Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 11 de julho de 2022
NUNCA É TARDE
PARA PAGAR
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Rara aparição na TV:
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Raridade - Tenório Jr 1974
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Nas entrelinhas: Conceito de “inimigo objetivo” estimula a violência política
Publicado em 12/07/2022 - 06:27 Luiz Carlos AzedoCidades, Cultura, Eleições, Governo, Guerra, Justiça, Literatura, Memória, Política, Política, Segurança, Violência
A radicalização política de indivíduos armados, que estão se mobilizando para a luta política por meios truculentos, é um fato perturbador do processo eleitoral e uma ameaça ao Estado democrático
O marco de afirmação dos Direitos Humanos foi a Declaração de 1948, da Organização das Nações Unidas (ONU). Inspirada na declaração francesa de 1789 e na declaração de Independência dos Estados Unidos, de 1776, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é fruto do trauma provocado pela Segunda Guerra Mundial, principalmente pelo genocídio nazista. “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direito”, proclama o primeiro artigo da Declaração, que enumera em 30 pontos os direitos humanos, civis, econômicos, sociais e culturais inalienáveis e indivisíveis. O texto foi aprovado em Assembleia da ONU presidida pelo brasileiro Osvaldo Aranha.
A globalização desses direitos parte da ideia de que sua violação em qualquer lugar repercutiria nos demais. A Convenção da ONU de 1965 para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial e a Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, de 1948, são exemplos desse entendimento. A origem dessa compreensão é a violência nazista. A “racionalidade” no campo de concentração em Auschwitz, na Polônia, levou à discussão do tema do mal sob dois aspectos: o mal ativo, infligido pela violência prepotente e sem limites do poder, e o mal passivo, sofrido por aqueles que padecem uma pena sem culpa, no qual se enquadram os preconceitos de gênero e o racismo.
O genocídio foi o maior delito até agora perpetrado por homens contra outros homens. Entre o horror da guerra e o horror do genocídio existe uma diferença de natureza: a guerra pode conduzir ao extermínio, mas o seu fim é a vitória, não o extermínio. No genocídio organizado e premeditado, o extermínio foi o fim em si mesmo. Nas suas reflexões sobre o julgamento do criminoso nazista Adof Eichmann, em Jerusalém, Hannah Arendt mostrou que o conceito de “inimigo objetivo” alimentou esse fim: “o ódio racional, o ódio voltado não contra esta ou aquela pessoa, mas contra um genus e, portanto, contra todos aqueles que pertencem àquele genus independentemente do fato de nos terem trazido algum dano”.
Segundo Arendt, “não existe uma culpa coletiva. A culpa coletiva, admitindo que seja lícito usar essa expressão, é sempre uma soma, grande ou pequena, de responsabilidades individuais”. Já a responsabilidade coletiva tem outra característica: é política e envolve uma preocupação que não é com o próprio ser, mas com o mundo. Chegamos ao ponto que nos interessa, no caso do petista assassinado na sua festa de aniversário por um bolsonarista. Aconteceu em Foz do Iguaçu (PR), mas poderia ser em qualquer outro lugar do país onde houvesse homens armados, mesmo que policiais, supostamente treinados para empregar o uso proporcional da força no exercício da segurança pública e em defesa dos direitos humanos.
Armas de fogo
O conceito de “inimigo objetivo” alimenta a violência política. A narrativa dos grupos de extrema-direita bolsonaristas, cujo ódio aos petistas é generalizado, não é contra uma pessoa, mas contra todos os adversários. Mesmo quem é um liberal que discorde do governo é tratado como inimigo nas redes sociais. A narrativa política do presidente Jair Bolsonaro disseminou o conceito entre seus apoiadores. O caso de Foz do Iguaçu é um evento gravíssimo, porque mostra a ultrapassagem de uma guerra virtual nas redes sociais para um contexto de confrontos físicos.
Isso já estava sendo observado em manifestações e comícios, porém era inimaginável numa festa de aniversário, que reunia familiares e amigos. A radicalização política de indivíduos armados, que estão se mobilizando para a luta política por meios truculentos, é um fato perturbador do processo eleitoral e uma ameaça ao Estado de Direito democrático. A Constituição de 1988 se fundamenta nos direitos humanos. O estímulo generalizado ao porte de armas e à justiça pelas próprias mãos, quando parte do Presidente da República, transforma a violência em política de Estado. A expressão material dessa política está no aumento vertiginoso de armas em poder da população.
Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública registra 1.490.323 armas de fogo com cadastro no Sistema Nacional de Armas (Sinarm), um crescimento de 21% dos índices de 2021 em relação a 2020, que tinha 1.233.745 unidades. Desse total, 243.806 armas estão no Distrito Federal, que lidera como a unidade federativa com o maior número de registros. São Paulo registrou 50 mil armas de fogo a menos, com uma população 15 vezes maior. Em 2017, o DF tinha 35.693 armas particulares. O crescimento do número de registros de armas de fogo no DF foi de 583%. Nenhuma outra unidade federativa cresceu mais. Estamos falando da capital do país, não dos grotões.
O engajamento de indivíduos armados nas disputas políticas precisa ser desencorajado. Se essa iniciativa não parte do governo federal, como deveria, a sociedade deve reagir. Aliás, já está reagindo.
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BOSSA NOVA, SAMBA JAZZ
Tenório Jr – Embalo – 1964
Francisco Tenório Cerqueira Júnior, mais conhecido como Tenório Jr. (Rio de Janeiro, 4 de julho de 1941 – Buenos Aires, 27 de março de 1976) foi um pianista brasileiro de samba-jazz, bastante ativo nos anos 1970.
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Francisco_Tenório_Júnior
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No dia 18 de março de 1976, quando acompanhava os artistas Toquinho e Vinícius de Moraes em show na Argentina, desapareceu misteriosamente em Buenos Aires, depois de deixar no hotel um bilhete no qual estava escrito: “Vou sair para comer um sanduíche e comprar um remédio. Volto logo.”. Nunca mais voltou.
Segundo testemunhas, Tenório Jr. teria sido sequestrado pelo serviço secreto da Marinha da Argentina, na madrugada de 18 de março (poucos dias antes do golpe militar) e torturado durante nove dias. Após ter ficado claro que o pianista não tinha envolvimento em atividades políticas, foi morto com um tiro na cabeça.
https://sambajazzblog.wordpress.com/2020/07/21/tenorio-jr-embalo-1964/
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O poder civil e o papel das Forças Armadas no Brasil | PARTE 1 | WW - 10/07/2022
39.430 visualizações Transmissão ao vivo realizada há 22 horas Assista ao programa WW deste domingo, 10 de julho de 2022, apresentado por William Waack.
O tema deste programa é: "O poder civil e o papel das Forças Armadas no Brasil", e ele será dividido em 2 partes. A segunda parte vai ao ar no próximo domingo, 17 de julho. Não perca!
https://www.youtube.com/watch?v=smr84attVxo
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segunda-feira, 11 de julho de 2022
Carlos Pereira: Delírios autoritários
O Estado de S. Paulo
Bolsonarismo, assim como Lulismo, é um conceito fast-food e tende a desaparecer se não institucionalizado
Com a derrota eleitoral cada vez mais iminente do presidente Bolsonaro à reeleição e com o fracasso de seu suposto projeto autoritário, se espraiam agora receios ou quase delírios de natureza persecutória de que o bolsonarismo vai sobreviver, mesmo perdendo.
Como provavelmente Bolsonaro não terá um segundo mandato consecutivo, a aposta agora é que ele seria capaz de manter digitalmente engajado seu eleitorado mais fiel de perfil conservador, solapando assim o mandato de seu sucessor e preparando o terreno para o seu retorno triunfal em 2026. E aí sim, a democracia brasileira, com certeza, estaria sentenciada à morte.
É como se a cada novo dia em que a democracia brasileira se mantivesse firme e estável, houvesse a necessidade de se criar fantasmas do autoritarismo para dar sentido aos falsos argumentos de fragilidade da democracia e de suas instituições.
Certamente que preferências conservadoras vão continuar existindo na sociedade. Mas até que ponto conservadores vão apostar em Bolsonaro como único líder capaz de defendê-las, especialmente se perder as eleições? Sem institucionalização, movimentos políticos evaporam e, quando institucionalizados, são forçados a se submeter às regras do jogo.
A subordinação política de Bolsonaro ao jogo institucionalizado do presidencialismo multipartidário, forçando-o a trair de forma escandalosa seus eleitores ao montar uma coalizão com os partidos do Centrão, foi uma clara saída institucional para a sobrevivência de um governo em situação de extrema vulnerabilidade política.
