domingo, 16 de outubro de 2022

PROPORCIONAL

*** "Resta-nos, seguindo o poeta, reter o espírito dos navegadores e enfrentar o mar ignoto. Como sempre, navegar é preciso." *** Luiz Sérgio Henriques* - O espírito dos navegadores O Estado de S. Paulo Há evidente mal-estar nas democracias e, com a perda do centro, os sistemas políticos e a própria vida social parecem à deriva – e em mar aberto. Efeitos de perda de referência política – de descentramento – estão à mostra por toda parte, comprovando que este não é um tempo de cabotagem, quando se pode navegar olhando para a costa e consultando os mapas de sempre. O fenômeno, espantoso à primeira vista, atinge realidades diferentes, mas emblemáticas, como Suécia, Itália ou Estados Unidos, e obviamente não nos poupa. Sua generalidade requer algum tipo de explicação para além das particularidades de cada caso. É que há um evidente mal-estar nas democracias e, com a perda do centro, os sistemas políticos e a própria vida social parecem à deriva – e em mar aberto. Situação arriscada, como se sabe, e propiciadora de excentricidades e patologias. Não por acaso, retorna o paralelo com tragédias que aconteceram há cem anos, com a irrupção dos totalitarismos e a desconfiança quase universal que rodeava as poucas e frágeis democracias de então. Algumas experiências social-democráticas engatinhavam em âmbito nacional restrito, antes de se espalharem no segundo pós-guerra, especialmente na Europa Ocidental. E nos Estados Unidos as reformas do New Deal começavam a redesenhar o capitalismo depois da catastrófica depressão que aparentemente decretara o colapso daquele tipo de sociedade. Processos, todos eles, lentos e contraditórios, à moda das revoluções passivas, mas de sinal positivo. Neles, ao fim e ao cabo, a mudança abria brechas significativas no muro do passado e as sociedades abertas se projetavam à frente, mais além do horror nazifascista e da distopia stalinista. Foi um movimento tão forte que durou por décadas a fio, parecendo domesticar os instintos animais dos mercados, até que o economicismo bruto das políticas de Reagan e Thatcher lançasse ao mar como carga inútil o compromisso alcançado. E não por coincidência os projetos iniciais do presidente Joe Biden aludiram explicitamente a Roosevelt, tentando recuperar a audácia reformista do ícone democrata por excelência. Hoje somos as testemunhas finais do esgotamento das soluções gestadas há um século e do vazio que a elas se seguiu. O termo “excepcionalidade” não se costumava aplicar apenas à história nacional norte-americana, com seus mais de 200 anos de república em atribulado, mas constante, processo de democratização. Aplicava-se, ainda, à Suécia dos social-democratas, com a fórmula de entendimento “neocorporativo” entre poder público, economia privada e sindicatos. Uma excepcionalidade que não implicava submissão “reformista” dos subalternos ao estado de coisas tradicional, mas construção de uma ordem social singularmente equitativa e de um sistema político aberto e competitivo sob hegemonia das ideias do socialismo democrático. A mesma excepcionalidade era atribuída, em boa parte da esquerda, à experiência dos comunistas italianos e às sucessivas formações que, com obstáculos difíceis e inesperados, tentaram se firmar na trilha do PCI nos últimos 30 anos. Na verdade, tais formações propuseram-se uma substancial metamorfose com a incorporação de outras culturas políticas, de matriz católica e liberal-democrática, ao tronco marxista incapaz de ler, por si só, a realidade do século 21. Um deslocamento nada surpreendente para quem acompanhou o percurso do velho partido mesmo antes do fim do socialismo real, mas não se pode dizer que o atual Partido Democrático esteja contornando bem os escolhos da viagem ou tenha chegado a bom porto, agora que lhe cabe capitanear a oposição ao bloco fascistoide no poder. A verdade é que, respeitadas as imensas diferenças, em todos estes casos veio a se romper um determinado nexo entre classe social e ação política, que constituía a chave dos variados diagnósticos sobre a crise das sociedades e as