sábado, 8 de novembro de 2025

Nós e César

"E qualquer desatenção, faça não Pode ser a gota d'água."
As Moedas de Júlio César – Ditador de Roma · Jafet Numismática Denário (moeda) representando Júlio César The Art Institute of Chicago https://www.artic.edu › artworks › denarius-coin-portrayi... As pequenas imagens eram esculpidas por gravadores em matrizes de bronze, uma para a frente e outra para o verso. As moedas eram então cunhadas, uma a uma, em ... Denarius (Coin) Portraying Julius CaesarDate: 42 BCE, issued by L. Mussidius Longus Artist: Roman; minted in Rome Gota D`Água Cida Moreira Já lhe dei meu corpo, minha alegria Já estanquei meu sangue quando fervia Olha a voz que me resta Olha a veia que salta Olha a gota que falta Pro desfecho da festa Por favor Deixe em paz meu coração Que ele é um pote até aqui de mágoa E qualquer desatenção, faça não Pode ser a gota d'água. Composição: Chico Buarque.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo seg. São Marcos “E Jesus, respondendo, disse-lhes: — Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” — (MARCOS, 12.17) 1 Em todo lugar do mundo, o homem encontrará sempre, de acordo com os seus próprios merecimentos, a figura de César, simbolizada no governo estatal. 2 Maus homens, sem dúvida, produzirão maus estadistas. 3 Coletividades ociosas e indiferentes receberão administrações desorganizadas. 4 De qualquer modo, a influência de César cercará a criatura, reclamando-lhe a execução dos compromissos materiais. É imprescindível dar-lhe o que lhe pertence. 5 O aprendiz do Evangelho não deve invocar princípios religiosos ou idealismo individual para eximir-se dessas obrigações. 6 Se há erros nas leis, lembremos a extensão de nossos débitos para com a Providência Divina e colaboremos com a governança humana, oferecendo-lhe o nosso concurso em trabalho e boa vontade, conscientes de que desatenção ou revolta não nos resolvem os problemas. 7 Preferível é que o discípulo se sacrifique e sofra a demorar-se em atraso, ante as leis respeitáveis que o regem, transitoriamente, no Plano físico, seja por indisciplina diante dos princípios estabelecidos ou por doentio entusiasmo que o tente a avançar demasiadamente na sua época. 8 Há decretos iníquos? Recorda se já cooperaste com aqueles que te governam a paisagem material. 9 Vive em harmonia com os teus superiores e não te esqueças de que a melhor posição é a do equilíbrio. 10 Se pretendes viver retamente, não dês a César o vinagre da crítica acerba. Ajuda-o com o teu trabalho eficiente, no sadio desejo de acertar, convicto de que ele e nós somos filhos do mesmo Deus. Emmanuel Texto extraído da 1ª edição desse livro. 102 Nós e César Pão Nosso #102 - Nós e César NEPE Paulo de Tarso | Evangelho e Espiritismo Transmitido ao vivo em 9 de mai. de 2023 Série de estudos, com Artur Valadares, da obra "Pão Nosso", de Emmanuel/Chico Xavier. Transcrição
"Na residência de Eurípedes, na Rua Principal, hoje Avenida Visconde do Rio Branco, realizaram-se os primeiros trabalhos mediúnicos, após sua conversão. Os companheiros dessa fase inicial eram um casal de velhos humildes: o taipieiro José Miguel e sua mulher Maria Joana. Logo depois juntaram-se outros irmãos ao grupo. Essas sessões tinham por escopo o desenvolvimento das faculdades mediúnicas de Eurípedes. Nelas se efetuou o adestramento psicográfico do moço, sendo que no começo essa faculdade apresentava-se com características de intuição consciente para depois assumir disposições mecânicas. Nessa época, Eurípedes fora eleito orador oficial do Centro Espírita Fé e Amor, de Santa Maria, ensejando esse fato o intercâmbio mais estreito entre os dois núcleos. Tio Sinhô e seus companheiros tornaram-se assíduos coadjuvantes dos trabalhos espirituais de Sacramento, prestando importante coeficiente de serviços, notadamente, na primeira década do século." Após a conversão de Eurípedes ao Espiritismo e o início de suas atividades mediúnicas, o trecho “Meca procura o filho” mostra como essa mudança espiritual provocou certo abalo em sua família. Apesar de respeitar as decisões do jovem, seus parentes ainda viam com desconfiança sua dedicação ao Espiritismo. A mãe de Eurípedes, Meca, preocupada e confusa com a nova conduta do filho, chega a procurá-lo aflita, pedindo que ele abandone ou destrua os livros espíritas, temendo que a prática o tivesse “enlouquecido”. O episódio revela o contraste entre a fé convicta e serena de Eurípedes — que responde com calma e firmeza — e a resistência inicial de sua mãe, simbolizando o conflito entre a tradição religiosa da época e o surgimento das ideias espíritas. Assim, o trecho humaniza a figura de Eurípedes, mostrando-o não apenas como médium e líder espiritual, mas também como filho compreensivo diante do temor materno. EURÍPEDES O HOMEM E A MISSÃO CORINA NOVELINO p. 92
