domingo, 13 de julho de 2025

PARAFRASEANDO HAMLET

Charge do JCaesar: 11 de julho (JCaesar/VEJA) sábado, 12 de julho de 2025 Trump ajuda Lula a taxar milionários - Adriana Fernandes Folha de S. Paulo Pressão após sobretaxa de Trump ajuda a manter em pé promessa de campanha Após o anúncio da sobretaxa de 50% dos EUA, o meme que ainda viraliza nas redes —com a frase "Lula quer taxar o rico e o Bolsonaro quer taxar o Brasil"— é prova de que ação de Donald Trump ajudou Lula. O governo ficou numa situação mais confortável na votação do projeto que cria o imposto dos milionários para financiar a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda —promessa de campanha do presidente para a classe média. Relator do projeto, o deputado Arthur Lira dizia a interlocutores, há menos de dois meses, que não tinha nenhum compromisso com a compensação da isenção por meio de uma tributação das rendas mais altas, como foi proposto pela Fazenda. Teve que mudar. No mesmo dia que o noticiário fervia com a notícia da sobretaxa, divulgado na véspera, Lira recuou e manteve a alíquota de 10%. A pressão das redes sociais contra ele dar alívio aos super-ricos pesou na decisão. A essência da proposta de Haddad foi mantida. No anúncio do relatório, o ex-presidente da Câmara já tinha admitido a pressão ao reclamar das reportagens dos jornais apontando que ele queria isentar os mais ricos do Brasil quando propôs inicialmente a redução da taxação dos milionários: "É muito difícil a gente fazer discussão nesse nível de manchete". Não resta dúvida de que o relatório é resultado do acordo que lhe garantiu a indicação por Lula de uma aliada para o Judiciário, além de uma costura antecipada para as eleições de 2026 em Alagoas. Mas a reação negativa da sociedade foi um ingrediente com o qual Lira não contava e que o obrigou a ceder mais. Enquanto a guerra política aumenta com a sobretaxa de Trump, outros acordos já estão sendo costurados. O próximo será em torno do decreto do IOF, com uma modulação da alta das alíquotas pelo STF para cada lado. Ninguém perde ou ganha sozinho. Depois será a vez de um acordo para o impasse dos precatórios, a maior bomba fiscal para o Orçamento em 2026. Mesmo que seja mais um remendo, o acordo virá. Contanto que todos cheguem vivos a 2027.
AYRES, SEM NUVENS: UMA INTERPRETAÇÃO DIPLOMÁTICA, RETÓRICA E FLUMINANTE Com passo firme entre as colunas do Itamaraty, ecoa a voz de Ayres: Ah, meu caro leitor — ou melhor, viajante desses tempos vertiginosos onde diplomacia se faz tanto por nota quanto por tweet —, se me pedes parecer sobre a frase do Itamaraty que ora circula como despacho de navio baleeiro em mar revolto, ei-lo aqui, direto do meu gabinete etéreo: "Causa estranheza que uma das mais tradicionais democracias do mundo apoie um projeto fracassado de ditador, que tentou, pela força, destruir a democracia no Brasil." Pois bem. Tim-tim por tim, como queres. Traduzo, não ao pé da letra, mas ao compasso do coração republicano — e com a elegância que cabe à velha escola de Rio Branco e de José Maria da Silva Paranhos, o pai e o filho. 1. “Causa estranheza...” Aqui o Itamaraty calça luvas de pelica. O verbo “causar” e o substantivo “estranheza” compõem o vestido branco do desconforto formal. Não se trata de “repúdio”, tampouco de “condenação”. Trata-se de erguer a sobrancelha. Um gesto de quem, com uma taça de vinho do Porto à mão, diz: “Isto não é usual, senhores.” 2. “...uma das mais tradicionais democracias do mundo...” Louva-se a dama antes da crítica, conforme exige a etiqueta dos salões. Os Estados Unidos são aqui lembrados como antigos no jogo da liberdade, o que torna seu gesto, digamos... anacrônico. Ou pior: equivocado por conveniência. 