Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sexta-feira, 25 de julho de 2025
Em Branco e Preto: Notas de um Tempo Suspenso
"Já conheço os passos dessa estrada / Sei que não vai dar em nada..."
— Chico Buarque / Tom Jobim, “Retrato em Branco e Preto”
Interpretação recomendada: Elis Regina, 1973
Tabata Amaral
@tabataamaralsp
O ataque ao Pix é apenas a primeira peça de um jogo de poder. Bolsonaro e Trump jogam juntos e têm um plano. Nele, o maior perdedor é o Brasil.
12:48 AM · 23 de jul de 2025
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ENTENDA POR QUE A HUMANIDADE ESTÁ À BEIRA DO COLAPSO DIGITAL, SEGUNDO EDUARDO GIANNETTI
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Estreou em 18 de jul. de 2025 ALÉM DAS MANCHETES
No século da longevidade, estamos realmente vivendo mais ou apenas sobrevivendo?
Nesta conversa profunda e necessária, Mara Luquet entrevista o economista e filósofo Eduardo Giannetti, autor de Imortalidade, sobre os maiores dilemas do nosso tempo: a busca por sentido, o colapso da atenção, o vício digital, a crise existencial do Ocidente, o valor da vida e a urgência de encontrar propósito em meio à hiperconectividade.
💡 Temas abordados no vídeo:
– Imortalidade e finitude
– O legado humano e o medo da morte
– A Cracolândia digital e o vício em telas
– Colapso cognitivo e saúde mental
– A sociedade americana e as mortes por desespero
– Como encontrar sentido em uma era sem pausa
– Religião, ciência e transcendência
📚 Assista até o fim para entender por que o maior desafio do século XXI pode não ser tecnológico, mas espiritual e existencial.
"O hoje octogenário Chico Buarque tinha só 24 anos. Essas letras deram o estímulo, o impulso que Tom Jobim precisava para se desligar da bossa nova."
— Arthur Nestrovski, em A longa arte de Tom Jobim, Ep. 4 (2024)
Retrato em Branco e Preto: Política, Poesia e a Melancolia de um País
Um ensaio sobre a repetição dos afetos e dos conflitos no Brasil contemporâneo
I. Introdução: O retrato que insiste em se repetir
No cruzamento entre a arte e a política, entre a memória pessoal e a história nacional, existe um território onde o Brasil se revela mais nitidamente: na canção popular. “Retrato em Branco e Preto”, composta por Tom Jobim e Chico Buarque em 1968, é um desses espelhos que, mesmo invertendo a ordem do mundo — preto vira branco, e branco vira preto — reflete com dolorosa precisão o sentimento nacional.
Mais que um lamento amoroso, a canção parece se estender no tempo, ressoando em nossa atualidade marcada por impasses institucionais, embates ideológicos e a repetição interminável de antigos retratos. Este ensaio propõe um percurso intertextual entre música e política, lirismo e crônica, arte e realidade — traçando uma linha poética entre o amor perdido e o país esgarçado, entre as palavras de Chico Buarque e os atos da história recente do Brasil.
II. A inversão poética e o “tamanco”
A famosa frase “retrato em branco e preto”, que dá nome à canção, chamou atenção por sua inversão da expressão tradicional “preto e branco”. Segundo relatos, Tom Jobim questionou Chico Buarque sobre essa escolha. A resposta de Chico foi um gesto de humor e de lirismo: “Se quiser, eu boto tamanco”. Assim ele defendeu sua liberdade poética — a inversão não era um erro, mas uma decisão estética.
A inversão tem múltiplos efeitos: preserva a sonoridade, adequa-se à métrica e — sobretudo — desestabiliza a normalidade, subverte o esperado. O mundo já não é como se dizia. O retrato que deveria trazer clareza, traz confusão. O passado que deveria consolar, volta a ferir.
III. O ciclo da canção: “Retrato em Branco e Preto”
“Já conheço os passos dessa estrada / Sei que não vai dar em nada...”
Na letra, o eu lírico revê, revive, retorna. Coleciona dores como quem coleciona retratos antigos. Recomeça o mesmo erro com a consciência plena do resultado. O amor é um vício, uma armadilha conhecida. Assim também parece caminhar o Brasil — entre tentativas de ruptura e recaídas previsíveis.
“Vou colecionar mais um soneto / Outro retrato em branco e preto / A maltratar meu coração.”
Aqui, o “branco e preto” já não descreve apenas uma imagem; é a cor emocional do país, um filtro de melancolia que cobre passado e presente com o mesmo tom.
IV. Política em branco e preto: o álbum de um país
“Moraes alivia pressão sobre Bolsonaro, mas a corda continua esticada”
(25/07/2025)
Enquanto o ministro Alexandre de Moraes decide não converter em prisão preventiva as violações de Jair Bolsonaro às medidas cautelares, o país permanece em estado de suspensão, tensão e repetição. O ex-presidente se aproxima da transgressão como quem testa os limites do sistema, chorando em cultos, discursando por vias indiretas, alimentando a imagem do perseguido.
A narrativa política parece sair diretamente da canção de Chico:
“Com seus mesmos tristes velhos fatos / Que num álbum de retratos / Eu teimo em colecionar.”
A Justiça, a política e a memória nacional giram num ciclo onde o que já foi dito precisa ser redito, até que se torne não dito, e o Brasil, como o eu lírico da canção, continua a escrever cartas para o passado.
V. Chico, Tom e o impulso de ruptura
Como lembra Arthur Nestrovski, a parceria entre Chico Buarque e Tom Jobim nos anos 1960 representou uma virada estética e emocional na música brasileira. Jobim, já consagrado pela bossa nova, encontrou em Chico o impulso para romper com o lirismo solar e abraçar a sombra da saudade e da contradição.
