Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 31 de outubro de 2022
O CASO DO SR. VALDEMAR
Sinto agora ter chegado a um ponto desta narrativa diante do qual todo leitor passará a
não dar crédito algum. É, contudo minha obrigação simplesmente continuar.
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A VERDADE SOBRE O CASO DO SENHOR VALDEMAR
EDGAR ALLAN POE
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Tim Maia, Telefone - Pedro Mahal Cover
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Marcha Do Remador
Emilinha Borba
Fotos
Se a canoa não virar,
Olê olê olê olá
Eu chego lá
Se a canoa não virar,
Olê olê olê olá
Eu chego lá
Rema, rema, rema, remador
Quero ver depressa o meu amor
Se eu chegar depois do sol raiar
Ela bota outro em meu lugar
Se a canoa não virar,
Olê olê olê olá
Eu chego lá
Se a canoa não virar,
Olê olê olê olá
Eu chego lá
Rema, rema, rema, remador
Quero ver depressa o meu amor
Se eu chegar depois do sol raiar
Ela bota outro em meu lugar
Se a canoa não virar,
Olê olê olê olá
Eu chego lá
Se a canoa não virar,
Olê olê olê olá
Eu chego lá
Rema, rema, rema, remador
Quero ver depressa o meu amor
Se eu chegar depois do sol raiar
Ela bota outro em meu lugar
Se a canoa não virar,
Olê olê olê olá
Eu chego lá
Se a canoa não virar,
Olê olê olê olá
Eu chego lá
vídeo incorreto?
https://www.letrasdemusicas.fm/emilinha-borba/marcha-do-remador
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"Sinto agora ter chegado a um ponto desta narrativa diante do qual todo leitor passará a
não dar crédito algum. É, contudo minha obrigação simplesmente continuar."
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Nas entrelinhas: Ninguém enfrentará os novos desafios sozinho
Publicado em 31/10/2022 - 05:46 Luiz Carlos AzedoPolítica
Os grandes problemas nacionais são objetivos, estão na esfera da realidade, impactada pela globalização, pelas novas tecnologias, pelas novas formas de produção, pelos novos laços sociais
Dono de um inédito terceiro mandato, com 59.563.912 votos (50,83% dos votos válidos), contra 57.675.427 votos (49,17% dos votos válidos) de Jair Bolsonaro (PL), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva tem diante de si um desafio muito, mas muito maior mesmo, do que aquele que enfrentou ao ser eleito pela primeira vez, em 2002. Naquela época, seu governo sinalizava avanço no combate à pobreza, num ambiente saudável de reorganização da vida institucional e econômica do país, que herdou do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Agora, não. Está diante de uma ruptura com as políticas de governo em curso, protagonizada pelo reacionarismo do atual presidente, que é o primeiro a não se reeleger, desde 1998, quando foi instituída a reeleição.
A vitória de Lula foi muito apertada, obtida às 19h56 de ontem, quando 98,91% das urnas já estavam apuradas e era impossível reverter o resultado, apurados 117.305.567 votos válidos. Foram registrados 1.751.415 votos brancos (1,43%) e 3.889.466 votos nulos (3,16%). A abstenção chegou a 20,90%. Destaca-se a atuação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, que matou no peito toda a turbulência do dia da votação, sobretudo a atuação de setores das forças policiais com claro propósito de dificultar o acesso às urnas da população mais propensa à votar no petista. No final do dia, minimizou as ocorrências e proclamou o resultado oficial.
Essa vitória apertada de Lula não tira a envergadura da mudança que significa, porque praticamente retoma o fio da história interrompido com a impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), com duas preocupações: a centralidade das políticas de combate à pobreza e a pacificação do país. “Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio. A ninguém interessa viver em um país dividido, em permanente estado de guerra”, disse.
Embora o silêncio de Bolsonaro seja uma preocupação, o establishment político reagiu de forma muito positiva. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), logo após o resultado, reconheceu a vitória de Lula e defendeu a pacificação do país. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi na mesma linha. Bolsonaro, ao não reconhecer imediatamente a vitória de Lula, sinaliza dificuldades na transição para o novo governo. Entretanto, Lula conta com amplo apoio das instituições e solidariedade internacional muito robusta, simbolizada pelo rápido reconhecimento de sua vitória pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Bolsonaro obteve uma grande vitória eleitoral em São Paulo, com a eleição de Tarcísio de Freitas. Mas não levou o Rio Grande do Sul, com a vitória do tucano Eduardo Leite, o primeiro ex-governador do estado a ser eleito pela segunda vez, que derrotou seu aliado de primeira hora, o ex-ministro Onyx Lorenzoni. Com a grande votação e aliados importantes nos governos dos três maiores estados do Sudeste — São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais —, continua sendo a segunda maior liderança do país. Sua manifestação sobre o resultado das eleições, aguardada para hoje, é muito importante para a normalidade do processo democrático.
