sábado, 16 de outubro de 2021

Cadeia

— Como é, camarada? Vamos jogar um trinta e um lá dentro? ***
*** Língua & Literatura - Blogger Língua & Literatura: Vidas Secas - Graciliano Ramos *** Política Alessandro Vieira apresenta relatório paralelo ao de Renan, com menos indiciados Enquanto o relator da CPI da Covid quer sugerir o indiciamento de 50 pessoas, Vieira defende a redução do número para 18 indiciados Victor Fuzeira 15/10/2021 17:35,atualizado 15/10/2021 17:35 ***
*** Alessandro Vieira_CPI da Covid-19Waldemir Barreto/Agência Senado *** O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) anunciou que apresentará um relatório paralelo ao de Renan Calheiros (MDB-AL) na CPI da Covid-19. O documento foi protocolado nesta sexta-feira (15/10) e sugere o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e outras 17 pessoas – menos da metade do montante de indiciados sugeridos pelo emedebista. O relatório do membro suplente da comissão está divido em cinco tópicos: gestão e definição de políticas públicas de combate à pandemia; mortes evitáveis; indícios de mau uso de recursos públicos; análise dos pareceres e notas técnicas e propostas legislativas. No texto, há indiciamento de Bolsonaro por sete crimes, sendo eles: crime de responsabilidade, epidemia, infração de medida sanitária preventiva, charlatanismo, incitação ao crime e crime contra a humanidade. Vieira também sugere novas investigações a fim de esclarecer se o presidente prevaricou no caso da Covaxin. O parlamentar afirma que os eventuais indiciados “exerceram função tangencial” na má gerência da pandemia no país. “A chave para a distinção está no poder de decisão e no alcance da atuação de cada figura. Assim, por exemplo, parlamentares, médicos e empresários que se prestaram a desinformar reiteradamente a população, em uma mistura enojante de ignorância e bajulação, merecem o desprezo eterno dos brasileiros, mas não serão apontados como personagens centrais neste documento, o que não afasta as apurações em andamento no STF e na CPMI das Fake News”, explica o senador. Veja os indiciados do relatório paralelo: – Presidente Jair Bolsonaro; – Ministro da Defesa, Walter Braga Netto; – Ministro da Economia, Paulo Guedes; – Líder do Governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR); – Secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida; – Ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello; – Ex-secretário Executivo do Ministério da Saúde Antônio Élcio Franco Filho; – Ex-coordenador do Centro de Coordenação de Operações Heitor Freire de Abreu; – Secretária de Gestão, do Trabalho e de Educação na Saúde, Mayra Correia Pinheiro; – Secretário Especial de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva; – Ex-ministro da Cidadania Onyx Lorenzoni; – Ex-ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo; – Ex-secretário Especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten; – Representantes da Prevent Senior, Pedro Batista e Fernando Parillo; – Virologista Paolo Zanotto; – Coordenador da pesquisa Androcov, Flávio Cadegiani; – Deputado federal Osmar Terra (MDB-RS). *** *** https://www.metropoles.com/brasil/politica-brasil/alessandro-vieira-apresenta-relatorio-paralelo-ao-de-renan-com-menos-indiciados *** *** *** Alessandro Vieira propõe indiciamento de Bolsonaro por 7 crimes em relatório paralelo Texto de autoria do senador pode auxiliar relatório final de Renan Calheiros, que será votado na próxima terça-feira (19/10) RF Raphael Felice postado em 15/10/2021 18:30 / atualizado em 15/10/2021 18:31 ***
*** (crédito: Roque de Sá/Agência Senado) (crédito: Roque de Sá/Agência Senado) *** O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) protocolou, nesta sexta-feira (15/10), um relatório paralelo de sua autoria na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19. O texto pode ser aproveitado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), que fará a leitura de sua exposição final na próxima terça-feira (19/10). No relatório, o delegado propõe o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por sete crimes: crime de responsabilidade, crime de epidemia, infração de medida sanitária preventiva, charlatanismo, incitação ao crime e crime contra a humanidade. O senador ainda pede maiores investigações sobre a infração de prevaricação. O relatório é dividido em cinco partes ( gestão e definição de políticas públicas de combate à pandemia; mortes evitáveis; indícios de mau uso de recursos públicos; análise dos pareceres e notas técnicas e propostas legislativas). Além de Bolsonaro, Alessandro Vieira propõe a responsabilização de outros membros do governo federal, como o ministro da Economia, Paulo Guedes, o coordenador do Comitê de Crise da pandemia e ex-ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, a Secretária de Gestão, Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro (capitã cloroquina), o ministro do trabalho Onyx Lorenzoni, o ex-secretário especial de comunicação, o ex-secretário da Saúde, coronel Élcio Franco, Fábio Wajngarten, entre outros. Integrantes do setor privado que participaram de irregularidades junto ao governo Bolsonaro na pandemia, como o os representantes da Prevent Senior, Pedro Batista, Fernando Parillo e o virologista Paolo Zanotto também constam como indiciados. Segundo Alessandro, a ação do governo federal trouxe confusões e minimização da gravidade da pandemia. Também foram feitas ações para descredibilizar instituições e a vacina por meio de disseminação de notícias falsas, descaso com povos indígenas e a divulgação de medicamentos sem eficácia comprovada por autoridades de saúde. O senador lembra ainda que a pandemia não acabou e que ações precisam ser tomadas. Assim como no relatório de Renan Calheiros, Vieira sugere propostas legislativas dentro das áreas de saúde, educação, combate à pobreza, combate à corrupção, gestão pública e processo legislativo. *** *** https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2021/10/4955683-alessandro-vieira-propoe-indiciamento-de-bolsonaro-por-7-crimes-em-relatorio-paralelo.html *** ***
*** Direito Legal O cidadão Fabiano... Cidadão? - Direito Legal *** Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras. Sinha Vitória pedira além disso uma garrafa de querosene e um corte de chita vermelha. Mas o querosene de seu Inácio estava misturado com água, e a chita da amostra era cara demais. Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano, regateando um tostão em côvado, receoso de ser enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança dava-lhe gestos oblíquos. À tarde puxou o dinheiro, meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira, dirigiu-se à bodega de seu Inácio, onde guardara os picuás. Aí certificou-se novamente de que o querosene estava batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor. Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha água. Por que seria que seu Inácio botava água em tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou o bodegueiro: — Por que é que vossemecê bota água em tudo? Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era pequeno, mas em horas de comunicabilidade enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão direito sumir-se como cambembe, andar por este mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de consideração e votava. Quem diria? Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e bateu familiarmente no ombro de Fabiano: — Como é, camarada? Vamos jogar um trinta e um lá dentro? Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou, procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: — Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer. Enfim, contanto, etc. É conforme. Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era autoridade e mandava. Fabiano sempre havia obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava pouco, desejava pouco e obedecia. Atravessaram a bodega, o corredor, desembocaram numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima de uma esteira. — Desafasta, ordenou o polícia. Aqui tem gente. Os jogadores apertaram-se, os dois homens sentaram-se, o soldado amarelo pegou o baralho. Mas com tanta infelicidade que em pouco tempo se enrascou. Fabiano encalacrou-se também. Sinha Vitória ia danar-se, e com razão. — Benfeito. Ergueu-se furioso, saiu da sala, trombudo. — Espera aí, paisano, gritou o amarelo. Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a seu Inácio os troços que ele havia guardado, vestiu o gibão, passou as correias dos alforjes no ombro, ganhou a rua. Debaixo do jatobá do quadro taramelou com sinha Rita louceira, sem se atrever a voltar para casa. Que desculpa iria apresentar a sinha Vitória? Forjava uma explicação difícil. Perdera o embrulho da fazenda, pagara na botica uma garrafada para sinha Rita louceira. Atrapalhava-se: tinha imaginação fraca e não sabia mentir. Nas invenções com que pretendia justificar-se a figura de sinha Rita aparecia sempre, e isto o desgostava. Arrumaria uma história sem ela, diria que haviam furtado o cobre da chita. Pois não era? Os parceiros o tinham pelado no trinta e um. Mas não devia mencionar o jogo. Contaria simplesmente que o lenço das notas ficara no bolso do gibão e levara sumiço. Falaria assim: — “Comprei os mantimentos. Botei o gibão e os alforjes na bodega de seu Inácio. Encontrei um soldado amarelo.” Não, não encontrara ninguém. Atrapalhava-se de novo. Sentia desejo de referir-se ao soldado, um conhecido velho, amigo de infância. A mulher se incharia com a notícia. Talvez não se inchasse. Era atilada, notaria a pabulagem. Pois estava acabado. O dinheiro fugira do bolso do gibão, na venda de seu Inácio. Natural. Repetia que era natural quando alguém lhe deu um empurrão, atirou-o contra o jatobá. A feira se desmanchava; escurecia; o homem da iluminação, trepando numa escada, acendia os lampiões. A estrela papa-ceia branqueou por cima da torre da igreja; o doutor juiz de direito foi brilhar na porta da farmácia; o cobrador da prefeitura passou coxeando, com talões de recibos debaixo do braço; a carroça de lixo rolou na praça recolhendo cascas de frutas; seu vigário saiu de casa e abriu o guardachuva por causa do sereno; sinha Rita louceira retirou-se. Fabiano estremeceu. Chegaria à fazenda noite fechada. Entretido com o diabo do jogo, tonto de aguardente, deixara o tempo correr. E não levava o querosene, ia-se alumiar durante a semana com pedaços de facheiro. Aprumou-se, disposto a viajar. Outro empurrão desequilibrou-o. Voltou-se e viu ali perto o soldado amarelo, que o desafiava, a cara enferrujada, uma ruga na testa. Mexeu-se para sacudir o chapéu de couro nas ventas do agressor. Com uma pancada certa do chapéu de couro, aquele tico de gente ia ao barro. Olhou as coisas e as pessoas em roda e moderou a indignação. Na catinga ele às vezes cantava de galo, mas na rua encolhia-se. — Vossemecê não tem direito de provocar os que estão quietos. — Desafasta, bradou o polícia. E insultou Fabiano, porque ele tinha deixado a bodega sem se despedir. — Lorota, gaguejou o matuto. Eu tenho culpa de vossemecê esbagaçar os seus possuídos no jogo? Engasgou-se. A autoridade rondou por ali um instante, desejosa de puxar questão. Não achando pretexto, avizinhou-se e plantou