Movimentos semelhantes de busca de apoio político de partidos ideologicamente amorfos, como os do Centrão, já foram amplamente usados por praticamente todos os governos anteriores. A utilização de moedas de troca políticas e/ou orçamentárias na montagem de maiorias legislativas não é mais suja, menos legítima e/ou menos transparente no governo de Bolsonaro do que, por exemplo, nos governos petistas de Lula ou de Dilma.
Presidentes, inclusive os populistas, precisam de partidos pivô de perfil não ideológico para governar. Tais partidos evitam que mudanças extremas sejam aprovadas, constrangendo governos de coalizão a negociar saídas medianas e, consequentemente, proporcionando estabilidade à democracia.
Se Bolsonaro seguir um caminho não institucional após sua provável derrota, tende a ser esquecido e substituído pelo próximo conservador de plantão, que se for inteligente, seguirá as regras do jogo do presidencialismo multipartidário desde o início de seu governo.
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segunda-feira, 11 de julho de 2022
Marcus André Melo* Judiciário e opinião pública
Folha de S. Paulo
Alta rejeição e inédita hiperpolitização combinam-se para minar capacidade das cortes arbitrarem conflitos
A opinião pública importa para o Judiciário entre outras coisas porque ele é um poder não eleito. Não possui a espada ou a chave do tesouro. Daí decorrem incentivos para que cultive "virtudes passivas" (autocontenção). O pior cenário para a instituição é o não acatamento de decisões impopulares; é aqui que entra a opinião pública.
Sim, certas decisões singulares têm enorme impacto sobre a avaliação das cortes superiores (ex: a anulação de Roe vs Wade ou das condenações do ex-presidente Lula). Mas o "apoio político ao Executivo" tem um efeito da mesma magnitude, segundo Bartels e Kramon, em trabalhos recentes.
A avaliação das supremas cortes é condicional ao apoio ao ocupante do Executivo. Apoiadores dos presidentes tendem a avaliá-las negativamente no início do mandato e posterior mudança; com os adversários, o padrão se inverte.
Nos EUA, o apoio à Suprema Corte alterou-se paulatinamente após a eleição de Donald Trump: ele cresceu entre republicanos e decresceu entre democratas antes mesmo da confirmação dos três juízes que nomeou.
O programa de pesquisa dos autores não se restringe ao caso americano e tem robusta ancoragem empírica; envolve outros 34 países (180 mil respondentes, de 1999-2018). Para os EUA, as fontes são 33 pesquisas sobre a Suprema Corte (1986-2019). A ação dos tribunais é desagregada em subtipos como, por exemplo, controles "horizontais" sobre o Executivo. Aqui o padrão é específico: o apoio aos tribunais depende de quem ocupa a presidência.
O Brasil não está incluído, mas diria que prima facie e a despeito das especificidades do nosso país a maioria dos achados é corroborados. O apoio ao Judiciário tem uma chave positiva da democratização até o mensalão (2005-2012), quando muda radicalmente de sinal entre os então apoiadores do governo, que passam a enxovalhar o STF. Os ataques intensificam-se no impeachment.
O sinal muda novamente no governo Bolsonaro, quando estes setores viram oposição e passam a apoiar os controles. E ele foi revertido sem mudanças significativas na composição da corte. O leitmotiv: o STF abandonou o combate à corrupção e escolheu outra batalha, a contenção do Executivo iliberal.
Dentre as hostes bolsonaristas, o STF passou então a ser demonizado. Mas a avaliação é matizada e começa a mudar com as novas nomeações. Dadas suas especificidades —a fragmentação institucional e ativismo processual— o processo é individualizado: alguns de seus membros passam de demônios a anjos. E vice-versa.
A rejeição pública brutal e a inédita hiperpolitização da composição do STF combinam-se para configurar um cenário de decrescente capacidade de arbitrar conflitos.
*Professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA).
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segunda-feira, 11 de julho de 2022
Ruy Castro: Justiça, talvez, por Tenorio
Folha de S. Paulo
Dez criminosos da ditadura argentina vão à prisão perpétua
Há dias, a Justiça da Argentina condenou dez ex-militares à prisão perpétua por crimes cometidos durante a ditadura (1976-1983) naquele país. Alguns desses crimes foram de sequestro, tortura e homicídio, este muitas vezes o "voo da morte" —a prática de atirar prisioneiros políticos no mar, de avião. O centro desses torturadores era uma base militar perto de Buenos Aires. Por ali podem ter passado 5.000 pessoas. Uma delas, o pianista brasileiro Tenorio Jr.
