domingo, 10 de julho de 2022

Labirinto

'(...) e que sejam capazes de vislumbrar o País no mundo e não fechado em seu labirinto. É querer demais? Talvez, mas o Brasil está a exigir nada menos do que isso: tanto no Executivo como no Legislativo, gente que saiba para que deseja ser eleito(a), o que pensa em fazer – e, principalmente, comprometida com um Estado mais eficiente, a serviço dos brasileiros – e que venha a ser, por estes, percebido(a) como tal”.(...)' ***
*** LABERINTO 1 No habrá nunca una puerta. Estás adentro a2 y el alcázar abarca el universo b3 y no tiene ni anverso ni reverso b4 ni externo muro ni secreto centro. a5 No esperes que el rigor de tu camino c6 que tercamente se bifurca en otro, a7 que tercamente se bifurca en otro,8 tendrá fin. Es de hierro tu destino c9 como tu juez. No aguardes la embestida d10 del toro que es un hombre y cuya extraña e11 forma plural da horror a la maraña e12 de interminable piedra entretejida. d13 No existe. Nada esperes. Ni siquiera f 14 en el negro crepúsculo la fiera. f Borges. Jorge Luis. Obras Completas . V.II. Barcelona, Emecé, 1996. (p. 364) https://www.academia.edu/38854434/An%C3%A1lise_e_tradu%C3%A7%C3%A3o_do_poema_labirinto_de_Borges ****************************************************************************************************
*** "O fio de Ariadne é usado como metáfora para a consciência humana. É o que nos chama de volta para a civilização. No direito, pode bem evocar a força normativa da Constituição. No labirinto em que nos encontramos, seguir esse fio é o que nos conduzirá a uma nova Creta, não mais governada pelo rei Minos." *** "TOUR DE FORCE" ***
*** Grande esforço para alcançar um fim. sound + vision Olhar e escutar. Música. Cinema. E os espaços em volta. ***
*** Mass - Reunião — os diálogos e os seus silêncios *** Evocando um massacre numa escola, Mass-Reunião, escrito e realizado pelo estreante Fran Kranz, é um dos grandes acontecimentos da mais recente produção independente dos EUA — este texto foi publicado no Diário de Notícias (7 abril). Revelação do ano? Falo de Fran Kranz, nascido em Los Angeles, em 1981: é um daqueles actores que foi construindo uma carreira mais ou menos secundária (e como secundário) na enxurrada de filmes de terror e comédias “juvenis” gerada por alguma produção independente dos EUA. Até que, há pouco mais de um mês (6 de março), o seu filme de estreia como realizador, Mass, foi consagrado nos Independent Spirit Awards com o Prémio Robert Altman — a distinção, atribuída em nome do autor de Nashville (1975) e Short Cuts (1993), consagra o realizador, o elenco e o director de “casting”. Pois bem, Mass aí está, lançado com o título português Reunião e convém não termos ilusões: está destinado à mesma passagem discreta pelas salas que passou a “castigar” todos os títulos que não encaixem nas rotinas de super-heróis, filmes de animação e pouco mais. Que o filme tenha recebido uma distinção para o seu elenco, eis o que está longe de ser banal. Estamos, de facto, perante um impressionante “tour de force” de quatro actores. São eles Jason Isaacs, Martha Plimpton, Reed Birney e Ann Dowd. Os dois primeiros interpretam os pais de um jovem que foi morto durante um tiroteio numa escola; os segundos surgem como os pais do autor do crime — reunem-se seis anos depois da tragédia, tendo como único cenário a igreja onde existe, precisamente, uma sala disponível para encontros relacionados com problemas emocionais do foro íntimo dos participantes. *** *** Tendo em conta que vivemos um tempo em que há toda uma ideologia “purificadora” que trata as relações humanas como mecanismos transparentes e facilmente descritíveis (por exemplo, em certas rubricas de “talk shows” televisivos), importa sublinhar que Mass-Reunião nada tem que ver com tais dispositivos. A perturbação inerente ao passado que as personagens evocam não desemboca, de modo algum, numa qualquer “lição” ou “tese” sobre os casos “semelhantes” que têm pontuado a história social dos EUA nas últimas décadas, aliás com ecos importantes no cinema (lembremos Bowling for Columbine, de Michael Moore, e Elephant, de Gus Van Sant, respectivamente de 2002 e 2003). Nesta perspectiva, a singularidade cinematográfica de