Problemas objetivos
A escolha feita pelo povo nas urnas precisa ser respeitada. Isso depende do candidato derrotado, mas sobretudo da força das instituições e da maioria da sociedade, que deseja a volta à normalidade da vida nacional. Teremos um período de transição de dois meses, no qual a cooperação entre o atual governo e a equipe de transição do presidente eleito será fundamental. As sequelas da disputa eleitoral serão duradouras, mas as feridas precisam ter cicatrização acelerada. A sociedade sangra com as disputas entre parentes e amigos, divergências que perdurarão, mas não comportam inimizades e violências.
A democracia tem dois pilares: a alternância de poder e o direito ao dissenso das minorias. É preciso respeitá-los, de um lado pelos que hoje estão no poder, de outro pelos que vão assumi-lo. Diante de uma grande encruzilhada, o país tem um longo caminho a seguir. Não se trata apenas do bem-estar imediato, por todos almejado, mas de construir um futuro melhor para as futuras gerações, diante de um mundo no qual as mudanças ocorrem numa velocidade que muitos não conseguem acompanhar.
Num cenário desses, a reação de muitos, quiçá até da maioria, às vezes é tentar congelar o tempo ou fazê-lo andar para trás. Isso não é possível. As ideias reacionárias vêm de um passado imaginário, no qual os velhos problemas são apagados, como se não fossem os trilhos que nos trouxeram às mazelas atuais. Entretanto, os problemas que estão na esfera do comportamento, dos costumes, da tradição, das religiões são de ordem subjetiva.
Os grandes problemas nacionais são de ordem objetiva, estão na esfera das nossa realidade, impactada pela globalização da economia, pelas novas tecnologias, pelas novas formas de produção, pelos novos laços sociais. Nossa integração à economia mundial perde complexidade em termos de balança comercial. Nossa vocação natural de produtor de commodities de minérios e alimentos na divisão internacional do trabalho é uma vantagem estratégica, porém não basta para assegurar o nosso pleno desenvolvimento.
Temos graves deficiências de infraestrutura e é flagrante a deterioração do nosso padrão de urbanização. As abissais desigualdades sociais são agravadas pela precarização do trabalho e por nosso secular racismo estrutural. Velhas práticas políticas patrimonialistas, clientelísticas e fisiológicas, em contradição com o Estado democrático de direito e suas instituições, enfraquecem o nosso sistema político e corrompem os partidos. Ninguém enfrenta essas tarefas sozinho.
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Bolsonaro foi derrotado, mas bolsonarismo seguirá forte em 2023
Atual presidente, Jair Bolsonaro deve deixar o comando do Planalto em 31 de dezembro. Posse de Lula está marcada para 1º de janeiro de 2023
Mayara Oliveira
31/10/2022 2:00, atualizado 31/10/2022 8:26
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Jair BolsonaroMetrópoles
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Derrotado nas urnas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve deixar o comando do Palácio do Planalto em 31 de dezembro e, como prevê o protocolo, passar a faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a posse marcada para 1º de janeiro de 2023.
A vitória de Lula foi confirmada pela Justiça Eleitoral às 19h57 desse domingo (30/10), quando 98,81% das urnas já tinham sido apuradas. Àquela altura, o petista tinha 50,83% dos votos válidos (59.563.912), não podendo mais ser ultrapassado por Bolsonaro, que acumulava 49,17% (57.627.462) dos votos.
Mesmo com o fracasso de não ter conseguido se reeleger, Bolsonaro deve seguir no debate público. E o bolsonarismo deve ter, ainda assim, um papel de protagonismo na oposição a partir do ano que vem, segundo especialistas ouvidos pelo Metrópoles.
No Congresso Nacional, a força política de extrema direita terá um papel importante. O próprio PL, partido do Centrão e pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição, terá a maior bancada do Parlamento, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal.
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Durante a campanha, o agora presidente eleito disse que o bolsonarismo seguiria existindo mesmo sem Bolsonaro na Presidência. Segundo Lula, é necessário derrotar o movimento “no debate político” e na “discussão sadia”.
Frase dita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, na reta final das eleições sintetiza a força política que o bolsonarismo ganhou nos últimos anos: “Se Lula vencer, em quatro anos Bolsonaro volta”.
“Quanto figura política, Bolsonaro vai continuar sendo uma relevante. Obviamente, ele não vai ter a imunidade parlamentar que sempre teve. Então, talvez ele vai ter que cuidar mais da forma como se comunica. Mas ele vai ser o o grande representante dessa direita que surgiu nos últimos anos”, explica Rodolfo Tamanaha, professor de ciências políticas do Ibmec Brasília.
“Considerando, inclusive, que o Congresso tem uma base de parlamentares que são bolsonaristas ou próximos ao Bolsonaro, essa temática vai estar em evidência e vai exercer, sim, um protagonismo”, complementa o docente.
por taboola
Mesmo derrotado para o Planalto, PL de Bolsonaro elege dois governadores
Para Tamanaha, alguns governadores eleitos devem aproveitar o governo petista para se “cacifar” para as próximas eleições presidenciais, em 2026.
“Talvez esse seja exatamente o espaço em que governadores como Romeu Zema, de Minas, ou Ibaneis Rocha, do DF, possam surgir como uma oposição ao governo petista. E até ascender como uma possível alternativa à direita que não seja Bolsonaro. Alguns vão manter essa relação de oposição ao governo lulista para justamente se cacifar como um nome viável para as eleições presidenciais”, pontua o professor de ciências políticas.
