Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 30 de novembro de 2025
FIOS DE HUMILDADE, GOL E MÚSICA
PRA QUE SERVE O VELHO?
🩺 A TABELA SUS PAULISTA
Gilberto Kassab
“Há vinte anos não é atualizada a tabela do SUS.
O SUS — quer dizer, o governo federal — paga quinhentos reais por um parto. Só que o parto custa dois e quinhentos. Isso quer dizer o quê, Felipe?
Que a cada parto você tem um déficit — na Santa Casa, num filantrópico, num hospital público.
Ele, com aquela estratégia de tirar dinheiro da educação — porque a educação tem menos alunos mesmo hoje, a população está envelhecendo — e colocar na saúde, proporcionou a ele criar essa Tabela SUS paulista, que remunera o preço real, o valor efetivo do custo do procedimento.”
🎥 Vídeo original:
https://www.youtube.com/watch?v=ldDoxTT_o9A
PRA QUE SERVE O VELHO?
👴🧬 Envelhecimento, saúde e o novo desafio social
Gonzalo Vecina Neto
Professor da Faculdade de Saúde Pública da USP
Jornal da Cultura – 29/11/2025
“Além de tudo isso, eu quero discordar do entrevistado aí.
A principal causa do aumento da expectativa de vida tem também a redução da natalidade, mas principalmente a redução da mortalidade das crianças.
A mortalidade infantil brasileira, no início da década de 70, estava em torno de 80 a 90 crianças por 1.000 nascidas vivas no primeiro ano de vida. Hoje é 12.
Isso mexeu na expectativa de vida ao nascer. Uma parte importante disso se deveu a melhores condições de vida e à diminuição das desigualdades.
Algumas doenças praticamente desapareceram — doenças infectocontagiosas. E, no lugar delas, vieram as doenças crônicas, com as quais nós temos que tomar cuidado.
Não se trata mais de evitar a doença. Evitar doença é diferente de fazer saúde.
Se você se alimenta melhor, controla seus vícios — seus riscos —, faz exercício, tem conhecimento sobre higiene, mantém amizades (é muito importante ter relacionamento social), e não usa a medicina como mágica para curar tudo, isso ajuda você a ser mais saudável.
A doença é uma coisa; ser mais saudável é outra. Antes de evitar doença, você tem que querer ser mais saudável. E, para isso, tem que fazer essas cinco ou seis coisas que mencionei.
É isso que está transformando o homem em uma pessoa mais velha.
E aí aparece um outro problema: o que fazer com os velhos?
Esse é o problema de agora: PRA QUE SERVE O VELHO?”
🎥 Vídeo original:
https://www.youtube.com/watch?v=d3zevgLGtWg
📰 Contexto do Jornal da Cultura – 29/11/2025
Jornalismo TV Cultura
“No Jornal da Cultura deste sábado (29), você vai ver:
— Daniel Vorcaro deixa a prisão em São Paulo com tornozeleira eletrônica;
— Rússia lança o maior ataque aéreo contra a Ucrânia em mais de um mês;
— Flamengo é o primeiro brasileiro tetracampeão da Libertadores.
Para comentar essas e outras notícias, Rodrigo Piscitelli recebe o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, e o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente.”
S
PRA QUE SERVE O VELHO?
A TABELA SUS PAULISTA
"Há vinte anos não é atualizada a tabela do SUS.
O SUS, quer dizer, o governo federal - um parto paga quinhentos reais. Só que o parto custa dois e quinhentos. Isso quer dizer o que, Felipe? Que a cada parto você tem um deficit - na Santa Casa, num Filantrópico, num Hospital Público. Ele com aquela estratégia de tirar dinheiro da educação, porque a educação tem menos alunos mesmo hoje, a população está envelhecendo, colocar na saúde, proporcionou a ele criar essa tabela SUS paulista - que aí remunera o preço real - o valor efetivo do custo, né, do procedimento."
Gilberto Kassab
PRA QUE SERVE O VELHO?