Tenorio tinha 33 anos, quatro filhos e sua mulher, no Rio, esperava o quinto. Fora uma das grandes revelações do samba-jazz e seu LP "Embalo", lançado em 1964, é um dos três ou quatro discos decisivos do gênero —a edição original, pela RGE, chega hoje a alguns milhares de reais nos leilões.
Em 1976, Tenorio era o pianista de Vinicius de Moraes e Toquinho, que se apresentavam em Buenos Aires. Na noite de 18 de março, ele saiu do hotel Normandie para dar uma volta. Deixou um bilhete na recepção dizendo "Volto logo". Mas não voltou. Foi um dos primeiros "desaparecidos" do golpe que dali a dias deporia a presidente Isabelita Perón.
Tenorio só pensava em música. Não se interessava por política. Presume-se que tenha sido preso por engano na avenida Corrientes, confundido pelos óculos e barba com um ativista que os golpistas queriam neutralizar. Levado à tortura e sem saber o que dizer, foi espancado de tal forma que, mesmo constatado o engano —confirmado, segundo dizem, por funcionários da embaixada brasileira, militantes da nossa própria ditadura—, estava machucado demais para ser devolvido. O jeito era jogá-lo do avião, não se sabe se vivo ou morto. Seu corpo nunca foi encontrado.
Há hoje uma placa com seu nome na fachada do hotel. E, agora, quase meio século depois, dez dos responsáveis por esse tipo de crime chegaram à Justiça. Têm entre 79 e 98 anos. Mas nunca é tarde para pagar.
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sambajazzblog
BOSSA NOVA, SAMBA JAZZ
Tenório Jr – Embalo – 1964
Francisco Tenório Cerqueira Júnior, mais conhecido como Tenório Jr. (Rio de Janeiro, 4 de julho de 1941 – Buenos Aires, 27 de março de 1976) foi um pianista brasileiro de samba-jazz, bastante ativo nos anos 1970.
Francisco_Tenório_Júnior
No dia 18 de março de 1976, quando acompanhava os artistas Toquinho e Vinícius de Moraes em show na Argentina, desapareceu misteriosamente em Buenos Aires, depois de deixar no hotel um bilhete no qual estava escrito: “Vou sair para comer um sanduíche e comprar um remédio. Volto logo.”. Nunca mais voltou.
Segundo testemunhas, Tenório Jr. teria sido sequestrado pelo serviço secreto da Marinha da Argentina, na madrugada de 18 de março (poucos dias antes do golpe militar) e torturado durante nove dias. Após ter ficado claro que o pianista não tinha envolvimento em atividades políticas, foi morto com um tiro na cabeça.
Biografia
Nascido e crescido no bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, foi considerado uma dos músicos mais importantes da bossa nova. Costumava apresentar-se no Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro. Seu piano pode ser ouvido em álbuns antológicos da música brasileira como É Samba Novo, de Edson Machado, a Arte Maior de Leny Andrade, com Tenório Jr. Trio, Desenhos, de Victor Assis Brasil, O Lp, de Os Cobras e Vagamente, de Wanda Sá.
Ele tinha 21 anos quando gravou seu primeiro e único disco, Embalo, em 1964.
Cursou a Faculdade Nacional de Medicina, enquanto se dedicava paralelamente ao piano, tornando-se nos anos 1970 um dos profissionais brasileiros mais requisitados pelos artistas.
Em 1976, após um show em Buenos Aires, onde acompanhava ao piano Vinicius de Moraes e Toquinho, Tenório Júnior (ou Tenorinho, como era conhecido) desapareceu sem deixar rastros. A princípio, após o desaparecimento, não se sabia se ele estava em alguma prisão da Argentina ou morto.
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Na época várias versões corriam, como a citada pela cantora Elis Regina em entrevista dada à Folha de S.Paulo, em 3 de junho de 1979. Segundo Elis, Tenorinho havia sido visto em 1977, numa prisão de La Plata.
Somente dez anos após o seu desaparecimento, Cláudio Vallejos, ex-cabo e integrante do Serviço de Informação Naval, o serviço secreto da Marinha Argentina, revelou à extinta revista Senhor (n° 270, maio de 1986) , no Rio de Janeiro, que Tenório Jr. havia sido abordado na rua, por uma patrulha militar e preso. Segundo Vallejos, as autoridades brasileiras haviam sido informadas do sequestro e morte de Tenório Júnior. Vallejos afirmou que Tenório foi encarcerado na ESMA (Escola de Mecânica da Armada), aparato clandestino de repressão da Marinha argentina que existiu entre 1976 e 1979 e, segundo relatos e denúncias, foi palco de quase cinco mil assassinatos.