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Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa terno e gravata - Metrópoles
De olho na reeleição em 2022, Bolsonaro se filiou ao Partido Liberal (PL). O vice de sua chapa nas eleições deste ano é o general Walter Braga NettoIgo Estrela/Metrópoles
Jair Messias Bolsonaro, nascido em 1955, é um capitão reformado do Exército e político brasileiro. Natural de Glicério, em São Paulo, foi eleito 38º presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022Reprodução/Instagram
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa camiseta clara - Metrópoles
Descendente de italianos e alemães, Bolsonaro recebeu o primeiro nome em homenagem ao jogador Jair Rosa Pinto, do Palmeiras, e o segundo, Messias, atribuído por Olinda Bonturi, mãe do presidente, a Deus, após uma gravidez complicada. Na infância, era chamado de Palmito pelos amigosHugo Barreto/Metrópoles
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa terno e gravata - Metrópoles
Ingressou no Exército aos 17 anos, na Escola Preparatória de Cadetes. Em 1973, foi aprovado para integrar a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), formando-se quatro anos depoisRafaela Felicciano/Metrópoles
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa terno e gravata - Metrópoles
Dentro do Exército, Bolsonaro também integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista, serviu como aspirante a oficial no 21º e no 9º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), cursou a Escola de Educação Física do Exército, serviu no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista e, em 1987, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de OficiaisGetty Images
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa terno e gravata - Metrópoles
Em 1986, Jair foi preso por 15 dias, enquanto servia como capitão, por ter escrito um artigo para a revista Veja criticando o salário pago aos cadetes da Aman. Contudo, dois anos após o feito, foi absolvido das acusações pelo Superior Tribunal Militar (STM)Rafaela Felicciano/Metrópoles
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa terno e gravata - Metrópoles
Em 1987, novamente respondeu perante o STM por passar informação falsa à Veja. Na ocasião, o até então ministro do Exército recebeu da revista um material enviado pelo atual presidente sobre uma operação denominada Beco Sem Saída, que teria como objetivo explodir bombas em áreas do Exército como protesto ao salário que os militares recebiamRafaela Felicciano/Metrópoles
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa terno e gravata - Metrópoles
A primeira investigação realizada pelo Conselho de Justificação Militar (CJM) concluiu que Bolsonaro e outros capitães mentiram e determinou que eles deveriam ser punidos. O caso foi levado ao Superior Tribunal Militar, que, por outra vez, absolveu os envolvidos. De acordo com uma reportagem da Folha à época, foi constatado pela Polícia Federal que, de fato, a caligrafia da carta enviada à Veja pertencia a JairJP Rodrigues/Metrópoles
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele está ao lado da esposa Michelle Bolsonaro - Metrópoles
Em 1988, Bolsonaro foi para a reserva do Exército, ainda com o cargo de capitão, e, no mesmo ano, iniciou a carreira política. Em 1988, foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro e, em 1991, eleito deputado federal. Permaneceu como parlamentar até 2018, quando foi eleito presidente da RepúblicaDaniel Ferreira/Metrópoles
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa terno e gravata - Metrópoles
Durante a carreira, Bolsonaro se filiou a 10 legendas: Partido Democrata Cristão (PDC), Partido Progressista Reformador (PPR), Partido Progressista Brasileiro (PPB), Partido da Frente Liberal (PFL), Partido Progressistas (PP), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Democratas (DEM), Partido Social Cristão (PSC), Partido Social Liberal (PSL) e, atualmente, Partido Liberal (PL)Rafaela Felicciano/Metrópoles
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele está ao lado dos filhos Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro - Metrópoles
É casado com Michelle Bolsonaro, 40 anos, e pai de Laura Bolsonaro, 11, Renan Bolsonaro, 24, Eduardo Bolsonaro, 38, Carlos Bolsonaro, 39, e Flávio Bolsonaro, 41, sendo os três últimos também políticosInstagram/Reprodução
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa terno e gravata - Metrópoles
Em 2018, enquanto fazia campanha eleitoral, Jair foi vítima de uma facada na barriga. Até hoje o atual presidente precisa se submeter a cirurgias por causa do incidenteIgo Estrela/Metrópoles
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa terno e gravata - Metrópoles
Eleito com 57.797.847 votos no segundo turno, Bolsonaro coleciona polêmicas em seu governo. Além do entra e sai de ministros, a gestão de Jair é acusada de ter corrupção, favorecimentos, rachadinhas, interferências na polícia, ataques à imprensa e a outros poderes, discurso de ódio, disseminação de notícias faltas, entre outrosAlan Santos/PR
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Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa terno e gravata - Metrópoles
Programas sociais, como o Vale-gás, Alimenta Brasil, Auxílio Brasil e o auxílio emergencial durante a pandemia da Covid-19, foram lançados para tentar ajudar a elevar a popularidade do atual presidenteRafaela Felicciano/Metrópoles
Jair Bolsonaro, atual presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022. Ele tem cabelos curtos, pretos e usa terno e gravata - Metrópoles
De olho na reeleição em 2022, Bolsonaro se filiou ao Partido Liberal (PL). O vice de sua chapa nas eleições deste ano é o general Walter Braga NettoIgo Estrela/Metrópoles
Jair Messias Bolsonaro, nascido em 1955, é um capitão reformado do Exército e político brasileiro. Natural de Glicério, em São Paulo, foi eleito 38º presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022Reprodução/Instagram
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PL pragmático e Lula
Apesar das estratégias que podem ser usadas para manter o bolsonarismo em evidência, especialistas ouvidos pelo Metrópoles alertam para o pragmatismo do Partido Liberal, que é uma sigla do Centrão. No governo Lula, há chance de que políticos eleitos pela sigla componham uma base para o petista.
