesas como assessor especial do governador. No terceiro mandato de Miguel Arraes, assumiu as funções de chefe adjunto de Gabinete e de secretário de Governo.
Sua vida política ainda conta com passagens pela Câmara de Vereadores de Garanhuns, onde assumiu dois mandatos. O primeiro de 1959 a 1963 e o segundo de 1974 a 1978, além da nomeação, pelo ex-governador Eduardo Campos como diretor administrativo e financeiro da Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe) e secretário executivo de Planejamento e Gestão das secretarias de Articulação Regional e da Casa Civil.
Na iniciativa privada, além de exercer a advocacia, Ivan Rodrigues que é um aficionado pela literatura, sobretudo, pelos livros de Ciência Política, é Professor Emérito da Associação de Ensino Superior de Garanhuns (Aesga), foi supervisor de vendas da Mercedes Benz do Brasil e superintendente administrativo da Companhia Siderúrgica do Nordeste (Cosinor).
https://www.veragora.com.br/artigo/pagina-infeliz-da-nossa-historia-a-prisao-de-miguel-arraes-em-1-de-abril-de-1964
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The Fool On The Hill (tradução)
Paul McCartney
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Back in the U.S.
The Fool On The Hill
Dia após dia
Sozinho em uma colina
O homem com o sorriso bobo
é manter perfeitamente imóvel
Mas ninguém quer saber dele
Eles podem ver que ele é apenas um tolo
E ele nunca dá uma resposta
Mas o tolo na colina
vê o sol se pondo
E os olhos em sua cabeça
Veja a rodada spinnig mundo
Bem no caminho
cabeça nas nuvens
O homem de mil vozes
Falando perfeitamente alto
Mas ninguém nunca ouve
Ou o som que ele aparece para fazer
E ele nunca parece notar
Mas o tolo na colina
vê o sol se pondo
E os olhos em sua cabeça
Ver o mundo girando
E ninguém parece gostar dele
Eles podem dizer o que ele quer fazer
E ele nunca mostra seus sentimentos
Mas o tolo na colina
vê o sol se pondo
E os olhos em sua cabeça
Ver o mundo girando
Oh, redondo, redondo, redondo, redondo, redondo, redondo, redondo
E ele nunca ouvi-los
Ele sabe que eles são os tolos
Eles não gostam dele
O tolo na colina
vê o sol se pondo
E os olhos em sua cabeça
Ver o mundo girando
Oh, redondo, redondo, redondo, redondo, redondo, redondo, redondo
https://www.vagalume.com.br/paul-mccartney/the-fool-on-the-hill-traducao.html
https://www.letras.mus.br/paul-mccartney/89688/traducao.html
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Para o tolo, a experiência é uma m. E os que insistem em reavivá-la, uns chatos, e condutores de esgotos. desagradáveis.
Correndo o risco de ser mais que chato, um tolo mais tolo que o suposto tolo acima mencionado.👇🏿
LEMBRAI-VOS DE 2018!!!
E dos calorosos debates entre surdos, dentro do carro de Raimundo César, com Dr, Arnaldo no banco de carona, nas noites de Faculdade?! E um teimoso e incompreendido penetra no banco traseiro?!
Uma menininha, num comício, em Recife, perguntou ao Governador Miguel Arraes, como era ter 80 anos. Ao que de prima ele respondeu: - Uma m.
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Provérbios 18:6 NTLH
Quando o tolo começa uma discussão, o que ele está pedindo é uma surra.
NTLH: Nova Tradução na Linguagem de Hoje
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