Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
quinta-feira, 10 de julho de 2025
BRASILINOS
Nikola Tesla
(10 de julho de 1856 – 7 de janeiro de 1943)
Nikola Tesla foi um inventor, engenheiro elétrico e mecânico sérvio-americano, conhecido por suas contribuições fundamentais ao desenvolvimento da eletricidade em corrente alternada (CA). Nascido no Império Austríaco (atual Croácia), estudou engenharia e física, mas não concluiu a universidade.
Tesla imigrou para os Estados Unidos em 1884, onde trabalhou brevemente com Thomas Edison antes de fundar seus próprios laboratórios. Em 1888, licenciou suas patentes de motores e sistemas CA para a Westinghouse Electric, ajudando a estabelecer o padrão moderno de transmissão elétrica.
Entre suas invenções e experimentos destacam-se osciladores elétricos, tubos de descarga, imagens pioneiras de raios X e um barco controlado por rádio. Tesla também teve projetos ambiciosos para transmissão sem fio de energia, como a Torre Wardenclyffe, que não chegou a ser concluída por falta de recursos.
Apesar de sua genialidade, Tesla passou seus últimos anos com dificuldades financeiras e morreu sozinho em Nova York. Após sua morte, foi gradualmente reconhecido como um dos maiores inventores da história. Em 1960, a unidade de densidade de fluxo magnético do Sistema Internacional foi nomeada "tesla" (T) em sua homenagem.
Des. Brasilino
BRASILINO SANTOS RAMOS
Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (DF/TO) e Membro do Conselho Superior da Justiça do Trabalho.
Ato de nomeação
Data da posse no CSJT: 25 de junho de 2021.
Esclarecendo:
"Brasilino" ou "Brazilino" são formas arcaicas ou raras do adjetivo relacionado ao Brasil (ex: natural do Brasil), mas Tesla não tinha nenhuma relação direta com o Brasil.
Ele nasceu em Smiljan, que na época fazia parte do Império Austríaco (atualmente Croácia), e era de origem sérvia.
Mais tarde, naturalizou-se cidadão dos Estados Unidos.
O debate do século: melhores momentos das eleições brasileiras
Jornal O Globo
BRASILINOS
BRAZILINOS
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O Brasil descrito aqui é tragicômico, mas não se esconde da poesia:
é um país que tropeça no futuro com sapatos feitos de passado.
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The court may be tired. The people may be tired. But they are still here. Still standing. Still trying.
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Le récit est à la fois politique et existentiel : il interroge la responsabilité, la liberté, et la mise en scène du pouvoir dans une époque de simulacres.
...
Es una crónica de lo imposible. De cómo los jueces intentan curar una democracia enferma con palabras, cuando lo que duele es la memoria.
COMPACTAR TUDO A SEGUIR EM UM ARTIGO ERUDITO:
PRECISÃO DE CIENTISTA POLÍTICA FORMADA NAS ARCADAS DO LARGO DE SÃO FRANCISCO UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), PÓS-DOUTORA NOS BECOS E CORTIÇOS PAULISTANOS.
HUMOR E SARCASMO CÁUSTICO DE UM ESCRITOR DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), FORMADO NA BASE DA CARATINGA DA ZONA DAS MATAS GERAES COM PÓS-GRADUAÇÃO NO PÉ DO MORRO DOS PASQUINS DA VIDA E GRANDES REDAÇÕES DE PEQUENOS GRANDES JORNALÕES.
