domingo, 20 de julho de 2025

ENTREATOS PARA O APOCALIPSE

Duas ou três almas? Poder do poder: a perda do poder desmiola a capacidade cognitiva de um pobre homem de carne e osso com muitas almas. A perda de poder abala a identidade e a razão de um homem dividido entre múltiplas versões de si mesmo.
Uma bandeira do Brasil rasgada, tremulando contra o céu — exatamente como descrita. Nela, o “Ordem e Progresso” aparece parcialmente destruído, reforçando a metáfora do país em tensão
Sanções de Trump ao Brasil miram a presença chinesa no continente Publicado em 20/07/2025 - 08:48 Luiz Carlos Azedo Argentina, Brasília, Chile, China, Economia, Eleições, EUA, Geografia, Governo, Índia, Itamaraty, Justiça, Memória, Paraguai, Partidos, Peru, Política, Política, Tecnologia, Trump, Uruguai Os Estados Unidos não têm condições de competir com a China em termos comerciais e de investimento, mas detêm o domínio do continente por meios financeiros, tecnológicos e militares Há mais coisas entre o céu e a terra do que os aviões da Embraer e o Pix, diria Aparício Torelli, o Barão de Itararé, sobre a crise comercial e diplomática do Brasil com os Estados Unidos, que pode se tornar uma das maiores de nossa história. Teve como gatilho o julgamento do Jair Bolsonaro, mas é multifacetada e, por isso mesmo, pode escalar ainda mais, em razão das medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes ao ex-presidente e referendadas pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Em resposta, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio (foto), revogou os vistos americanos de Alexandre de Moraes, “seus aliados e familiares imediatos”. “O presidente Trump deixou claro que seu governo responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos. A caça às bruxas política do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, diz a postagem de Rubio na rede social X. O envio de R$ 2 milhões por Jair Bolsonaro (PL) a Eduardo Bolsonaro é considerado um indício concreto da articulação entre pai e filho com o objetivo de interferir na atuação do Judiciário brasileiro, o que levou Moraes a adotar as medidas cautelares. Além do uso de tornozeleira eletrônica, Bolsonaro foi proibido de usar redes sociais e manter contatos com aliados políticos, diplomatas estrangeiros e o filho Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos para articular ações em defesa do pai, contra o Supremo e o governo Lula, como o tarifaço de 50% nas exportações. Leia também: “Se Brasil não resolver crise, não haverá eleição em 2026”, diz Eduardo Bolsonaro A crise comercial e diplomática é uma das mais graves de nossa história. Ainda não se compara à Questão Christie (1863-1865), provocada pelo naufrágio do Prince of Wales no litoral do Rio Grande do Sul e pela prisão de oficiais britânicos no Rio de Janeiro, o que resultou na apreensão de cinco navios brasileiros pela Grã-Bretanha. D. Pedro II rompeu relações com Londres por dois anos, gesto que fortaleceu o sentimento nacional, mas expôs a dependência econômica do Brasil ao comércio britânico. A Guerra do Paraguai (1864-1870), com o apoio ao golpe no Uruguai e a formação da Tríplice Aliança com a Argentina, reaproximou os dois países, porém o Brasil saiu da guerra endividado com bancos britânicos. Efeito dominó Todos os demais conflitos foram resolvidos pela diplomacia, sem guerras nem rompimento de relações. Desde as crises fronteiriças com a França (Guiana Francesa) e a Grã-Bretanha (Guiana Britânica), no começo da República, graças à habilidade do Barão do Rio Branco, o Brasil ocupa a posição de potência regional moderada na América do Sul. Entretanto, isso não impediu a ingerência britânica e norte-americana Revolta da Armada (1893-1894), com seus navios bloqueando a Baía de Guanabara. Na Segunda Guerra Mundial, o presidente Getúlio Vargas, cujo Estado Novo fora inspirado no fascismo, usou da diplomacia para se equilibrar entre as partes e, depois, tirar vantagens dos Estados Unidos ao Brasil entrar na guerra contra o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Houve interferência dos EUA (Operação Brother Sam) no golpe militar que destituiu o presidente João Goulart em 1964; 11 anos depois, o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha (1975) provocou forte oposição dos EUA, que temiam a proliferação nuclear e suspenderam créditos e tecnologia sensível. Na crise atual, todos os países que exportam para os Estados Unidos estão sendo atingidos pelo tarifaço de Trump, mas o caso do Brasil se diferencia pela natureza ideológica: o alinhamento político com Bolsonaro. O contexto geopolítico favorece a ofensiva da Casa Branca na América do Sul. O Brics somente é uma ameaça à hegemonia econômica dos Estados Unidos por causa da China. Brasil, Índia e África do Sul mantêm posição de equilíbrio. Leia mais: “O Brasil já está condenado como na Inquisição”, afirma Ricupero O Porto de Chancay, construído na costa do Peru pela China, é um empreendimento estratégico que se integra à iniciativa “Cinturão e Rota” (Nova Rota da Seda). A assinatura do acordo de construção de uma ferrovia bioceânica ligando-o aos portos do litoral brasileiro pode consolidar de vez a hegemonia comercial