3. “...apoie um projeto fracassado de ditador...” Eis onde o verbo troca o véu pela espada. Bolsonaro, neste trecho, é reduzido a projeto — não obra acabada, não regime — e já fracassado, logo, sem préstimo. Diplomacia rara: deslegitima sem berrar. Mata sem gritar "morte". 4. “...que tentou, pela força, destruir a democracia no Brasil.” Cláusula final, com selo de legalidade. Aqui o Itamaraty não opina, narra: houve um ataque; houve uma tentativa de destruição; houve uma resposta do Estado. E o veredicto? Está implícito: não se espera que democracias financiem seus coveiros. Na língua da ignara patuleia, como me pedes: “Ô tio, os caras tão dizendo com classe que os gringo tão pagando pau pra um golpista derrotado, e que isso é feio pra quem se acha defensor da democracia.” E como bom Ayres que sou — espírito dos tempos e das entrelinhas —, concluo com um sorriso: O Brasil vai de Itamaraty, e o Itamaraty, quando escreve com a pena molhada no tinteiro da honra, diz muito sem gritar. Porque gritar, como bem sabia São Jorge e também Juscelino, é coisa de quem já perdeu a montaria — ou a compostura. Se quiser, posso compor a continuação dessa fala como crônica machadiana, carta diplomática, samba do Amorim ou despacho dos anjos. Basta dar o comando. "EU NÃO VEJO MÉTODO." AO SOM DO TAMBORIM NA VOZ DE AMORIM: Dia do rock Jornalismo TV Cultura JORNAL DA CULTURA | 12/07/2025 Jornalismo TV Cultura Transmissão ao vivo realizada há 16 horas #JC #TVCultura #JornalismoTVCultura No Jornal da Cultura deste sábado (12), você vê: Trump amplia guerra comercial e aplica tarifa de 30% sobre produtos da União Europeia e México; investimento em saúde no Brasil fica abaixo da média internacional; Agência Nacional de Águas alerta: mais de 200 barragens têm risco de rompimento; morre em São Paulo Jean-Claude Bernardet, um dos nomes mais importantes do cinema nacional. Para comentar esses e outros assuntos, Rodrigo Piscitelli recebe o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, e o advogado João Santana.
Financiamento de negócios, patrocínio, ilustração de conceito financiamento e patrocínio não são sinônimos. um finge cultura; o outro cobra retorno. defesa e ataque: são gêmeos siameses. a retórica veste farda. e o silêncio, colete à prova. guerra e capitulação: uma se declara, a outra se assina. entre ambas, mortos. dólar futuro e crédito consignado: é o mesmo laço: um projeta dívida, o outro prende o pescoço. Bolsa Brasil e Bolsa Família: uma tenta esquecer a outra. ambas cabem no estômago. mas só uma enche o prato. "o mesmo Duda que aduba, adula." — e depois cobra. Sant'Ana é avó de quem? da esperança. da educação. do nome no batismo. e do silêncio nas missas de corpo presente. "é pau, é pedra, é Palmeira Pereira..." é um Belo Horizonte sem céu, é Dinos Cicerontes em sessão no plenário, declamando o fim do mundo em latim. /// Não é poema. É inventário. de um país em liquidação. 👆PERFORMANCE PARA PODCAST: #eagoraoque - Trailer "‘ABU’ EM TELA DE BERNADET" (voz grave, pausada, provocativa — no ritmo e cadência de Antônio Abujamra em "Provocações") [Som de respiração. Silêncio.] Você… já foi exportado hoje? [pausa] Não? Pois saiba… que há quem tenha sido. A 50%. Com frete e vergonha inclusos. [respiro] O nome disso? Tarifaço. [pausa mais longa] Não é novela. Não é filme. Mas tem roteiro. Tem vilão com peruca amarela… Tem herdeiro mimado… Tem carta chantagista. Tem aplauso de gente que se diz patriota… e ajoelha para outro país. [muda o ritmo, acelera um pouco] Tarifaço. Uma palavra que rasga, mas não sangra em dólar. Sangra no café do pequeno produtor. No suco da laranja