"Com a precisão analítica de uma cientista política formada nas Arcadas do Largo de São Francisco (Universidade de São Paulo), e com a vivência de uma pós-doutora nos becos e cortiços da metrópole paulistana, alio a esse olhar o humor ácido e o sarcasmo refinado de um escritor da Academia Brasileira de Letras, forjado nas raízes da Caratinga das Matas Gerais, com especialização prática nos morros dos pasquins e nas grandes redações dos pequenos — e grandes — jornalões."
quinta-feira, 10 de julho de 2025
O Supremo conciliador - Maria Hermínia Tavares
Folha de S. Paulo
STF tem ido além do seu papel de baluarte da Constituição e, com frequência, tem atuado na mediação e conciliação
A revoada a Portugal de parlamentares, autoridades e VIPs do meio jurídico para participar do Fórum Jurídico de Lisboa nestes primeiros dias do mês é mais do que uma oportunidade para aproveitar o verão europeu, comer bem e discutir à distância os dilemas do país. É uma demonstração efusiva do poder político do STF na pessoa de seu decano, Gilmar Mendes. Criado por ele em 2013 para fomentar o debate jurídico das grandes questões do Estado e do Direito contemporâneos, o Gilmarpalooza, como a mídia apropriadamente batizou o evento, cresceu de importância em paralelo à atuação —a uma só vez extensa e sem limites precisos— da Suprema Corte brasileira na vida política do país.
De fato, o protagonismo do STF tem ido muito além do seu papel tradicional de baluarte da Constituição, ao julgar a conformidade da produção legislativa aos princípios da Lei Maior. Com alguma frequência tem atuado como instância de mediação e conciliação.
Veja-se o recente episódio da elevação da alíquota do IOF. Decreto presidencial definiu um percentual de aumento, afinal derrubado na Câmara dos Deputados —o que levou a AGU (Advocacia-Geral da União) a recorrer ao Supremo. Este, em vez de julgar a constitucionalidade do ato legislativo, suspendeu ambas as decisões e convocou para o próximo dia 15 uma audiência de conciliação.
Não é a primeira vez, na vigência da Carta, que STF assume papel moderador e chama ao entendimento entre as partes em disputa. Arbitrou disputas entre Executivo e Legislativo, como no caso do orçamento secreto; em impasses federativos, entre a União e estados ou municípios, por exemplo, durante a epidemia de Covid-19; em disputas entre o Estado, povos indígenas e interesses locais, como na demarcação das terras Raposa-Serra do Sol e, mais recentemente, na conciliação para definir o marco temporal da demarcação de territórios das populações originárias. Com esse objetivo, lançou mão de audiências públicas, grupos de trabalho e diálogos informais com os envolvidos.
O recurso à conciliação não é uma idiossincrasia nacional. Estudos mostram comportamento similar das altas cortes na Índia, África do Sul e Colômbia.
No Brasil, as bases institucionais do poder do STF foram definidas na Carta de 1988, mas a expansão do seu protagonismo deveu-se igualmente a circunstâncias políticas. A pandemia e os conflitos gerados pelo golpismo de Bolsonaro abriram uma avenida para o engajamento do Supremo.
Já o seu papel na conciliação de interesses se robusteceu à medida que o Executivo ou o Legislativo foram lhe delegando poder de lidar com questões muito controversas, impasses que não conseguiram resolver, ou cuja solução seria politicamente onerosa.
De toda forma, há riscos embutidos nessa forma de atuação que ultrapassa as fronteiras clássicas do Judiciário, não raro embaralhando a consagrada separação de poderes.
De um lado, ficaram menos precisos os limites entre o que é ditado pela técnica jurídica e o que resulta das preferências políticas dos togados. De outro, não existem mecanismos de monitoramento. Especialmente, falta o principal instrumento para julgar sua responsabilidade por decisões que venham a tomar: a prerrogativa dos cidadãos de puni-los nas urnas.
quinta-feira, 10 de julho de 2025
Qual é a sua ditadura favorita? – Ruy Castro
Folha de S. Paulo
A do STF prevê até dois anos de idas e vindas no tribunal. A dos militares era rápida, só tinha as idas a um porão
Psiquiatras fazem uma festa quando, mesmo que em camisa de força e acorrentado, um bolsonarista lhes cai às mãos. O bolsonarista típico —todo bolsonarista é típico— é portador de uma antologia de transtornos de personalidade, incluindo delírios (crenças falsas e fixas sem base na realidade), alucinações (a sensação de ele ou um dos seus estar sendo perseguido) e grave confusão mental (dificuldade em organizar os pensamentos, resultando em falas confusas ou desconexas). Um dos problemas do bolsonarista está no conceito de ditadura.