chinesa na América do Sul. Os Estados Unidos não têm condições de competir com os chineses em termos comerciais e de investimento, mas detêm o domínio geopolítico do continente por meios financeiros, tecnológicos e militares. É aí que entra em cena o secretário de Estado, Marco Rubio, senador pela Flórida e filho de imigrantes cubanos. Para ele, o presidente da Argentina, Javier Milei, e o ex-presidente Bolsonaro são peças-chave para mudar o jogo na América do Sul. Seu objetivo é impedir a reeleição do presidente Lula e redefinir a posição do Brasil como satélite dos EUA, com valores conservadores e alinhamento automático nas grandes disputas globais. Para provocar um “efeito dominó”, Rubio mira também a Colômbia, cujo presidente, Gustavo Petro, ex-guerrilheiro, classifica como figura “perigosa”, especialmente sobre temas como drogas e relações regionais, e o Chile, onde o presidente Gabriel Boric apoia Jeannette Jara, ex-ministra do Trabalho e dirigente do PC chileno, candidata à Presidência escolhida nas prévias da coalizão governista. Nas entrelinhas: todas as colunas no Blog do Azedo Compartilhe:
ESCALADA Trump abriu em Washington um inquérito com alvo em Brasília: Lula José Casado – Veja, 19/07/25 Havia tensão no governo e nas empresas com a guerra comercial global. Agora, predomina perplexidade com a perspectiva de destruição de riqueza. O acúmulo de contêineres sem destino nos portos nacionais permite um vislumbre das consequências de uma ofensiva mercantilista e perversa que, em duas semanas, pode levar ao colapso um fluxo de 100 bilhões de dólares anuais no comércio entre o Brasil e os Estados Unidos. Nesse ambiente tóxico, a capacidade de resposta brasileira permaneceu limitada por uma combinação de improviso e imprevidência política com anemia econômica. Lula preferiu acreditar que as ameaças ao país no ano passado não passavam de tapeação eleitoral de Donald Trump. Na fase de transição em Washington, resolveu restringir a comunicação às instâncias formais e inferiores da diplomacia, sem deixar espaço para outros canais de negociação com o novo governo. Nem se preocupou, na sequência, em traçar rotas alternativas para o país nesse novo mundo de confronto entre Estados Unidos e China, com fronteiras fechadas e guerra econômica contínua. Deve-se à oposição a primeira iniciativa no Congresso Nacional para habilitar um sistema de proteção no comércio exterior, em resposta à política de “tarifas recíprocas” anunciada por Trump na posse. Quem fez foi a senadora Tereza Cristina, do Partido Progressistas (PP) do Mato do Grosso do Sul, ministra da Agricultura no governo Jair Bolsonaro. Ela emendou um projeto do senador Zequinha Marinho, eleito pelo Partido Social Cristão do Pará, onde se previa reciprocidade comercial baseada em padrões da política ambiental. Lula demorou vinte semanas para sancionar a lei de defesa nacional no comércio exterior, aprovada em março no Senado e na Câmara. Só assinou depois que Trump amplificou a crise ao anunciar uma tarifa extraordinária (de 50%) em resposta ao julgamento da sua caricatura, Bolsonaro, por crimes contra a Constituição, entre eles o de tentativa de golpe de estado. Nada indica que Trump conseguirá resgatar Bolsonaro do banco dos réus do Supremo Tribunal Federal com o seu programa de proteção a ditadores amigos, na fina ironia do economista Paul Krugman. Porém, o estrago está feito. Ele é grande e vai durar algum tempo — no mínimo, os próximos três anos e meio, tempo que resta a Trump na Casa Branca. A boa notícia para o governo petista, no cenário de curto prazo sugerido pelas mais recentes pesquisas eleitorais, é que esse coquetel ruim de política externa com tarifas comerciais parece ter complicado ainda mais a vida de Bolsonaro, isolado um pouco mais os aliados na extrema direita, e, pode ter impulsionado a candidatura de Lula à reeleição. A má notícia para o Planalto é que Lula vai atravessar o ano e meio restante de mandato aprisionado na armadilha comercial de Trump. A tarifa alta pode até vir a ser reduzida, ainda assim seguirá a investigação aberta na semana passada contra o Brasil por supostas “práticas desleais” no comércio exterior. É um procedimento jurídico e administrativo de longa duração e, essencialmente, punitivo. Como observam consultores da Eurasia, sinaliza que o governo dos Estados Unidos está decidido a impor ao Brasil tarifas mais altas, com a possibilidade de que no final a taxação permaneça em níveis proibitivos para uma variedade de produtos. Num exemplo, a tarifa já anunciada (50%) quando aplicada à Embraer resulta em custo adicional de 50 milhões de dólares por avião no chão da fábrica, segundo cálculos iniciais da empresa. O inquérito comercial aberto em Washington é amplo o suficiente para permitir sanções ao Brasil pela reversão no Judiciário dos processos anticorrupção iniciados na Operação Lava-Jato. A USTR, agência responsável pela política comercial americana, argumenta: “Evidências sugerem que os esforços do Brasil para combater a corrupção enfraqueceram consideravelmente (…) Relatos indicam que promotores se envolveram em acordos obscuros para fornecer leniência a empresas envolvidas em corrupção e indicam conflitos