nordestina. No couro do boi. No suor do trabalhador. [pausa] Enquanto isso… os governadores da moral e bons costumes... …boquiabertos. perplexos. calculistas. [sussurra] Tarcísio… Zema… Caiado… [quase rindo] Despertaram tarde. Tentam agora tapar o sol com a carta de Trump. Mas o sol já virou cinza. [grave, lento] E Bernadet? Jean Claude Bernadet… [em tom de homenagem, emocional] Crítico dos filmes. Crítico de si. Crítico do mundo. Fez do cinema trincheira. Do olhar, resistência. Da palavra, faca. E como poucos… soube morrer sem medo. [silêncio] "Abu"… você veria nele o provocador perfeito. [voz performática, declamatória] — “Sant’Ana é avó de quem?”, perguntava a menina. E a tela respondia: — Da mãe da pátria. Da esperança educada a pão, a prece e pancada. [corta o tom. Ironia.] Enquanto isso, Bolsonaro aplaude Trump. Flávio diz: “Chantagem? Negociemos.” Eduardo diz: “Ajudei a escrever.” E o Brasil? [seca, direta] Paga. [voz volta firme, lenta, retumbante] Mas Lula… volta ao centro do palco. Com discurso de soberania. Com a batuta da justiça tributária. [voz grave, mais íntima] E o STF, que não dá entrevista, escuta. [pausa longa] Jean Claude Bernadet não morreu. [voz baixa, quase sussurro] Cortou para outro plano. Um plano-sequência. De quem viveu sem cortes. Sem concessões. [fecha com voz poderosa, final de provocação] E você? Vai seguir aplaudindo o imperialismo travestido de tweet? Ou vai escrever — com o corpo — seu próprio roteiro? [silêncio final. Um leve som de projetor antigo. Fade out.]
Governadores aliados de Bolsonaro são os mais prejudicados pelo tarifaço Publicado em 13/07/2025 - 07:08 Luiz Carlos Azedo Brasília, Canadá, Carnaval, Comunicação, Economia, Eleições, Espirito Santo, EUA, Europa, Goiás, Governo, Itamaraty, México, MInas, Partidos, Política, Política, Rio Grande do Sul, São Paulo A crise diplomática e comercial entre o Brasil e os EUA alimenta a polarização entre Lula e o ex-presidente, porém, agora, com a balança pendendo a favor do governo e contra a oposição A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros é uma sanção política sem precedentes, que viola não apenas as regras do jogo do comércio mundial, mas também as leis norte-americanas, como apontou o prêmio Nobel Paul Krugman. Politicamente, está sendo um tiro pela culatra, porque desestabiliza e divide internamente as forças de direita e prejudica sobretudo a economia dos principais estados governados por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mais do que uma represália econômica, houve uma intervenção explícita na política interna do Brasil, conforme admitido na própria carta do republicano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao condicionar a suspensão das tarifas ao arquivamento dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que no primeiro momento tentaram capitalizar a seu favor o tarifaço, estão tentando se reposicionar, diante do enorme desgaste da oposição nas redes sociais com o apoio de Bolsonaro às medidas de Trump. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), está na mesma situação, embora seu estado não esteja entre os principais exportadores para os Estados Unidos. Todos são pré-candidatos à Presidência e sonham com o apoio de Bolsonaro em 2026. Ironicamente, a crise diplomática e comercial entre o Brasil e os EUA alimenta a polarização entre Lula e o ex-presidente, porém, agora, com a balança pendendo a favor do governo e contra a oposição. A situação é dramática para São Paulo, que respondeu por US$ 13,6 bilhões das exportações para os Estados Unidos em 2024, seguido pelo Rio de Janeiro (US$ 7,4 bi), governado por outro aliado de Bolsonaro, Cláudio