Fazer o bem sem ostentação. 1. Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para serem vistas, pois, do contrário, não recebereis recompensa de vosso Pai que está nos céus. — Assim, quando derdes esmola, não trombeteeis, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Digo-vos, em verdade, que eles já receberam sua recompensa. — Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita; — a fim de que a esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos recompensará. (S. Mateus, 6:1 a 4.) 2. Tendo Jesus descido do monte, grande multidão o seguiu. — Ao mesmo tempo, um leproso veio ao seu encontro e o adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, poderás curar-me. — Jesus, estendendo a mão, o tocou e disse: Quero-o, fica curado; no mesmo instante desapareceu a lepra. — Disse-lhe então Jesus: abstém-te de falar disto a quem quer que seja; mas, vai mostrar-te aos sacerdotes e oferece o dom prescrito por Moisés, a fim de que lhes sirva de prova. (S. Mateus, 8:1 a 4.) 3. Em fazer o bem sem ostentação há grande mérito; ainda mais meritório é ocultar a mão que dá; constitui marca incontestável de grande superioridade moral, porquanto, para encarar as coisas de mais alto do que o faz o vulgo, mister se torna abstrair da vida presente e identificar-se com a vida futura; numa palavra, colocar-se acima da humanidade, para renunciar à satisfação que advém do testemunho dos homens e esperar a aprovação de Deus. Aquele que prefere ao de Deus o sufrágio dos homens prova que mais fé deposita nestes do que na Divindade e que mais valor dá à vida presente do que à futura. Se diz o contrário, procede como se não cresse no que diz. Quantos há que só dão na esperança de que o que recebe irá bradar por toda a parte o benefício recebido! Quantos os que, de público, dão grandes somas e que, entretanto, às ocultas, não dariam uma só moeda! Foi por isso que Jesus declarou: “Os que fazem o bem ostentosamente já receberam sua recompensa.” Com efeito, aquele que procura a sua própria glorificação na Terra, pelo bem que pratica, já se pagou a si mesmo; Deus nada mais lhe deve; só lhe resta receber a punição do seu orgulho. Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita é uma imagem que caracteriza admiravelmente a beneficência modesta. Mas, se há a modéstia real, também há a falsa modéstia, o simulacro da modéstia. Há pessoas que ocultam a mão que dá, tendo, porém, o cuidado de deixar aparecer um pedacinho, olhando em volta para verificar se alguém não o terá visto ocultá-la. Indigna paródia das máximas do Cristo! Se os benfeitores orgulhosos são depreciados entre os homens, que não será perante Deus? Também esses já receberam na Terra sua recompensa. Foram vistos; estão satisfeitos por terem sido vistos. É tudo o que terão. E qual poderá ser a recompensa do que faz pesar os seus benefícios sobre aquele que os recebe, que lhe impõe, de certo modo, testemunhos de reconhecimento, que lhe faz sentir a sua posição, exaltando o preço dos sacrifícios a que se vota para beneficiá-lo? Oh! para esse, nem mesmo a recompensa terrestre existe, porquanto ele se vê privado da grata satisfação de ouvir bendizer-lhe do nome e é esse o primeiro castigo do seu orgulho. As lágrimas que seca por vaidade, em vez de subirem ao Céu, recaíram sobre o coração do aflito e o ulceraram. Do bem que praticou nenhum proveito lhe resulta, pois que ele o deplora, e todo benefício deplorado é moeda falsa e sem valor. A beneficência praticada sem ostentação tem duplo mérito. Além de ser caridade material, é caridade moral, visto que resguarda a suscetibilidade do beneficiado, faz-lhe aceitar o benefício, sem que seu amor-próprio se ressinta e salvaguardando-lhe a dignidade de homem, porquanto aceitar um serviço é coisa bem diversa de receber uma esmola. Ora, converter em esmola o serviço, pela maneira de prestá-lo, é humilhar o que o recebe, e, em humilhar a outrem, há sempre orgulho e maldade. A verdadeira caridade, ao contrário, é delicada e engenhosa no dissimular o benefício, no