No livro Operación Condor: Pacto Criminal, lançado no México em 2001, a jornalista Stella Calloni afirma que Tenório Jr. foi torturado por agentes brasileiros e argentinos, entre eles o major do Exército Souza Baptista Vieira. O relato de Stella converge com a entrevista de Claudio Vallejos publicada na revista Senhor, na qual o ex-militar argentino afirmara que agentes do SNI tinham estado presentes durante a execução de Tenório Jr, ocorrida nove dias após sua prisão. O executor teria sido Alfredo Astiz, ex-capitão de fragata da Marinha Argentina, também implicado no assassinato e desaparecimento forçado de dezenas de pessoas e condenado à prisão perpétua em 2011, por crimes contra a humanidade.
Francisco Tenório Júnior tinha 34 anos. Deixou quatro filhos e a esposa, Carmen Cerqueira Magalhães, grávida. A quinta criança nasceu um mês após o seu desaparecimento.
O grupo Tortura Nunca Mais confirmou que a morte de Tenório ocorreu em março de 1976, em Buenos Aires.
Logo após o desaparecimento de Tenório Jr. o cineasta Rogério Lima produziu o curta metragem “Balada para Tenório”, no qual narra o desaparecimento de Tenório Jr. e entrevista seus familiares e amigos.
Em 1986 quando Cláudio Vallejos veio ao Brasil e concedeu a reveladora entrevista à revista Senhor, a produtora Videcom de São Paulo, juntamente com Rogério Lima, conseguiu gravar seu depoimento, que foi usado como base para o documentário Tenório Jr., que conta a tragédia ocorrida com o músico. Vallejos foi preso logo após a entrevista, por determinação do então Ministro da Justiça, Paulo Brossard, dias após a publicação da entrevista. Em agosto de 1987, em nova entrevista à Senhor, o ex-agente afirmou ter sofrido, durante sua breve prisão, ameaças de homens da Polícia Federal e recebido a recomendação de não insistir nas referências à omissão da embaixada brasileira e ao envolvimento de agentes do SNI na morte de Tenório.
O documentário teve sua estreia no Festival de Cinema e Vídeo do Rio de Janeiro. Na mesma semana, Cláudio Vallejos foi expulso do Brasil, após três meses de prisão, sem contudo ter sido submetido a um processo.
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Em 1996, o documentário foi atualizado com imagens de arquivo inéditas, reeditado e apresentado pela TV Cultura de São Paulo. No filme, o advogado Luís Eduardo Greenhalgh diz acreditar que a prisão de Tenório Júnior tenha sido preso por engano.
Segundo pessoas próximas ao pianista,Tenório, embora fosse filho de militar, jamais expressara preferências político-ideológicas. Numa entrevista concedida em 2003, o violonista Toquinho declarou que a aparência de Tenório deve ter contribuído para a sua prisão. “Tenório era um tipo original, muito alto, de barba, cabelos longos, usava um capote comprido, foi confundido com alguém.”
O cineasta espanhol Fernando Trueba tem o projeto de realizar um outro documentário, de longa metragem, sobre o desaparecimento do pianista brasileiro.
Cláudio Vallejos voltou ao Brasil (supõe-se que por volta de 2002) e se instalou na região de Chapecó, em Santa Catarina. Foi preso em 2010 por estelionato e falsificação. Liberado, tempos depois foi novamente preso por estelionato, em janeiro de 2012.. A sua prisão havia sido pedida à Interpol pelo procurador federal argentino que cuida da ação penal ligada à Operação Condor (aliança político-militar entre as ditaduras de Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, nas décadas de 1970 e 1980). Quando a identidade de Vallejos foi confirmada, o procurador pediu sua extradição ao governo brasileiro. Em 27 de março de 2013, Vallejos foi entregue pela Polícia Federal à polícia argentina, no aeroporto de Florianópolis.
Tenório Jr. – Embalo – 1964 – RGE
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https://www.youtube.com/watch?v=smr84attVxo
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Tenório Jr - Embalo - 1964 - Full Album
20.698 visualizações 3 de ago. de 2016 Búzios Bossa Blog
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