o salto da reiuna em cima da alpercata do vaqueiro. — Isso não se faz, moço, protestou Fabiano. Estou quieto. Veja que mole e quente é pé de gente. O outro continuou a pisar com força. Fabiano impacientou-se e xingou a mãe dele. Aí o amarelo apitou, e em poucos minutos o destacamento da cidade rodeava o jatobá. — Toca pra frente, berrou o cabo. Fabiano marchou desorientado, entrou na cadeia, ouviu sem compreender uma acusação medonha e não se defendeu. — Está certo, disse o cabo. Faça lombo, paisano. Fabiano caiu de joelhos, repetidamente uma lâmina de facão bateu-lhe no peito, outra nas costas. Em seguida abriram uma porta, deram-lhe um safanão que o arremessou para as trevas do cárcere. A chave tilintou na fechadura, e Fabiano ergueu-se atordoado, cambaleou, sentou-se num canto, rosnando: — Hum! hum! Por que tinham feito aquilo? Era o que não podia saber. Pessoa de bons costumes, sim senhor, nunca fora preso. De repente um fuzuê sem motivo. Achava-se tão perturbado que nem acreditava naquela desgraça. Tinham-lhe caído todos em cima, de supetão, como uns condenados. Assim um homem não podia resistir. — Bem, bem. Passou as mãos nas costas e no peito, sentiu-se moído, os olhos azulados brilharam como olhos de gato. Tinham-no realmente surrado e prendido. Mas era um caso tão esquisito que instantes depois balançava a cabeça, duvidando, apesar das machucaduras. Ora, o soldado amarelo... Sim, havia um amarelo, criatura desgraçada que ele, Fabiano, desmancharia com um tabefe. Não tinha desmanchado por causa dos homens que mandavam. Cuspiu, com desprezo: — Safado, mofino, escarro de gente. Por mor de uma peste daquela, maltratava-se um pai de família. Pensou na mulher, nos filhos e na cachorrinha. Engatinhando, procurou os alforjes, que haviam caído no chão, certificou-se de que os objetos comprados na feira estavam todos ali. Podia ter-se perdido alguma coisa na confusão. Lembrou-se de uma fazenda vista na última das lojas que visitara. Bonita, encorpada, larga, vermelha e com ramagens, exatamente o que sinha Vitória desejava. Encolhendo um tostão em côvado, por sovinice, acabava o dia daquele jeito. Tornou a mexer nos alforjes. Sinha Vitória devia estar desassossegada com a demora dele. A casa no escuro, os meninos em redor do fogo, a cachorra Baleia vigiando. Com certeza haviam fechado a porta da frente. Estirou as pernas, encostou as carnes doídas ao muro. Se lhe tivessem dado tempo, ele teria explicado tudo direitinho. Mas pegado de surpresa, embatucara. Quem não ficaria azuretado com semelhante despropósito? Não queria capacitar-se de que a malvadez tivesse sido para ele. Havia engano, provavelmente o amarelo o confundira com outro. Não era senão isso. Então por que um sem-vergonha desordeiro se arrelia, bota-se um cabra na cadeia, dá-se pancada nele? Sabia perfeitamente que era assim, acostumara-se a todas as violências, a todas as injustiças. E aos conhecidos que dormiam no tronco e aguentavam cipó de boi oferecia consolações: — “Tenha paciência. Apanhar do governo não é desfeita.” Mas agora rangia os dentes, soprava. Merecia castigo? — An! E, por mais que forcejasse, não se convencia de que o soldado amarelo fosse governo. Governo, coisa distante e perfeita, não podia errar. O soldado amarelo estava ali perto, além da grade, era fraco e ruim, jogava na esteira com os matutos e provocava-os depois. O governo não devia consentir tão grande safadeza. Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se: — Bem, bem. Não há nada não. Havia muitas coisas. Ele não podia explicá-las, mas havia. Fossem perguntar a seu Tomás da bolandeira, que lia livros e sabia onde tinha as ventas. Seu Tomás da bolandeira contaria aquela história. Ele, Fabiano, um bruto, não contava nada. Só queria voltar para junto de sinha Vitória, deitar-se na cama de varas. Por que vinham bulir com um homem que só queria descansar? Deviam bulir com outros. — An! Estava tudo errado. — An! Tinham lá coragem? Imaginou o soldado amarelo atirando-se a um cangaceiro na catinga. Tinha graça. Não dava um caldo. Lembrou-se da casa velha onde morava, da cozinha, da panela que chiava na trempe de pedras. Sinha Vitória punha sal na comida. Abriu os alforjes novamente: a trouxa de sal não se tinha perdido. Bem. Sinha Vitória provava o caldo na quenga de coco. E Fabiano se aperreava por causa dela, dos filhos e da cachorra Baleia, que era como uma pessoa da família, sabida como gente. Naquela viagem arrastada, em tempo de seca braba, quando estavam todos morrendo de fome, a cadelinha tinha trazido para eles um preá. Ia envelhecendo, coitada. Sinha Vitória, inquieta, com certeza fora muitas vezes escutar na porta da frente. O galo batia as asas, os bichos bodejavam no chiqueiro, os chocalhos das vacas tiniam. Se não fosse isso... An! Em que estava pensando? Meteu os olhos pela grade da rua. Chi! que pretume! O lampião da esquina se apagara, provavelmente o homem da escada só botara nele meio quarteirão de querosene. Pobre de sinha Vitória, cheia de cuidados, na escuridão. Os meninos sentados perto do lume, a panela chiando na trempe de pedras, Baleia atenta, o candeeiro de folha pendurado na ponta de uma vara que saía da parede. Estava tão cansado, tão machucado, que ia quase adormecendo no meio daquela desgraça. Havia ali um bêbedo tresvariando em voz alta e alguns homens agachados em redor de um fogo que enchia o cárcere de fumaça. Discutiam e queixavam-se da lenha molhada. Fabiano cochilava, a cabeça pesada inclinava-se para o peito e levantava-se. Devia ter comprado o querosene de seu Inácio. A mulher e os meninos aguentando fumaça nos olhos. Acordou sobressaltado. Pois não