Rodolfo Tamanaha lembra que partidos do Centrão, como PL, Republicanos e PSC, integraram a base de outras gestões do petista. “Eu não tenho dúvida que, novamente, o Centrão vai buscar uma composição com o Lula para poder ocupar cargo. Essa é a característica do Centrão desde sempre e eu não vejo razão para que eles deixem de negociar com o governo Lula por conta de uma adesão ideológica do Bolsonaro”, afirma.
Na mesma linha, Eduardo Galvão, analista político e professor de Relações Institucionais do Ibmec Brasília, diz que a negociação de parlamentares do centro com o governo petista será necessária para “construir consensos”.
“O que a gente percebe é que esses partidos, PL, PP, são bastante pragmáticos e até, como outras pessoas dizem, fisiológicos. Então, haverá uma acomodação de interesses, haverá uma negociação. Essa parte mais pragmática da direita vai negociar porque teremos um Brasil para governar e é necessário que as forças políticas componham uma base entre si para construir consensos”, explica Galvão.
Guilherme Casarões, por outro lado, diz que existem políticos pragmáticos, mas que a influência de Bolsonaro para viabilizar a eleição de deputados federais vai fortalecer os laços do bolsonarismo.
“Governadores, por exemplo, podem ser mais pragmáticos ao lidar com certas questões e podem até conciliar com Lula, mas a bancada federal bolsonarista não tem razão nenhuma para compactuar com o governo. Eu acho que a grande resistência ideológica do bolsonarismo vai estar na Câmara dos Deputados”, ressalta o cientista político.
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JAIR BOLSONAROBOLSONARISMOELEIÇÕES 2022
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Letras
… "Alô"
Alô
Quem fala ?
Sou eu, amor, você não se lembra mais da minha voz?
"Mas essa hora da manhã?"
Ah, eu queria tanto te ver
"Às quatro horas da manhã?"
Ah, eu não consigo dormir, eu preciso te ver
… Eu bem que te avisei pra não levar a sério
O nosso caso de amor
Eu sempre fui sincero e você sabe muito bem
Eu bem que te avisei pra não levar a sério
O nosso caso de amor
Eu sempre fui sincero e você sabe muito bem
… Eu não te prometi nada
Não venha me cobrar por esse amor
Pois esse sentimento eu não tenho pra te dar
… Sinto muito em te dizer, vê se tenta esquecer
Os momentos que passamos
Que juntinhos nos amamos
Leve um beijo e adeus
Fonte: LyricFind
Compositores: Roberto Menescal / Ronaldo Boscoli
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EMOÇÕES À FLOR DA PELE!
EMOÇÕES À FLOR DA PELE!: Contos de Terror, de Mistério e de Morte - Edgar Allan Poe
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EDGAR ALLAN POE – FICÇÃO COMPLETA – CONTOS DE TERROR, MISTÉRIO E MORTE
O CASO DO SR. VALDEMAR
Não pretenderei, por certo, considerar como motivo de espanto que o extraordinário caso
do Sr. Valdemar tenha provocado discussão . Milagre seria se tal não acontecesse,
especialmente em tais circunstância. O desejo de todas as partes interessadas em evitar
a publicidade ao caso - pelo menos no presente, ou até que tenhamos ulteriores
oportunidades de investigação - e nossos esforços para realizar isto deram lugar a uma
narrativa truncada ou exagerada que logo se propalou na sociedade, e veio a ser fonte de
muitas notícias falsas e desagradáveis e, bem naturalmente, de grande cópia de
incredulidade.
Torna-se agora necessário que eu exponha os fatos - até onde alcança minha
compreensão dos mesmos. São, em resumo, os seguintes: Nos últimos três anos minha
atenção vinha sendo atraída repetidamente pelos assuntos referentes ao magnetismo e,
há coisa de nove meses atrás, ocorreu-me, bastante inesperadamente, que nas séries de
experiências feitas até então houvera uma lacuna assinalável e inexplicável: ninguém
ainda fora ainda magnetizado in articulo mortis. Restava ver, primeiro, se em tais
condições havia em tal paciente qualquer suscetibilidade à influência; segundo, no caso
de haver alguma, se era atenuada ou aumentada por esta circunstância e, em terceiro
lugar, até que ponto ou por quanto tempo a invasão da morte poderia ser impedida pelo
processo magnético. Haviam outros pontos a serem verificados mas estes excitavam mais
a minha curiosidade; o último de modo especial, pelo caráter imensamente importante de
suas conseqüências.