de interesse em decisões judiciais.” Continua: “Em um caso amplamente divulgado envolvendo suborno de funcionários públicos para projetos públicos e lavagem de dinheiro, decisões de um juiz da Suprema Corte para anular as condenações atraíram críticas generalizadas. As evidências indicam que a falta de aplicação de medidas anticorrupção e a falta de transparência pelo Brasil podem prejudicar empresas americanas envolvidas em comércio e investimento no Brasil e levantam preocupações em relação às normas relativas ao combate ao suborno e à corrupção.” É um inquérito em Washington com alvo em Brasília: Lula. Apocalipse nos Trópicos | Trailer oficial | Netflix Brasil Netflix Brasil 30 de jun. de 2025 Apocalipse nos Trópicos, de Petra Costa - diretora do documentário indicado ao Oscar Democracia em Vertigem - estreia dia 14 de julho. No filme, a cineasta examina com profundidade a influência de líderes evangélicos na vida política do país. Assista na Netflix: https://www.netflix.com/title/81989009 José Dirceu em reunião secreta Políticos Brasileiros 29 de jun. de 2013 Na sala estão presentes Dirceu, Gilberto Carvalho, Duda Mendonça, Guido Mantega, Gushiken e outros. Dirceu falando: "-Domingo o Fox quer falar com Lula, porque a informação que o Fox tem do Fernando Henrique... Você tá gravando aí gente? Quem é esse pessoal?" Duda Mendonça: "-Não, não, é o pessoal do João, do documentário (...)" Dirceu se mostra incomodado, pergunta sobre quem é o tal João. Duda Mendonça explica. Mais irritado, Dirceu tira seus óculos e os põe sobre a mesa. Então, Duda Mendonça diz: "-Vamos, vamos... É altamente sigiloso, vamos deixar para discutir depois. Eles vão fazer uma cena e vão embora, não é isso?" Então diz Dirceu: "- Eles são de confiança..." Gilberto Carvalho corta com "-Absoluta" Dirceu: "-Mas, não existe confiança absoluta porque a fita do Lula sobre Pelotas acabou no horário do nosso inimigo." Alguém explica que é mantido sigilo, que são guardadas em cofre as fitas. Dirceu prossegue: "-Vai nessa... vai nessa. Se você soubesse aonde(sic) eu tô... Se você soubesse o que eu tenho das outras campanhas você não falaria isso". Então Dirceu tripudia: "- Gilberto Carvalho, pára com isso!" Transcrição Fim de Lula e Bolsonaro, novas lideranças em 2030 | com Sergio Fausto e Paulo Niccoli | Dois Pontos Estadão Compartilhar Estreou em 16 de jul. de 2025 Dois Pontos No Dois Pontos, especialistas analisam o desejo por novas lideranças e discutem quando o Brasil deve superar a polarização entre Lula e Bolsonaro Uma pesquisa recente da Genial/Quaest mostra que dois em cada três brasileiros defendem que o presidente Lula não dispute a reeleição em 2026. O levantamento também indica que a maioria espera que o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente inelegível, abandone o discurso de que será candidato para apoiar outro nome. Os dados revelam uma demanda por renovação política, ainda sem alternativas viáveis no cenário eleitoral atual. Parte da elite política e analistas avaliam que só a partir das eleições de 2030, quando Lula e Bolsonaro provavelmente estarão fora da disputa, o País começará a vislumbrar novas lideranças nacionais. Isso, no entanto, não significa que ambos deixarão de influenciar o processo eleitoral. Tanto o lulismo quanto o bolsonarismo devem continuar a repercutir mesmo após a saída de cena de seus principais líderes. Fenômeno semelhante ao observado após a morte de Getúlio Vargas, quando a política brasileira permaneceu dividida entre getulistas e antigetulistas. Para discutir o tema, o Dois Pontos desta semana recebe Sergio Fausto, diretor-geral da Fundação Fernando Henrique Cardoso, e Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). O episódio tem apresentação da colunista do Estadão, Roseann Kennedy, e participação do repórter de Política Zeca Ferreira. Produção Everton Oliveira Edição Beatriz de Souza Gravado no estúdio U360
A recente ameaça do presidente americano Donald Trump domingo, 20 de julho de 2025 Moraes x Trump: terceirização de um duelo ou inversão de papéis? - Paulo Fábio Dantas Neto* Riscos de otimismo desejoso são habituais a uma coluna que pretende comentar política, colada na conjuntura. Corri esse risco na semana passada, ao desenvolver e colocar no título do artigo, sem ressalvas suficientes, a interpretação do tarifaço ameaçado pelo presidente norte-americano contra a economia brasileira como uma segunda chance para o governo Lula acertar seu passo. Seguiu-se, entretanto, uma escalada de confrontos verbais e de mútuas medidas práticas de acirramento político. Aglutinação política de forças nacionais heterogêneas e negociação comercial no âmbito da diplomacia são as condições necessárias, vê-se que ainda ausentes, para que o título da coluna expresse realismo. A aglutinação chegou a se ensaiar até o início da semana, por uma articulação entre governo e setores do empresariado, com destaque ao agronegócio, e por uma manifestação de acatamento, por parte da cúpula do Poder Legislativo, do comando do Executivo nas operações de defesa econômica do país. Em ambas as situações, a interlocução pelo governo coube ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que