Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 25 de outubro de 2022
FORTUNA
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"A fortuna troca, às vezes, os cálculos da natureza."
Machado de Assis
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Na entrevista feita há três anos, ele disse que teve a sorte de não sofrer muito racismo enquanto crescia, mas que houve um incidente que o marcou.
"Eu era adolescente e estava com meus irmãos mais novos em um restaurante de fast food. Havia pessoas sentadas nas proximidades e foi a primeira vez que vi alguns dizendo coisas muito desagradáveis [sobre a origem da família]."
"Isso doeu, e ainda me lembro. Ficou na minha memória."
"Aos 18 anos, três dias após ser aprovado para o curso de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Bolsonaro foi nomeado para um cargo comissionado de 40 horas semanais na liderança do então partido do pai na Câmara dos Deputados, o PTB, comandado por Roberto Jefferson."
Faculdade no Rio, emprego em Brasília: o cargo na Câmara que Eduardo Bolsonaro ganhou aos 18 anos e não lembra https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49878131
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"ganhou aos 18 anos e não lembra"
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Eduardo Bolsonaro - Olha, eu teria que puxar forte pela memória aqui então… Mas eu acho que não teria problema nenhum, conseguir trabalhar, prestar um serviço partidário. Inclusive eu já tive assessor meu que eu encontrava com ele uma vez por mês no máximo, né? (O assessor) prestava a minha assessoria de maneira local no litoral de São Paulo.
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"Sem enfrentamento estrutural, combatido só com embalos, o antipetismo relativizará tudo. E será Lula contra o antipetismo e contra a subestimação do antipetismo." https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/10/carlos-andreazza-lula-contra-o.html#more
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Conclusão
"Os cassinos no Brasil ainda não estão legalizados. A clandestinidade dos cassinos
e dos jogos é crime. A probabilidade de um jogador vencer em qualquer um desses
jogos é baixa. Praticar jogos de azar não é vantagem para o jogador."
p. 57, Capítulo 8,
A Probabilidade Aplicada aos Jogos de Azar
por
Rafael Thé Bonifácio de Andrade
sob orientação do
Prof. Dr. Alexandre de Bustamante Simas
Janeiro/2017
João Pessoa - PB
https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/9474/2/arquivototal.pdf
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Caso Jefferson: baderna bolsonarista
O Assunto
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O Assunto #821: Caso Jefferson - baderna bolsonarista
Depois de desrespeitar seguidas vezes as condições que lhe permitiam cumprir pena em regime domiciliar, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) recebeu com dezenas de tiros de fuzil e três granadas os policiais federais que foram cumprir a ordem judicial de prendê-lo.
Por Renata Lo Prete
25/10/2022 02h31 Atualizado há 16 horas
Você pode ouvir O Assunto no g1, no GloboPlay, no Spotify, no Castbox, no Google Podcasts, no Apple Podcasts, na Deezer, na Amazon Music, no Hello You ou na sua plataforma de áudio preferida. Assine ou siga O Assunto, para ser avisado sempre que tiver novo episódio.
Depois de desrespeitar seguidas vezes as condições que lhe permitiam cumprir pena em regime domiciliar, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) recebeu com dezenas de tiros de fuzil e três granadas os policiais federais que foram cumprir a ordem judicial de prendê-lo. De gravidade inédita, o incidente suscita uma série de perguntas ainda sem resposta, começando pela mais flagrante: “como um condenado tinha esse arsenal em casa?”, indaga Andréia Sadi, apresentadora do Estúdio i (GloboNews) e colunista de política do g1. Em conversa com Renata Lo Prete, ela mostra como o evento de domingo desnorteou as milícias digitais a serviço de Jair Bolsonaro. De início, elas formaram uma espécie de corrente de defesa do criminoso - que, ao reagir a bala e desrespeitar o Supremo, nada mais fez do que seguir, de forma literalmente explosiva, a cartilha do presidente. Só que este, ao perceber o risco eleitoral envolvido, procurou se dissociar do aliado. Operação difícil, considera Sadi. “Ele esqueceu de combinar com a turma e deixou o bolsonarismo nu”, diz. Fora os rastros da ligação entre ambos, como o onipresente Padre Kelmon (prestador de serviços para Bolsonaro no primeiro turno, “negociador” na cena da rendição do delator do mensalão). A jornalista avalia ainda as semelhanças com o caso Daniel Silveira, outro petebista de extrema-direita condenado, ao qual o presidente concedeu perdão. Para Sadi, tudo indica que Bolsonaro se inclinava a fazer o mesmo com Jefferson, mas a campanha eleitoral e o atentado contra os agentes inviabilizaram esse caminho.
O que você precisa saber:
Jefferson: ataca policiais federais com fuzil e granadas
Armas: Jefferson estava com licença de CAC suspensa
Polícia Federal: indiciado por 4 tentativas de homicídio
Padre Kelmon: furou o bloqueio da PF
Vídeo: 'bate-papo' entre policial e Roberto Jefferson
Bolsonaro: amizade com Jefferson dura duas décadas
Lula: condena ataque de Roberto Jefferson contra PF
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O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Isabel Seta, Tiago Aguiar, Lorena Lara, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski e Eto Osclighter. Apresentação: Renata Lo Prete.
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— Foto: Comunicação/Globo
— Foto: Comunicação/Globo
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2022/10/25/o-assunto-821-caso-jefferson-baderna-bolsonarista.ghtml
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O que Bolsonaro pensa de Sergio Moro?