"Além de tudo isto, eu quero discordar do entrevistado aí. A principal causa do aumento da expectativa de vida tem também a redução da natalidade mas principalmente tem a redução da mortalidade das crianças. A mortalidade infantil brasileira no início da década de 70 tava em torno de 80 a 90 crianças por 1000 nascidas vivas no primeiro ano de vida. Hoje é 12. Esta mortalidade mexeu na expectativa de vida ao nascer. De fato, uma parte importante disso se deveu a melhores condições de vida. A diminuição das desigualdades. Algumas doenças praticamente desapareceram - doenças infecto-contagiosas. E aí, no lugar das doenças infecto-contagiosas vieram as crônicas com as quais nós temos que tomar cuidado. Sem dúvida há um avanço. Agora nós temos uma nova pauta. Não se trata mais de uma pauta de evitar a doença - isso é diferente. Evitar doença é difente de fazer saúde. Se você se alimenta melhor, se você controla seus vícios - seus riscos, se você faz exercício, se você tem conhecimento sobre uma boa higiene, se você tem amizades - é muito importante ter relacinamento social. Se você não usa a medicina como mágica para curar suas doenças, tudo isso ajuda você a ser mais saudável - não evita você evitar doença, é diferente. A doença é uma coisa, ser mais saudável é outra. Antes de evitar doença, você tem que querer se mais saudável. E pra querer ser mais saudável, tem que fazer essas cinco ou seis coisas que eu mencionei. É isso que está transformando o homem em uma pessoa mais velha. E é aí que aparece um outro problema: o que fazer com os velhos? [risos do companheiro de bancada e do apresentador do Jornal da Cutltura do dia 29/11/2025.] Esse é o problema de agora: PRA QUE SERVE O VELHO?" Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP
JORNAL DA CULTURA | 29/11/2025
Jornalismo TV Cultura
No Jornal da Cultura deste sábado (29), você vai ver: Daniel Vorcaro deixa a prisão em São Paulo com tornozeleira eletrônica; Rússia lança o maior ataque aéreo contra a Ucrânia em mais de um mês; e Flamengo é o primeiro brasileiro tetracampeão da Libertadores.
Para comentar essas e outras notícias, Rodrigo Piscitelli recebe o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, e o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente.
FIOS DE HUMILDADE, GOL E MÚSICA
🎵 Trecho Inicial
"No mínimo humidade
Só não entrou com bola e tudo
Porque teve humildade em gol, gol"
🎥 VÍDEO 1 — MELHORES MOMENTOS DA FINAL
PALMEIRAS 0 x 1 FLAMENGO | MELHORES MOMENTOS | CONMEBOL LIBERTADORES 2025 – ge tv
Publicado em: 29 de nov. de 2025
Hashtags: #Libertadores #Palmeiras #Flamengo
Descrição:
É tetra! O Flamengo vence o Palmeiras na final e conquista o quarto título da Libertadores.
Com gol de Danilo, o Rubro-Negro torna-se o primeiro time brasileiro tetracampeão da competição.
Links adicionais:
⭐ Replays completos: https://ge.globo.com/futebol/libertad
...
⭐ Classificação da competição: https://ge.globo.com/futebol/libertad
...
🎥 VÍDEO 2 — FIO MARAVILHA (Maria Alcina)
Letra completa:
https://www.letras.mus.br/maria-alcina/690759/
Intérprete: Maria Alcina
Composição: Jorge Ben
Tom: F#m
🎶 LETRA — “Fio Maravilha” (com cifras)
F#m D E F#m D E
E novamente ele chegou com inspiração
F#m D
Com muito amor, com emoção
E F#m D E
Com explosão e gol, gol
F#m D E
Sacudindo a torcida aos 33 minutos
F#m D E
Do segundo tempo
F#m D E
Depois de fazer uma jogada celestial
F#m D E
Em gol, gol
F#m D E
Tabelou, driblou dois zagueiros
F#m D E
Deu um toque driblou o goleiro
F#m D
Só não entrou com bola e tudo
E F#m D E
Porque teve humildade em gol, gol
F#m
Foi um gol de classe
D E F#m D E
Onde ele mostrou sua malícia e sua raça
F#m
Foi um gol de anjo
D E
Um verdadeiro gol de placa (2x)
F#m D E
Que a galera agradecida assim cantava
F#m Bm C#m
Fio Maravilha, nós gostamos de você
F#m Bm C#m F#m Bm C#m
Fio Maravilha faz mais um pra gente ver (2x)
Créditos
Composição: Jorge Ben
Interpretação: Maria Alcina
Momento esportivo: ge tv / Libertadores 2025
S
No mínimo humidade
Só não entrou com bola e tudo
E F#m D E
Porque teve humildade em gol, gol
"Olha a microcâmera ... cê vê toda movimentação ali na área... levanta... Danilo... gooooooolllllll... do Flamengo!!!"