Por um lado, ele acusa o STF de estar impondo uma ditadura no Brasil ao condenar senhoras patuscas, pichadoras de batom e patriotas armados com barras de ferro a 17 anos de prisão e ameaçando dar 40 para inocentes generais golpistas e seu líder Bolsonaro. Por outro, refere-se com saudade à extinta ditadura militar, que, segundo o mesmo Bolsonaro, só errou por não matar 30 mil brasileiros em vez de torturá-los, embora uma de suas admirações seja o torturador Brilhante Ustra. Afinal, em que ficamos? O bolsonarista é contra ou a favor das ditaduras?
Depende da ditadura. A do STF é um suplício em que o acusado —digamos Bolsonaro— responde em liberdade e cercado de advogados a uma série de investigações e interrogatórios, tendo até o direito de ficar calado. Denunciado pela PGR, é submetido a um longo processo criminal composto de declarações de testemunhas, todas que ele puder arrolar. Tornado réu, ele pode apresentar requerimentos complementares, solicitar novas diligências e, como a apoteose no teatro, expor suas considerações finais. É uma tortura que se arrasta por até dois anos, acompanhada passo a passo pela TV. Por fim, se for condenado, sempre poderá beneficiar-se da prisão domiciliar e dormir de pijama em seu lar.
A ditadura militar era mais rápida. O sujeito se apresentava para depor ou era apanhado em casa. Metiam-lhe um capuz e ele desaparecia ou era suicidado num porão a poder de tortura.
Sem a intricada burocracia do STF.
Poesia | MINHA TERRA, de Ascenso Ferreira por Chico Anysio
poder
Trump ataca o Brasil com tarifa de 50% e pressão ao STF por Bolsonaro
Em episódio inédito na relação diplomática entre os países, presidente dos EUA ameaça impor sanção tributária aos produtos brasileiros por suposto desequilíbrio comercial e por enxergar perseguição do Judiciário ao ex-presidente
Primeira ameaça do presidente norte-americano ao Brasil foi durante a cúpula do Brics - (crédito: Andrew Harnik/AFP )
Por Fabio Grecchi
postado em 10/07/2025 03:55
Por meio de uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente Donald Trump, ameaçou impor uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos e ameaçou o Supremo Tribunal Federal (STF) em função do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por uma tentativa de golpe de Estado, depois das eleições de 2022. Trata-se do ápice de uma crise que começou a escalar depois da cúpula do Brics, que se encerrou no fim de semana passado, quando os países debateram a possibilidade de, a longo prazo, substituírem o dólar por moedas locais em transações comerciais. Lula reagiu por meio de postagem no X (antigo Twitter) mais uma vez rebatendo a ingerência do governo de Washington.
Horas antes, a crise subiu mais um degrau em função da nota, emitida pela Embaixada norte-americana, também defendendo Bolsonaro. O texto afirma que ele é um "amigo" dos Estados Unidos e deixava clara a possibilidade de as ameaças dos EUA se elevarem ainda mais de patamar — tanto que o comunicado fecha frisando que "não comentamos sobre as próximas ações do Departamento de Estado em relação a casos específicos".
A carta de Trump, porém, pegou o Palácio do Planalto de surpresa. O cálculo, até então, era de que a situação se amenizaria apenas com a convocação do encarregado de negócios da Embaixada, Gabriel Escobar — a representação diplomática está sem embaixador —, pelo Ministério das Relações Exteriores para explicar o teor da nota. O documento do presidente norte-americano foi publicado, também, na rede social que controla, a Truth Social.
Só que havia indícios de que Trump pudesse mergulhar na defesa de Bolsonaro, depois das publicações na Truth Media. Em entrevista, Steve Bannon — que depois de ser banido da Casa Branca, no primeiro mandato, voltou a se aproximar do presidente — afirmou que haveria uma reação contra o país. O comentário foi feito horas depois de entrevistar o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA em busca de apoio por sanções ao Brasil, em seu canal na internet.