Procurando em torno de mim algum paciente por cujo intermédio pudesse eu certificarme daquelas particularidades, vim a pensar no meu amigo o Sr. Ernesto Valdemar, o
conhecido compilador da Biblioteca Forense e autor (sob o pseudônimo de Issachar Marx)
das traduções polonesas de Wallenstein e Gargantua. O Sr Valdemar, que residia
geralmente em Harlem, Nova York, desde o ano de 1839, é (ou era) especialmente notável
pela extrema magreza corporal, parecendo-se muito suas pernas com as de John
Randolph, e também pela brancura de suas suíças, em violento contraste com o negro do
cabelo, que, em conseqüência, era geralmente tomado como um chinó. Seu temperamento
era assinaladamente nervoso e tornava-o um bom instrumento para experiências
mesméricas. Em duas ou três ocasiões, eu o fizera dormir com pouco esforço, mas ficara
desapontado quanto aos outros resultados que sua particular constituição me levava a
prever. Em período algum sua vontade ficava inteira ou positivamente submetida a
minha influência e, no que toca á clarividência, nada eu podia realizar com ele que me
servisse de base. Atribuí sempre meu insucesso, nesse ponto, ao seu precário estado de
saúde. Certos meses antes de conhecê-lo, seus médicos o haviam declarado tísico sem
qualquer dúvida. E, na verdade, tinha ele o hábito de falar sobre a aproximação de seu
fim como de uma questão que não devia ser lastimada nem se podia evitar.
Quando me ocorreram, pela primeira vez, as idéias a que aludi foi sem dúvida muito
natural que eu pensasse no Sr. Valdemar . Eu conhecia muito bem sua sólida filosofia
para temer qualquer escrúpulo de sua parte, e ele não tinha parentes na América que
pudessem interferir, plausivelmente. Falei-lhe com franqueza sobre o assunto e, com
surpresa minha, seu interesse pareceu vivamente excitado. Digo com surpresa, pois,
embora ele sempre entregasse livremente sua pessoa para meus experimentos, nunca
antes manifestara qualquer sinal de predileção pelo que eu fazia. Sua enfermidade era de
um tal caráter que admitia exato cálculo da época em que seu desenvolvimento conduzia
à morte. Finalmente, combinamos entre nós que ele me mandaria chamar vinte e quatro
horas antes do prazo marcado pelos médicos como o de seu falecimento.
Faz agora mais ou menos sete meses que recebi, do próprio Sr. Valdemar, o bilhete
seguinte:
Meu caro p…;
Você pode bem vir agora. D… e F… concordam em que não posso durar além da meia
noite de amanhã, e penso que eles acertaram no cálculo com grande aproximação.
VALDEMAR.
Recebi este bilhete meia hora depois que fora escrito, e quinze minutos após estava eu no
quarto do moribundo. Não o via havia dez dias e espantou-me a terrível alteração que lhe
trouxera tão breve intervalo. Sua face tinha uma coloração plúmbea, os olhos
completamente sem brilho e sua magreza era tão extrema que os ossos da face quase
rompiam a pele. Sua expectoração era excessiva, o pulso mal podia ser percebido. Não
obstante, ele conservava, de modo bem digno de nota, toda a lucidez da mente e certo
grau de força física.
Falava distintamente, tomava sem auxilio alheio alguns remédios paliativos, e, quando
entrei no quarto, ocupava-se em escrever notas num caderno de bolso. Estava apoiado na
cama por travesseiros. Cuidavam dele os Drs. D…e F…Depois de apertar a mão de
Valdemar, chamei aqueles senhores de parte e obtive deles relato minucioso das
condições do paciente. O pulmão esquerdo estivera, durante dezoito meses, num estado
semi ósseo ou cartilaginoso e se tornara, sem dúvida, inteiramente inútil a qualquer
função vital. O direito, na sua parte superior, estava também parcialmente, senão de
todo, ossificado, enquanto a região anterior era simplesmente uma massa de tubérculos
purulentos. interpenetrando-se. Havia muitas cavernas extensas e, em um ponto, se
operara uma adesão permanente às costelas. Esses aspectos do lobo direito eram de data
relativamente recente. A ossificação prosseguira com uma rapidez bastante incomum,
nenhum sinal dela fora descoberto um mês antes e a adesão apenas fora observada
durante os três dias antecedentes. Independentemente da tísica, suspeitava-se que o
paciente sofresse de aneurisma da aorta. mas, neste ponto, os sintomas ósseos tornavam
impossível um diagnóstico exato. Era opinião de ambos os médicos que o Sr. Valdemar
morreria mais ou menos à meia-noite do dia seguinte, domingo. Estávamos, então , às
sete horas da noite do sábado.Ao deixar a cabeceira da cama do inválido para travar
conversa comigo, os Drs. D… e F… tinham-lhe dado um definitivo adeus. .não
tencionavam voltar, mas, a pedido meu, concordaram em visitar o doente, mais ou menos
às dez horas da noite seguinte.