PALMEIRAS 0 X 1 FLAMENGO | MELHORES MOMENTOS | CONMEBOL LIBERTADORES 2025 | ge tv
ge tv
29 de nov. de 2025 #Libertadores #Palmeiras #Flamengo
É tetra! Flamengo vence o Palmeiras na final e conquista o quarto título da Libertadores. Rubro-Negro torna-se o primeiro brasileiro tetracampeão da competição, com gol de Danilo
🌟 Confira todos os melhores momentos com mais replays em ge.globo:
https://ge.globo.com/futebol/libertad...
🌟 Veja como ficou a tabela:
https://ge.globo.com/futebol/libertad...
Fio maravilha
Maria Alcina
de fio a cabo
Tom: F#m
F#m D E F#m D E
E novamente ele chegou com inspiração
F#m D
Com muito amor, com emoção
E F#m D E
Com explosão e gol, gol
F#m D E
Sacudindo a torcida aos 33 minutos
F#m D E
Do segundo tempo
F#m D E
Depois de fazer uma jogada celestial
F#m D E
Em gol, gol
F#m D E
Tabelou, driblou dois zagueiros
F#m D E
Deu um toque driblou o goleiro
F#m D
Só não entrou com bola e tudo
E F#m D E
Porque teve humildade em gol, gol
F#m
Foi um gol de classe
D E F#m D E
Onde ele mostrou sua malícia e sua raça
F#m
Foi um gol de anjo
D E
Um verdadeiro gol de placa (2x)
F#m D E
Que a galera agradecida assim cantava
F#m Bm C#m
Fio Maravilha, nós gostamos de você
F#m Bm C#m F#m Bm C#m
Fio Maravilha faz mais um pra gente ver (2x)
Composição: Jorge Ben.
A principal opinião de Norberto Bobbio sobre a democracia é que ela é a única forma de governo que garante liberdades fundamentais e a igualdade de condições entre os cidadãos. Para ele, a democracia real é um processo contínuo de luta contra a opacidade do poder, que é a sua antítese, pois a democracia depende de um poder visível e público, controlado pelos cidadãos.
domingo, 30 de novembro de 2025
Opinião do dia - Norberto Bobbio* (Democracia)
“Na memória histórica dos povos europeus, a democracia apresenta-se pela primeira vez através da imagem da agorá ateniense, a assembleia ao ar livre onde se reúnem os cidadãos para ouvir os oradores e então expressar sua opinião erguendo a mão. Na passagem da democracia direta para a democracia representativa (da democracia dos antigos para a democracia dos modernos), desaparece a praça, mas não a exigência de “visibilidade” do poder, que passa a ser satisfeita de outra maneira, com a publicidade das sessões do parlamento, com a formação de uma opinião pública através do exercício da liberdade de imprensa, com a solicitação dirigida aos líderes políticos de que façam suas declarações através dos meios de comunicação de massa.”
*Norberto Bobbio (1909-2004), filósofo político, historiador do pensamento político, escritor e senador vitalício italiano. Teoria Geral da Política - A Filosofia Política e as Lições dos Clássicos. P.387.Editora Campus, Rio de Janeiro. 2000.