No documento, Trump mistura questões políticas e econômicas, mas, sobretudo, distorce vários episódios. Sobre Bolsonaro, afirma que a forma como ele vem sendo tratado "é uma vergonha internacional", considera que "esse julgamento não deveria estar ocorrendo" e classifica o fato de ser réu como "uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente!". O ex-presidente vem respondendo ao Supremo Tribunal Federal (STF) com todas as garantias previstas na Constituição e, sobretudo, com o direito à plena defesa, exercida por advogados constituídos por ele mesmo.
Intervenção
Pelo tom da carta, Trump tenta interferir no processo, pressionando no sentido de que seja interrompido em benefício de Bolsonaro. Afirma, ainda, que se fez "ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres" — o presidente dos EUA repete um argumento dos bolsonaristas de que os pleitos presidenciais, de 2022 e de 2018, teriam sido fraudados, embora o ex-presidente brasileiro e alguns dos seus auxiliares jamais tenham provado a ocorrência de qualquer irregularidade.
Mas esse não é o único ataque de Trump ao STF. Ele afirma, no documento, que a Corte viola "a liberdade de expressão dos americanos". O processo na Justiça do estado norte-americano da Flórida movido pela Trump Media, controladora da Truth Media, e pela plataforma de vídeos Rumble, contra os bloqueios determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, não tem alcance ou ingerência sobre a lei brasileira. Da mesma forma, o alcance da ordem do magistrado é somente o território nacional e não impede quem esteja no exterior de postar qualquer conteúdo nas duas redes.
Trump também fala na carta que o "Supremo Tribunal Federal do Brasil emitiu centenas de ordens de censura secretas e ilegais a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro". Além da Truth Media e do Rumble, o presidente norte-americano faz menção indireta ao bloqueio do X, em 2024, que desrespeitou a determinação de Moraes de retirar publicações de bolsonaristas que atacavam o Estado Democrático de Direito e ameaçavam os ministros da Corte — e, na sequência disso, retirou os representantes legais no Brasil. Depois da decretação de multas por ignorar as ordens judiciais e do bloqueio das contas bancárias da Starlink — empresa de internet por satélite do mesmo grupo controlador do X —, a rede restabeleceu a representação jurídica e pagou R$ 28 bilhões para poder funcionar em território nacional.
Depois de conectar questões políticas e econômicas, Trump anuncia na carta que "a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta". Mas vai além, afirmando que há um desequilíbrio nas relações comerciais entre os dois países.
"Tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco. Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual", salienta.
Apesar de, no ano passado, as exportações brasileiras para os EUA totalizarem US$ 40,3 bilhões pela primeira vez na história das trocas entre os países — segundo o Monitor do Comércio Brasil-EUA, publicado trimestralmente pela Amcham Brasil, o volume exportado atingiu inédita 40,7 milhões de toneladas, crescimento de 9,9% em relação a 2023 —, a balança continua superavitária para Washington. De acordo com dados do Departamento de Estado norte-americano, o lucro dos EUA em 2024 foi da ordem de US$ 7 bilhões somente em bens e, somados aos serviços, chegou a US$ 28,6 bilhões no ano passado.
Os setores industriais e comerciais reagiram imediatamente à ameaça de Trump. Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), "as medidas já implementadas, bem como aquelas anunciadas, têm a capacidade de impactar negativamente a produção e o emprego no Brasil. No entanto, as empresas e os consumidores norte-americanos também sofrerão com alterações de fornecimento e aumento de preços internos. Neste momento de crescente incerteza, a Fiesp apoia a opção adotada pelo governo brasileiro de priorizar o diálogo, com vistas à construção de alternativas negociadas para essa situação que prejudica ambos os países".