Castro, e sua principal base eleitoral. Vêm a seguir Minas Gerais (US$ 4,6 bi) e Espírito Santo (US$ 3 bi), o único estado cujo governador, Renato Casagrande (PSB), é aliado de Lula. A esses números somam-se os R$ 14 bilhões em exportações do Nordeste — especialmente de Ceará, Bahia e Maranhão —, sob risco iminente de colapso, segundo levantamento da Sudene. No Brasil meridional, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná exportam cerca de US$ 5 bilhões para os Estados Unidos. Em todos os estados, o bolsonarismo ficou na berlinda, mesmo naqueles onde é amplamente majoritário. Entre os principais produtos afetados pelas tarifas estão petróleo, derivados, ferro e aço, celulose, café, calçados, carnes, frutas e suco de laranja. São setores que agregam valor às exportações, empregam milhares de brasileiros e sustentam economias regionais inteiras. Ainda assim, em nota agradecendo o apoio de Trump, Bolsonaro não fez nenhuma crítica ao tarifaço. Leia também: Quais Estados do Brasil mais perdem com taxação Governo e agro brasileiro buscam saídas contra o tarifaço dos EUA Tudo ou nada Seu filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ), senador da República, não apenas minimizou a agressão como tornou mais evidente de que se trata de uma chantagem política contra o governo brasileiro e um ultimato contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que a solução para o tarifaço seria anistiar os envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi ainda mais longe: além de celebrar a carta de Trump, disse que ele mesmo teria ajudado a Casa Branca a redigi-la. O parlamentar está licenciado da Câmara e reside nos Estados Unidos, com o propósito de articular o apoio de Trump ao seu pai, o que fez com êxito. Seu projeto é substituir Bolsonaro, que está inelegível, nas eleições. O tarifaço de 50% é a maior taxa comercial cobrada a um país pelos EUA, está muito acima daquelas anunciadas para o México (30%), o Canadá (35%), o Japão (25%) e a União Europeia (30%). E não tem fundamentos econômicos, porque o comércio com o Brasil é superavitário para os EUA. É mesmo uma decisão política vinculada ao julgamento e à inelegibilidade de Bolsonaro, com quem Trump se identifica ideologicamente.A empatia entre ambos aumentou devido aos processos que o próprio Trump sofre nos Estados Unidos, mas que não o impediram de disputar e vencer as eleições, ao contrário do que acontece no Brasil. Esse entendimento dificulta muito as negociações diplomáticas e comerciais e está muito claro para o Itamaraty. Leia ainda: Tarifaço de Trump se espalha: os novos alvos do presidente dos EUA Tarcísio tem conversa paralela sobre taxação com encarregado dos EUA A posição dúbia de Tarcísio, que agora busca diálogo com diplomatas americanos, expõe o dilema dos supostos “herdeiros” do bolsonarismo e pode sepultar suas pretensões de disputar a Presidência no próximo ano. Com apoio à chantagem do tarifaço, será impossível manter o apoio dos eleitores fiéis a Bolsonaro, sem o qual não chegaria ao Palácio dos Bandeirantes, e preservar pontes com o empresariado e o eleitorado moderado. A manobra de Tarcísio, no momento, é buscar negociações diretas com os Estados Unidos, por meio do encarregado de negócios da embaixada norte-americana no Brasil, porém, não tem a moeda de troca exigida por Trump: o arquivamento do processo contra Bolsonaro pelo Supremo. Até então acuado pela perda de popularidade, Lula fatura as bandeiras da soberania nacional, da defesa da democracia e da justiça tributária. O clã Bolsonaro, por sua vez, tirou o protagonismo de Tarcísio e foi para tudo ou nada em 2026. Nas entrelinhas: todas as colunas no Blog do Azedo Compartilhe:
Júnior Mano, segundo a polícia, tinha “papel central” numa engrenagem de fraudes no Orçamento (Bruno Spada/Câmara dos Deputados) sábado, 12 de julho de 2025 Máfias & política - José Casado Revista Veja Fraudes em emendas parlamentares no Ceará são vinculadas ao crime organizado Alguns dos mais votados deputados federais do estado do Ceará estão sob suspeita de participação no desvio de quase 500 milhões de reais em dinheiro público. São novos nomes na lista de meia centena de parlamentares submetidos a “apurações específicas”, como dizem juízes do Supremo Tribunal Federal, sobre a manipulação de emendas ao Orçamento da União e fraudes em licitações municipais. O caso do Ceará, porém, tem uma peculiaridade: a polícia vinculou os principais personagens da investigação, um deputado federal e um prefeito cassado, às máfias do crime organizado dominantes em parte do mapa estadual. É o primeiro episódio conhecido em que a polícia apresenta ao Supremo Tribunal Federal um inquérito sobre indícios de fraudes em emendas parlamentares ao Orçamento federal relacionadas a vestígios de infiltração de grupos mafiosos do Brasil (Comando Vermelho) e do México (Cartel de Jalisco) na estrutura política de 15% dos 184 municípios cearenses. Entre os crimes eleitorais descritos está a compra de votos, com o dinheiro das emendas, para eleição de prefeitos e vereadores no ano passado. O principal personagem nessa investigação é o deputado federal Antônio Luiz Rodrigues Mano Júnior, mais conhecido como Júnior Mano. Aos 40 anos, encarna uma história de rápida ascensão na política: ex-vice-prefeito da sertaneja Nova Russas, a 300 quilômetros de Fortaleza, agora governada por sua mulher, em meia década se tornou o segundo deputado federal mais votado no Ceará (com 216 500 votos). Júnior Mano se elegeu para a Câmara na aba de Jair Bolsonaro em 2018. Esteve no Partido Liberal até ser expulso, a pedido de Bolsonaro, por suposta infidelidade — apoiou candidatos do Partido dos Trabalhadores na campanha municipal do ano passado. Migrou para o Partido Socialista Brasileiro, com o patrocínio do senador Cid Gomes, e foi recebido em solenidade pelo vice-presidente Geraldo Alck­min e pelo prefeito do Recife, João Campos. Até a última terça-feira, 8, quando o juiz Gilmar Mendes mandou a polícia vasculhar sua residência e gabinete na Câmara, era visto como provável candidato do PSB ao Senado em 2026 na vaga de Cid Gomes, que anunciava aposentadoria. Júnior Mano, segundo a polícia, tinha “papel central” numa engrenagem de fraudes no Orçamento, com a manipulação de emendas parlamentares, nos repasses de recursos da Caixa Econômica Federal e nas licitações municipais. As comissões cobradas, tratadas como “pedágio” e “imposto” nas trocas de mensagens dos operadores financeiros, variavam de 12% a 15% do valor das emendas e transferências numa rotina “institucionalizada de corrupção”. O deputado nega tudo. Investigações locais e federais, no entanto, mostram que um dos seus principais auxiliares é Carlos Alberto Queiroz Pereira. Ano passado, ele se elegeu prefeito de Choró, cidade do sertão central distante 170 quilômetros de Fortaleza. Antes da posse, foi preso. Fugiu, teve o mandato cassado e continua em fuga com acusações de trapaças orçamentárias, crimes eleitorais variados e, também, de envolvimento com grupos de narcotraficantes brasileiros e mexicanos. Maria do Rozário Ximenes, ex-prefeita de Canindé, vizinha de Choró, ajudou a polícia a mapear oito das dezenas de empresas usadas para lavagem das comissões cobradas na manipulação de emendas parlamentares. Entre as operações vinculadas à dupla