56.601 visualizações 17 de out. de 2022
https://www.youtube.com/watch?v=_1vxRts1c4Q
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2:42 PM · 24 de out de 2022
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Memória Globo
Renata Lo Prete | Renata Lo Prete | memoriaglobo
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Renata Lo Prete
@renataloprete
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6 h
#OAssunto desta 3ª: o caso Jefferson. O inventário das relações entre o autor do atentado contra policiais federais e Jair Bolsonaro, em conversa para lá de informada com
@AndreiaSadi
🤝
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g1
@g1
·
9 h
#OAssunto - Depois de desrespeitar as regras da prisão domiciliar, Roberto Jefferson (PTB) recebeu com tiros e granadas os policiais federais que foram cumprir a ordem de prendê-lo. Nesta edição, @RenataLoPrete conversa com @AndreiaSadi sobre o caso: http://glo.bo/3gANEiS #g1
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g1
@g1
·
9 h
#OAssunto - Depois de desrespeitar as regras da prisão domiciliar, Roberto Jefferson (PTB) recebeu com tiros e granadas os policiais federais que foram cumprir a ordem de prendê-lo. Nesta edição, @RenataLoPrete conversa com @AndreiaSadi sobre o caso: http://glo.bo/3gANEiS #g1
16,6 mil visualizações
0:16 / 0:53
Renata Lo Prete
@renataloprete
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16 h
Por que Bolsonaro não tem como (nem quer, a não ser até domingo) se dissociar de Jefferson 👀👇🏻
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Jornal da Globo
@JornalDaGlobo
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16 h
“Ainda não dá pra saber se o caso Jefferson terá consequência eleitoral, mas ele desorientou a campanha de Bolsonaro num momento em que ela estava no controle da pauta da eleição”, analisa @renataloprete no #JornaldaGlobo.
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Jornal da Globo
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·
16 h
“Ainda não dá pra saber se o caso Jefferson terá consequência eleitoral, mas ele desorientou a campanha de Bolsonaro num momento em que ela estava no controle da pauta da eleição”, analisa @renataloprete no #JornaldaGlobo.
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https://twitter.com/renataloprete
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Folha de S.Paulo
@folha
·
21 de fev de 2019
É da Folha a revelação do maior escândalo de corrupção do governo Lula: o mensalão.
http://bit.ly/2XcTd91
📷Evaristo Sá/AFP
Folha de S.Paulo
@folha
Em 2005, em entrevista exclusiva ao jornal, o deputado Roberto Jefferson (PTB) revelou a Renata Lo Prete que o PT dava mesada de R$ 30 mil a parlamentares.
http://bit.ly/2XcTd91
📷Adriano Machado/Lula Marques/Folhapress
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4:35 PM · 21 de fev de 2019
·Twitter Web Client
https://twitter.com/folha/status/1098667566891970560
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Faculdade no Rio, emprego em Brasília: o cargo na Câmara que Eduardo Bolsonaro ganhou aos 18 anos e não lembra
Matheus Magenta, Mariana Sanches e André Shalders
Da BBC News Brasil em Londres, Washington e Brasília
3 outubro 2019
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Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro
CRÉDITO,JOEDSON ALVES/EPA
Legenda da foto,
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Eduardo, terceiro filho do presidente, foi nomeado para cargo comissionado em Brasília enquanto estudava no Rio
Aos 18 anos, três dias após ser aprovado para o curso de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Bolsonaro foi nomeado para um cargo comissionado de 40 horas semanais na liderança do então partido do pai na Câmara dos Deputados, o PTB, comandado por Roberto Jefferson.
Com a contratação, o filho 03 do presidente entrava com o pé direito em um mercado de trabalho marcado naquele ano por índice recorde de desemprego.
Por um ano e quatro meses, o calouro de Direito ocupou um cargo que pagava o equivalente a R$ 9,8 mil por mês, em valores atuais, um rendimento maior que o de 98% dos brasileiros.
A regra que proíbe o nepotismo, e assim impede a contratação de parentes de políticos, só viria cinco anos mais tarde.
Mas, segundo as normas da Câmara dos Deputados vigentes à época, o posto foi ocupado de forma irregular. Só poderia ter sido preenchido por alguém que desse expediente no Congresso, já que esse tipo de cargo tem "por finalidade a prestação de serviços de assessoramento aos órgãos da Casa, em Brasília. Desse modo, (os servidores) não possuem a prerrogativa de exercerem suas atividades em outra cidade além da capital federal".
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Ou seja, não poderia ser cumprido remotamente por um funcionário que vivia a quase 1.100 quilômetros de distância no Rio de Janeiro, onde Eduardo Bolsonaro cursava normalmente, segundo apurou a reportagem da BBC News Brasil, os primeiros semestres da faculdade de Direito da UFRJ.
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registro do departamento pessoal da Câmara do cargo que eduardo ocupou
CRÉDITO,REPRODUÇÃO
Legenda da foto,
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Registro oficial do Departamento Pessoal do cargo que Eduardo exerceu na Câmara
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A limitação de tempo e espaço, no entanto, não impediu que Eduardo Bolsonaro passasse 16 meses como funcionário da Câmara, como o próprio pai admitiu em um debate, em 2005, justamente sobre nepotismo.
"Já tive um filho empregado nesta Casa e não nego isso. É um garoto que atualmente está concluindo a Federal do Rio, uma faculdade, fala inglês fluentemente, é um excelente garoto. Agora, se ele fosse um imbecil, logicamente estaria preocupado com o nepotismo", disse Jair Bolsonaro no debate em sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Casa, segundo reportagem do arquivo do jornal O Globo.