parecia investido, ao mesmo tempo, em missão administrativa obrigatória do ministério que comanda e na missão política de expressar a posição do governo de enfrentar a situação com firmeza para rejeitar interferência externa na atuação dos poderes da república e flexibilidade para agir pragmaticamente no campo comercial, pela consciência de riscos inerentes a um confronto nessa seara. Nesse aparente duplo sentido, o vice-presidente chegou a fazer veicular uma carta que seria a resposta do governo à insólita carta de Trump de uma semana antes. Não faltaram aplausos ao tom da resposta, nos meios de comunicação. Jornais cujas posições são vistas como críticas ao governo não negaram apoio, inclusive editorial, e não pouparam de críticas setores e lideranças de oposição que apoiaram ou tergiversaram na rejeição à posição de Trump. Cresceu na sociedade solidariedade a um governo até então detentor de níveis precários de aprovação. Esse sentimento afetou o eleitorado, como pesquisas de percepção captaram. Mas o real sentido político dos movimentos de Alckmin, para cada vez maior número de analistas, parece ser o governo e o governador de São Paulo. Na trilha nacional anda outra carruagem. Ainda na terça-feira vieram os primeiros sinais de que o processo de aglutinação nacional empacaria. A reunião de representantes do governo e do Congresso com o ministro Alexandre de Moraes, em torno do impasse do IOF, terminou sem horizonte de acordo. Como aventado nesta coluna, pareceu faltar a Alcolumbre e Hugo Mota respaldo bastante nas duas casas legislativas para um recuo que a situação objetiva de vantagem do Executivo - criada pelo tarifaço e por reações destrambelhadas de oposicionistas - indicava caber ao Congresso. Sem poderem fazer um recuo que sugerisse também alguma concessão relevante do outro lado, deixaram a decisão com o STF. Deu o esperado: a posição do governo foi legitimada por Moraes, renovando, no Legislativo, a disposição de retaliação que setores mais radicais da oposição desejavam firmar, com sua resistência obstinada à objetividade dos fatos. No dia seguinte, os discursos e as votações em plenário deixaram clara a contrariedade com aquilo que a oposição considera aliança política entre governo e STF. Mas não apenas isso. Mantiveram o ambiente político suficientemente envenenado para, naquele mesmo momento, o bloqueio à continuidade da aglutinação ensaiada pelas incursões bem acolhidas de Alckmin tornar-se mais efetivo em cenas pessoalmente protagonizadas pelo presidente Lula. O que o presidente disse de principal na quarta-feira, em entrevista à CNN internacional, não merece reparo, já que declarou explicitamente os mesmos dois pontos (firmeza na defesa da soberania e disposição para negociar tarifas) que haviam sido salientados na carta do governo, divulgada por Alckmin. Mas é nos detalhes que o diabo se locupleta. Ali houve um dito desnecessário que levou a um não dito que seria importante dizer. A frase de efeito de que Trump não foi eleito imperador do mundo traduz uma verdade que não seria dita por um político realmente interessado num entendimento imediato. Ao ser proferida, revelou uma pretensão de colocar o suposto interlocutor num lugar espúrio, impedindo que a entrevista comunicasse um reconhecimento de legitimidade a um personagem que até as pedras sabem que não é dado a engolir desaforos. No plano da política interna o presidente foi um pouco mais além. Num pronunciamento em cadeia pelos meios de comunicação fez, mais do que um chamado, propaganda de uma mobilização nacional em defesa da soberania, como se ela estivesse em curso como obrigação cívica, passível de ser cobrada independentemente da condução política que lhe for imprimida. A fala tratou como coisas indistintas a defesa dos interesses do país e defesa do governo, elencando algumas realizações. Complementou essa postura lançando vago e geral anátema de traidores da pátria a políticos de oposição, que não nomeou. O protagonismo de Trump no acirramento do clima foi garantido pela carta de solidariedade dirigida a Bolsonaro, radicalizando os termos da carta anterior e, dessa vez, disparando contra o Brasil a acusação de sediar um “regime de censura”. Se a carta com as costumeiras digitais de Trump compôs, com a entrevista externa e a fala interna de Lula, um quadro de atiçamento do confronto, ainda assim ela mantinha Bolsonaro na posição de protagonista do duelo político interno. Ele não se fez de rogado e deu declarações públicas provocadoras, beirando o deboche, ao sugerir ao STF a liberação do seu passaporte para que fosse aos EUA resolver pessoalmente com Trump o problema das tarifas. No dia seguinte, o país amanheceu sabendo de uma operação policial, pedida pelo MPF e autorizada por Moraes, na casa de Jair Bolsonaro, incluindo aplicação de tornozeleira eletrônica no ex-presidente e uma série de proibições à sua circulação física e digital. A justificativa de indícios de fuga é crível diante dos antecedentes do réu, mas nem por isso a operação, naquele momento, deixou de adicionar um ingrediente altamente explosivo numa situação já incandescente. Ninguém tem direito à ingenuidade de imaginar que cada lance desse script de