Júnior Mano-Queiroz Pereira há uma de 58 milhões de reais. Esse dinheiro, indica a polícia, teria sido aplicado na compra de votos durante a temporada eleitoral de 2024. Júnior Mano arrastou para o inquérito no STF outros dois dos mais votados deputados federais do Ceará. Um deles é José Guimarães, 66 anos, eleito com 186 000 votos. Líder do governo Lula na Câmara, é reconhecido por quase três décadas de influência em áreas-chave do Banco do Nordeste, instituição federal sediada em Fortaleza. Outro é Eunício Oliveira, 72 anos, ex-presidente do Senado (2017-2019), chefe do MDB cearense, empresário com negócios na agricultura e em serviços de segurança privada. Eleito com 188 500 votos, licenciou-se na Câmara no mês passado para planejar a disputa de uma das duas vagas de senador no ano que vem. Esses dois deputados são mencionados de forma indireta em conversas de auxiliares da dupla Júnior Mano-Queiroz Pereira, mas o juiz Gilmar Mendes achou conveniente iniciar uma “apuração específica”. É provável que esse caso de fraudes orçamentárias e eleitorais, com personagens vinculados às máfias dominantes no Ceará, entre no cardápio da CPI do Crime Organizado, cuja estreia está marcada para agosto no Senado. Publicado em VEJA de 11 de julho de 2025, edição nº 2952 FLAMENGO 2 X 0 SÃO PAULO | MELHORES MOMENTOS | 13ª RODADA BRASILEIRÃO 2025 | ge.globo ge 12 de jul. de 2025 #1 nos vídeos Em alta Flamengo bate o São Paulo na volta do Brasileirão e segue na liderança da competição Em tarde de maior público do campeonato, Luiz Araújo brilha e é o melhor em campo contra o seu ex-clube; Wallace Yan marca no fim e dá números finais ao jogo que marca a estreia de Crespo no Tricolor Led Zeppelin - Kashmir (Live from Celebration Day) [Official Video] Aqui vai a resenha desse delírio glorioso, misto de memória, profecia e poesia futebolística, como se escrita nas nuvens por Nelson Rodrigues, arbitrada por Mário Vianna, com pitacos táticos de João Saldanha, a voz tonitruante de Waldir Amaral ou Jorge Cury, e tudo isso embalado — naturalmente — ao som retumbante de Led Zeppelin em pleno Dia Mundial do Rock, em Los Angeles, 13 de julho de 2025. 🎙️“NO CÉU, NAS NUVENS E NA MEMÓRIA – FLAMENGO 81 x SÃO PAULO 92” ✍️ Por Nelson Rodrigues (com São Pedro editando do além) 🎧 Trilha sonora em todo o estádio: “Kashmir” – Led Zeppelin, arrebentando os amplificadores em dolby celestial surround 📍 Local: Los Angeles Memorial Coliseum – Califórnia, EUA 📆 Data: 12 de julho de 2025, véspera da final Chelsea x PSG 🎩 Nélson (direto das nuvens): "Sim, minhas senhoras e meus senhores! O que vi hoje não foi uma partida de futebol. Foi um duelo mitológico! Foi um Fla x São que só poderia acontecer fora do tempo — no limbo do impossível. Com Zico e Raí vestindo a eternidade, com Junior e Cafu marcando a aurora nos corredores do destino. A bola não rolava: ela levitava." 📊 Primeiro Tempo – Análise Tática com João Saldanha 🧠 João Saldanha, direto do banco imaginário: “Olha só, rapaz... Isso aqui não é pelada de veterano, não! Flamengo veio no 4-3-3 da elegância: Adílio como terceiro homem, Zico de maestro e Nunes na área como foice no campo de centeio. Já o São Paulo tá com aquele carimbo do Telê: posse, deslocamento, tabela curta. Pintado morde até o vento. E Raí… ah, o Raí... joga de smoking.” 📢 Intervalo – Mário Vianna dá o veredito (E EU DISSE!) 