tendências de futuro. Podia haver, e havia, esquematismo na concepção das relações entre os partidos de esquerda e as classes de referência, que os processos correntes de fragmentação e individuação levaram por água abaixo, mas não se pode negar que se tratava de concepção poderosa e mesmo “totalizante”. Afinal, era o que dava sentido não só a experiências intensas de luta coletiva, mas também à própria trajetória dos indivíduos. Aderir ao “partido”, como certa vez disse Giorgio Amendola, era uma escolha de vida, algo que dificilmente se pode entender em tempos líquidos. O descentramento político e a liquefação das classes abriram um panorama incerto e ainda não apreendido conceitualmente. Na névoa densa ao redor, lemas arcaicos do fascismo – entre eles “Deus, Pátria e família” – retomam surpreendente capacidade de mobilização. A extrema direita busca sobrepor-se indevidamente à direita constitucional e oferece soluções enganosas, como se fosse possível encaminhar o curso das coisas segundo tradições hierarquizadas e antidemocráticas. De outro lado, neste interregno, boas referências sucumbem, excepcionalidades desaparecem, ainda que continuem a fornecer motivos de reflexão. Resta-nos, seguindo o poeta, reter o espírito dos navegadores e enfrentar o mar ignoto. Como sempre, navegar é preciso. *Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das obras de Gramsci no Brasil ***********************************************************************************
*** Capa do disco 'Tulipa Donato', de Tulipa Ruiz e João Donato — Foto: Arte de Teresa Bettinardi *** *** TULIPA RUIZ - ACHO QUE HOJE MESMO EU DOU (Visualizer/Lyric) 4.005 visualizações 23 de set. de 2022 ACHO QUE HOJE MESMO EU DOU é uma música do novo álbum de Tulipa Ruiz, Habilidades Extraordinárias, ouça também nas plataformas: https://bit.ly/3dFsAqb *** Eduardo Affonso Arquiteto e cronista Quatro mulheres e uma eleição Ainda veremos Simone ir mais longe 15/10/2022 00h02 Atualizado há 20 horas ***
*** Simone Tebet anuncia apoio a LulaSimone Tebet anuncia apoio a Lula Maria Isabel Oliveira *** Quem viu pela Globo a cobertura das eleições não há de se esquecer dela: discreta, segura, uma enciclopédia (melhor, um Google inteiro) na ponta da língua. Renata Lo Prete sabia tudo sobre cada um dos candidatos — o vencedor, os derrotados; sobre cada campanha — esta, as anteriores. Sobre as implicações, alianças, oscilações, trajetórias. Em todos os estados, qualquer que fosse o partido. Cara a cara: as estratégias de Lula e Bolsonaro para o debate de domingo na Band Encadeava números, nomes, coligações, legendas como quem conta um saboroso caso de família — íntima de cada personagem, senhora do que dizia. Equilibrada sem que isso lhe custasse qualquer esforço; isenta sem, entretanto, ser fria. Numa época em que jornalistas não escondem a torcida e modulam suas falas para sublinhar entrelinhas, Renata Lo Prete mantém uma firmeza eloquente — de quem trabalha com o fato, não com narrativas. Petrobras: veja as propostas dos candidatos para a empresa Eu vi o mundo. Ele começava nos olhos de Marina. Poderia ter sido um pouco antes, nos de Cecília ou Clarice; pouco depois, nos de Danuza, Hilda, Adélia, Lya. Mas foi pelos olhos de Marina Colasanti que conheci a literatura feminina — e o feminismo, então ainda agregador e solidário, não intoxicado pela misandria e fragmentado pelo identitarismo. No começo desta primavera, Marina completou 85 anos. Ainda é possível ver o mundo por meio de seus olhos: no sábado passado, escreveu sobre o primeiro turno (“Estou farta desse jogo eleitoral”); dias antes, sobre os livros que relê sem se lembrar de os ter lido. Segue lúcida, precisa, combativa. Com o frescor e a juventude da primavera quando chega. Ainda veremos Simone ir mais longe. Na disputa em que o inferno tem sido o limite, ela se mostrou ética, serena, propositiva: —Não se luta apenas para vencer, mas para defender projetos, disseminar ideias, iluminar caminhos, plantar boas sementes para uma colheita coletiva. Vencida, refez alianças para levar adiante suas propostas: prioridade na