A BBC News Brasil encontrou a comprovação de contratação de Eduardo Bolsonaro em pesquisa no site da Câmara dos Deputados. Já o currículo público do próprio deputado federal, também no site da Casa, não faz nenhuma referência ao posto no PTB na seção "Atividades Profissionais e Cargos Públicos".
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currículo público de eduardo bolsonaro
CRÉDITO,REPRODUÇÃO
Legenda da foto,
Cargo comissionado não aparece em seu currículo publicado no site da Câmara dos Deputados
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De um irmão para o outro
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Podcast
Logo: Brasil Partido
Brasil Partido
João Fellet tenta entender como brasileiros chegaram ao grau atual de divisão.
Episódios
Fim do Podcast
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Inicialmente, Eduardo fora nomeado em dezembro de 2002 para um cargo comissionado na liderança do PPB (ao qual o pai era filiado à época, atual PP). O mesmo posto fora ocupado seis meses antes pelo irmão mais velho, Flávio. Este, aliás, havia ocupado esse cargo logo após a segunda mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle.
Segundo informações da Câmara dos Deputados, esse emprego pagava cerca de R$ 12,6 mil por mês, em valores atuais.
Só que a nomeação de Eduardo, então com 18 anos, foi anulada três semanas depois que ele assumiu o cargo — o boletim administrativo com a anulação não traz explicações, mas a decisão coincide com a mudança de partido do pai, que trocou o PPB pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) à época.
Dois meses depois, em fevereiro de 2003, Eduardo passou a ocupar um outro cargo também comissionado na liderança da nova sigla do pai, porém em posto com um salário menor que o do anterior (R$ 3.904 à época, ou quase R$ 9.780 em valores atuais).
O posto estava alocado na liderança do PTB, então nas mãos de Roberto Jefferson, parlamentar que inchou o partido ao entrar na coalizão do primeiro governo Lula e depois foi o pivô do escândalo do mensalão.
Questionado pela BBC News Brasil sobre a função na Câmara, Eduardo Bolsonaro demonstrou não ter memória de seu primeiro emprego público formal.
Em coletiva de imprensa, em julho de 2019, um repórter da BBC News Brasil o questionou sobre o emprego na Câmara a partir de 2003:
Eduardo Bolsonaro - Dois mil e...?
BBC News Brasil - 2003.
Eduardo Bolsonaro - Tá.
BBC News Brasil - Como é possível isso?
Eduardo Bolsonaro - Ué, você nunca conseguiu trabalhar e estudar ao mesmo tempo na sua vida, não?
BBC News Brasil - Em cidades diferentes?
Eduardo Bolsonaro - Em cidades diferentes?
BBC News Brasil - O sr. era servidor aqui em Brasília e cursava no Rio, não?
Eduardo Bolsonaro - Assumindo alguma atividade partidária... Agora... Em 2003?
BBC News Brasil - Em 2003 e 2004, por 16 meses.
Eduardo Bolsonaro - Olha, eu teria que puxar forte pela memória aqui então… Mas eu acho que não teria problema nenhum, conseguir trabalhar, prestar um serviço partidário. Inclusive eu já tive assessor meu que eu encontrava com ele uma vez por mês no máximo, né? (O assessor) prestava a minha assessoria de maneira local no litoral de São Paulo.
Outro lado
Procurado novamente nesta terça-feira (1º) e também na quarta-feira (2) por e-mail e em seu gabinete na Câmara para comentar o assunto, Eduardo Bolsonaro não quis responder aos questionamentos da BBC News Brasil.
O presidente Jair Bolsonaro, por meio da assessoria de imprensa da Presidência da República, afirmou que não comentaria o assunto.
Aliado do governo Bolsonaro e presidente do PTB, Roberto Jefferson disse não se lembrar se Eduardo Bolsonaro trabalhou na liderança do partido no período em que ele era o líder petebista na Câmara. E sugeriu que a reportagem procurasse a liderança atual do partido. Esta, por sua vez, não respondeu ao pedido de entrevista.
Procurada, a assessoria de imprensa da liderança do PTB afirmou que não iria responder às perguntas da BBC News Brasil e que, considerando o tempo transcorrido, não guardava nenhum documento que evidenciasse que Eduardo realmente trabalhou lá.
Segundo a Câmara, as atribuições do cargo ocupado por Eduardo à época incluíam, por exemplo, "fazer relatórios das reuniões realizadas", "acompanhar o resultado das votações plenárias e em comissões" e "orientar e assistir os deputados nas votações de matérias no Plenário e nas comissões". Em 2007, uma resolução restringiu de modo mais taxativo, entre outros pontos, o exercício da função fora de Brasília.
Questionada pela BBC News Brasil, a Câmara afirmou que essa prática já era proibida antes da resolução, conforme resposta por escrito abaixo.
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resposta da câmara sobre cargo de eduardo bolsonaro
CRÉDITO,REPRODUÇÃO
Legenda da foto,
Questionada pela BBC News Brasil, Câmara afirma que ocupação do cargo à distância é uma prática irregular
Tradição de nomear familiares
A prática de empregar parentes era comum na família Bolsonaro. Flávio, o filho 01 do presidente, também ocupou cargo de 40 horas semanais na liderança do partido do pai na Câmara dos Deputados, em Brasília, enquanto vivia, estagiava e fazia faculdade, também de Direito, no Rio de Janeiro.