mútuo endurecimento é mera coincidência; que Lula, ao falar na véspera, estava distraído quanto ao agravamento da situação judicial de Bolsonaro; que a operação ordenada na manhã seguinte às falas do presidente e do ex poderia ter ocorrido antes ou depois; ou que Trump estivesse atirando a esmo, desinformado sobre a precipitação dos acontecimentos, quando deu a Bolsonaro a carta de que precisava para falar da hipótese de viajar em contexto distinto do de uma fuga. Fato é que, a partir da sexta-feira, com as medidas concretas de revogação de visto e outras sanções a Moraes e a indeterminados aliados seus no STF, tomadas pelo secretário de estado Marco Rubio, o processo saiu da raia protagonizada pelos dois políticos rivais - parte do embate pré-eleitoral entre governo e oposição com ingerência do presidente dos EUA - para ingressar no perigoso e imprevisível terreno do confronto político direto entre o governo daquele país e o Judiciário brasileiro. Confronto cujas dimensões institucionais não impedem que seja encarnado por atores espaçosos. Trump e Moraes falam e agem matando bolas no peito como protagonistas de um duelo mais mortal que o anterior. Se Trump não estiver blefando, a situação objetiva ameaça mais do que o processo político brasileiro. Põe sob xeque prático as instituições políticas e também as relações comerciais e diplomáticas. É inimaginável um cenário mais desafiador do otimismo do título do artigo da coluna da semana passada. Como tenho aversão e escrúpulos em escrever difundindo mensagens de amargura e desprovidas de esperança, paro por aqui nas especulações sobre desdobramento factual dessa conjuntura. Aguardemos. Mas é pertinente discutir questões de fundo que essa conjuntura suscita. Como fez hoje, dentre outros, o cientista político Pablo Ortellado, em seu artigo hoje (“O STF político por inteiro” – O Globo, 19.07.25). *** Se o raciocínio do título e do texto de Ortellado não tiver intenção crítica e até sarcástica para com a atuação do ministro Moraes, a aparência é de que o autor jogou a toalha quanto a esperanças de que a política encontre saídas para impasses políticos atuais. Se assim for, o autor não estará só, a julgar pelo fato de diversas análises convergirem para um diagnóstico de impotência da representação política, se ela não se fizer acompanhar de outras dinâmicas mais capazes de ampliação social do sistema político. Por essa interpretação, Ortellado estaria, possivelmente, próximo a admitir a legitimação intelectual da ideia de “contrademocracia" como uma realidade sociológica e um complemento normativo necessário às democracias representativas, para deter o que seria seu atual processo de deslegitimação política. Essa ideia foi teoricamente desenvolvida em 2006, num livro recentemente publicado no Brasil (“A contrademocracia: a política na era da desconfiança”, Atelier de Humanidades, 2022), primeiro de quatro livros que o historiador e sociólogo francês Pierre Rosanvallon dedicou a mutações democráticas atuais. Pode ser vista, com alguma reserva, como justificativa sociológica para um acréscimo ao poder contramajoritário que classicamente é atribuído ao Judiciário em constituições como a nossa. No caso, instituições amparadas na contrademocracia serviriam também à demanda simetricamente oposta de reforço pós-liberal à soberania de uma maioria democrática antes que uma maioria eleitoral possa, eventualmente, desestabilizá-la. O ativismo Judiciário poderia, teoricamente, cumprir papel que ideias de democracia direta, ou "participativa" não conseguiram justificar, nem tornar realidade empírica. Sem autorização certa do próprio Rosanvallon, a ideia de protagonismo de atores e instituições de contrademocracia vem tendo crescente aceitação por parte de uma esquerda acadêmica desencantada com a política. Parece vingança tardia (e "bem compreendida") da noção de vontade geral de Rousseau contra, simultaneamente, diversas outras, de pensadores liberais consagrados como Tocqueville, Stuart Mill, Robert Dahl e a tradição liberal-conservadora da chamada “liberdade inglesa”. A contrademocracia comporia, ao lado das instituições da representação política por ela interpeladas, uma espécie de democracia mais "horizontal", que não prescinde, paradoxalmente, de uma esfera pública robusta, como aquela que simbolicamente pode ser afirmada por um personagem como o ministro Alexandre de Moraes. Essa esfera pública robusta, fiadora da autoridade democrática, pode ser vista como um tanto quanto despótica, da perspectiva do liberalismo político. Talvez não seja essa a perspectiva de Ortellado, que não pode ser deduzida arbitrariamente do seu artigo. Por isso é preciso deixar de pé a hipótese de que ele faz uma crítica usando o sarcasmo como estratégia argumentativa. Mas seguindo ainda a sugestão de que o STF, de um modo geral e o ministro Moraes, em particular, estariam agindo como institucionalizadores de contrademocracia, cabe seguir tentando entender do que se trata, para além de duelos políticos conjunturais. Partindo anteriormente de perspectiva distinta de Rosanvallon, o cientista político estadunidense Robert Dahl falava, em sua teoria da poliarquia, atualizada em finais do século