Quando eles se foram, falei francamente com o Sr. Valdemar sobre o assunto de sua
morte vindoura, bem como, mais particularmente sobre a experiência proposta. Ele
mostrou-se ainda completamente de acordo e mesmo ansioso por sua realização, e
insistiu comigo para que a começasse imediatamente. Dois enfermeiros, um homem e
uma mulher, cuidavam dele; mas eu não me sentia totalmente em liberdade de
empreender uma tarefa dessas natureza sem mais testemunhas dignas de confiança do
que aqueles dois que pudessem depor em caso de súbito acidente. Conseqüentemente, adiei as operações até cerca das oito horas da noite seguinte quando a chegada de um
estudante de medicina com quem eu estava um tanto relacionado (o Sr. Teodoro L…)
libertou-me de qualquer embaraço ulterior. Fora minha intenção, a princípio, esperar os
médicos, mas fui levado a agir, primeiro, em virtude dos rogos prementes do Sr. Valdemar
e, em segundo lugar, pela convicção de que não tinha um momento a perder, diante da
evidente aproximação rápida de seu fim.
O Sr. L… teve a bondade de satisfazer meu desejo de tomar notas de tudo quanto
ocorresse, e é dessas suas notas que o que vou agora narrar foi na maior parte
condensado ou copiado verbatim.
Faltavam cerca de cinco minutos para as oito, quando, tomando a mão do paciente, eu
lhe pedi que afirmasse, o mais distintamente possível, ao Sr. L, se ele, (o Sr. Valdemar)
estava inteiramente de acordo em que eu fizesse a experiência de magnetizá-lo em seu
estado presente.
Ele respondeu, com fraca voz, porém completamente audível:
- Sim, desejo ser magnetizado - acrescentando imediatamente depois: - Receio que você
tenha demorado muito.
Enquanto ele assim falava, comecei os passes que eu já descobrira terem mais efeito em
dominá-lo. Ele ficou evidentemente influenciado com o primeiro toque lateral de minha
mão na sua fronte. Mas, embora utilizasse eu todos os meus poderes, nenhum efeito
ulterior perceptível se verificou até alguns minutos depois das dez horas, quando os Drs.
D… e F… chegaram, de acordo com o combinado. Expliquei-lhes, em poucas palavras, o
que pretendia, e como eles não opusessem objeção, dizendo que o paciente já estava em
agonia mortal, continuei, sem hesitação, mudando porém, os passes laterais por outros
descendentes e dirigindo meu olhar inteiramente sobre o olho direito do moribundo.
A este tempo já seu pulso era imperceptível e sua respiração estertorosa, a intervalos de
meio minuto.
Tal estado conservou-se quase inalterado durante um quarto de hora. No expirar esse
período, porém, um suspiro natural, muito profundo, escapou do peito do homem
moribundo e cessou a respiração estertorosa, isto é, seus estertores não mais apareciam;
os intervalos não diminuíram. As extremidades do paciente tinham uma frialdade de gelo.
Aos cinco minutos antes das onze, percebi sinais inequívocos da influência magnética. O
movimento vítreo do olho mudara-se naquela expressão de inquietante exame interior que
só se vê em casos de sonambulismo e diante da qual é completamente impossível haver
engano. Com alguns rápidos passes laterais fiz as pálpebras estremecerem, como em sono
incipiente, e com alguns mais consegui fechá-las de todo. Não estava, porém, satisfeito
com isso e continuei vigorosamente com as manipulações, com o mais completo esforço
de vontade, até paralisar, por completo, os membros do dormente, depois de colocá-los
em posição aparentemente cômoda. As pernas estavam inteiramente espichadas; os
braços, quase a mesma coisa, e repousavam sobre o leito, a uma distância moderada das
nádegas. A cabeça achava-se levemente elevada.
Quando terminei isso era já meia-noite em ponto e pedi aos cavalheiros presentes que
examinassem o estado do Sr. Valdemar. Depois de alguns exames, admitiram eles que se
achava num estado perfeitamente extraordinário de sono mesmérico.
A curiosidade dos médicos achava-se altamente excitada. O Dr. D... resolveu logo ficar ao
lado do paciente a noite inteira. enquanto o Dr. F… partia, com promessa de voltar ao
amanhecer. O Sr. L… e os enfermeiros ficaram. Deixamos o Sr. Valdemar inteiramente tranqüilo até às três horas da madrugada, quando me aproximei dele e vi que se
encontrava, precisamente, no mesmo estado em que o deixara o Dr. F… ao retirar-se; isto
é, jazia na mesma posição e o pulso era imperceptível, a respiração, ligeira (mal
distinguível, a não ser por meio da aplicação de um espelho aos lábios) os olhos
fechavam-se naturalmente e os membros estavam tão rígidos e frios como o mármore.
Contudo, a aparência geral não era certamente a da morte. Quando me aproximei do Sr.
Valdemar fiz uma espécie de leve esforço para influenciar seu braço direito a acompanhar
o meu, que passava levemente, para lá e para cá, por cima de sua pessoa. Em tais
experiências com esse paciente, nunca eu conseguira antes êxito completo e decerto tinha
pouca esperança de ser bem sucedido agora; mas, para espanto meu, seu braço bem
pronta. embora , fracamente, acompanhou todos os movimentos que o meu fazia. Decidi
arriscar algumas palavras de conversa.