domingo, 30 de novembro de 2025
As encrencas de Augusto Heleno, por Elio Gaspari
O Globo
O general Augusto Heleno, condenado a 21 anos de prisão, revelou durante um exame médico que convive com o mal de Alzheimer desde 2018. Um ano depois desse diagnóstico, ele passou a ocupar a chefia do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
A trama golpista de 2022/2023 não foi a única encrenca pela qual Augusto Heleno passou. Na manhã de 21 de outubro de 1977, o capitão Augusto Heleno era ajudante de ordens do ministro do Exército, general Sylvio Frota, que acabara de ser demitido pelo presidente Ernesto Geisel. Por volta das 10 horas da manhã, do carro de seu chefe tentou telefonar para o general Fernando Bethlem, comandante das guarnições do Sul, convocando-o para reunião do Alto Comando na qual Frota pretendia emparedar Geisel. Não o achou, pois Bethlem foi para o Palácio do Planalto, onde recebeu o convite para assumir o ministério.
Um ano depois, Augusto Heleno era vigiado pelo Serviço Nacional de Informações: “Vale lembrar que o capitão de cavalaria Augusto Heleno, ex-ajudante de ordens do general Sylvio Frota e que com o mesmo continua a manter estreita ligação, e o capitão de infantaria paraquedista Burnier (filho do brigadeiro Burnier) e ligado ao general Hugo Abreu, irão cursar a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.”
Em 2008, o sertanista Sydney Possuelo, comparou-o ao coronel americano George Custer (1839-1876), que massacrou indígenas Sioux e foi massacrado no combate de Little Bighorn.
Em 2018, ano em que foi diagnosticado o seu Alzheimer, o general Heleno disse na Escola Superior de Guerra que “na hora em que começarem as operações pontuais (do Exército no Rio), vai aparecer um monte de caras chiando sobre direitos humanos. Se os humanos direitos não têm direitos humanos, primeiro temos que consertar isso.”
Disse mais: “A Colômbia ficou 50 anos em guerra civil porque não fizeram o que fizemos no Araguaia.”
Heleno nunca explicou o que “fizemos no Araguaia”. Lá o Exército combateu uma guerrilha e matou não só os combatentes, mas também os guerrilheiros que se entregaram.
Encrencas militares estão na história da família do general. Em 1912, seu avô, o então capitão de fragata Augusto Heleno foi designado para o Conselho de Guerra que julgou os marinheiros rebelados naquela que se tornou conhecida como Revolta da Chibata.
Heleno está preso no Comando Militar do Planalto e sua condenação transitou em julgado. Mesmo assim, fica uma dúvida. Na fatídica reunião de 5 de julho de 2022, antes da eleição, portanto, ele disse:
“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”.
Ele admitia virar a mesa antes, mas foi condenado por uma trama que pretendia dar o golpe depois da eleição.
A paranoia de Bolsonaro é velha
O episódio da tornozeleira expôs a propensão de Jair Bolsonaro a atravessar surtos de paranoia. Ele estaria fuçando o aparelho porque suspeitava que lá houvesse um dispositivo de escuta.
Seus aliados surpreenderam-se. Tudo bem, mas a paranoia de Bolsonaro está nas livrarias desde 2020, desde que a repórter Thaís Oyama publicou o livro “Tormenta”. Ela contou alguns episódios do início do governo do ex-capitão.
Bebendo água de coco na piscina do Alvorada, lugar onde se sentia livre de escutas, Bolsonaro revelou que temia um ataque de drones.
O presidente temia ser traído pelo vice, Hamilton Mourão.
Certo, quem estava era o general Augusto Heleno quando disse (e foi gravado): “É um despreparado.”
O risco Ramagem
A fuga do ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência para os Estados Unidos obrigou o que resta da comunidade de informações a calcular o prejuízo decorrente do gesto.
Nunca será demais lembrar que o chefe da Abin durante o governo de um ex-capitão do Exército, que se cercou de militares, aninhou-se alhures levando consigo uns poucos segredos.
As farofas de Vorcaro
Preso, o banqueiro Daniel Vorcaro poderia contar as intenções e os efeitos das farofas que financiou. Noves fora seus contratos de consultoria de petistas ilustres, Vorcaro tinha um fraco por eventos.
Em 2014 ele teria pagado R$ 1 milhão por uma farofa em Londres, enfeitada por quatro ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo ex-primeiro-ministro Tony Blair, que adora uma boquinha.