educação e na saúde, alívio no endividamento dos mais pobres, igualdade de gênero, diversidade aliada à competência. Simone Tebet vem nos lembrar de como se faz política. De como se diverge, se dialoga e se reconcilia. Todos já vimos o futuro pelas tramas de Gloria, a vidente das novelas. Foi assim com a internet, a clonagem, a barriga de aluguel; agora será com a travessia para o metaverso. Gloria veio do Acre, e isso talvez explique seu encantamento com o que está além do que os olhos veem, com o que vem de longe. E seu desejo de revelar quão familiar é o aparentemente exótico — há boas histórias a contar, seja na Índia, na Amazônia, no Marrocos, no Maranhão. É uma Penélope que desfia a cada noite as teias do passado para tecer um novo folhetim, com outra urdidura. Continuam em cena os triângulos amorosos, segredos, desencontros — entrelaçados a tráfico humano, transexualidade, crianças desaparecidas, dependência química. O de sempre, sempre original. Para Gloria Perez, o futuro acontece agora. Quatro mulheres — de centro, esquerda, direita, não importa. Quatro entre milhões de renatas, marinas, simones e glórias. Senhoras da arte de contar histórias — e de escrever a História. Recomendadas para você Sonar - A Escuta das Redes Foto da Recomendação ‘Pintou um clima’: internautas repercutem fala de Bolsonaro sobre meninas venezuelanas em Brasília Mundo Foto da Recomendação Contraofensiva ucraniana fragiliza linhas de suprimento russas; recém-alistados morrem sem treinamento Malu Gaspar Foto da Recomendação Guerra nas redes contra Bolsonaro abre racha na campanha de Lula Eleições 2022 Foto da Recomendação Amoêdo declara voto em Lula no segundo turno, em entrevista a jornal GLORIA PEREZ SIMONE TEBET https://oglobo.globo.com/opiniao/eduardo-affonso/coluna/2022/10/quatro-mulheres-e-uma-eleicao.ghtml ****************************************************************************************************
*** Nas entrelinhas: A “alma imoral” das mulheres rejeita o machismo de Bolsonaro Publicado em 16/10/2022 - 06:27 Luiz Carlos Azedo Comunicação, Cultura, Eleições, Ética, Governo, Literatura, Memória, Partidos, Política, Política A moralidade é oposta às forças transgressoras da alma, que vive do que a sociedade reconhece como imoral, diz o rabino. Em todas as famílias, a mulher ou a filha votam com a alma, em quem quiser Simone Lucie-Ernestine-Marie-Bertrand de Beauvoir (1908-1986), como seu próprio nome sugere, nasceu em berço de ouro, foi educada por professores particulares e estudou filosofia na Sorbonne, onde conheceu o filósofo Jean-Paul Sartre (1905-1980), seu companheiro, com quem foi sepultada seis anos após a morte do “marido”. Viveram juntos, mas nunca se casaram. Considerada a “mãe do moderno movimento das mulheres”, quando escreveu O Segundo sexo, sua obra seminal, não se via como feminista. Sua motivação foi responder à pergunta “O que é uma mulher?”. A primeira onda do feminismo foi a luta pelo sufrágio universal, desde o final do século XIX, porque as mulheres não tinham o direito de votar; a segunda, foi a luta contra a discriminação no lar, no trabalho e os preconceitos, que não podiam ser alterados apenas pela letra da lei. Simone de Beauvoir elevou o movimento feminista, do qual não fazia parte, a um novo patamar na década de 1960, ao trazer ao debate questões subjetivas que estavam associadas ao existencialismo. Ela diferenciava o ser fêmea do ser mulher. O papel tradicional de esposa, de dona de casa e de mãe aprisionava as mulheres numa condição em que era afastada de outras mulheres e tinha a vida definida pelo marido. Simone via o “eterno feminino” como uma justificativa para essa desigualdade e buscou o “ser humano na condição feminina”, isto é, a alteridade das mulheres. Ou seja, no reconhecimento de que são pessoas com culturas singulares e subjetivas que pensam, agem e entendem o mundo de suas próprias maneiras. Reconhecer a alteridade é o primeiro passo para a formação de uma sociedade justa, equilibrada, democrática e tolerante, onde todas e todos possam expressar-se, desde que respeitem também a alteridade