evitar até as simples aparências capazes de melindrar, dado que todo atrito moral aumenta o sofrimento que se origina da necessidade. Ela sabe encontrar palavras brandas e afáveis que colocam o beneficiado à vontade em presença do benfeitor, ao passo que a caridade orgulhosa o esmaga. A verdadeira generosidade adquire toda a sublimidade, quando o benfeitor, invertendo os papéis, acha meios de figurar como beneficiado diante daquele a quem presta serviço. Eis o que significam estas palavras: “Não saiba a mão esquerda o que dá a direita.” Evangelho - Fazer o bem sem ostentação CANAL FEESP 24 de jun. de 2020 Walkiria Soares de Figueiredo - Expositora da FEESP Transcrição
Faça o bem. O bem é uma semente que, no tempo, dá bom frutos. "...um convite à paciência, generosidade e esperança, lembrando-nos que as nossas ações diárias moldam não apenas o nosso próprio futuro, mas também o mundo ao nosso redor."
Axiologia e Contubérnio: Quando os Valores se Encontram (ou Não) Por Maria Raulina Sabinada Na era das palavras rápidas e sentidos difusos, alguns termos antigos voltam à tona como enigmas de uma língua que parece exigir mais reflexão do que tradução. “Axiologia” e “contubérnio” são exemplos perfeitos: sofisticados, quase arcaicos, mas profundamente reveladores do modo como pensamos — e convivemos. O que é Axiologia, afinal? Axiologia é o nome dado ao ramo da filosofia que estuda os valores — morais, éticos, estéticos, religiosos e culturais. Em outras palavras, é a disciplina que tenta responder a perguntas fundamentais: O que é o bem? O que é o justo? O que é o belo? O termo vem do grego axios (que tem valor, dignidade) e logos (estudo, teoria). Por isso, também é chamada de Teoria dos Valores ou Filosofia dos Valores. A axiologia busca compreender como os valores se formam, se hierarquizam e influenciam o comportamento humano. É um campo essencial não só para a filosofia, mas também para o Direito — quando se fala em justiça e dignidade da pessoa humana —, para a ética e até para a educação, ao tratar da formação moral e cívica. Contubérnio: entre a convivência e o tabu Já o termo contubérnio soa estranho aos ouvidos modernos. Raro no português cotidiano, ele carrega duas conotações principais, dependendo do contexto. Em seu sentido neutro ou positivo, designa convivência íntima, amizade próxima, camaradagem ou coabitação — algo como o convívio de pessoas unidas por laços de afinidade ou destino. Mas, em sua acepção pejorativa e mais comum, o contubérnio se refere a concubinato — uma relação afetiva e sexual estável fora do casamento formal — ou, de modo figurado, a associações ilícitas ou clandestinas. Por isso, o termo é mais frequente em textos literários, históricos ou jurídicos antigos, do que no vocabulário popular. Do valor à convivência: há um elo possível? À primeira vista, “axiologia” e “contubérnio” não têm qualquer ligação direta. O primeiro pertence ao território da filosofia abstrata dos valores; o segundo, ao mundo concreto das relações humanas. Ainda assim, é possível — e talvez inevitável — pensar o contubérnio sob uma ótica axiológica. Afinal, toda forma de convivência humana envolve juízos de valor: lealdade, fidelidade, honestidade, transgressão ou hipocrisia. Nesse sentido, a axiologia oferece as ferramentas para avaliar moralmente o contubérnio, seja ele uma união fora das normas ou uma simples parceria solidária. É o campo onde a filosofia se encontra com a vida — ou, como diria Aristóteles, onde a ética se faz prática. Entre o conceito e o cotidiano Por que, então, trazer à discussão termos tão distantes do vocabulário comum? Porque a linguagem molda a forma como pensamos os valores e as relações. Em tempos de polarização e superficialidade, revisitar palavras como axiologia e contubérnio é um convite à pausa e à reflexão. Enquanto a primeira nos lembra da importância de fundamentar nossas escolhas em princípios, a segunda nos alerta sobre as complexidades das convivências humanas, formais ou não. Afinal, como bem resume o ditado moderno: “O importante não é o lugar, mas a pessoa.” Talvez a axiologia e o contubérnio, cada uma a seu modo, falem justamente disso — dos valores que sustentam nossas relações, e das relações que colocam à prova nossos valores. 🟩 Nota do autor: Este texto tem caráter informativo e reflexivo. Para interpretações jurídicas sobre concubinato ou convivência, consulte um profissional do Direito.