- Sr. Valdemar. . . - disse eu - está adormecido?
Ele não deu resposta, mas percebi um tremor em torno dos lábio, e por isso fui levado a
repetir a pergunta várias vezes. À terceira repetição todo seu corpo se agitou em um leve
calafrio: as pestanas abriram-se, permitindo que se visse a faixa branca do olho; os lábios
moveram-se lentamente e dentre eles, num sussurro mal audível, brotaram as palavras:
- Sim… estou adormecido agora. Não me desperte! Deixe-me morrer assim! Apalpei-lhe
então os membros e achei-os tão rijos como dantes: o braço direito obedecia ainda à
direção de minha mão. Interroguei de novo o magnetizado:
- Sente ainda dor no peito, Sr. Valdemar?
A resposta agora foi imediata, mas ainda menos audível do que antes:
- Dor nenhuma. . . Estou morrendo!
Não achei prudente perturbá-lo mais então e nada mais foi dito ou feito até a chegada do
Dr. F…, que veio um pouco antes do amanhecer e demonstrou seu ilimitado espanto ao
encontrar o paciente ainda vivo. Depois de tomar-lhe o pulso e aplicar-lhe um espelho aos
lábios, pediu-me que me dirigisse de novo ao magnetizado. Acedi, perguntando:
- Sr. Valdemar, ainda está dormindo?
Como anteriormente, alguns minutos decorreram até que fosse dada uma resposta e,
durante o intervalo, parecia que o moribundo reunia suas energias para falar. À minha
quarta repetição da pergunta, disse ele, com voz muito fraca, quase imperceptível.
- Sim. . durmo ainda... estou morrendo.
Era agora opinião, ou antes, desejo dos médicos que o Sr. Valdemar deveria ser deixado
tranqüilo, na sua presente situação de aparente repouso, até sobrevir a morte. E isto,
todos concordavam, deveria realizar-se, dentro de poucos minutos. Resolvi, porém, falarlhe uma vez mais e repeti simplesmente minha pergunta anterior.
Enquanto eu falava, ocorreu sensível mudança na fisionomia do magnetizado. Os olhos
se abriram devagar, desaparecendo as pupilas para cima; toda a pele tomou uma cor
cadavérica, assemelhando-se mais ao papel branco que ao pergaminho, e as manchas
circulares héticas, que até então se assinalavam fortemente no centro de cada face,
apagaram-se imediatamente. Uso esta expressão porque a subitaneidade de sua
desaparição trouxe-me a mente nada menos do que a idéia do apagar de uma vela com
um sopro. Ao mesmo tempo o lábio superior retraiu-se, acima dos dentes que até então cobria por completo, enquanto o maxilar inferior caia com movimento audível, deixando a
boca escancarada e mostrando a língua inchada e enegrecida. Suponho que ninguém do
grupo ali presente estava desacostumado aos horrores dos leitos mortuários mas tão
inconcebivelmente horrenda era a aparência do Sr. Valdemar naquele instante que houve
um geral recuo de todos das proximidades da cama.
Sinto agora ter chegado a um ponto desta narrativa diante do qual todo leitor passará a
não dar crédito algum. É, contudo minha obrigação simplesmente continuar.
Já não havia mais o menor sinal de vida no Sr. Valdemar, e comprovando sua morte,
íamos entregá-lo aos cuidados dos enfermeiros, quando um forte movimento vibratório
observou-se- na língua, o qual continuou durante um minuto talvez. Terminando este,
irrompeu dos queixos distendidos e imóveis uma voz, uma voz tal que seria loucura
minha tentar descrever. Há, é certo, dois ou três epítetos que poderiam ser considerados
aplicáveis a ela em parte; podia dizer, por exemplo, que o som era áspero, entrecortado,
cavernoso; mas o horrendo conjunto é indescritível, pela simples razão de que nenhum
som igual jamais vibrou em ouvidos humanos. Havia duas particularidades, não
obstante, que, pensei e ainda penso, podiam francamente ser comprovadas como
características da entonação, bem como adequadas a dar alguma idéia da sua
peculiaridade sobrenatural. Em primeiro lugar, a voz parecia alcançar nossos ouvidos -
pelo menos os meus - de uma vasta distância ou de alguma profunda caverna dentro da
terra.
Em segundo lugar, dava-me a impressão (receio na verdade ser impossível fazer-me
compreender) que as coisas gelatinosas e pegajosas dão no sentido do tato. Falei ao
mesmo tempo, em "som" e "voz". Quero dizer que o som era de uma dicção distinta. . .
maravilhosamente distinta, mesmo e arrepiante. O Sr. Valdemar falava, evidentemente,
respondendo à pergunta que eu lhe havia feito poucos minutos antes. Perguntara-lhe,
como se lembram, se ele estava adormecido. Ele agora respondia:
- Sim... não. . . estava adormecido. . . e agora. . . agora… estou morto.