Mass-Reunião não decorre apenas (nem sobretudo) da perturbação inerente aos respectivos ecos sociais, mas sim do modo como os seus “temas” são objecto de um sofisticado tratamento do espaço e do tempo, dos diálogos e seus silêncios. Há muito tempo que não víamos um filme que evocasse de modo tão particular (e tão talentoso) o teatro e o cinema de David Mamet — sem esquecer que Fran Kranz é também autor do argumento. O que aqui mais conta é esse poder (único, a meu ver) que pode fazer do cinema uma montra da pluralidade das emoções humanas, mesmos as mais devastadoras, expondo-as através de gestos, olhares e palavras que pesam como acontecimentos irredutíveis e irrepetíveis. Da crueza obscena da morte até à hipótese divina do perdão, Mass-Reunião devolve-nos o cinema como linguagem de um fascínio sem equivalente. >>> Sundance: conversa com os actores e o realizador de Mass. *** *** Publicada por João Lopes à(s) sexta-feira, abril 22, 2022 Enviar a mensagem por email Dê a sua opinião! Partilhar no Twitter Partilhar no Facebook Partilhar no Pinterest Etiquetas: Cinema - Estreias, Fran Kranz sexta-feira, abril 22, 2022 http://sound--vision.blogspot.com/2022/04/mass-reuniao-os-dialogos-e-os-seus.html ********************************************************************************** *** Claudio Dantas entrevista Luiz Felipe d'Avila 2.165 assistindo agora Transmissão iniciada há 66 minutos -- https://www.youtube.com/watch?v=hiB4ryqVhvA *** tour de force | loc. tour de force (locução francesa que significa "amostra de força") locução Grande esforço para alcançar um fim. Palavras relacionadas: tour, força, l'union fait la force, forçar, forçado, forçamento, trabalho. Auxiliares de tradução Traduzir "tour de force" para: Espanhol | Francês | Inglês Palavras vizinhas touqueirotourtouratouradatouraltourãotour de force Esta palavra no dicionárioVer mais tour de forcetour Esta palavra em bloguesVer mais the plot. Oh, it had characters — dozens of lively creations, crackling with life and profane poetry. (In one tour de force sequence, two detectives scour a murder scene, speaking no dialogue except variations on the English language’s most versatile obscenity.) But whatever triumphs they had or bold Em blog0news 06h00 – AFL: Brisbane Lions x West Coast Eagles – Star+ 06h45 – Super Rugby Pacific: Force x Crusaders – Star+ 07h00 – Campeonato Cazaque: Kyzyizhar x Taraz – Onefootball e Eleven 08h00 – Campeonato Escocês: Celtic x Hearts – Star+ 08h00 – CSIO 5* La Baule: Derby région des Pays de la Loir – Star Em Rede Brasil de Noticias - O Point da Informação 06h00 – Mutua Madrid Open (primeira rodada) – Star+ 06h00 – ATP 250 de Munique: quartas de final – Star+ 06h40 – Super Rugby Pacific: Reds x Chiefs – Star+ 08h15 – Mundial de Motovelocidade: GP da Espanha (treinos livres) – Espn4 09h00 – Super Rugby Pacific: Force x Blues – Star+ 09h00 – Golfe Em Rede Brasil de Noticias - O Point da Informação 06h00 – ATP 250 de Munique: primeira rodada – Star+ 09h00 – ATP 250 de Estoril: primeira rodada – Star+ 09h00 – Campeonato Cazaque: Ordabasy x Kairat Almaty – One e Eleven 10h30 – Tour de Romandie: Prologue Lausanne – Laussane (5.12k) – Star+ 11h00 – Campeonato Cazaque: Kostanay x Astana Em Rede Brasil de Noticias - O Point da Informação impressionante “ tour de force ” de quatro actores. São eles Jason Isaacs, Martha Plimpton, Reed Birney e Ann Dowd. Os dois primeiros interpretam os pais de um jovem que foi morto durante um tiroteio numa escola; os segundos surgem como os pais do autor do crime — reunem-se seis anos depois da tragédia, tendo … Em sound + vision Blogues do SAPO "tour de force", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/tour%20de%20force [consultado em 01-07-2022]. ******************************************************************************** *** #MitologiasNaColeção | O Fio de Ariadne 4.360 visualizações 4 de jun. de 2020 Ariadne era uma donzela mortal com nome de deusa, filha de Minos, rei de Creta, e Pasífae. Seu nome significava “santa” ou “pura”, de beleza resplandecente e visível de longe. Ariadne não era filha única: tinha uma irmã chamada Fedra, a brilhante, que acabou sendo sua rival, e um irmão que era um temível monstro, chamado por