passado (“A democracia e seus críticos”, de 1989, publicado pela Martins Fontes, em 2012), de "quase-guardiania", como instituições a princípio não democráticas, para ele aceitáveis e necessárias para proteger minorias de impulsos despóticos de governos assentados em maioria eleitoral, desde que dentro de limites que não anulem a primazia do princípio da maioria. O último caso caracterizaria uma guardiania, incompatível com uma poliarquia. É possível interpretar o sentido de poderes do STF como “quase-guardiania”. Pelo que posso entender de Rosanvallon, a ideia de Dahl não satisfaz porque não acolhe componentes antissistêmicos de sentimentos públicos rebeldes hoje relevantes nas democracias. Atitudes igualmente rebeldes como vigilância civil ativa de mandatos e governos representativos; impedimento de decisões políticas por movimentos contestatórios e demandas de penalização de atores políticos pelo Judiciário tornam politicamente delicada a busca de legitimação e institucionalização de sentimentos e atitudes rebeldes. Como reconhece o próprio Rosanvallon, a radicalização desses impulsos pode disseminar e legitimar, de roldão, concepções e práticas de uma “política pura do impolítico”. Aí estaria uma linha tênue a separar os populismos de extrema-direita das várias interpelações, mais ou menos populistas, de vertentes progressistas e de esquerda. Estariam, uns e outros, distanciados da perspectiva da democracia representativa liberal. Esta, por sua vez, segue procurando enfrentar, com suas regras e valores, esses sentimentos tendentes a enfraquecê-la. Um enfraquecimento por infecção é, obviamente, a implantação de regimes iliberais, como se fez na Hungria, tenta-se fazer nos EUA e presumivelmente seria feito no Brasil se Bolsonaro pudesse voltar. Nesse "se" diferencial reside a legitimação de Moraes como encarnação de um bem que refrata um mal. Mas não se pode deixar de interpelar o equilibrismo dessa sociologia histórico-política, pensando que pode haver também fagocitação, por distintos atores da democracia representativa, em aliança tácita, não por conspiração, embora acertos entre eles possam ocorrer. Tal processo permitiria: A) constranger mandatos eletivos em prol de imperativos sociais; B) tornar eficaz a contestação pública do sistema por movimentos de ação direta; C) judicializar radicalmente a política, com hipertrofia de poderes judiciais. Estaremos vendo fantasmas se virmos no Brasil de hoje, ao menos uma confluência de "A" e um quase "C"? Se sentimentos contestatórios de alta intensidade ganharem as ruas também, então poderemos ter a aliança completa para uma fagocitação da democracia representativa. Como se desmemoriados do que se passou no Brasil há menos de uma década, estamos costeando o alambrado de um novo exercício de exorcismo dos demônios da política. Até aqui, o que tem salvo a política representativa desse novo abalo desconstrutor é sua aliança tácita com o ceticismo popular, recentemente ampliado. Mas até quando? Se não surgir algum tipo de laço carismático para tornar mais sólida essa aliança entre políticos e eleitores não alistados na guerra em curso, poderemos ter, em 2026, na melhor das hipóteses (a pior, não se pode nem imaginar), a prorrogação do ponto morto em que nos encontramos. Ponto morto e pantanoso, disfarçado pela pirotecnia de embates entre fabulações polares e tortas sobre o Brasil real. Apesar de presságios de amargura, posições moderadas do centro à centro-direita seguem interessadamente condescendentes com a falta de acuidade estratégica da oposição, crendo piamente que ela será capaz, em suas mesquinharias, de se unificar nas eleições, fora da sombra extremista de Bolsonaro e da sua ampla reputação de golpista da democracia, agora reforçada pela condição de conspirador contra a soberania do país. Condescendência análoga grassa do centro à centro-esquerda, onde se parece crer que a perspectiva de uma renovação "biológica" em 2030 justifica atrelamento acrítico e paralítico a uma estratégia de facção que não distingue minimamente obrigações de governo de propósitos de reeleição do seu chefe ou da eleição de quem ele ungir com seus santos óleos. A situação é ainda mais perigosa que a indicada por essas mornas omissões interessadas de moderados dos dois campos. Os carismas cadentes de Lula e Bolsonaro parecem terceirizar seu duelo para mantê-lo vivo. Apelam, respectivamente, a Moraes e a Trump. O que esperar daí? Que esses supostos terceiros se comportem razoavelmente e sirvam apenas de biombos a protagonistas políticos declinantes? Ou seus desempenhos podem levar a uma inversão de papéis entre protagonistas e coadjuvantes? É assustador assistir a simultâneos flertes dos polos de nossa elite política com o sacrifício da soberania nacional de um lado, e com a tutela judicial da democracia política, de outro. Noves fora Dahl e Rosanvallon, não haverá teoria que nos imunize contra efeitos dessa indigência política prática. *Cientista político e professor da UFBA