Nenhuma das pessoas presentes nem mesmo afetou negar ou tentou reprimir o indizível e
calafriante horror que essas poucas palavras assim pronunciadas, bem naturalmente
provocavam. O Sr. L… ( o estudante ) desmaiou. Os enfermeiros abandonaram
imediatamente o quarto e negaram-se a voltar. Não pretenderei tornar ilegível ao leitor as
minhas próprias impressões. Durante quase uma hora ocupamo-nos, calados, sem dizer
uma só palavra, em procurar fazer o Sr. L… voltar a si. E, quando isto se deu, dirigimonos de novo a examinar o estado do Sr. Valdemar.
Continuava, a todos os respeitos, como o descrevera antes, com exceção de que o espelho
não mais revelava respiração. Uma tentativa de tirar sangue do braço fracassou. Devo
mencionar também que esse membro não mais se mostrou obediente à minha vontade.
Tentei em vão fazê-lo acompanhar a direção de minha mão. A única e real demonstração
da influência magnética achava-se, então, no movimento vibratório da língua quando eu
dirigia uma pergunta ao Sr. Valdemar. Ele parecia estar fazendo um esforço para
responder, mas não possuía mais a volição suficiente. Às perguntas que lhe eram feitas
por qualquer outra pessoa além de mim parecia totalmente insensível, embora eu
tentasse colocar cada membro do grupo em relação magnética com ele. Creio que relatei
agora, tudo quanto é necessário para uma compreensão do estado do magnetizado
naquele momento. Foram procurados outros enfermeiros e às dez horas deixei a casa em
companhia dos dois médicos e do Sr. L…
À tarde fomos todos chamados de novo para ver o paciente. Seu estado permanecia
precisamente o mesmo. Tivemos então uma discussão a respeito da oportunidade e possibilidade de despertá-lo, mas pouca dificuldade tivemos em concordar em que não
havia nenhuma utilidade em fazê-lo. Era evidente que, até ali, a morte (ou o que se
chama usualmente morte) tinha sido detida pela ação magnética. Parecia claro a nós
todos que despertar o Sr. Valdemar era simplesmente assegurar sua morte atual ou,
pelos menos, apressar-lhe a decomposição.
Desde aquele dia até o fim da última semana - intervalo de quase sete meses
continuamos a fazer visitas diárias à casa do Sr. Valdemar, acompanhados de vez em
quando por médicos e outros amigos. Durante este tempo, o magnetizado permanecia
exatamente como já deixei descrito. Os cuidados dos enfermeiros eram contínuos.
Foi na sexta-feira passada que resolvemos, finalmente, fazer a experiência de despertá-lo,
ou de tentar despertá-lo; e foi talvez o infeliz resultado desta última experiência que deu
origem a tantas discussões em círculos privados e a muito daquilo que não posso deixar
de julgar uma credulidade popular injustificável.
Com o fim de libertar o Sr. Valdemar da ação magnética, fiz uso dos passes habituais.
Durante algum tempo foram eles ineficazes. A primeira indicação de revivescência foi
revelada por uma descida parcial da íris. Observou-se, como especialmente notável que
este abaixamento da pupila era acompanhado pela profusa ejaculação de um licor
amarelento (de sob as pálpebras), com um odor acre e altamente repugnante.
Sugeriu-se então que eu deveria tentar influenciar o braço do paciente, como fizera antes.
Tentei, mas inutilmente. O Dr. F… expressou então o desejo de que eu fizesse uma
pergunta. Assim fiz, como segue:
- Sr. Valdemar. . . pode explicar-me quais são seus sentimentos ou desejos agora?
Houve imediata volta dos círculos héticos sobre as faces; a língua vibrou, ou antes, rolou
violentamente na boca (embora os maxilares e os lábios permanecessem rijos como antes)
e por fim a mesma voz horrenda que eu já descrevi ejaculou:
- Pelo amor de Deus!. . . Depressa. - . depressa! .. faça-me dormir. . . ou então, depressa.
Acorde-me. . . depressa!... Afirmo que estou morto!
Eu estava completamente enervado e por um instante fiquei indeciso sobre o que fazer. A
princípio fiz uma tentativa de acalmar o paciente; mas fracassando, pela total suspensão
da vontade, fiz o contrário e lutei energicamente para despertá-lo.
Nessa tentativa vi logo que teria êxito, ou, pelo menos, logo imaginei que meu êxito seria
completo. E estou certo de que todos no quarto se achavam preparados para ver o
paciente despertar.Para o que realmente ocorreu, porém, é completamente impossível que
qualquer ser humano pudesse estar preparado.
Enquanto eu fazia rapidamente os passes magnéticos, entre ejaculações de "Morto!",
"Morto!", irrompendo inteiramente da língua e não dos lábios do paciente, todo seu
corpo, de pronto, no espaço de um único minuto, ou mesmo menos, contraiu-se...
desintegrou-se, absolutamente podre, sob minhas mãos. Sobre a cama, diante de toda
aquela gente, jazia uma quase líquida massa de nojenta e detestável putrescência.
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4947786/mod_resource/content/1/Edgar-Allan-Poe-o-Caso-Do-Sr-Valdemar.pdf
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