todos de Minotauro. Metade homem, metade touro, não podia ser domado e teve que ser preso em um grande labirinto construído pelo arquiteto Dédalos. Cresceu lá, isolado, e todos que tentavam destruí-lo acabavam sendo devorados. Ariadne vivia tranquila na ilha de Creta, sem imaginar que o destino lhe reservava. Após a batalha entre Creta e Atenas, o vitorioso rei Minos exigiu um tributo dos perdedores: todos os anos Atenas deveria enviar sete rapazes e sete moças para serem devorados pelo Minotauro no labirinto. Disposto a pôr um fim a essa situação, o herói ateniense Teseu foi para Creta junto com outros jovens destinados a morrer nas mãos do Minotauro. Ao chegar em Creta, os olhos de Teseu e Ariadne se encontraram e logo se apaixonaram… Assista o vídeo para conhecer a história completa! Narração e Roteiro – Rosi Ludwig Edição – Bruno Melo #CasaMuseuEmCasa #MuseumsFromHome REFERÊNCIAS DAS IMAGENS Imagem 1 – Ariadne ca. 1831–35 Asher Brown Durand – The Metropolitan Museum of Art Imagem 2 – Theseus and Ariadne, from 'Game of Mythology' (Jeu de la Myth... - The Metropolitan Museum of Art Imagens 3, 4, 5 – Recortes do quadro Triunfo de Baco e Ariadne (sátiro, ninfas e sileno) Imagem 6 – Baco encontra Ariadne em Naxos Jacob Matham, after David Vinckboons (I), 1616 Rijksmuseum Imagem 7 – Recorte de Ariadne e Baco ca. 1831–35 Asher Brown Durand Rijksmuseum Imagem 8 – Ariadne na Biga (Recorte de Giovanni Battista Gaulli). Fotografia de Henrique Luz Imagem 9 – Triunfo de Baco e Aradne Giovanni Battista Gaulli Fotografia de Henrique Luz. Imagem 10 – Recorte Coroa ca. 1831–35 Asher Brown Durand Rijksmuseum REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BULFINCH, livro de ouro da Thomas. O livro de ouro da mitologia Grega: história de deuses e heróis. 26ª ed. São Paulo: Ed. Ediouro, 2002. KERÉNYI, Karl. Os deuses Gregos. 9ª ed. São Paulo: Ed. Cultrix, 2000. BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega. Vol III. Petrópolis: Vozes, 1989. ( trecho das Heróides, de Ovídio) https://www.youtube.com/watch?v=36QxqoBa-0A ********************************************
*** En la memoria todo es grato, hasta la desventura. Jorge Luis Borges. ********************************
*** domingo, 10 de julho de 2022 Pedro S. Malan*: Contra o ‘nós contra eles’ O Estado de S. Paulo O Brasil é por demais complexo e tem muita gente competente, que recusa a polarização lulopetismo x bolsonarismo. Em discurso para a militância, durante a campanha eleitoral de 2014, Lula disse que já se via, com Dilma, em 2022, nas comemorações de nossos 200 anos de Independência, defendendo tudo o que haviam conseguido conquistar “nos últimos 20 anos”. É legitimo a qualquer pessoa expressar de público suas “memórias do futuro”, para usar a bela expressão de Borges, para caracterizar desejos e expectativas. Assim abri meu artigo neste espaço em 14/12/2014. E acrescentei: mas antes de chegar às eleições de 2022, haveria de passar por 2018. E não seria fácil de explicar então as conquistas dos “últimos 16 anos” como se fossem um coerente e singular período passível de ser entendido como um todo, como a “marquetagem” política tentou na eleição de 2014 com o discurso dos “últimos 12 anos”. Afinal, a perda de credibilidade da política governamental na área econômica era de tal ordem que o discurso do “mais do mesmo”, no qual o governo Dilma insistia, estava com seu prazo de validade estampado no rótulo. Relembrar traços essenciais dos começos de Lula e Dilma permite tirar conclusões relevantes. Lula 1 beneficiou-se fortemente da combinação positiva de três ordens de fatores: situação internacional extraordinariamente favorável; política macroeconômica não petista seguida, por Antonio Palocci e Henrique Meirelles; e herança não maldita de mudanças estruturais e avanços institucionais alcançados em administrações anteriores, inclusive programas sociais que foram mantidos, reagrupados e ampliados. Lula 1 começou a terminar quando, sob intenso fogo amigo, Palocci e sua equipe deixaram o governo. Lula 2 assumiu com nova equipe e nova concepção sobre o crucial papel do Estado no desenvolvimento do País. O PAC e suas sucessivas (cada vez mais ambiciosas) versões foi, em parte, a expressão dessa nova