MP em chamas
O governador Cláudio Castro deve repensar sua relação com o Ministério Público do Rio. Lá grassa uma contrariedade que daqui a pouco irá para a rua.
Em outubro, um dia antes da matança da Penha, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) derrubou a liminar obtida por Cláudio Castro, em benefício da refinaria de Manguinhos, leia-se Refit.
As relações de Castro com a refinaria envenenaram seu trato com uma banda da Procuradoria.
O Ministério Público do Rio foi esquecido na quarta-feira, quando a Polícia Federal, a Receita e outras procuradorias saíram atrás dos malfeitos da refinaria de sonegações da Refit.
O berço do capitalismo
Saiu nos Estados Unidos um livro intrigante: “Capitalism, a Global History”, do historiador Sven Beckert, da universidade Harvard. Ele data a origem desse fenômeno econômico e cultural em torno do ano 1150. Em Florença? Bruges? Amsterdam? Nada disso, o berço do capitalismo estaria na cidade portuária de Aden, que hoje faz parte do Iêmen, um dos países mais pobres do mundo. A esse tempo, o comércio da Arábia com África, Índia e China vivia um período de esplendor, enquanto a Europa estava metida nas superstições da Segunda Cruzada, que foi batida pelos infiéis.
Cinco séculos depois, o capitalismo avançou, com o açúcar do Caribe e a prata boliviana de Potosi. Isso e mais, a reinvenção da escravatura.
No mínimo, Beckert ensina que países andam para trás.
Pura suspeita
Astrólogos metidos em interpretações diplomáticas suspeitam que em sua conversa com Lula, o presidente americano Donald Trump tratou especificamente da Venezuela e Lula respondeu genericamente, condenando uma intervenção, e só.
Imperador Alcolumbre
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, não gostou da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, atropelando seu colega Rodrigo Pacheco e jogou uma pauta-bomba na direção do Planalto.
O Senado pode rejeitar a indicação de Messias, é o jogo jogado, mas não é razoável que uma indicação para o Supremo Tribunal Federal seja detonada porque um senador foi preterido e o presidente da Casa zangou-se.
O doutor queria fulminar Messias com uma iminente sessão relâmpago, mas foi driblado pelo Planalto, que segurou o ofício da nomeação e ganhou tempo.
domingo, 30 de novembro de 2025
Um novo ciclo político se abre diante de uma onda reacionária global, por Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
Mas falta direção estratégica. Falta o movimento político mais profundo do que a agitação radical, que permita avançar na modernização em bases democráticas
A percepção de que há uma corrida mundial para reinventar o Estado não é nova, mas nunca foi tão flagrante e urgente. As mutações tecnológicas, a reconfiguração das subjetividades na chamada “sociedade líquida” e a crise dos mecanismos tradicionais de representação, como os partidos, o parlamento e a imprensa, colocaram os países diante de escolhas dramáticas. No turbilhão, democracias representativas parecem correr atrás dos acontecimentos, enquanto regimes autoritários, por concentrarem poder, reprimir dissensos e eliminar freios e contrapesos, conseguem produzir respostas mais rápidas e, em certos casos, mais eficazes à necessidade de modernização.
A Arábia Saudita talvez seja o exemplo mais eloquente dessa contradição: moderniza sua economia com velocidade quase futurista, mas à custa de liberdades civis, participação política e direitos humanos. Já no Ocidente, democracias centrais como a França se contorcem diante da pressão das ruas, da polarização ideológica, da erosão de partidos tradicionais e da incapacidade de produzir reformas que mobilizem consenso.
Nesse cenário, a ascensão vertiginosa da China redefine o tabuleiro global. O país saltou etapas decisivas das revoluções industriais e se impôs como potência tecnológica, comercial e militar sem realizar a abertura liberal-democrática que muitos analistas consideravam inevitável. Ao contrário: Xi Jinping consolidou um regime mais fechado, nacionalista e vigilante.