TÍTULO: Entre duas ou três almas: interseções entre imagem, identidade e o conto “O espelho”, de Machado de Assis RESUMO: O presente artigo propõe uma leitura intersemiótica entre a narrativa machadiana “O espelho” (1882) e uma representação visual contemporânea que tematiza o problema da constituição identitária por meio do espelhamento e da cisão subjetiva. A partir da teoria das duas almas formulada pelo personagem Jacobina — uma voltada ao mundo interior e outra dependente da projeção social —, busca-se compreender como a imagem gerada atualiza e expande a hipótese machadiana ao incorporar um terceiro elemento: o olhar do outro. Com base em fundamentos da crítica literária, da psicanálise lacaniana e da filosofia social, argumenta-se que a construção do sujeito é um processo instável e socialmente condicionado, mediado não apenas pelo reflexo, mas também pela presença observadora que o legitima ou o anula. Palavras-chave: identidade; espelho; Machado de Assis; imagem; subjetividade; intersemiose. 1. Introdução O conto “O espelho”, de Machado de Assis, publicado originalmente em 1882, é um dos textos mais emblemáticos da literatura brasileira no que diz respeito à problematização da identidade e à relação entre interioridade e representação social. Estruturado em camadas narrativas sobrepostas e permeado por fina ironia, o texto propõe, sob a forma de uma “teoria da alma humana”, uma reflexão sobre a forma como nos constituímos não apenas por quem somos, mas por como somos vistos. Neste artigo, propõe-se um diálogo entre esse conto e uma imagem contemporânea de caráter alegórico e surrealista, que retoma visualmente os conceitos centrais da narrativa machadiana: o espelho como instância de reconhecimento e ruptura, a dissociação entre aparência e essência, e a presença de um olhar exterior que influencia, dirige ou confunde a formação do “eu”. 2. O conto e a teoria das duas almas No centro da narrativa encontra-se Jacobina, um homem de meia-idade que, durante uma tertúlia filosófica, propõe a seus interlocutores uma teoria sobre a alma humana. Para ele, cada indivíduo é composto por duas almas: “uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro”. A experiência que fundamenta essa teoria remonta à juventude do personagem, quando, recém-nomeado alferes, passou um período isolado em um sítio da tia Marcolina. Lá, após dias sem contato com pessoas e sem vestir a farda, Jacobina sente como se houvesse perdido uma parte de si — só reencontrada quando se vê, uniformizado, diante de um espelho. A metáfora das duas almas articula a tensão entre subjetividade e reconhecimento social. A chamada “alma interior”, ligada ao âmago da identidade, revela-se instável e silenciosa diante do peso da “alma exterior”, que depende da aprovação e do papel social. Tal como em outros contos machadianos, a crítica à máscara social e à superficialidade das relações é pungente e ambígua: embora apresentada pela voz autoritária de Jacobina, é o narrador que, entre ironias, induz o leitor a desconfiar do próprio discurso que se apresenta como verdade. 3. A imagem como alegoria contemporânea A imagem analisada apresenta uma cena dividida em três planos. À esquerda, um homem vestido com macacão vermelho e boné azul encara seu reflexo no espelho, que lhe devolve uma figura invertida — macacão azul e boné vermelho — simbolizando o deslocamento identitário entre o ser e a imagem percebida. À direita, observa-se uma terceira figura, vestida com um terno multicolorido e chapéu panamá, cujos olhos se dirigem de forma ambígua tanto para o homem real quanto para o homem refletido. A legenda da imagem — “Duas ou três almas?” — evoca diretamente a teoria de Jacobina, mas amplia o problema ao sugerir a presença de uma possível terceira instância de subjetivação: o olhar do outro. A sublegenda — “Poder do poder: a perda do poder desmiola a capacidade cognitiva de um pobre homem de carne e osso com muitas almas” — atualiza criticamente a metáfora machadiana, associando a fragmentação do eu à perda de posição social e à consequente desorientação psíquica. O indivíduo aqui já não é apenas dividido entre essência e aparência, mas esfacelado sob o peso de múltiplas projeções, exigências e papéis. 4. O espelho como mediação identitária Assim como no conto de Machado, o espelho na imagem não é mero objeto passivo, mas um agente simbólico que catalisa a cisão identitária. A função do espelho é dupla: ele tanto devolve uma imagem que reconstrói o sujeito conforme seu desejo de coerência, quanto denuncia a artificialidade dessa construção. Na leitura lacaniana, o “estádio do espelho” é um momento constitutivo do eu, em que a criança reconhece sua imagem como totalidade, ainda que esse eu seja uma ilusão. No conto, Jacobina só se reconhece ao vestir novamente sua farda, cuja função não é de proteção corporal, mas de legitimação social. Sem ela, ele é apenas um corpo; com ela, torna-se um “eu” com lugar no mundo. A imagem contemporânea, ao inverter cores e propor um observador externo, reforça essa dinâmica e introduz um elemento inquietante: a presença do outro como instância normatizadora. Não há identidade sem espelho, mas tampouco há espelho sem plateia. 