postura. A crise internacional após setembro de 2008 forneceu grande álibi para a ampliação da política contracíclica, dita “keynesiana”, que vinha sendo praticada prociclicamente desde 2007. Isso levou aos insustentáveis 7,5% de crescimento em 2010, em razão de outro extraordinário surto de melhora nos termos de troca, fruto do efeito China. Dilma 1 começou, em 2011, com fugaz tentativa de lidar com consequências do superaquecimento da economia. Logo vieram a “nova matriz da política macroeconômica”, as idas e vindas da política de concessões em infraestrutura, os quase cinco anos sem licitações para exploração do petróleo, os vários tipos de pesados ônus impostos à Petrobras e a desastrada mudança no setor de energia elétrica. O conjunto da obra impôs pesadíssima herança a Dilma 2 e à credibilidade do PT no governo em termos de política econômica, em particular na área fiscal e no escopo e forma do intervencionismo do Estado. A propósito, vale ler o excelente livro Para não esquecer: políticas públicas que empobrecem o Brasil, organizado por Marcos Mendes. Nesta campanha de 2022, Lula vem procurando se referir a seus governos, dando a entender apenas o período até 2010. Quer, talvez, fazer crer ao eleitor que é irrelevante que tenha escolhido Dilma como sua sucessora, apresentando-a como a melhor gerente que havia conhecido no País. Um crasso erro de avaliação, ou esperteza, que custou caro ao Brasil. Como está custando caro ao País o governo de Bolsonaro, eleito em grande medida por rejeição ao lulopetismo. Um governo que opera no “modo desespero” eleitoral e que, ao fazê-lo, gera, com ajuda de parte do Congresso Nacional, uma terrível herança para 2023 e adiante. Situações difíceis não significam inexistência de opções. Mas é preciso sinalizá-las, sobretudo dado o contexto que, por razões internacionais e domésticas cada vez mais visíveis, tende a ser o mais difícil quadriênio dos tais “últimos 20 anos”. Por isso reitero, adaptando o gênero, o que escrevi neste espaço em 8 de abril de 2018: “O Brasil precisa de um candidato(a) de centro, honesto(a), experiente, que não tenha ilusões – pelo contrário, que conheça bem a real situação das contas públicas do País (governo federal, Estados e muitos municípios); o drama da educação; a tragédia da corrupção e da violência urbana. E que tenha refletido e se cercado de pessoas experientes, tecnicamente competentes, que conheçam a máquina pública e seus corporativismos; e que sejam capazes de vislumbrar o País no mundo e não fechado em seu labirinto. É querer demais? Talvez, mas o Brasil está a exigir nada menos do que isso: tanto no Executivo como no Legislativo, gente que saiba para que deseja ser eleito(a), o que pensa em fazer – e, principalmente, comprometida com um Estado mais eficiente, a serviço dos brasileiros – e que venha a ser, por estes, percebido(a) como tal”. O Brasil é por demais complexo, diversificado, múltiplo e criativo. Dispõe de muita gente competente, que recusa a inevitabilidade da polarização lulopetismo x bolsonarismo, que identifica outras possibilidades de voto no primeiro turno – e, com elas, importantes recados a dar por intermédio das urnas. Não com abstenções, mas com comparecimento e cuidado, inclusive nas outras escolhas, para governador e, particularmente, para os cargos legislativos. *Economista, foi ministro da Fazenda no governo FHC. ************************************************************
*** domingo, 10 de julho de 2022 Janio de Freitas: Ouvir a última chamada Folha de S. Paulo Retrocessos nas práticas institucionais são novas realidades e requerem mais do que o voto bem pensado A sequência de fatos com relevante implicação política, embora ainda não concluída, proporciona uma visão bastante nítida do que já são resultados profundos e não transitórios dos anos bolsonaristas. Primeiro, nas práticas institucionais em relação a seus respectivos roteiros legais, à sua devida moralidade e às perspectivas do país. Como consequência, nos reflexos sobre aspectos básicos da vida nacional. O projeto de lei da Presidência que instala um estado de emergência inexistente na Constituição, e derruba as restrições a gastos eleitoreiros nos 90 dias pré-eleições, foi aprovado pelos