Poucos anteciparam que, simultaneamente, o próprio Ocidente caminharia para uma guinada reacionária. A volta de Donald Trump ao poder, que consolidou o trumpismo como fenômeno político-cultural, transformou as big techs em eixo de poder equivalente, ou até superior, ao velho complexo militar-industrial do pós-guerra. A democracia mais influente do planeta tornou-se o centro difusor de um tipo de populismo autoritário que inspira líderes na Europa, na América Latina e na Ásia. Para perplexidade geral, a maior democracia do Ocidente passou a liderar uma onda reacionária global.
É nesse contexto que o Brasil atravessa o esgotamento de um ciclo político. Nosso Estado democrático foi submetido ao teste mais duro desde 1988, culminando na condenação de Jair Bolsonaro e de oficiais-generais por tentativa de golpe – um fato inédito, que rompeu o tabu do pacto tácito entre civis e militares desde a transição. Parecia ali o fim de uma polarização política na qual um ex-líder operário e um capitão indisciplinado que se alternaram como polos de mobilização política desde o início do século.
Acontece que um vazio geracional e o esgarçamento institucional impedem que o ciclo se encerre. A nova geração política não viveu nem a ditadura nem a transição democrática, carece de memória histórica e se forma num ambiente global em que o mundo parece marchar para trás, na direção das autocracias orientais e dos populismos reacionários ocidentais.
Duas rotações
Como ressaltou o cientista político Marco Aurélio Nogueira, ontem, no artigo publicado no Estado de São Paulo, o país gira em falso, como no diagnóstico de Joaquim Nabuco sobre os “dois movimentos” políticos: aquele que fazemos parte sem perceber e aquele que parte de nós mesmos, porém, confundido com pura agitação improdutiva. No Brasil, predomina o segundo: hiperatividade sem direção, energia política desperdiçada em conflitos estéreis, incapacidade de produzir consensos estruturantes.
O Congresso é a expressão mais ambígua desse momento. Salvou a democracia em 8 de janeiro, talvez mais por instinto de sobrevivência da maioria de seus líderes, diante da experiência de 1964, do que por convicções ideológicas. Entretanto, foi tomado por uma lógica perversa de poder, baseada na manipulação orçamentária, na chantagem e num pragmatismo sem limites. No Senado, ainda resiste algum freio republicano; na Câmara, bancadas inteiras operam desconectadas da sociedade, blindando seus próprios interesses – inclusive de parlamentares envolvidos em escândalos ou atores ostensivos de aventuras golpistas.
Como bem lembrou Nogueira, nada disso significa que o Brasil esteja em regressão. Ao contrário: mantém uma democracia resiliente, avanços científicos e sociais importantes, setores econômicos dinâmicos e uma cultura vibrante. Mas falta direção estratégica. Falta o movimento político profundo – e não a agitação superficial – que permita abrir um novo ciclo histórico, protagonizado por uma nova geração de políticos. Como na passagem bíblica da travessia do deserto, os hebreus que haviam sido escravos não tinham cabeça para construir uma sociedade livre, era preciso que outra geração o fizesse, como disse Moisés.
O país se move lentamente, mesmo dispondo de vastos recursos materiais e humanos, o que aumenta a defasagem em relação ao que acontece no mundo. O problema fiscal permanece crônico; a desigualdade estrutural, intacta; a transição energética, atrasada; a violência urbana, explosiva; e os serviços públicos, apesar de avanços notáveis como o SUS, demandam inovação e mais eficiência. Os Poderes vivem em conflito permanente, a política perdeu apelo e criatividade, e a sociedade civil patina em capacidade de mobilização.
Às vésperas de 2026, o vazio é visível. Falta um projeto que organize expectativas e convoque a população para algo que não seja o confronto destrutivo e tóxico. É preciso construir uma ampla frente democrática, com uma agenda progressista, de caráter social-liberal e exequível.
domingo, 30 de novembro de 2025
Hora de pensar no interesse nacional, por Lourival Sant’Anna
O Estado de S. Paulo
Trump elevou de 25% para 50% a tarifa sobre a Índia por causa da importação do petróleo russo
A fragilidade da ordem mundial se tornou ainda mais evidente nos últimos dias, com as tensões entre China e Japão e os obstáculos a um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. O Brasil importa 90% dos fertilizantes que consome, dos quais 25% vêm da Rússia e 20% da China.