estava misturando as pessoas, desatinando? Talvez fosse efeito da cachaça. Não era: tinha bebido um copo, tanto assim, quatro dedos. Se lhe dessem tempo, contaria o que se passara. Ouviu o falatório desconexo do bêbedo, caiu numa indecisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversava à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se. Estava preso por isso? Como era? Então mete-se um homem na cadeia porque ele não sabe falar direito? Que mal fazia a brutalidade dele? Vivia trabalhando como um escravo. Desentupia o bebedouro, consertava as cercas, curava os animais — aproveitara um casco de fazenda sem valor. Tudo em ordem, podiam ver. Tinha culpa de ser bruto? Quem tinha culpa? Se não fosse aquilo... Nem sabia. O fio da ideia cresceu, engrossou — e partiu-se. Difícil pensar. Vivia tão agarrado aos bichos... Nunca vira uma escola. Por isso não conseguia defender-se, botar as coisas nos seus lugares. O demônio daquela história entrava-lhe na cabeça e saía. Era para um cristão endoidecer. Se lhe tivessem dado ensino, encontraria meio de entendê-la. Impossível, só sabia lidar com bichos. Enfim, contanto... Seu Tomás daria informações. Fossem perguntar a ele. Homem bom, seu Tomás da bolandeira, homem aprendido. Cada qual como Deus o fez. Ele, Fabiano, era aquilo mesmo, um bruto. O que desejava... An! Esquecia-se. Agora se recordava da viagem que tinha feito pelo sertão, a cair de fome. As pernas dos meninos eram finas como bilros, sinha Vitória tropicava debaixo do baú dos trens. Na beira do rio haviam comido o papagaio, que não sabia falar. Necessidade. Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava nomes arrevesados, por embromação. Via perfeitamente que tudo era besteira. Não podia arrumar o que tinha no interior. Se pudesse... Ah! Se pudesse, atacaria os soldados amarelos que espancam as criaturas inofensivas. Bateu na cabeça, apertou-a. Que faziam aqueles sujeitos acocorados em torno do fogo? Que dizia aquele bêbedo que se esgoelava como um doido, gastando fôlego à toa? Sentiu vontade de gritar, de anunciar muito alto que eles não prestavam para nada. Ouviu uma voz fina. Alguém no xadrez das mulheres chorava e arrenegava as pulgas. Rapariga da vida, certamente, de porta aberta. Essa também não prestava para nada. Fabiano queria berrar para a cidade inteira, afirmar ao doutor juiz de direito, ao delegado, a seu vigário e aos cobradores da prefeitura que ali dentro ninguém prestava para nada. Ele, os homens acocorados, o bêbedo, a mulher das pulgas, tudo era uma lástima, só servia para aguentar facão. Era o que ele queria dizer. E havia também aquele fogo-corredor que ia e vinha no espírito dele. Sim, havia aquilo. Como era? Precisava descansar. Estava com a testa doendo, provavelmente em consequência de uma pancada de cabo de facão. E doía-lhe a cabeça toda, parecia-lhe que tinha fogo por dentro, parecia-lhe que tinha nos miolos uma panela fervendo. Pobre de sinha Vitória, inquieta e sossegando os meninos. Baleia vigiando, perto da trempe. Se não fossem eles... Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. O que lhe amolecia o corpo era a lembrança da mulher e dos filhos. Sem aqueles cambões pesados, não envergaria o espinhaço não, sairia dali como onça e faria uma asneira. Carregaria a espingarda e daria um tiro de pé de pau no soldado amarelo. Não. O soldado amarelo era um infeliz que nem merecia um tabefe com as costas da mão. Mataria os donos dele. Entraria num bando de cangaceiros e faria estrago nos homens que dirigiam o soldado amarelo. Não ficaria um para semente. Era a ideia que lhe fervia na cabeça. Mas havia a mulher, havia os meninos, havia a cachorrinha. Fabiano gritou, assustando o bêbedo, os tipos que abanavam o fogo, o carcereiro e a mulher que se queixava das pulgas. Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo. *** *** https://iedamagri.files.wordpress.com/2020/02/vidas-secas-graciliano-ramos.pdf *** *** ***
*** O CIDADÃO FABIANO… CIDADÃO? “Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.” – Oscar Wilde *** Sempre que sou chamado para dar aulas e palestras sobre Vidas Secas – um dos livros mais importantes da literatura nacional -, eu costumo dizer que ele traz duas grandes tragédias. A primeira delas é a história em si: a saga de Fabiano, de Sinha Vitória e dos dois meninos. Um quadro sombrio de seca, de fome e de miséria (física e intelectual) e de total ausência de dignidade na vida de personagens animalizadas, vítimas do meio em que vivem – tudo isso sob o olhar crítico de um dos grandes nomes da chamada Segunda Geração do Modernismo Brasileiro ou Romance do Nordeste. A segunda tragédia diz respeito ao fato de que, passados mais de 80 anos, a obra ainda pode ser lida como um retrato da melancólica e lamentável realidade de tantas pessoas em algumas paisagens inóspitas do nordeste brasileiro. Provavelmente, nem Graciliano Ramos tenha imaginado que o livro ainda se mantivesse tão atual depois de tanto tempo! E isso é muito triste. Não é minha pretensão aproveitar este espaço para analisar a obra como um todo, mas, uma vez que seus capítulos guardam certa independência, quero me ater ao episódio em que Fabiano vai à cidade comprar mantimentos e querosene – e acaba encontrando o famoso Soldado Amarelo. Este será o antagonista daquele em uma passagem que causará indignação ao leitor minimamente sensível. E por quê? Porque a cena descrita é uma cena de desrespeito, covardia e abuso de poder. O capítulo recebe o título de “Cadeia”. Fabiano, como se sabe, é simplório, bicho do mato, analfabeto e apresenta uma dificuldade enorme de expressar o que pensa e sente. É um homem oprimido e hostilizado pelo meio. Vai à cidade fazer as compras necessárias para a família e, a certa altura, o tal do Soldado Amarelo bate amigavelmente em seu ombro… talvez farejando uma vítima de sua prepotência. “Como é, camarada? Vamos jogar um trinta e um lá dentro?”