Segundo José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a tarifa de 50% inviabiliza o comércio de manufaturas com os EUA e, numa primeira reação à medida, devem haver a suspensão das vendas ao mercado norte-americano. Já a Frente Parlamentar da Agropecuária, que reúne os deputados e senadores representantes do agronegócio, emitiu nota afirmando que a taxação anunciada pelo presidente do EUA "representa um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas entre os dois países". Para o presidente-executivo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, a taxação de 50% para todos os produtos brasileiros exportados para os EUA são "um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro".
Um ponto comum entre todas as entidades é a exortação à intervenção da diplomacia brasileira para a reabertura dos canais de negociação e a reversão da crise.
CRISE DIPLOMÁTICA
Imprensa internacional destaca crise entre Estados Unidos e Brasil
Jornais destacaram retaliação de Donald Trump em defesa do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro
Por Renata Giraldi
postado em 10/07/2025 04:15
The NY Times falou sobre a "caça as bruxas" em defesa de Bolsonaro - (crédito: Reprodução/NY Times)
Os principais jornais estrangeiros destacaram o confronto dos Estados Unidos com o Brasil. A decisão do governo Donald Trump de sobretaxar os produtos brasileiros em 50% e acusar a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "caça às bruxas" contra seu antecessor Jair Bolsonaro virou manchete no The Guardian, do Reino Unido, no El País, da Espanha, El Clarín e La Nación, da Argentina, e nos norte-americanos The Washington Post e The New York Times.
O The Guardian ressaltou " Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre as atuais do Brasil em uma carta publicada nas redes sociais na qual começou reclamando da perseguição ao seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro". O El País publicou que a sobretaxação do governo norte-americano aos produtos brasileiros se deve à retaliação pelo tratamento dispensado pelo governo Lula a Bolsonaro, acusado de liderar um golpe de Estado.
Leia também: "O Brasil precisa de conciliação", afirma Michel Temer
El Clarín escreveu "Trump impõe 50% nas tarifas ao Brasil agravando disputa com Lula", enquanto o La Nación colocou na manchete "Briga aberta entre dois pesados" - "Trump impõe tarifa de 50% ao Brasil, aprofundando sua rivalidade com Lula".
Leia também: Itamaraty convoca Embaixada dos EUA após apoio de Trump a Bolsonaro
Os jornais norte-americanos The Washington Post e The New York Times enfatizaram que as tensões entre Brasil e Estados Unidos "explodiram". A emissora norte-americana NBC News destacou que uma gota d'água para a decisão de Trump foi o julgamento de Bolsonaro suspeito de liderar a derrubada da gestão do PT.
A Press TV, emissora oficial de televisão do Irã, não informou o assunto, assim como a agência pública de notícias da China, a Xinrua. Tanto a China quanto o Irã pertencem ao Brics ao lado do Brasil, portanto são parceiros naturais e formais. O mesmo ocorreu com a Tass, a agência de notícias do governo da Rússia, outra aliada no bloco econômico. Para especialistas, a explicação pode estar no fuso horário: nesses países a decisão de Trump chega de madrugada.
O SUPREMO E O SURREAL: ENTRE CONCILIAÇÕES CONSTITUCIONAIS E DIPLOMACIAS DELIRANTES
Por um cientista político das Arcadas da USP e um cronista formado nos morros e redações do Brasil profundo
Na alvorada da democracia brasileira de 2025, o Supremo Tribunal Federal assume um papel que beira o messiânico — não apenas como guardião da Constituição, mas como terapeuta de casal de um sistema político permanentemente à beira de um ataque de nervos. É o que descreve, com precisão cirúrgica e parcimônia acadêmica, Maria Hermínia Tavares: a Suprema Corte, convertida em árbitro e mediadora, tem agido como oficina de alinhamento institucional, convocando audiências de conciliação como quem chama as crianças para conversar após uma briga de recreio.
O caso do IOF é exemplar: em vez de decidir a legalidade de um decreto presidencial ou de sua rejeição pelo Parlamento, o STF fez o improvável — travou ambos e chamou todo mundo para dialogar. Uma jurisprudência ao estilo terapia de grupo, uma praxis que mistura Hannah Arendt com dona Jura, do “Avenida Brasil”.