alheia. Esta é a muralha da rejeição que separa o presidente Jair Bolsonaro da maioria das mulheres. Não reconhece a possibilidade de as mulheres escolherem entre si mesmas, como mulher, fundamentalmente diferente do homem e, ao mesmo tempo, a si mesmas como um membro igual da raça humana. Vem daí a sua misoginia, e sua dificuldade de conviver, por exemplo, com mulheres parlamentares que pensam diferente e não seguem sua liderança, e com jornalistas que ousam fazer perguntas incômodas ou confrontá-lo com suas próprias opiniões. O resultado aparece nas pesquisas claramente: Na pesquisa do Instituto Paraná, o que mais se aproximou do resultado do primeiro turno, divulgada na quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aparece com 47,6% de intenções de votos e o presidente Jair Bolsonaro com 44,1%. Lula perde entre os homens (46,2% contra 47,3%), em empate técnico, mas ganha com uma vantagem de quase oito pontos entre as mulheres (48,9% a 41,1%). Bolsonaro tem feito um enorme esforço para reverter essa diferença, principalmente entre as mulheres evangélicas, mas são muitos votos que precisam conquistados: Dos 156.454.011 de eleitores aptos, 82.373.164 (52%,65) são mulheres. São aproximadamente 6,4 milhões de votos de diferença. Nudez e transgressão Há um detalhe importante, que não aparece nas pesquisas: nas famílias bolsonaristas, muitas esposas e filhas votam em Lula. Quanto maior a pressão, mais consolidado esse voto, porque é o tipo da coisa que reforça a imagem machista e misógina de Bolsonaro e, ao mesmo tempo, desperta a alma feminina transgressora dos padrões de dominação masculina. A propósito dessa contradição, a cultura judaica, tão perseguida, tem muita coisa a nos ensinar. Para o rabino Nilton Bonder, a “alma” seria nada mais que o componente consciente da necessidade de evolução, a parcela de nós capaz de romper com os padrões e com a moral conservadora. Sua natureza seria, portanto, transgressora, por não corroborar os interesses da moral tradicionalista. Um dos exemplos utilizados pelo rabino para explicar a tese, no livro a Alma Imoral, que serviu de roteiro para o monólogo interpretado por Clarice Niskier, de muito sucesso, é justamente a relação corpo-alma. Ao longo dos anos, a cultura afirmou ser o corpo a fonte do imoral e a alma, do moral. O primeiro ato de Adão e Eva como seres conscientes foi cobrir o corpo nu, dando a noção de indecência e imoralidade do corpo, frente ao despertar da alma supostamente moral. No entanto, é justamente o contrário. A alma é imoral e não o corpo. A tradição tem três eixos: a família, os contratos sociais e as crenças. A primeira foi moldada para atender às necessidades reprodutivas; os segundos, para preservação da vida humana; as terceiras, para respaldar tudo isso no plano ideológico. O processo civilizatório é a transgressão das tradições, ultrapassando-as, geração após geração, porém, ao mesmo tempo, preserva esses objetivos vitais. No teatro, Clarice Niskier apresenta o monólogo em estado de nudez real e, ao mesmo tempo, simbólica. A alma desnuda, em conflito com o corpo vestido, coloca em xeque dogmas religiosos. “A psicologia evolucionista aponta o corpo como o gerador da moralidade. É justamente para dar conta de seus interesses de preservação que a moralidade é engendrada. Esta moralidade é oposta às forças transgressoras da alma. Assim, a alma vive do que a sociedade reconhece como imoral”, argumenta o rabino. Traduzindo, como o voto é secreto, em todas as famílias, a mulher ou a filha votam com a alma, em quem quiser, independentemente das vontades de maridos, namorados e irmãos. Compartilhe: ****************************** *** Poesia | Edgar Allan Poe - O palácio assombrado ***************************************************************************** *** Proporcional | João Donato e Tulipa Ruiz 2.001 visualizações 9 de dez. de 2019 João Donato e Tulipa Ruiz interpretam a música Proporcional no Cultura Livre. **************************
*** Tribunal Superior Eleitoral Votação nas eleições passa a valer como prova de vida para o INSS — Tribunal Superior