. Diante da autoridade, Fabiano demonstra respeito e subserviência. Levanta-se da calçada onde estava sentado e segue o soldado. Como nos informa o narrador, “Fabiano sempre havia obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava pouco, desejava pouco e obedecia”. Assim, não é de se estranhar que, diante da proposta de um carteado com o militar, Fabiano acabe por concordar, mesmo com culpa, pois sabe que, em casa, Sinha Vitória e os meninos esperam-no com os artigos de que necessitam. Fabiano aventura-se no jogo regado à bebida e tanto ele quanto o militar acabam perdendo para os outros homens. O vaqueiro, irritado, abandona a mesa, ainda que o militar o interpele. Não atendido, o soldado vai atrás dele e faz valer sua autoridade: dá-lhe um empurrão e o atira contra um jatobá. Enquanto isso, o leitor é informado de que “o doutor juiz de direito foi brilhar na porta da farmácia”. O sertanejo, apressado e preocupado, tenta tomar o rumo de casa, mas é novamente empurrado pelo soldado que o insulta porque Fabiano “tinha deixado a bodega sem se despedir”. O matuto defende-se dizendo que não é culpado de o soldado perder seus pertences no jogo. Sem uma boa razão para brigar e na falta de argumentos, o militar crava o salto de sua botina no pé de Fabiano. O vaqueiro, irritado, xinga a mãe do outro; o soldado apita e “em poucos minutos o destacamento da cidade rodeava o jatobá”. O que vemos em seguida é Fabiano de joelhos (posição emblemática), já na cadeia, recebendo um golpe no peito e outro nas costas para, logo após, ser arremessado para a cela escura… que falta faz um advogado de defesa! Preso com violência e desmesurado rigor, o sertanejo sente-se indignado, supõe ter sido preso por engano, pois não consegue entender o que poderia ter feito para tamanha punição. Em suas “reflexões”, recusa-se a associar o Amarelo ao Governo, pois “Governo, coisa distante e perfeita, não podia errar (…) não devia consentir tão grande safadeza”. Em sua pureza, não consegue associar a crueldade de sua prisão à concepção que ele tem de autoridade decente e correta. Somos informados de que Fabiano “vivia (…) agarrado aos bichos. Nunca vira uma escola. Por isso não conseguia defender-se, botar as coisas nos seus lugares”. Continua matutando, e chega à conclusão de que sempre aguentou tudo por causa da família, pelo amor que tem à esposa, aos filhos e à cadelinha Baleia. E a família era tudo o que o impedia de fazer loucuras – como se vingar, por exemplo. O livro foi publicado em 1938, época em que o país encontrava-se sob o chamado Estado Novo, de Getúlio Vargas. O Estado Novo durou de novembro de 1937 a outubro de 1945, caracterizando-se pela centralização do poder, pelo nacionalismo, pelo anticomunismo e pelo autoritarismo. Por mais que em seus devaneios (e por causa de sua ingenuidade) Fabiano não quisesse associar o comportamento do Soldado Amarelo ao Governo, a atitude do cabo reflete em muito a política daqueles dias. Como em um processo metonímico, o Soldado que trata Fabiano com tanta arrogância e impiedade representa o regime sob o qual o país se encontrava à época do lançamento do livro. Nada mais característico de um regime totalitário do que o abuso de poder, situação na qual os DIREITOS do cidadão geralmente são desrespeitados, vivendo-se sob constante medo e opressão. A submissão de Fabiano é tanta que, a certa altura do capítulo, é dele a reflexão de que é necessário paciência, uma vez que “apanhar de governo não é desfeita”, pois “Governo não podia errar”. A interação das duas personagens situadas em polos tão distintos acentua o caráter daquele que, supostamente, deveria zelar pela ordem e pela justiça – e não promover o conflito por um capricho pessoal como uma ofensa por ter sido deixado à mesa de um jogo de cartas. Se me fosse questionada uma característica fundamental do tal soldado, eu certamente responderia “abuso de poder”, a “Síndrome da Pequena Autoridade”, fenômeno bastante comum por parte daqueles que nada mandam, mas precisam ostentar sua posição. Dessa forma, talvez pudéssemos analisar as posições e ações de Fabiano e do militar por meio do seguinte octógono semiótico: Um vez que a CIDADANIA possa ser definida pela tensão dialética entre DIREITOS e DEVERES, isto é, pelo conjunto de obrigações que um indivíduo tem para com a sociedade e o conjunto de tudo aquilo que ele pode exigir dela, respectivamente, encontraremos Fabiano (e família) longe dessa condição – e essa é uma das grandes denúncias feitas pelo livro. O sertanejo, sua esposa e seus filhos ilustram o que se pode chamar de POVO no octógono: pessoas (animalizadas) que devem cumprir suas obrigações sob pena de punições severas (vindas da Igreja, do Governo ou do dono da fazenda, por exemplo), sempre de uma forma vertical, de cima para baixo, mas indivíduos cujos direitos não são reconhecidos, resultando na falta de dignidade que se quer realçar aqui na figura desses tipos humanos quase indigentes. A condição de Fabiano e família remete-nos àquela famosa e bela canção de Zé Ramalho, “Admirável Gado Novo”, cuja letra fala exatamente da massa, do povo que precisa “dar muito mais do que receber”, um povo que possui DEVERES, mas DIREITO nenhum. A certa altura da mesma música, ouvem-se os seguintes versos: ” O povo foge da ignorância / Apesar de viver tão perto dela / E sonham com melhores tempos idos / Contemplam essa vida numa cela…”. (Teria o cantor paraibano estabelecido uma intertextualidade com o livro do escritor alagoano?) Independentemente de partidos políticos, a dignidade humana só seria possível quando essa tensão dialética entre DIREITOS e DEVERES fosse alcançada. Tanto a canção quanto o livro descrevem um certo desarranjo histórico entre esses dois polos no Brasil. A justiça e o respeito ao ser humano deveriam ser bandeiras de qualquer e todo posicionamento político. No outro extremo, encontraremos o covarde soldado, símbolo da autoridade e da ordem, fazendo um mau uso de sua farda e de sua figura representativa da justiça e da lei. Melindrado e sentindo-se ofendido pelo “paisano”, o militar acha-se no direito de subjugá-lo, humilhando-o pela força com a ajuda de seus companheiros de profissão. Seria um exagero, talvez, situá-lo na esfera de uma ELITE – definida acima como a combinação perversa da presença de DIREITOS e a “ausência” de DEVERES -, pois ele também é um zé ninguém; diz o ditado, contudo, que “para quem não tem nada, metade é o dobro” – e ele possui um trabalho, um posto, uma vestimenta que lhe confere o poder (mal utilizado) para se impor diante daquele que nada tem, nada sabe e que vive uma “vida de gado”, sempre “agarrado aos bichos” e sendo confundido com eles. Uma outra análise óbvia do Soldado Amarelo diz respeito ao título que ele recebe: ao mesmo tempo em que a cor alude à farda, alude também à covardia de se aproveitar de um homem simples, xucro, humilde e submisso como Fabiano, símbolo de tantos outros iguais a ele sem qualquer esperança de uma vida melhor. Penso que, enquanto estão trabalhando na fazenda, Fabiano e família ainda podem ser considerados POVO; a partir do momento em que são obrigados a voltar para a estrada em busca de outro lugar porque a seca se aproxima novamente, são levados à condição oposta de CIDADANIA – o símbolo de “conjunto vazio” remete à FALTA de DIREITOS e DEVERES, isto é, relega a família de Fabiano a uma miséria existencial tão intensa quanto a de uma personagem de Dostoiévski. Quem se importa com o fato de estarem vivos ou mortos? Mais adiante, os dois homens terão um novo encontro. No capítulo “O Soldado Amarelo”, a covardia do militar ficará ainda mais evidente. Fabiano, entretanto, provará ser muito mais civilizado do que se pode imaginar: sentindo raiva, depois pena e compaixão, concluirá que a vingança não traz benefícios a ninguém – mesmo quando é isso que o leitor deseja após tanta injustiça e sofrimento enfrentados pelas personagens deste grandioso livro. Prof. Vítor França Galvão Bacharel e licenciado em Letras pela Universidade Mackenzie; mestre e doutor em Linguística e Semiótica pela Universidade de São Paulo. *** *** https://direito.legal/wp-content/uploads/2019/03/seca-757x505.jpg.webp *** *** ***
*** Portal do Conhecimento Jogos de Cartas - Regras Dicas e Truques *** JOGOS E TRUQUESJOGOS DE CARTAS Como Jogar 31 Baixe em PDF Informações do Autor O 31 é um jogo fácil e divertido para todas as idades e perfeito para grupos grandes e pequenos. A competição pode ser acirrada ou amigável, só depende dos jogadores. Quem gosta de apostar pode botar o dinheiro na mesa, mas ganhar uma partida de brincadeirinha pode ser igualmente satisfatório. Para transformar esse jogo versátil e encantador no novo passatempo da sua galera, siga o passo a passo abaixo. Parte 1 Preparando-se para o jogo ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 1 *** 1 Reúna os amigos para jogar. O recomendado é que a partida tenha entre dois e nove jogadores, mas você pode chamar quantas pessoas quiser. Segundo especialistas, três é o número ideal de jogadores. Porém, isso vai depender da preferência do grupo. Algumas pessoas são mais competitivas, enquanto outras preferem apenas se divertir com os amigos.[1] ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 2 *** 2 Pegue um baralho comum de 52 cartas. Tire os coringas e embaralhe. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 3 *** 3 Sentem-se em torno de uma superfície plana. Embora o ideal seja jogar sobre uma mesa, tudo o que você precisa é de um lugar confortável em que o grupo possa sentar ao redor de um centro. As cartas devem ser colocadas no meio dos jogadores para serem compartilhadas, então, escolha um lugar onde todo mundo consiga alcançá-las e vê-las. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 4 *** 4 Explique o objetivo do jogo. Ganha quem conseguir juntar 31 pontos na mão primeiro. Cada mão deve ter três cartas. As cartas do mesmo naipe são somadas para contabilizar o total de pontos. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 5 *** 5 Determine os valores das cartas e a pontuação. Por serem passadas adiante no boca a boca, as regras dos jogos de cartas costumam variar. É bom ter certeza de que todo mundo está de acordo com elas. No 31 oficial, o ás vale 11 pontos e o valete, a rainha e o rei valem dez. Já as outras cartas têm um valor igual à numeração.[2] As cartas só podem ser somadas se forem do mesmo naipe. Suponhamos que você tenha um três de ouros, um ás de espadas e um rei de espadas. A sua mão valeria 21 pontos. Como o três não é de espadas, o valor dele não pode ser somado ao do rei e do ás. Qualquer mão com três cartas do mesmo valor vale 30 pontos. Isso significa que uma mão com três cincos, três dois ou três reis, por exemplo, vale 30 pontos e automaticamente vence qualquer mão com cartas do mesmo naipe somando 30 pontos. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 6 *** 6 Corte o baralho para escolher o dealer. Cada jogador deverá pegar parte do baralho e mostrar a carta de baixo do montinho. O dealer será o jogador com a carta de menor valor. A cada partida, a pessoa ao lado do dealer anterior será nomeada o novo dealer. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 7 *** 7 Receba três “vidas”. Embora não seja necessário, algumas pessoas preferem jogar com “vidas” representadas por três fichas, moedas ou qualquer outro objeto escolhido pelo grupo. Ao fim de cada rodada, é apontado um perdedor, que deve colocar uma das vidas no centro da roda. Quando alguém perde três vidas, ele é eliminado do jogo, que continua até restar apenas um jogador. Parte 2 Jogando
Imagem intitulada Play 31 Step 8 *** 1 Começando pela esquerda, distribua as cartas em sentido horário, uma por vez. Elas devem ser colocadas de cabeça para baixo. Os jogadores só podem ver as próprias mãos depois que todo mundo tiver três cartas e não devem mostrá-las para os outros. ***
Imagem intitulada Play 31 Step 9 *** 2 Coloque três cartas viradas para cima no centro da roda para fazer uma janela. Os jogadores vão trocar essas cartas ao longo do jogo. ***
Imagem intitulada Play 31 Step 10 *** 3 Avalie a sua mão. Dê uma olhada nas suas três cartas e na janela e tente descobrir quais poderão ajudá-lo a chegar mais perto do 31. Na hora de montar a sua estratégia, não se esqueça de que você só pode somar cartas do mesmo naipe. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 11 *** 4 Façam as apostas. Embora não sejam necessárias, elas podem deixar o jogo mais emocionante. Caso decidam apostar, cada jogador deve colocar um mesmo número de fichas no meio da roda antes do jogo começar. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 12 *** 5 Comece a partida pelo jogador à esquerda do dealer. O jogador poderá trocar uma das cartas que têm na mão por uma carta da janela. Os jogadores podem trocar quantas cartas quiserem desde que esteja na vez deles. ***
Imagem intitulada Play 31 Step 13 *** 6 O jogo continua em sentido horário. A cada rodada, os jogadores vão adicionando novos valores às três cartas que têm na mão. Você deve ter sempre três cartas na mão. Não deixe sobrar nem faltar nenhuma. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 14 *** 7 Tente descobrir no que os outros estão pensando. É muito importante chegar ao 31, mas você também precisa ficar de olho nos seus oponentes. Observe os gestos, expressões faciais e tons de voz deles e tente descobrir se eles estão tranquilos ou nervosos. Conseguir 31 pontos exatamente pode ser difícil. Às vezes, você precisa aceitar que chegou o mais perto que podia do total desejado. Use o que você sabe sobre os outros jogadores para descobrir se você tem chances de ganhar. Caso você só tenha 23 pontos, mas todo mundo esteja começando a ficar chateado e o jogo esteja demorando demais, pode ser que você seja o vencedor. Parte 3 Vencendo o jogo ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 15 *** 1 Bata na mesa quando achar que alcançou o maior número de pontos. Assim que estiver o mais perto de 31 que você achar possível, bata na mesa. Os outros jogadores terão uma última rodada para trocar as cartas pelas da janela. Caso tenha exatamente 31 pontos, bata na mesa e avise ao grupo. Nesse caso, os jogadores não terão direito a mais uma rodada e deverão mostrar as cartas. Todos os outros serão considerados perdedores e deverão abrir mão de uma vida. Isso pode acontecer a qualquer momento, mesmo que outro jogador já tenha batido na mesa para anunciar a rodada final. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 16 *** 2 Mostre as suas cartas para o grupo. Em seguida, todos os outros jogadores deverão fazer o mesmo. Quem tiver o número de pontos mais próximo de 31, com cartas do mesmo naipe, vence. Em caso de empate, ganha o jogador com as cartas mais altas. Por exemplo, tanto um ás, um valete e um quatro quanto um rei, uma rainha e um cinco equivalem a 25 pontos. Porém, o ás é mais alto do que o rei. A mão com o ás, o valete e o quatro vence o rei, a rainha e o cinco. [3] Caso os jogadores continuem empatados, as segundas cartas mais altas devem ser comparadas (no caso do exemplo acima, o valete e a rainha), e assim por diante até ser apontado um vencedor. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 17 *** 3 O perdedor será o jogador que tiver menos pontos. Quem tiver a mão com o menor total de pontos perde uma vida. Após perder três vidas, o jogador é eliminado e não pode mais participar da partida seguinte. Caso um jogador bata na mesa, mas acabe não tendo o maior número de pontos, ele perderá uma vida. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 18 *** 4 O vencedor da partida será o jogador com o maior número de pontos. Não importa se o prêmio é dinheiro, favores pessoais, o direito de se gabar ou apenas uma massagem no ego. Vencer é sempre divertido. Reúna as cartas, embaralhe-as, passe para o próximo dealer e repita os passos acima até restar apenas um jogador. ***