Bolsonaro indicou ou nomeou para cargos não apenas os filhos mas também suas então esposas e parentes delas. Em 2005, quando estava filiado ao PFL (quinto partido de sua carreira), afirmou na Câmara que o debate entre parlamentares sobre o nepotismo era hipócrita. Para ele, caberia aos eleitores julgar se a prática é certa ou errada.
Em 2008, no entanto, uma decisão do Supremo Tribunal Federal proibiu a contratação de parentes nos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário). A partir dali, não poderia haver, por exemplo, contratações de parentes de autoridades e de funcionários para cargos de confiança e em comissão.
Ou seja, o nepotismo foi inicialmente proibido no Brasil por meio de uma decisão do STF.
Agora, essa mesma proibição pode barrar a nomeação de Eduardo para o posto de embaixador em Washington. A indicação foi feita pelo próprio pai e será submetida ao Senado assim que for formalizada.
Há divergências se o cargo de embaixador é de natureza política, como os de ministros e secretários. Nesse caso, não estaria contemplado na determinação do STF.
Em 2018, a Segunda Turma do STF afirmou que a súmula vinculante que veda o nepotismo não se aplica à indicação para cargos de natureza política — não há menção específica, no entanto, ao posto de embaixador.
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Eduardo cochichando no ouvido do pai
CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Eduardo é o terceiro filho de Jair Bolsonaro, que ele chama de "zero três"
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Para ministros da Corte, cargos em comissão ou de confiança são meramente administrativos, e os de natureza política são postos de confiança ligados ao exercício do poder (Executivo, mais especificamente), e portanto de livre nomeação e exoneração do mandatário.
Um parecer de dois consultores do Senado, Casa responsável por sabatinar e avalizar ou não nomes indicados ao cargo de embaixador, afirma que o posto em Washington é um cargo comissionado comum, e por isso o presidente da República não poderia indicar o próprio filho ao cargo. O documento, de caráter consultivo, cita a decisão do Supremo de 2008.
Intercâmbio nos EUA: 'Trabalho humilde'
Em busca da habilidade de falar inglês, que serviria anos depois como uma das justificativas para Bolsonaro decidir indicá-lo ao cargo de embaixador, Eduardo fez um intercâmbio de "Work Experience" nos Estados Unidos, onde disse ter trabalhado em uma rede de lanchonetes e entregando pizza entre o fim de 2004 e o início de 2005, nas férias da faculdade.
E, embora a experiência de 16 meses na Câmara não pareça ter deixado lembranças para o filho do presidente, o trabalho de 4 meses nos Estados Unidos o marcaria profundamente.
"Ele fritou hambúrguer no passado sabe o porquê? Porque não tinha dinheiro para bancar lá. Qual a intenção dele em ficar seis meses nos Estados Unidos? Aperfeiçoar o inglês dele. Eu falei assim: fica, mas se você bancar a sua despesa. Fritou hambúrguer, entregou pizza. É a maneira que tem de conversar e está com um inglês muito bom, tenho certeza", afirmou o presidente Jair Bolsonaro, na Argentina em 17 de julho deste ano.
Com o salário da Câmara como assessor do PTB por 16 meses, no entanto, Eduardo teria condições de pagar à vista o intercâmbio da empresa World Study, que custava à época cerca de R$ 4 mil, segundo apurou a BBC News Brasil.
"Nestes locais trabalhei como frontdesk de restaurante fast food, cozinheiro, caixa e faxineiro, pagava minhas contas e ainda voltei com um dinheirinho no bolso", escreveu Eduardo no Facebook em dezembro de 2015 sobre os dois meses no Estado do Maine e outros dois no Colorado. Segundo ele, "além de aprender mais a língua inglesa pude experimentar a cultura local."
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Eduardo Bolsonaro com boné em homenagem a Donaldo Trump
CRÉDITO,PAOLA DE ORTE/AGÊNCIA BRASIL
Legenda da foto,
Sem apoio, Bolsonaro segue adiando a indicação oficial do filho ao posto de embaixador
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Em seu texto, afirma que nos EUA "todos os trabalhadores são respeitados independente do seu salário" e "vergonhoso era viver da ociosidade". "Também pudera, nos EUA o governo federal divulga com orgulho quando reduz os gastos com programas assistenciais, já aqui no Brasil o governo parece se sentir enobrecido quando amplia o guarda-chuva desses mesmos programas."
Em um vídeo postado por ele em 2017, em frente à lanchonete onde trabalhou, ele afirma que "nos Estados Unidos eu aprendi que indigno é você não ter trabalho, não tem tempo ruim, você ganha aqui pelas horas trabalhadas".
Depois do emprego comissionado no partido do pai, Eduardo voltaria a ocupar um posto da Câmara dos Deputados em 2015, desta vez como deputado federal eleito pelo PSC-SP. Foi o 61º mais votado de São Paulo, em uma campanha basicamente bancada pela família e por assessores ligados ao pai.
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Eduardo Bolsonaro com boné em homenagem a Donaldo Trump
Eduardo Bolsonaro será representante do pai e não do Brasil, diz americano que estuda América Latina há 5 décadas
12 julho 2019
B B C NEWS BRASIL
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49878131
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Rishi Sunak é escolhido primeiro-ministro do Reino Unido; quem é o novo premiê
24 outubro 2022
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A ascensão de Rishi Sunak, novo premiê do Reino Unido
24.932 visualizações 24 de out. de 2022 Rishi Sunak, de 42 anos, foi escolhido neste 24 de outubro como o novo primeiro-ministro do Reino Unido.
Ele assume o cargo após a renúncia de sua colega do Partido Conservador, Liz Truss, que ficou 7 semanas no cargo.