Eleitoral ***************************************************
*** POLÍTICA & COISA & TAL (OUTUBRO 2022) Paulo Fábio Dantas Neto VOTAR PARA VALER, NÃO PARA FICAR EM PAZ COM OS PRÓPRIOS BOTÕES 15.10.2022 Voto nulo é um voto legítimo, em qualquer situação. Mesmo em momentos de alto perigo, como esse que atravessamos, ninguém pode ser censurado moralmente por não se sentir à vontade com o cardápio que lhe foi oferecido nesta eleição, primeiro pelos partidos, depois pela maioria de eleitores que decidiu quem disputará o segundo turno. O direito à dieta eleitoral faz parte da democracia. Posto isso, quero conversar com quem quer fazer dieta nessa eleição por rejeitar igualmente Lula e Bolsonaro. E com quem está admitindo votar em Bolsonaro tapando o nariz. É conversa política, democrática, de igual pra igual, não conversa moralista ou professoral. Sou brasileiro tanto quanto quem quer votar nulo ou de nariz tapado e não sou mais sábio ou mais ético do que quem fazer dieta. LEIA mais https://gramsci.org/?page=visualizar&id=2479 A democracia precisa do seu voto válido em Lula. Ela – não Lula – é o endereço de um voto político nessa hora difícil. Sei que através de votos válidos em Lula é ele e não outra a pessoa que governará. E que o seu partido, o PT, terá papel importante no governo. Papel maior ou menor, a depender do tamanho da frente que apoiar o candidato. Como ela ficou ampla, temos razões para pensar que o PT não poderá, mesmo que queira, governar sozinho. E seja como for, numa democracia nada obriga quem votou num candidato a apoiar seu governo depois. A oposição é livre e necessária na democracia. O voto que defendo não é ideológico, nem de facção. No dia 30 vamos votar também pelo direito a haver oposição. Já o adversário de Lula, se reeleito, ameaçará esse nosso tesouro democrático comum. Quem já nasceu na democracia talvez não tenha ideia bastante do que significa perdê-la. O preço alto seria pago também por nós, que somos hoje idosos ou adultos, mas principalmente por quem está começando a vida agora. Digo que a reeleição de Bolsonaro pode fazer desse perigo, que hoje já existe, uma realidade, talvez por décadas. Sim, pois o script que a extrema-direita encena no mundo todo é este: no primeiro mandato o populista é candidato a ditador; no segundo mandato ganha um salvo-conduto para ser, de fato, ditador. Quando, no horário eleitoral, Bolsonaro diz que o Congresso que acaba de ser eleito trabalhará em harmonia com ele, essa harmonia quer dizer o seguinte: o presidente dará aos parlamentares recursos do Estado para que, em troca, eles aprovem o controle do Judiciário e da imprensa, leis que persigam minorias, que retirem recursos da ciência, que permitam o desmonte de agências públicas como IBGE, Ibama e outras; que asfixiem o SUS e por aí vai. No fim dessa linha o plano é dar fim à atual Constituição (o controle do Judiciário facilita isso) e no seu lugar colocar outra, ao gosto da maioria bolsonarista. Vamos pensar juntos: essa maioria, se houver mesmo (para isso Bolsonaro anda precisa virar os números), será provisória, como toda maioria eleitoral. Em condições normais será testada de novo, daqui a quatro anos. Tem sentido uma maioria ocasional alterar a seu favor as regras de um jogo que é permanente? Só tem sentido para a extrema-direita, porque esse é o caminho para o ditador se perpetuar, fabricando sucessivos mandatos, como acontece com Orban, Edorgan e Putin, na Hungria, na Turquia e na Rússia e como aconteceu e acontece na Venezuela, antes com Chávez, hoje com Maduro. Nada disso é profecia. É bem provável que a sociedade resista a esse plano. Mas convenhamos que se Bolsonaro se reeleger mais de meio caminho terá sido andado para que ele tenha sucesso. Reverter isso vai custar muito tempo, energias, dores e provavelmente vidas. Tudo isso pode ser evitado nesse dia 30. Quem é ou se tornou bolsonarista certamente não concorda comigo. É do jogo. Se não usarem violência – de músculos, de armas ou de fakenews – está tudo certo. Disputaremos nas urnas e quem ganhar leva. Como disse no começo, quero conversar agora