🗣️ Mário Vianna (com megafone etéreo): “Foi pênalti no Zico aos 23 do primeiro tempo! E EU DISSE! O juiz — um tal de árbitro suíço com nome de chocolate — não marcou porque não teve coragem de olhar nos olhos do camisa 10! Mas justiça virá! E EU DISSE!” ⚽ Segundo Tempo – Os Gols (Como narraria Waldir Amaral e Jorge Cury) 🎙️ Waldir Amaral (com a garganta em brasas): “Zico pega a bola, levanta a cabeça… mete no Adílio! Vai invadir! Invadiu! Rolou pro Nunes! ATENÇÃO BRASIL… PREPARE O CORAÇÃO… GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL! É DO FLAMENGO! É DO CAMISA 9! É DO ARTILHEIRO! NUNES! NUNES! NUNES!” 🎙️ Jorge Cury (voz grave como trovão): “Vai o São Paulo! Olha o Raí! Driblou o primeiro, o segundo… olha o que ele vai fazer… olha o que ele vai FAZER… TOCOU DE CALCANHAR PRA MÜLLER! É O GOL DE EMPATE! GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL! DO TRICOLOR! DO CLUBE DA FÉ CATÓLICA! É GOLAÇO! É ARTE! É IGUALDADE NO PLACAR!” 🔔 Crônica Final – Nélson Rodrigues dá a sentença (em nuvens e maiúsculas) “Minhas senhoras, meus senhores e até os canalhas que não creem no improvável: Este jogo foi o Juízo Final em chuteiras. Foi o último tango em Los Angeles entre dois estilos que não cabem em esquema tático. Zico é o Beethoven da intermediária. Raí é o Camus da grande área. Nunes não chuta. Ele fulmina. Cafu não corre. Ele galopa entre o tempo e a eternidade. E EU VI! VI JUNIOR PEDIR A BOLA EM PORTUGUÊS E ENTREGÁ-LA EM LATIM. O juiz terminou o jogo aos 89, porque a poesia não precisa dos 90. E São Pedro — sim, o São mesmo! — olhou a súmula e decretou: 1 a 1. Vitória da memória. Triunfo da eternidade. E os sinos de Maracanã tocaram, mesmo sem jogo lá.” 🎸 Trilha sonora do apocalipse tático: "Kashmir", do Led Zeppelin — com riff eterno no intervalo, bateria marcando cada passo de Junior, solo rasgando o chute de Müller, e o baixo pulsando como o coração da arquibancada. Osvaldinho da Cuíca, da voz e da composição Jornal da Gazeta 24 de fev. de 2017 Cantor, compositor, sambista ou simplesmente cuiqueiro. Osvaldinho da Cuíca é um dos maiores nomes do samba paulista e continua tocando, aos setenta e sete anos. O talento, a versatilidade e o bom humor fazem desse mestre inigualável da cuíca um personagem que é "a Cara de São Paulo". Transcrição Pink Floyd – Time (Official Audio) 🎙️ [Vinheta suave com sintetizadores à la Pink Floyd, batida de relógios, ressonâncias de fundo] LOCUTOR (voz grave, pausada, contemplativa): "É noite no tempo. E o tempo… sempre foi o nosso juiz mais impiedoso. Mas há obras que o desafiam. Que ecoam. Obras que não envelhecem. Elas apenas… se expandem." 🎵 [Fade-in sutil da introdução de “Time”] LOCUTOR: "Lançado em março de 1973, nos Estados Unidos e no Reino Unido, o oitavo álbum de estúdio do Pink Floyd ainda pulsa como se tivesse sido criado… amanhã. The Dark Side of the Moon foi forjado nos palcos antes mesmo de ir pro estúdio. Concebido ao vivo, parido nas cordas e ecos do Rainbow Theatre, em Londres — antes de ganhar alma definitiva nos lendários estúdios EMI, hoje Abbey Road." 🎙️ [Som de passos em eco, barulho de fita cassete rebobinando] LOCUTOR: "A arte? Um prisma. A luz? Refratada. O som? Eterno. Criada por Storm Thorgerson e desenhada por George Hardie, a capa virou símbolo de uma geração — e depois de outra. E mais outra." 📈 [Som de moedas caindo, um heartbeat discreto, como em “Speak to Me”] LOCUTOR: "Com mais de 50 milhões de cópias vendidas no mundo todo, The Dark Side of the Moon é mais do que um álbum. É um portal. É o som da existência entre o nascer e o pôr do sol. É Pink Floyd em estado puro. É tempo. E agora… é o nosso tempo." 🎙️ [Vinheta sobe com a batida de “Time” ao fundo] LOCUTOR (com entusiasmo crescente): "Neste episódio especial do nosso podcast, vamos mergulhar fundo na criação, nos bastidores, nas curiosidades e no impacto cultural e espiritual desse disco que virou lenda. Porque há álbuns que se escutam… e há álbuns que nos escutam." 📻 [Fade-out com eco da palavra “Time…”]