Sunak era o favorito para assumir o posto. Sua rival à liderança dos conservadores, a parlamentar Penny Mordaunt, não conseguiu o mínimo necessário de apoio para disputar uma eleição interna contra Sunak e anunciou que estava abandonando sua campanha.
Sunak ganhou notoriedade durante a pandemia de covid-19. Como secretário de Finanças, um dos cargos mais importantes do governo britânico, ele precisou gastar enormes quantias de dinheiro para dar suporte às empresas e aos cidadãos durante os períodos de lockdown.
Os pais de Sunak, um clínico geral e uma administradora de farmácia, vieram para o Reino Unido vindos do leste da África e ambos são de origem indiana.
Ainda na infância e na adolescência, ele frequentou a prestigiada escola particular Winchester College. Depois, estudou filosofia, política e economia na Universidade de Oxford.
Enquanto fazia um MBA na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, ele conheceu a futura esposa, Akshata Murty. Ela é filha de Narayana Murthy, um bilionário indiano que é cofundador da gigante de serviços de TI Infosys. Atualmente, o casal tem duas filhas.
De 2001 a 2004, Sunak foi analista do banco Goldman Sachs e, mais tarde, virou sócio de dois fundos de investimento.
Ele é considerado um dos parlamentares mais ricos do Reino Unido, mas nunca divulgou publicamente qual é o seu patrimônio.
Em 2015, ele foi eleito parlamentar pela cidade de Richmond, e poucos anos depois já assumiu uma secretaria no governo da então primeira-ministra Theresa May.
Com Boris Johnson, que sucedeu May, ele foi nomeado secretário-chefe do Tesouro e depois chanceler, um cargo equivalente ao de secretário de Finanças ou ministro da Economia.
Reportagem em texto: https://www.bbc.com/portuguese/intern...
https://www.youtube.com/watch?v=JXqJsSTLAXo
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Rishi Sunak é escolhido primeiro-ministro do Reino Unido; quem é o novo premiê
24 outubro 2022
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há 1 dia
DW
Quem é Rishi Sunak, o novo premiê do Reino Unido – DW – 24/10/2022
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A ascensão de Rishi Sunak, novo premiê do Reino Unido
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Rishi Sunak, de 42 anos, foi escolhido nesta segunda-feira (24/10) como o novo primeiro-ministro do Reino Unido.
Ele assume o cargo após sua colega do Partido Conservador, Liz Truss, deixar a liderança após 44 dias no cargo.
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Por que Reino Unido vai mudar de premiê sem eleições
A jornada política de Liz Truss, a primeira-ministra do Reino Unido com menos tempo no cargo
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Membro do Parlamento desde 2015, Sunak era o favorito para assumir o posto. Sua rival ao cargo, a parlamentar conservadora Penny Mordaunt, não conseguiu o mínimo necessário de apoio para disputar uma eleição interna contra Suchak e anunciou que estava abandonando sua campanha.
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Rishi Sunak
CRÉDITO,REUTERS
Legenda da foto,
Rishi Sunak era o favorito para ser primeiro-ministro nas bolsas de aposta
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Com isso Richi Sunak tornará-se o novo líder do Partido Conservador — e novo primeiro-ministro do Reino Unido.
O político ganhou notoriedade durante a pandemia de covid-19. Como ministro da Economia, um dos cargos mais importantes do governo britânico, ele precisou gastar enormes quantias de dinheiro para dar suporte às empresas e aos cidadãos durante os períodos de lockdown.
Mas quem é Rishi Sunak e como ele chegou à liderança do governo?
Família de imigrantes
Os pais de Sunak vieram para o Reino Unido vindos do leste da África e ambos são de origem indiana.
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Brasil Partido
João Fellet tenta entender como brasileiros chegaram ao grau atual de divisão.
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Fim do Podcast
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Ele nasceu na cidade de Southampton no ano de 1980. O pai era clínico geral e a mãe administrava uma farmácia.
Ainda na infância e na adolescência, ele frequentou a prestigiada escola particular Winchester College. Depois, estudou filosofia, política e economia na Universidade de Oxford.
Enquanto fazia um MBA na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, ele conheceu a futura esposa, Akshata Murty. Ela é filha de Narayana Murthy, um bilionário indiano que é cofundador da gigante de serviços de TI Infosys. Atualmente, o casal tem duas filhas.
Durante a campanha anterior para o cargo de primeiro-ministro, da qual Liz Truss saiu como vencedora, Sunak frequentemente mencionava as filhas no contexto das mudanças climáticas.
Respondendo a uma pergunta sobre o tema durante um debate na BBC, Sunak disse que recebeu "conselhos das duas filhas pequenas, que são especialistas nisso em casa".
De 2001 a 2004, Sunak foi analista do banco Goldman Sachs e, mais tarde, virou sócio de dois fundos de investimento.
Ele é considerado um dos parlamentares mais ricos do Reino Unido, mas nunca divulgou publicamente qual é o seu patrimônio.
Em 2015, ele foi eleito parlamentar pela cidade de Richmond, no condado de Yorkshire.
Ainda nos primeiros anos de experiência política, Sunak já assumiu uma secretaria no governo da então primeira-ministra Theresa May.
Com Boris Johnson, que sucedeu May, ele foi nomeado secretário-chefe do Tesouro e depois chanceler, um cargo equivalente ao de ministro da Economia.
