Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 29 de julho de 2025
Entre o Absurdo e a Denúncia:
Coração TranquiloWalter Franco
Tudo é uma questão de manterA mente quietaA espinha eretaE o coração tranquilo
Cotovelo ao AlvoRenato Švejk
Tudo é uma questão de manterCotovelo quietoCotovelo ao coldreE cotovelo ao alvo
Título: Entre o Absurdo e a Denúncia: Um Diálogo Literário entre “Erro Judiciário” e “As Aventuras do Bom Soldado Švejk”
Título: Entre o Absurdo e a Denúncia: Um Diálogo Literário entre “Erro Judiciário” e “As Aventuras do Bom Soldado Švejk”
Resumo:
Este artigo propõe uma leitura comparativa entre Erro Judiciário – A História do Tenente Mattosinhos (1998), de Renato Mattosinhos, e As Aventuras do Bom Soldado Švejk (1923), de Jaroslav Hašek. Embora oriundas de contextos e gêneros distintos, as duas obras compartilham uma temática comum: a crítica às instituições militares e à lógica absurda do poder autoritário. Através da sátira ou da autobiografia-denúncia, ambas revelam o sofrimento humano em meio ao autoritarismo, à burocracia e ao fracasso da justiça.
1. Introdução
A literatura sempre foi um dos instrumentos mais potentes de resistência ao arbítrio. Em Erro Judiciário, Renato Mattosinhos relata sua própria experiência como vítima de um sistema militar que o condenou injustamente, enquanto Jaroslav Hašek, em Švejk, recorre à ficção satírica para retratar o absurdo da guerra e da hierarquia militar durante o Império Austro-Húngaro. Este artigo propõe um diálogo entre essas duas formas de expressão da crítica à autoridade: o testemunho direto e o cômico subversivo.
2. A figura do militar: entre a vítima e o dissimulado
Mattosinhos surge em sua obra como o militar honrado que sofre a perseguição do sistema que jurou defender. Ele é retratado como o inocente condenado, à semelhança do Capitão Dreyfus (aludido no trecho de Émile Zola incluído no prefácio). Em contraste, Švejk é a figura do soldado que "joga o jogo" das instituições absurdas, fingindo-se de idiota para sobreviver à insanidade da guerra. Ambos, por caminhos diferentes, expõem o colapso da racionalidade militar.
3. As instituições como espaços de opressão
As obras revelam, com estilos opostos, como a estrutura hierárquica e autoritária pode tornar-se instrumento de injustiça. No caso de Mattosinhos, a persecução institucional culmina em um processo judicial arbitrário. Em Hašek, a guerra e a administração militar são uma engrenagem cega, onde a vida humana tem pouco valor. Ambas as obras retratam essas estruturas como espaços onde a lógica se dissolve.
4. Humor e tragédia: diferentes estéticas, mesma crítica
Hašek escolhe o riso para criticar. O humor é seu modo de revelar o horror. Mattosinhos escolhe a gravidade, pois sua experiência é real, marcada por dor e injustiça. A escolha do gênero (ficção cômica vs. autobiografia) condiciona o tom, mas a crítica à autoridade é comum.
5. A palavra como forma de resistência
Ambos os autores utilizam a escrita como meio de resistir. Para Hašek, escrever é zombar do sistema. Para Mattosinhos, é denunciar o sistema. Em ambos os casos, a obra deixa de ser apenas um relato e torna-se um documento histórico e político.
Os horrores da guerra, o remédio possível. Futebol entre soldados amputados, Ucrânia, 2023.
Fonte: Editoriale Domani (https://www.editorialedomani.it/fatti/ucraina-campionato-calcio-amputati-guerra-trauma-pallone-cura-db66isoj)
6. Considerações finais
Erro Judiciário e Švejk são obras profundamente distintas, mas convergem na intenção de expor o absurdo e o sofrimento provocados pelo poder autoritário. Ao confrontarmos essas obras, somos lembrados de que a literatura, seja pela dor ou pelo riso, é uma das formas mais poderosas de buscar justiça e preservar a dignidade.
Referências:
MATTOSINHOS, Renato. Erro Judiciário – A História do Tenente Mattosinhos. 1998.
HAŠEK, Jaroslav. As Aventuras do Bom Soldado Švejk. Trad. Luís Carlos Cabral. São Paulo: Alfaguara, 2014.
ZOLA, Émile. J’Accuse...! Paris, 13 jan. 1898.
Coração Tranquilo
Walter Franco
Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo
Cotovelo Ao alvo
Renato Švejk
Tudo é uma questão de manter
Cotovelo quieto
Cotovelo ao coldre
E cotovelo ao alvo
Jaroslav Hašek - The good soldier Švejk and his fortunes in the World War
Radio Prague International
19 de fev. de 2020
Jaroslav Hašek’s The Good Soldier Švejk is a classic of not just Czech but world literature. Is soldier Josef Švejk employing exaggerated zeal to mock the Austro-Hungarian army’s war effort? Or is he a genuine imbecile? The 1920s comic anti-war masterpiece leaves it up to the reader to decide.
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2 pessoas
Francisco Ferdinando da Áustria-Hungria
Jaroslav Hašek
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