é com quem quer votar nulo e com quem admite até votar em Bolsonaro, mas sem tanta convicção, porque considera a opção de Lula tão nefasta ou até pior. Tenho plena noção de que um novo governo Lula não será um mar de rosas. Estou distante daquelas pessoas que acreditam numa volta a um suposto paraíso, como tem sido prometido em sua campanha. Propaganda não faz minha cabeça. O êxito na economia e os inegáveis avanços sociais obtidos nos primeiros anos de governos petistas não apagam a crise econômica, social e ética a que levaram o país na sequência, da qual a recessão econômica e o desemprego em massa foram a maior herança. Do mesmo modo tenho noção de que nos governos anteriores de Lula houve muita corrupção. Não creio que tenha sido esse o maior problema, mas admito que é a razão maior da rejeição atual ao candidato. Se e até que ponto ele esteve envolvido pessoalmente naqueles fatos não me sinto em condições de afirmar, pois seus processos foram juridicamente anulados e não nos compete tomar o lugar dos juízes. Mas de todo modo não há como um presidente deixar de ter responsabilidade política pelo que ocorre em seu governo. Queira ou não, Lula está lidando com essa responsabilidade política na sua campanha. É principalmente por causa dela que Bolsonaro existe politicamente após tantos crimes. E ainda posa de satanás pregando quaresma num mar de rachadinhas e golpes bilionários contra os cofres públicos. Com tudo isso, pergunto aos amigos (mesmo àqueles que, diferentemente de mim, acham que existe um DNA petista diferenciado que faz dele um partido pior que os outros) se há evidências concretas de que, num futuro governo, Lula repetirá os erros anteriores. De saída, ele vai enfrentar uma dura e aguerrida oposição que vigiará cada passo seu e de seu governo. Por causa disso será pressionado, em razão da ampla frente que acabou reunindo, a fazer um governo de coalizão e não só um governo de cooptação, como fez antes. Além disso não é razoável supor que ele queira encerrar sua carreira atraindo para si novos processos depois de ter se livrado de vários. Lula é um democrata que cometeu muitos e graves erros, mas que tem seu futuro político amarrado à continuidade da democracia. Ao contrário do seu oponente, que é um autocrata que usa a democracia para destruí-la e assim continuar no poder indefinidamente. Lula não tentou fazer isso quando estava no auge de sua popularidade. Foi exatamente isso que Simone Tebet reconheceu ao lhe dar apoio no segundo turno sem retirar nenhuma das críticas que lhe fez antes. É esse o voto político em Lula que estou sugerindo. Um voto que não se deve ao seu passado (no qual se pode ver muitas coisas boas e muitas ruins), nem mesmo principalmente ao que de positivo ele esteja dizendo e fazendo hoje. É um voto político para que possamos ter um amanhã dentro da democracia. Alguém poderá dizer que votando nulo não votará contra um amanhã. E é verdade, do ponto de vista da intenção desse eleitor. Mas sua boa intenção pode se misturar com todas as nossas num só inferno que pode acontecer se o número de votos válidos cair muito. A abstenção (não ir votar) é impossível de prever e ela já é, a princípio, aliada de Bolsonaro, porque ele tem bem menos votos entre os eleitores mais pobres, que são aqueles que têm mais dificuldade objetiva para se deslocar até as urnas, especialmente quando precisam viajar para isso. Se além da abstenção houver votos não válidos da parte de quem reconhece o perigo da reeleição de Bolsonaro, a situação pode ficar mais difícil para todos o que querem um amanhã. Votemos para valer e não só para ficarmos em paz com nossos botões! FONTE: Esquerda Democrática 1 de outubro https://www.facebook.com/1548790565352414/posts/3360670850831034/ ***********************************************************************
*** TOPO Por Mauro Ferreira Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'. Faz um guia para todas as tribos Tulipa Ruiz lança disco com João Donato G1 14/08/2019 08h32 Atualizado há 3 anos Tulipa Ruiz lança disco com João Donato Reprodução / Instagram Tulipa Ruiz A admiração