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Liz Truss
CRÉDITO,REUTERS
Legenda da foto,
Liz Truss renunciou ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido 44 dias depois de ser eleita
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Atuação durante a pandemia
Sunak tornou-se ministro em fevereiro de 2020 e, em poucas semanas, teve que lidar com as turbulências relacionadas à pandemia de covid-19 e à necessidade de lockdown.
Quando prometeu fazer "o que for preciso" para ajudar as pessoas durante a pandemia em abril e maio de 2020, ele revelou um plano de suporte financeiro no valor de 350 bilhões de libras.
Isso foi suficiente para que ele ganhasse notoriedade e virasse um candidato natural para assumir cargos ainda mais importantes no futuro.
Passado esse primeiro momento, o Reino Unido continuou a ser atingido por um clima econômico tempestuoso.
O próprio Sunak, inclusive, teve que lidar com as consequências de ser multado pela polícia por violar as regras do lockdown em junho de 2020.
Riqueza em debate
Em abril de 2022, alguns críticos conservadores questionaram se Sunak havia realmente entendido a crise financeira do país, que deixou (e ainda deixa) muitas famílias em dificuldades.
Naquele mês, as finanças dele e da família foram submetidas a um intenso escrutínio. Os assuntos fiscais da esposa ficaram em destaque na imprensa e nas mídias sociais.
Mais tarde, ela anunciou que começaria a pagar impostos do Reino Unido sobre os ganhos que tem no exterior para aliviar a pressão política sobre o marido.
Os membros do Partido Trabalhista fizeram várias perguntas sobre as finanças da família, incluindo se Sunak já teria se beneficiado do uso de paraísos fiscais.
O jornal Independent divulgou um relatório afirmando que ele foi listado como beneficiário de fundos nas Ilhas Virgens Britânicas e nas Ilhas Cayman em 2020.
Um porta-voz de Sunak disse que "não reconhecia" tais alegações.
Outros posicionamentos
Sunak foi um grande defensor de Johnson no início, mas renunciou em julho de 2022 afirmando que sentia que sua própria abordagem à economia era "fundamentalmente muito diferente" do que acreditava o então primeiro-ministro.
Sunak fez campanha a favor do Brexit, em que o Reino Unido desfez os laços com a União Europeia.
À época, numa entrevista ao jornal Yorkshire Post, ele disse acreditar que isso tornaria o Reino Unido "mais livre, justo e próspero".
Ele acrescentou que a mudança nas regras de imigração era outra razão importante para o voto pela saída do bloco econômico.
"A imigração pode beneficiar nosso país, mas devemos ter controle de nossas fronteiras", defendeu.
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Rishi Sunak e Boris Johnson
CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto,
Rishi Sunak foi ministro da Economia no governo de Boris Johnson e precisou lidar com os desafios da pandemia de covid-19
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'Identidade importa'
Sunak pertence a uma geração nascida no Reino Unido, mas com origens em outros lugares.
E essa identidade importa, acredita o primeiro-ministro.
"Meus pais emigraram, então você tem essa geração de pessoas que nasceram aqui, a partir da luta dos pais para ganhar a vida", afirmou, em entrevista à BBC no ano de 2019.
"Em termos de educação cultural, eu estaria no templo no fim de semana — sou hindu — mas também posso ir ao estádio do Southampton para assistir um jogo de futebol."
Na entrevista feita há três anos, ele disse que teve a sorte de não sofrer muito racismo enquanto crescia, mas que houve um incidente que o marcou.
"Eu era adolescente e estava com meus irmãos mais novos em um restaurante de fast food. Havia pessoas sentadas nas proximidades e foi a primeira vez que vi alguns dizendo coisas muito desagradáveis [sobre a origem da família]."
"Isso doeu, e ainda me lembro. Ficou na minha memória."
No entanto, ele disse que "não se pode conceber que isso possa acontecer hoje" no Reino Unido.
- Este texto foi publicado em http://bbc.co.uk/portuguese/internacional-63376476
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Twitter
Natalia Viana 🇧🇷 on Twitter: "Prepare-se para ler uma história acachapante. Há uma semana entrevistei a Sophie Zang (@szhang_ds) ciebtista de dados que chegou a trabalhar no Facebook investigando e tentando exterminar
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xeque na democracia
por natalia viana
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Ed. #14 | Segunda-feira, 24 de outubro de 2022.
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Como os aliados de Trump estão agindo para tentar reeleger Bolsonaro
Quem é jornalista mulher sabe. Desde o começo do governo de Jair Bolsonaro, estamos sob um “liberou geral” de ataques. Eu até me acostumei a ter seus comparsas me assediando nas redes sociais, fazendo comentários sexistas ou atacando minha reputação de jornalista, dependendo da história que estamos publicando. Mas cerca de duas semanas atrás, algo novo aconteceu. Matthew Tyrmand, autoproclamado jornalista investigativo e membro do conselho do Project Veritas, uma organização que usa câmeras escondidas para intimidar repórteres e expor o que eles chamam de “viés de esquerda”, estava me chamando de “palhaça” e dizendo que vocês, meus caros leitores, são "carneirinhos". Isso tudo em inglês e no Twitter.
“Você tem que parar de fingir que é jornalista, sua desgraçada que vomita propaganda política”, escreveu ele, acrescentando um emoji de vômito e um de palhaço.
Essa foi a primeira vez que vi uma campanha de assédio a jornalistas cruzando fronteiras – do mundo bolsonarista para o mundo trumpista. Denunciei a mensagem ao Twitter na esperança de que a empresa cumprisse sua promessa de proteger as mulheres jornalistas, mas, infelizmente, eles gentilmente responderam que Tyrmand não estava violando nenhuma regra.