Estudo do Insper Agro Global lista os riscos comerciais, geopolíticos e logísticos dessa dependência. O Brasil, cuja economia é fortemente impulsionada pelo agronegócio, responde por 23% das importações mundiais de fertilizantes. Dessa maneira, a economia fica exposta às variações de preços, que dependem diretamente do custo do gás e do carvão. De 2020 para cá, a energia subiu 105% e os fertilizantes, 129%.
Donald Trump deixou claro que não pretende exercer a deterrência americana à projeção de poder da China no Leste Asiático e no Indo-Pacífico, elevando o risco de conflitos armados. Depois de conversar com Xi Jinping, Trump exigiu que a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, recuasse em sua ameaça de defender Taiwan contra uma invasão chinesa. Trump justificou que não queria que a atitude atrapalhasse seus planos de retomar a venda de soja para a China. Um eventual conflito pode interromper o fornecimento dos fertilizantes chineses. Igualmente, a eventual frustração de Trump em obter o cessar-fogo pode resultar em sanções contra países importadores de produtos russos.
Trump elevou de 25% para 50% a tarifa sobre a Índia por causa da importação do petróleo russo e citou a possibilidade de fazer o mesmo com o Brasil. Cerca de 45% dos fertilizantes chegam pelos portos de Santos e Paranaguá. Mato Grosso, o maior importador, fica a mais de 2 mil km desses portos.
De 2000 a 2024, as importações brasileiras de nitrogênio russo caíram de 40% para 21% e de fósforo, de 49% para 30% – dois dos principais macronutrientes primários do complexo de fertilizantes. O Brasil precisa continuar se deslocando para fornecedores menos problemáticos, como Holanda, Alemanha, Espanha, Noruega, Chile e Bolívia, embora os contratos sejam de até três anos.
No prazo mais longo, o estudo recomenda parcerias público-privadas e atrair investimentos para a produção local. Com um benefício adicional: a produção de fertilizantes organominerais, mais adequados ao solo tropical. A meta do Plano Nacional de Fertilizantes é reduzir a dependência para 45% até 2050. A questão se conecta com outra frente estratégica: quando se extrai fosfato, por exemplo, vêm junto terras raras. É hora de o Brasil pensar no interesse nacional, acima de disputas mesquinhas.
Entrevista com Gilberto Kassab | Warren Política | Episódio 3
Warren Investimentos
25 de nov. de 2025
No terceiro episódio do Warren Política, o economista-chefe da Warren, Felipe Salto, conversa com Gilberto Kassab — ex-prefeito de São Paulo, ex-ministro, secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo e uma das figuras mais experientes da política brasileira.
Em uma discussão direta e didática, Kassab analisa os cenários possíveis para as eleições de 2026 e os desafios do país até 2030.
Entre os temas abordados:
00:00–01:26 Abertura
01:26–04:51 Os cenários eleitorais possíveis para 2026
04:51–07:00 O peso de Bolsonaro e a centralidade do voto moderado
07:00–09:21 Riscos fiscais e a dificuldade do Brasil em cortar gastos
09:21–11:04 O caso argentino e os limites de discursos radicais no Brasil
11:04–13:02 Carreira política de Kassab e alinhamento com Tarcísio
13:02–16:13 A gestão Tarcísio: infraestrutura, saúde e privatizações
16:13–19:06 Congresso mais fraco e o avanço das emendas parlamentares
19:06–22:58 Voto distrital misto e fortalecimento de partidos
22:58–24:18 Reorganização dos partidos até 2030
24:18–25:14 A direita em 2026 e o peso da união no segundo turno
25:14–26:42 Considerações finais: desafios e figuras promissoras da política
26:42–27:00 Encerramento e agradecimento
Assista para entender a leitura de um político que conhece como poucos os bastidores e as engrenagens institucionais do país.
Disclaimer: As opiniões expressas são de responsabilidade dos participantes e não necessariamente refletem a posição da Warren. Este conteúdo é informativo e não constitui recomendação de investimento.
O Segredo das Coisas
Dublagem automática
As faixas de áudio de alguns idiomas foram geradas de forma automática. Saiba mais
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