Essa nova função conciliadora não é exclusividade brasileira, sendo também observada nas supremas cortes da Índia, Colômbia e África do Sul. Contudo, no Brasil, ganha contornos de novela institucional: um Judiciário hipertrofiado, musculoso pela omissão do Legislativo e pela anemia moral de um Executivo que passou anos sendo capitaneado por um presidente de punhos de renda e frases de porrete. Bolsonaro e seus seguidores, com delírios de ditadura e alucinações de liberdade, acusam o STF de tirania — uma tirania, vale dizer, em que o réu tem acesso irrestrito a advogados, arrola testemunhas como quem coleciona figurinhas e assiste, em tempo real, seu julgamento em 4K pela TV Justiça.
Como ironiza Ruy Castro, cronista de bisturi afiado, essa seria “a ditadura mais morna do hemisfério”: em vez de pau-de-arara, habeas corpus; em vez de porão, plenário. Comparada à eficiente brutalidade da ditadura militar — aquela que matava rápido e em silêncio — a “tirania togada” do STF é um martírio processual com prazo de validade e controle remoto.
Mas como se a tragicomédia jurídica nacional não fosse suficiente, o Brasil agora dança também ao som de um samba dissonante no cenário internacional. Donald Trump, recém-reempossado como presidente dos EUA e sempre em campanha — inclusive quando governa — decidiu que o STF brasileiro está perseguindo seu colega de farda ideológica, Jair Bolsonaro. E como retaliação? Uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras. Uma espécie de “censura tributária”, à sua maneira, com pitadas de “Make America Great Again” e molho de conspiração globalista temperado por Steve Bannon e Truth Social.
A carta enviada por Trump a Lula parece saída de um roteiro de sátira política: mistura fake news, revisionismo histórico, chantagem econômica e um profundo desconhecimento das fronteiras entre soberania nacional e tribunal estrangeiro. O STF, acusado de censurar americanos — pasmem — por aplicar leis brasileiras a plataformas que operam no Brasil, é o bode expiatório de uma estratégia geopolítica que utiliza Bolsonaro como mártir, como símbolo de um “conservadorismo em exílio”.
A resposta brasileira, até agora, tem sido diplomática. Lula, fiel ao script republicano, convoca o Itamaraty, rebate no X (ex-Twitter) e evita o confronto direto. Mas a escalada tarifária de Trump pressiona a balança comercial, assusta exportadores e joga o país numa armadilha que mistura geopolítica de bravata com chantagem econômica às avessas.
A imprensa internacional, com sua frieza oblíqua, observa a cena como quem assiste a um reality show diplomático: manchetes falam em caça às bruxas, rivalidade de pesos pesados e brigas de galos tropicais. A democracia brasileira, por sua vez, tenta não se afogar num caldo de autoritarismos saudosistas, judicializações performáticas e relações exteriores que mais parecem roteiro de série da HBO.
No final, ficamos com a dúvida: quem julga o juiz? Quem media o mediador? E mais: será que o STF, ao se tornar terapeuta do regime, não corre o risco de ser visto como mais um paciente? De tanto tentar salvar a República da conflagração permanente, pode acabar confundido com seu próprio algoz.
Enquanto isso, o Brasil vai sendo compactado entre as togas que conciliam, os bolsonaristas que deliram, os trumpistas que tarifam e os cronistas que, com sarcasmo e um tiquinho de ternura, narram o teatro absurdo da democracia tropical.
Nota do autor:
Este artigo foi elaborado por um híbrido literário: meio jurista forjado no suor constitucional das Arcadas, meio cronista das vielas, jornais, pasquins e sertões da língua portuguesa. Se há exagero, é culpa do país. Se há precisão, é mérito da ficção.
- Riquezas minerais na visão de Enéas Carneiro e Jair Bolsonaro.
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