Agora, por que Tyrmand estava gastando seu tempo para atirar emojis de palhaço em uma jornalista brasileira a 10.000 quilômetros de distância? Por seis meses, eu e uma equipe de repórteres da Agência Pública investigamos o grupo de agentes da ultradireita dos EUA que estão apoiando a reeleição de Bolsonaro. E, claro, Tyrmand é um deles.
Essa aliança é mais fundamental para Bolsonaro do que parece, e opera em dois níveis, sendo o primeiro o nível público. Foi assim que Bolsonaro recebeu vídeos de apoio de Donald Trump, Donald Trump Jr, do senador do Texas Ted Cruz e do autocrata Húngaro Viktor Orbán às vésperas da eleição, vídeos compartilhados amplamente por gente como Flávio e Eduardo Bolsonaro, a deputada Bia Kicis e o assessor especial Filipe Martins chegaram a ter centenas de milhares de visualizações. Eles cumpriram a função de criar a ilusão que Bolsonaro não isolou o Brasil internacionalmente com sua política de destruição da democracia e de direitos sociais.
Alguns dos principais operadores usaram sua visibilidade pública pra espalhar fake news sobre as eleições brasileiras. Bannon e seus aliados usaram as redes sociais e seu Podcast, War Room, para ajudar a divulgar desinformação dizendo que as urnas haviam sido fraudadas – afinal, Bolsonaro estava vencendo e Lula passou o adversário, conquistando 6 milhões de votos a mais.
No dia seguinte ao primeiro turno das eleições, Tyrmand foi ao Podcast War Room. “Houve fraude lá, definitivamente houve fraude lá”, disse Tyrmand. “Isso [as eleições brasileiras] não foi limpo, isso não parece limpo, não cheira limpo”, disse.
Bannon, por sua vez, afirmou que era “matematicamente impossível” Lula ter ganhado. Tyrmand, Bannon e Darren Beattie, ex-redator de discursos na Casa Branca de Trump – que também estava no podcast –, ajudaram ainda a espalhar notícias falsas sobre Lula para o público americano. Eles alegaram que Lula é um comunista que está sob o controle do partido comunista da China – uma acusação que os aliados de Trump dos EUA costumam usar para quem não é de centro. Tyrmand também usou sua conta no Twitter para divulgar postagens de propagadores de desinformação brasileiros que estão sob investigação no inquérito dos atos antidemocráticos. Mark Ivanyo, chefe do think tank Republicans for National Renewal, também ajudou a espalhar essas fake news espalhando retwittando algumas dessas teorias. E Donald Trump Junior disse em seu vídeo que Bolsonaro “é a única pessoa que pode parar o avanço do comunismo e do socialismo na América do Sul”.
Como escreveu a jornalista Cristina Tardáguila, fundadora da Agência Lupa, para o site Univisión, a disseminação das mesmas notícias falsas sobre fraude em países como Brasil, Colômbia e Costa Rica pode significar que os agentes políticos dos EUA estão usando a América Latina como “laboratório”. “Existe uma rede de agentes de desinformação dos EUA trabalhando ativamente para difundir conteúdos que põem em dúvida as eleições em toda a região”, argumenta.
“Essas campanhas transfronteiriças para atacar eleições democráticas independentemente do sistema adotado – centralizado e eletrônico como no Brasil ou federalizado e baseado em papel como nos EUA – ajudam a semear a desconfiança na democracia em todo o continente. Elas também servem ao propósito de candidatos de direita ajudarem uns aos outros.
Em minha pesquisa em Harvard junto com o professor David Nemer, do Berkman Klein Center for Internet & Society, descobri que o oposto também é verdadeiro: contas pró-bolsonaro ajudaram a importar a “Grande Mentira” de Trump sobre fraude nas eleições de 2020 para o Brasil. Uma análise de 23.000 tweets revelou que a desinformação se espalhou usando a hashtag #GoTrumpReeleito, criada especificamente para um público brasileiro, e se espalhou especialmente antes dos comícios organizados por Trump para tentar reverter o resultado eleitoral. Repetidamente, a hashtag foi impulsionada com a ajuda de bots e contas não autênticas. E, como sabemos, toda essa campanha, nos EUA, levou à invasão do Capitólio, um evento traumático e assustador – e que poderia ter acabado muito mal.
Publicamos toda essa história aqui.
Esta campanha de manipulação aqui no Brasil não foi inconsequente. Bolsonaro foi o penúltimo chefe de Estado a reconhecer a vitória de Biden, poucas horas depois de Vladimir Putin e antes de Kim Jong-Il. Antes disso, Bolsonaro havia dito à imprensa que preferia esperar porque tinha fontes próprias que garantiam que “realmente havia muita fraude ali”. Com a disseminação coordenada da Grande Mentira de Trump no Brasil, ele poderia alegar que houve um “clamor popular” por postergar o reconhecimento do novo presidente americano. O contrário é obviamente muito mais fácil: se fosse Trump o presidente dos EUA, ele poderia simplesmente não reconhecer uma vitória de Lula, se ela vier. Ou seja: como já apontamos em diversas investigações, essas campanhas de desinformação criam fatos políticos artificiais que apoiam ações políticas no mundo real.
Bom, além dessas campanhas online e reuniões de cunho público, existem também articulações que acontecem fora do radar da imprensa. Uma investigação nossa ao longo de 4 meses mostrou que não apenas Eduardo Bolsonaro estava em Washington durante a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021, mas que meses depois um grupo de agentes políticos republicanos viajou ao Brasil quando Bolsonaro tentou encenar sua própria versão do motim do Capitólio, em 7 de setembro de 2021.