*** Imagem intitulada Play 31 Step 19 *** 5 O último jogador será considerado o vencedor do jogo. O número de rodadas muda de acordo com a quantidade de jogadores. Quanto mais gente, mais tempo a partida vai durar até as vidas acabarem. Dicas Cartas com figuras valem muitos pontos. Não as descarte facilmente. Você pode chegar ao 31 com apenas duas cartas com figuras e um ás. Às vezes, é melhor tentar juntar três cartas do mesmo número do que focar em um só naipe. Fique de olho em cartas parecidas. Materiais Necessários Oponentes, Um baralho comum de 52 cartas. Uma superfície plana ou um espaço para jogar. WikiHows Relacionados *** *** https://pt.wikihow.com/Jogar-31 *** *** ***
*** História do Brasil e do Mundo A primeira polícia brasileira e o Major Vidigal *** Questão 10 *** Os trechos a seguir foram extraídos de Memórias de um sargento de milícias e Vidas secas, respectivamente. *** O som daquela voz que dissera “abra a porta” lançara entre eles, como dissemos, o espanto e o medo. E não foi sem razão; era ela o anúncio de um grande aperto, de que por certo não poderiam escapar. Nesse tempo ainda não estava organizada a polícia da cidade, ou antes estava-o de um modo em harmonia com as tendências e ideias da época. O major Vidigal era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo o que dizia respeito a esse ramo de administração; era o juiz que julgava e distribuía a pena, e ao mesmo tempo o guarda que dava caça aos criminosos; nas causas da sua imensa alçada não haviam testemunhas, nem provas, nem razões, nem processo; ele resumia tudo em si; a sua justiça era infalível; não havia apelação das sentenças que dava, fazia o que queria, ninguém lhe tomava contas. Exercia enfi m uma espécie de inquirição policial. Entretanto, façamos-lhe justiça, dados os descontos necessários às ideias do tempo, em verdade não abusava ele muito de seu poder, e o empregava em certos casos muito bem empregado. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científi cos, 1978, p. 21.) *** Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e bateu familiarmente no ombro de Fabiano: — Como é, camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro? Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou, procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: — Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer. Enfi m, contanto, etc. É conforme. Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era autoridade e mandava. Fabiano sempre havia obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava pouco, desejava pouco e obedecia. (Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 28.) *** a) Que semelhanças e diferenças podem ser apontadas entre o Major Vidigal, de Memórias de um sargento de milícias, e o soldado amarelo, de Vidas secas? b) Como essas semelhanças e diferenças se relacionam com as características de cada uma das obras? *** Resolução *** a) As personagens Major Vidigal, de Memórias de um sargento de milícias, e soldado amarelo, de Vidas secas, partilham algumas semelhanças, entre as quais se destacam: a função social que desempenham, uma vez que representam a autoridade legal; o uso violento e arbitrário que fazem do poder; e o receio que despertam nos interlocutores, como se nota nos trechos “O som daquela voz […] lançara entre eles […] o espanto e o medo” (Memórias…) e “Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou” (Vidas secas). Por outro lado, há uma nítida diferença no modo como o Major Vidigal e o soldado amarelo usam seu poder: ao passo que as ações violentas do primeiro se ajustam “às tendências e ideias da época”, adequando-se a uma ordem autoritária, as do segundo configuram desrespeito explícito das regras institucionais, violando a ordem legal. b) Memórias de um sargento de milícias é um romance de costumes em que as personagens transitam do polo da ordem (obediência à lei) para o da desordem (burla da lei) e vice-versa. A caracterização do Major Vidigal atende a esses aspectos, uma vez que ele representa a aplicação da lei, como no trecho destacado, ou sua burla, como na passagem da soltura de Leonardo; e ilustra a concepção de justiça de um tempo passado (1808-1821), contribuindo para compor o ambiente em que se desenrola a narrativa. Já Vidas secas é um romance de denúncia que aborda a temática da violência vivida por retirantes nordestinos. A construção do soldado amarelo como um agente legal que viola as leis reforça a crítica que o romance dirige às instituições sociais, desvirtuadas do papel teórico de evitar a opressão. *** *** http://estaticog1.globo.com/2012/01/15/unicamp/anglo/Q10.pdf *** *** *** "E sonham com melhores tempos idos Contemplam essa vida numa cela" ***
*** 5:56 YouTube Zé Ramalho - Admirável Gado Novo (Ao Vivo) Assistir Enviado por: ZeRamalhoVEVO, 13 de fev. de 2015 *** Admirável Gado Novo Zé Ramalho Ouvir "Admirável Gado Nov…" *** *** Oh, boi! Vocês que fazem parte dessa massa Que passa nos projetos do futuro É duro tanto ter que caminhar E dar muito mais do que receber E ter que demonstrar sua coragem À margem do que possa parecer E ver que toda essa engrenagem Já sente a ferrugem lhe comer Eh, oh, oh, vida de gado Povo marcado, eh! Povo feliz! Eh, oh, oh, vida de gado Povo marcado, eh! Povo feliz! Lá fora faz um tempo confortável A vigilância cuida do normal Os automóveis ouvem a notícia Os homens a publicam no jornal E correm através da madrugada A única velhice que chegou Demoram-se na beira da estrada E passam a contar o que sobrou! É o Brasil! Eh, oh, oh, vida de gado Povo marcado, eh! Povo feliz! Eh, oh, oh, vida de gado Povo marcado, eh! Povo feliz! Oh, boi O povo foge da ignorância Apesar de viver tão perto dela E sonham com melhores tempos idos Contemplam essa vida numa cela Esperam nova possibilidade De verem esse mundo se acabar A arca de Noé, o dirigível Não voam, nem se pode flutuar Não voam, nem se pode flutuar Não voam, nem se pode flutuar Eh, oh, oh, vida de gado Povo marcado, eh! Povo feliz! Eh, oh, oh, vida de gado Povo marcado, eh! Povo feliz! Feliz, feliz, feliz Oh, boi, oh, boi, eh, boi Ouvir "Admirável Gado Nov…" Composição: Zé Ramalho. ***
*** *** Zé Ramalho - Admirável Gado Novo (Pseudo Video) *** *** *** https://www.youtube.com/watch?v=t_sUkOXO4zU *** ***

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