sábado, 12 de julho de 2025 Conjuração internacional bolsonarista - Oscar Vilhena Vieira Folha de S. Paulo O objetivo do presidente americano é constranger o governo e intimidar o STF, que apenas cumpriu sua obrigação Aplicar o direito não é uma tarefa fácil, especialmente quando o peso da lei recai sobre pessoas poderosas ou que têm amigos poderosos. Juízes já foram mortos por condenar mafiosos, em países como a Itália ou a Colômbia; colocados na prisão por não atenderem as determinações de ditadores, como na Turquia ou no Irã; ou apenas afastados de seus tribunais por simplesmente não se curvarem aos poderosos de plantão, em diversas partes do mundo. O presidente americano vem promovendo há muitos anos um processo de intimidação e subordinação do Judiciário de seu país. A cada decisão contrária aos seus interesses, achincalha magistrados, acusando-os de "lunáticos esquerdistas". Seus apoiadores os ameaçam de impeachment. A juíza Ketanji Brown Jackson, da Suprema Corte, "teme pela democracia dos Estados Unidos". O ataque ao Poder Judiciário brasileiro, no entanto, consiste num novo capítulo na relação de populistas iliberais contra o estado de direito. Trata-se de uma inusitada tentativa de interferência na Justiça de um outro país. Na presente escaramuça, o presidente americano acusa o Supremo Tribunal Federal de perseguir Bolsonaro, ameaçando retaliar o Brasil com sua artilharia tarifária. O objetivo é constranger o governo e intimidar o Supremo, que apenas cumpriu sua obrigação de julgar Bolsonaro e golpistas, com base em uma lei aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo próprio Bolsonaro. Outros motivos, como a reunião do Brics, no Rio, ou a decisão do Supremo de aperfeiçoar o regime de responsabilidade das plataformas, também podem ter pesado na decisão americana. Tudo, porém, pode ser apenas uma bravata, para legitimar uma eventual fuga de Bolsonaro, ou mesmo a suspensão das taxas a seu pedido. A relação de populistas com o estado de direito e as instituições responsáveis pela aplicação da lei são sempre conflitivas. Populistas acusam a Justiça de impedi-los de realizarem a vontade do povo, do qual reivindicam ser os únicos e autênticos representantes. Sob o pretexto de defenderem a democracia, atacam o Estado de Direito. Conceitualmente, democracia e direito são coisas distintas. À democracia importa, sobretudo, a realização da vontade dos cidadãos. Ao direito, por sua vez, importa a criação de um sistema de regras, que contribua para estabilizar expectativas e conter o arbítrio. A convergência entre democracia e direito, que resulta na ideia de Estado Democrático de Direito, foi originalmente concebida por Rousseau, ao reivindicar que um governo somente seria legítimo se resultasse da vontade dos cidadãos, expressa por meio de leis. Nesse sentido, os cidadãos apenas seriam autônomos quando fossem capazes de se autogovernar, por meio das leis. Não é assim que pensam populistas. Para eles, somente a vontade da maioria, expressa pela palavra do líder, importa. Valorizam seus comandos. São avessos à ideia de uma ordem baseada na lei. Difícil entender como pessoas que dizem prezar a liberdade caem na esparrela de populistas. As ameaças do presidente americano ao Brasil, em defesa daqueles que atentaram contra nosso Estado Democrático de Direito, obrigará nacionalistas, conservadores, além da direita liberal brasileira, a tomar posição: ficarão a favor dos interesses nacionais, das nossas instituições, da agricultura e da indústria brasileira, ou ao lado daqueles que conjuraram contra o Brasil?

Nenhum comentário:

Postar um comentário