Eduardo Bolsonaro, que era na época presidente da Comissão de Relações Internacionais da Câmara dos Deputados do Brasil, fez uma viagem de última hora a Washington em 4 de janeiro e ficou até pelo menos 11 de janeiro de 2021. Seu paradeiro em 6 de janeiro nunca foi divulgado, mas em outros dias ele postou selfies com o genro e a filha de Trump, Jared Kushner e Ivanka Trump, com Matt Schlapp e Daniel Schneider – dois da União Conservadora Americana (ACU), grupo de lobby que organiza os eventos de ultradireita CPAC, que Eduardo importou dos EUA. Na véspera da invasão, Eduardo encontrou ainda o CEO da empresa MyPillow, Mike Lindell, um dos apoiadores mais fanáticos de Trump e que disse que o presidente deveria declarar lei marcial para permanecer no poder.
Thomas Shannon, embaixador dos EUA no Brasil entre 2010 e 2013 e subsecretário de Estado para Assuntos Políticos de 2016 a 2018, disse à Agência Pública que acredita que Eduardo estava lá para aprender os truques da cartilha de Trump. “As pessoas ao redor de Bolsonaro, e especialmente Eduardo, realmente estudaram os eventos de 6 de janeiro e concluíram que Trump falhou porque faltou apoio institucional de setores-chave, como os militares, e que Bolsonaro precisa descobrir isso e construir esse apoio institucional para ficar no poder se ele perder a eleição”, disse.
Meses depois, chegou a hora da ultradireita americana retribuir a visita. Um grupo de 16 políticos, financiadores e consultores políticos ligados ao Partido Republicano chegou ao Brasil para um jantar de luxo no Copacabana Palace Hotel, na praia mundialmente famosa, no dia 8 de setembro de 2021. Sim: um dia depois de Bolsonaro tentar seu próprio golpe de Estado e gerar caos no país, com uma turma querendo invadir o STF e caminhoneiros interrompendo estradas em 14 estados. Na comitiva estava o senador Mike Lee, um Senador que apoiou os esforços de Trump para reverter o resultado da eleição, e que trouxe com ele pelo menos quatro consultores políticos, incluindo Sergio Gor, que era chefe de gabinete do Comitê de Finanças da Vitória da reeleição de Trump. Gor agora é sócio de Donald Trump Jr em uma empresa chamada Winning Team Publishing. Outros consultores políticos ligados ao partido republicano também estiveram no jantar, mas nenhum deles falou nada nas redes sociais.
Thomas Shannon disse à Agência Pública que “não tem dúvida” que esses consultores políticos dos EUA estão aconselhando Bolsonaro. “Por que mais eles estariam passando o tempo lá embaixo? Eles não estão na praia bebendo Caipirinhas”.
Há pelo menos uma empresa norte-americana apoiando a candidatura de Bolsonaro à reeleição, que é a Gettr, a mídia social fundada por Jason Miller, ex-porta-voz de Trump. A Gettr foi patrocinadora de pelo menos quatro eventos que apoiaram abertamente a reeleição do presidente Bolsonaro e que foram organizados pelo Conservative Liberal Institute, o think tank criado por Eduardo Bolsonaro para trazer os eventos do CPAC para o Brasil, como mostramos em outra reportagem. A empresa se negou a dizer quanto dinheiro repassou para o instituto de Eduardo.
Embora a Gettr ostente seu objetivo de ser um “centro de liberdade de expressão” global, parece mais uma organização política que serve para unir os direitistas do que um negócio viável. Pra se ter uma ideia, tem menos de 1 milhão de usuários no Brasil, enquanto o Facebook tem 148 milhões. E, mesmo assim, Miller esteve em eventos pró-Bolsonaro duas vezes apenas esse ano – flagramos ele em Copacabana durante o comício de 7 de setembro, inclusive.
Mas por que esses agentes norte-americanos estão tão interessados em apoiar o presidente brasileiro? Uma vitória no Brasil significaria muito para a direita norte-americana, como foi dito repetidamente no podcast de Steve Bannon. “Sabe, Bolsonaro vem com uma grande vitória, e devemos nos sentir melhor com as eleições mid-term”, disse Matthew Tyrmand. “Você tem que segurar a linha e ser tão agressivo quanto Trump, Orban, quanto Bolsonaro. E esse é um caminho para a vitória”.
É um bom sinal que os laços internacionais da ultradireita dos EUA estejam agora sob escrutínio do Comitê de 6 de janeiro no Congresso americano. “Como membro individual da comissão, certamente estou investigando os laços entre o regime de Trump e o movimento de Trump com Putin e Orbán e Bolsonaro e outros políticos autocráticos de ultradireita ao redor do mundo. Então eu certamente estou interessado nisso”, me disse o representante Jamie Raskin em uma entrevista.
Outros congressos do continente deveriam seguir o mesmo caminho. Existe uma conspiração internacional para subverter a democracia e é urgente impedi-la. É esse o embate histórico que enfrentaremos essa semana – e o Brasil é um país-chave nessa disputa. Que bom que aqueles que defendem a nossa democracia estão mobilizados.
Boa sorte para nós.
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Natalia Viana
Diretora Executiva da Agência Pública
https://mailchi.mp/apublica/newsletter-xeque-na-democracia-14?fbclid=IwAR0j5m9QsmixlK5tKpuWRYvfVV83xLo3J5EJ31iRqcxl4WBvSofo7yOYOls
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