de Tulipa Ruiz por João Donato foi explicitada quando a artista paulistana convidou o compositor e pianista acriano para participar do terceiro álbum da cantora, Dancê (2015). Donato canta e toca piano fender rhodes na música Tafetá (Tulipa Ruiz e Gustavo Ruiz, 2015). A crescente interação entre os dois artistas resultou em disco gravado em parceria. Com capa que expõe arte de Teresa Bettinardi, o disco Tulipa Donato é um single duplo – chamado por Tulipa de compacto – fabricado em vinil com tiragem limitada. Capa do disco 'Tulipa Donato', de Tulipa Ruiz e João Donato — Foto: Arte de Teresa Bettinardi Capa do disco 'Tulipa Donato', de Tulipa Ruiz e João Donato — Foto: Arte de Teresa Bettinardi Com duas músicas, Gravidade zero (primeira parceria de Donato com Tulipa) e Manjericão (composição de Tulipa com o irmão Gustavo Ruiz gravada com a adesão do rapper Edgar), o disco estará à venda a partir de domingo, 18 de agosto, um dia após o lançamento oficial do compacto em apresentação dos artistas no festival Bananada, em Goiânia (GO). "Fui criada ao som de Donato, que pontificou em muitos dos discos que ouvi menina. Ele não se enquadra em rótulos. Muito pelo contrário. Sua preciosa musicalidade o caracteriza como um artista infinitamente criativo que promove pororocas que vão do jazz à música latina. O cara mais elegante que eu conheço. Generoso, arejado, atemporal. Minha admiração por João só cresce", relata Tulipa em comentário em rede social. TULIPA RUIZ Veja também ***
*** Onyx nega aperto de mão a Leite: ‘Gestos cafajestes têm dado resultado na eleição‘, diz Octavio Guedes GloboNews Mais Onyx nega aperto de mão a Leite: ‘Gestos cafajestes têm dado resultado na eleição‘, diz Octavio Guedes Durante debate no RS entre os candidatos ao governo nesta sexta (14), uma ‘saia justa’ virou tema de análise de Octavio Guedes. É que o candidato Onyx Lorenzoni (PL) negou aperto de mão ao adversário Eduardo Leite (PSDB) neste 2º turno: ‘Gestos cafajestes têm dado resultado na eleição’, avalia o comentarista da Globonews, que cita caso de homofobia. 14 de out de 2022 às 16:38 ********************************* "O 'candidato carro elétrico' ao governo do RS é o que aparece à direita do liberal economista de Chicago trocando carinhos com a 'besta fera' senadora eleita por Brasília de JK e do padroeiro Dom Bosco." *** *** Guedes diz a Damares: ‘Deixa cada um se f* do jeito que quiser’ 66.129 visualizações 22 de mai. de 2020 'Principalmente se o cara é maior, vacinado e bilionário', emendou o ministro da Economia, durante reunião ministerial divulgada nesta sexta *******************************************
*** Ao declarar voto em Lula, João Amoêdo (foto) disse que esperava críticas dentro do Novo, mas que acreditava que a liberdade de expressão era um dos princípios da sigla *** Amoêdo rebate Novo sobre apoio a Lula: “Liberdade de expressão” Sigla classifica voto no petista como “incoerente e lamentável”; empresário diz ter exercido direito constitucional WikimediaCommons – 14.ago.2018 PODER360 16.out.2022 (domingo) - 9h30 João Amoêdo respondeu à nota do Partido Novo em que a sigla classifica como “incoerente e lamentável” sua declaração de voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no 2º turno das eleições. Em publicação no Twitter feita no sábado (15.out.2022), Amoêdo fala em liberdade de expressão. “Lamento que o partido utilize meios oficiais para atacar a liberdade de expressão e política de um filiado. Ao responder o questionamento acerca do meu voto em segundo turno, apenas exerci um direito que me é conferido pela nossa Constituição”, escreveu Amoêdo. “Tal direito não apenas dialoga com um dos pilares do NOVO –a liberdade de expressão– como também encontra amparo no seu Estatuto, em Diretriz Partidária vigente e em uma nota recente que textualmente reafirmou a liberdade de seus filiados em votar segundo suas convicções.” ***
*** Poder360 https://www.poder360.com.br/eleicoes/amoedo-rebate-novo-sobre-apoio-a-lula-liberdade-de-expressao/ ********************************

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