senadores por uma aberração: 72 a 1 e 67 a 1 nos dois turnos (1 foi José Serra). Vive agora trapaças na Câmara para a votação final. A aprovação favorável ao candidato Jair Bolsonaro já custou mais de R$ 6 bilhões (até a quinta-feira, 7) em dinheiro do Tesouro Nacional distribuído a parlamentares, a título de emendas orçamentárias. As sessões da Câmara exigidas entre a primeira e a segunda votações completaram-se assim: "Está aberta a sessão. (Oposicionistas pedem a palavra em vão). Está encerrada a sessão". Menos de um minuto. Era sessão marcada desavergonhadamente para abertura às 6h30 da manhã. A duração não foi novidade na Câmara. Mas a verdade é que não houve sessão, que é um tempo para debates e votações. O que foi feito não pode ser visto, entendido, interpretado ou aceito como sessão da Câmara de Deputados. Foi artifício fraudulento, trapaça, burla. E seu objetivo não é um projeto secundário, mas uma decisão do mais alto grau deliberativo do Congresso —derrubar um texto da Constituição e introduzir outro (para uso eleitoreiro de mais de R$ 41 bilhões por Jair Bolsonaro). É formalizar a extinção da equidade de eleições honestas. Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco pratica a antipresidência. O Supremo precisou impor-lhe a instalação da CPI da Covid, de tão bons serviços. Mineiro sem mineiridade, só com mineirice da pior, montou agora uma "decisão de ampla maioria dos líderes" para adiar ao futuro incerto a CPI da corrupção de pastores mafiosos no Ministério da Educação do seu colega Milton Ribeiro e do Bolsonaro facilitador de uns e do outro. A justificativa de Pacheco, evitar "influência da campanha eleitoral na CPI", mente sobre a inversa finalidade de evitar a influência da CPI na campanha eleitoral, com as revelações da ladroagem por meio da Bíblia. Nem sequer dá algum disfarce ao retorno à Câmara e ao Senado das sujeiras para derrotar a oposição na ditadura. O orçamento secreto, por si só, retrata a monstruosidade em que se transforma a relação das instituições com a legislação, as decisões de poder e com o próprio regime. Dezenas de bilhões saem dos cofres públicos e o país não pode saber a quem, entre os parlamentares, e a que se destinam. A população é compelida a dar o dinheiro e nem pode saber a quem o dá. Neste cúmulo de prepotência associada a usurpação de direitos, a reprodução da ditadura se encontra com a barbaridade legislatória do general Médici e seu AI-5: o Decreto Secreto, a que todos deviam sujeitar-se sem saber a quê. E ainda como e para quê. Bem mais tarde, uns poucos físicos concluíram que seria a cessão de áreas do território a Israel, no Maranhão e no Centro-Oeste, para construção e testes de armas nucleares dos israelenses. Violação direta do Brasil a tratados e comprometimento da soberania territorial. As Forças Armadas, por sua vez, optaram por Bolsonaro à Constituição. Não como instituição, mas pelos que com ela se fazem confundir no atual período. Numerosos militares da ativa estiveram na recente reunião para mobilizar os integrantes do governo pela candidatura de Bolsonaro. Não era lugar nem é missão de militares profissionais. Está muito claro que na polêmica das urnas os militares servem a Bolsonaro e contrariam as evidências e a racionalidade. É ação política, não é colaboração técnica, pela qual não se interessaram nem ao tempo das fraudes. Com atos e palavras contraditórios, os militares não dão oportunidade a que se confie em sua lealdade constitucional. É o bastante para comprovar a consolidação de uma estrutura institucional e política inexistente do fim da ditadura às intervenções do general Eduardo Villas Bôas, então comandante do Exército, na eleição presidencial de 2018, em ostensivo favorecimento a Bolsonaro. Cujo governo o general integrou até o mês passado, afastando-se por doença agravada. Esses e outros retrocessos nas práticas institucionais já são novas realidades, que requerem mais do que o voto bem pensado. A retomada do país no ponto em que se perdeu precisaria da amplitude e da força que teve nas Diretas Já e na Constituinte. Se ainda é capaz disso, não se sabe. Mas que a situação é de última chamada, pode-se saber.

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