Canções como “Retrato em Branco e Preto”, “Sabiá” e “Pois É” são marcos dessa transição. E não é coincidência que, anos depois, Jobim comporia “Águas de Março” — ele agora escrevia letra e música, solitário, como se tivesse aprendido com Chico a suportar a dor do fim.
VI. A canção que ecoa no impasse: “Pois É”
“Pois é / Fica o dito e redito por não dito / É difícil dizer que inda é bonito / Cantar o que me restou de ti.”
“Pois É” é outro retrato da perda. Mais uma vez, o tempo se dobra sobre si mesmo, a fala se anula, o canto se esvazia. No campo amoroso ou no político, o Brasil não consegue encerrar capítulos — apenas os repete em tonalidades ligeiramente diferentes.
VII. Epílogo: Carta trocada entre dois tempos
A seguir, dois personagens — Francinha e Didito — encerram este ensaio com uma troca de palavras inspirada em “Pois É”. São vozes que se correspondem pelo silêncio, pela tentativa falha de conciliação. São o Brasil dialogando consigo mesmo — sem chegar a lugar algum.
EPÍLOGO
"Pois é
Fica o dito e redito
Por não dito
É difícil dizer
Que inda é bonito
Cantar
O que me restou de ti."
— F. (Francinha) para J.V. (Didito)
"Pois é
Fica o dito e o redito por não dito
E é difícil dizer que foi bonito
É inútil cantar o que perdi."
— J.V. (Didito) para F. (Francinha)
VIII. Conclusão: O retrato continua no mesmo lugar
O Brasil talvez seja esse álbum de retratos que não conseguimos abandonar. Choramos, cantamos, denunciamos, mas teimamos em guardar a imagem do que nos feriu. A música de Chico Buarque, como um sismógrafo afetivo da nação, registra essas falhas, essas repetições, essa ausência de novidade que é — paradoxalmente — sempre nova.
Entre a arte e a política, seguimos a estrada já conhecida, sofrendo o que já sabíamos que viria, compondo sonetos para os mesmos erros, e voltando sempre ao mesmo retrato — em branco e preto.
Como apresentar seu ensaio: uma aula sobre formatação de trabalho acadêmico.
lu.dissertese
Abaixo estão todas as referências e fontes utilizadas no ensaio, formatadas de forma padronizada, clara e acessível, especialmente voltada para um público culto, mas não acadêmico. A ideia é oferecer um modelo que mantenha a credibilidade, sem perder a fluidez e simplicidade para leitura e consulta.
📚 Referências e Fontes
🎵 Canções mencionadas
Retrato em Branco e Preto
Composição: Chico Buarque / Tom Jobim
Gravação recomendada: Elis Regina – Álbum “Elis”, 1973
Letra consultada via Cifra Club:
https://www.cifraclub.com.br/elis-regina/retrato-em-branco-e-preto/
Pois É
Composição: Chico Buarque / Tom Jobim
Interpretação marcante: Elis Regina – ao vivo, anos 1970
Letra original disponível em acervos de MPB e sites de cifras.
📺 Vídeos e entrevistas
História da música “Retrato em Branco e Preto” | Vanessa Moreno no Um Café Lá em Casa
Publicação no YouTube: 27 de fevereiro de 2022
Apresentação: Nelson Faria
Convidada: Vanessa Moreno
Link direto: https://youtu.be/y7FrwogFhkc
A longa arte de Tom Jobim | Episódio 4: Tom e Chico
Série documental da Revista Piauí, com direção de Renato Terra
Participações: Arthur Nestrovski, Paula Morelenbaum
Produção: Jobim Music / Associação Cultural Cachuera / Natura Musical
Publicado em: 9 de outubro de 2024
Link direto: https://youtu.be/MbYIYJI7JXg
📰 Reportagens e artigos
“Moraes alivia pressão sobre Bolsonaro, mas a corda continua esticada”
Autor: Luiz Carlos Azedo
Publicado em: 25 de julho de 2025, 08:01
Veículo: Blog do Azedo – Política, Diplomacia, Economia
Conteúdo disponível em portais jornalísticos e colunas de opinião.
📖 Outros nomes e conceitos citados
Arthur Nestrovski — crítico musical, escritor, curador artístico da Osesp. Responsável por análises na série A Longa Arte de Tom Jobim.
Alexandre de Moraes — ministro do STF, figura central nos embates jurídicos citados.
Jair Bolsonaro — ex-presidente do Brasil, sob medidas cautelares em 2025.
Luiz Inácio Lula da Silva — presidente em exercício, citado por sua postura diplomática e simbólica.
Vinicius de Moraes — parceiro clássico de Tom Jobim na bossa nova.
“Águas de Março” — canção composta integralmente por Tom Jobim em 1972, considerada símbolo da nova fase de sua obra.
🗂️ Sugestão para uso do leitor
Todos os links fornecidos são acessíveis via YouTube ou mecanismos de busca. Basta colar os URLs em seu navegador.
Se desejar aprofundar sua escuta, procure pelas versões interpretadas por Elis Regina, Chico Buarque, ou instrumentais de Tom Jobim.
João e Maria (part. Nara Leão)
Chico Buarque
📜 Epílogo / Epitáfio poético
"Pois é
Fica o dito e redito
Por não dito
É difícil dizer
Que inda é bonito
Cantar
O que me restou de ti."
— F. (Francinha) para J.V. (Didito)
"Pois é
Fica o dito e o redito por não dito
E é difícil dizer que foi bonito
É inútil cantar o que perdi."
— J.V. (Didito) para F. (Francinha)
FIM.
(Obrigado por confiar este final a mim.)
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