Axiologia e Contubérnio: Quando os Valores se Encontram (ou Não) (continuação) Um Acordo Faustiano Se a axiologia trata dos valores e o contubérnio das convivências humanas, o “acordo faustiano” surge como a síntese trágica entre ambos — o momento em que um valor é conscientemente sacrificado em troca de uma vantagem imediata. O termo vem da lenda alemã de Fausto, personagem que, sedento por conhecimento e poder, faz um pacto com o demônio Mefistófeles: em troca de prazeres e sabedoria ilimitada, entrega o bem mais precioso que possui — a alma. Entre o prazer e o preço Ao longo dos séculos, o mito se transformou em uma metáfora universal para descrever barganhas morais — acordos que parecem vantajosos no início, mas que cobram, inevitavelmente, um preço alto demais. Na cultura contemporânea, o “acordo faustiano” está por toda parte: Na política, quando um líder abre mão da ética para conquistar ou manter poder; No mundo corporativo, quando uma empresa sacrifica princípios em nome do lucro; Nas relações pessoais, quando alguém abdica da própria integridade para preservar uma aparência de felicidade ou status. Essas situações ilustram o ponto em que a axiologia encontra o contubérnio moral — o convívio íntimo entre o certo e o errado, entre o que se deseja e o que se sabe não dever desejar. A tentação do sucesso Na literatura e na cultura pop, Fausto foi reescrito e reinterpretado inúmeras vezes — de Goethe a Thomas Mann, de Oscar Wilde a Breaking Bad. Em todas as versões, o enredo é o mesmo: o desejo de ultrapassar os limites humanos leva à perda da própria humanidade. Em nossa sociedade acelerada, que mede valor em números de seguidores, curtidas ou cifras, o “acordo faustiano” se tornou quase banal. Poucos percebem que, ao abrir mão da autenticidade, estamos negociando parcelas da alma em prestações simbólicas — um contrato invisível, mas de validade duradoura. O preço dos valores Sob a ótica da axiologia, todo acordo faustiano é uma inversão de hierarquia de valores. O efêmero passa a valer mais que o essencial; o sucesso substitui o sentido; a aparência suplanta a verdade. A filosofia dos valores ensina que nem tudo que tem preço possui valor — e, inversamente, que o que tem verdadeiro valor raramente pode ser comprado. Quando o contubérnio entre o desejo e a moral se torna íntimo demais, o resultado costuma ser uma perda: a da própria coerência. Entre Fausto e nós A história de Fausto, lida hoje, é menos sobre pactos demoníacos e mais sobre as concessões cotidianas que fazemos a nós mesmos. O “diabo”, como se diz, está nos detalhes: na pequena omissão, no silêncio conveniente, na verdade adiada. E é aí que a axiologia volta a ser necessária — como bússola moral em um tempo em que tudo parece negociável. Afinal, se os valores são o que nos orienta, talvez o maior pacto faustiano da modernidade seja abrir mão da reflexão em nome da pressa. 🟩 Reflexão final: Entre a axiologia que busca o valor e o contubérnio que revela a convivência, o “acordo faustiano” nos lembra de que a alma humana — em sentido ético, não religioso — é sempre o campo de batalha entre o que se tem e o que se é. D

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