5. Considerações finais A leitura intersemiótica entre “O espelho” e a imagem analisada permite identificar uma poderosa articulação entre literatura, artes visuais e crítica social. Ambas as obras revelam a instabilidade constitutiva da identidade humana, seu caráter relacional e profundamente dependente das instâncias de reconhecimento externas. A ampliação da teoria das duas almas para uma hipótese de três almas — ou mais — sugere a intensificação contemporânea do processo de fragmentação subjetiva. Machado de Assis, com sua ironia sutil, já denunciava no século XIX o império das aparências. A imagem atualizada, por sua vez, sugere que, em tempos de sobreposição de papéis, vigilância constante e crise de autoridade, a alma exterior não apenas suprime a interior, mas multiplica suas exigências, tornando o sujeito refém de um espelhamento sem fim. Referências ASSIS, Machado de. Papéis Avulsos. Rio de Janeiro: Garnier, 1882. LACAN, Jacques. Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. ROUANET, Sérgio Paulo. A razão cativa: as ilusões da liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. SISTEMA POLIEDRO. Análise de "O Espelho", de Machado de Assis. [Disponível em plataforma educacional] ZIZEK, Slavoj. O sujeito incômodo: Lacan através dos tempos. São Paulo: Boitempo, 1999. Bandeira do Brasil hasteada na Esplanada dos Ministérios está rasgada Exposta na Alameda dos Estados Lei proíbe bandeira deteriorada Governo do DF é o responsável Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/brasil/bandeira-do-brasil-hasteada-na-esplanada-dos-ministerios-esta-rasgada/) © 2025 Todos os direitos são reservados ao Poder360, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia são proibidas.
Bandeira brasileira rasgada no mastro na Alameda dos Estados, em frente ao Congresso Nacional Sérgio Lima/Poder360 - 11.set.2020 Sérgio Lima de Brasília 11.set.2020 (sexta-feira) - 19h23 atualizado: 29.abr.2021 (quinta-feira) - 14h19 A bandeira do Brasil hasteada na Alameda dos Estados, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, está rasgada. A Lei 5.700 de 1971 proíbe a apresentação da bandeira nacional em mau estado de conservação. A prática é considerada “manifestação de desrespeito” e punível com multa. A mesma lei diz que as bandeiras deterioradas devem ser entregues a uma unidade militar –que se encarrega de fazer a incineração no Dia da Bandeira (19 de novembro). A troca das bandeiras na Alameda dos Estados é competência da Secretaria de Turismo do Distrito Federal. A reportagem do Poder360 pediu manifestação do órgão, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço permanece aberto. Veja imagens registradas nesta 6ª feira (11.set.2020) pelo Poder360:... Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/brasil/bandeira-do-brasil-hasteada-na-esplanada-dos-ministerios-esta-rasgada/)
Acervo Documentário Entreatos: Todos os homens do presidente Lula Documentário mostra os últimos dias da campanha de 2002 de Lula à presidência Cíntia Cristina Da Silva Publicado em 01/11/2006, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36 Aventuras na História - Arquivo Aventuras Durante 30 dias, o cineasta João Moreira Salles acompanhou de perto os bastidores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da República em 2002. O resultado pode ser visto em Entreatos, agora em DVD. Lançado nos cinemas em 2004, esse documentário histórico tem um outro filme como extra na versão em DVD. É Atos, que traz imagens de comícios e outras cenas que ficaram de fora da produção original. Quatro anos após sua produção, Entreatos continua mais vivo do que nunca. Tanto é assim que um até então desconhecido Freud Godoy abre a cena. O ex-assessor da Secretaria Particular de Lula, afastado em setembro por conta de denúncias de compra de um dossiê, aparece falando com o futuro presidente. José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, não gosta nada da intromissão de uma câmera em reuniões e diz que “se soubessem o que ele tem na gaveta de outras eleições” ninguém permitiria que se fizesse um filme da campanha. Por aqui também marcam presença Delúbio Soares e Antonio Palocci, que chora emocionado quando é feito o anúncio oficial da vitória de Lula. Sem qualquer intromissão – o diretor só filma, não faz perguntas –, a câmera de Salles acompanha o futuro presidente e sua comitiva em viagens de avião por diversos estados do país. Registra reuniões, filma o candidato em sua casa em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, mostra as gravações dos programas políticos, a preparação para o debate e até a escolha da gravata. Ali está o Lula que lembra seu passado operário e que diz, sorrindo para a câmera, como, em seus tempos de metalúrgico, tomava quatro cachaças antes do almoço. Diversos dos episódios tratados no filme seriam debatidos publicamente nos quatro anos seguintes – no caso específico da bebida, com direito a matéria no The New York Times seguida da tentativa de expulsar do país o repórter americano que fez o texto. Além da importância histórica incontestável, Entreatos também suscita uma série de reflexões. Talvez a mais importante esteja relacionada ao que aconteceu com a esperança que a vitória do presidente operário provocou no Brasil há exatos quatro anos. Entreatos Direção: João Moreira Salles, 2002 Distribuição: Videofilmes

Nenhum comentário:

Postar um comentário