sábado, 15 de novembro de 2025

(PL contra PEC: Dinâmica política na disputa pelo poder)

as facções vencerão por WO. A frase "nem todas as crianças vingam, bateu-lhe o coração" é a linha final do conto de Machado de Assis, "Pai contra mãe". Pai contra mãe - Áudio livro de Machado de Assis
Pec da blindagem. Charge de @orlando.pedroso para a newsletter desta quarta-feira (17). #meio #newsletter #charge #politica #pecdablindagem O debate contemporâneo sobre segurança pública no Brasil não se limita ao enfrentamento do crime. Ele traduz, de forma explícita, as tensões estruturais que determinam quem ocupa o centro decisório da política nacional. Entre projetos, versões, recuos táticos e disputas simbólicas, a tramitação do chamado PL Antifacção e a contraposição discursiva com eventuais propostas constitucionais (PECs) revelam um movimento político mais profundo: trata-se menos de legislar e mais de definir quem legisla; menos de combater as facções e mais de definir quem controla o discurso sobre elas. A história brasileira demonstra que segurança pública nunca foi apenas uma questão operacional ou policial, mas sempre um instrumento de legitimação política, seja pela expansão de poderes estatais, seja pela promessa de proteção, ordem e autoridade. Como todo território, o debate normativo também pode ser conquistado, abandonado, perdido e retomado. Hoje, a disputa não se limita aos morros, às fronteiras e às periferias – ela se trava no Parlamento, nos bastidores partidários, nos relatórios redigidos a várias mãos e nas percepções emocionais da opinião pública. O projeto originalmente construído pelo governo federal, voltado a fortalecer mecanismos penais e de persecução estatal contra facções que operam dentro e fora dos presídios, passou a se mover sob a lógica de arena política, sendo reapropriado pela oposição quando sua relatoria migrou e ganhou novo protagonismo. A intenção inicial de institucionalizar um marco legal de segurança pública para 2026, dentro da agenda do governo, transformou-se em objeto de disputa discursiva pela paternidade da “solução”. A oposição identificou no tema uma oportunidade estratégica de diferenciação eleitoral, vinculando-o ao imaginário coletivo do combate duro, imediato, visível, enquanto o governo tenta preservar o controle narrativo, evitando que sua proposta se torne “troféu” adversário. Nesse processo, o relatório do PL converteu-se em campo de negociação permanente, sofrendo sucessivas versões e adaptações. O relatório não é apenas um texto: é um mapa de forças. Cada alteração indica uma vitória parcial, um recuo calculado ou uma ameaça simbólica. O relator, pressionado pelos polos e observado pela opinião pública, oscila entre firmeza programática e concessões táticas, buscando manter legitimidade técnica sem perder sustentação política. Ao mesmo tempo, movimentos públicos e privados de ministros, governadores, líderes partidários e consultores institucionais transformam o processo legislativo em um xadrez constitucional, no qual cada peça tem consequências jurídicas, comunicacionais e eleitorais. Mas há uma questão mais profunda: a aposta política na legislação como solução única é insuficiente, especialmente quando o crime organizado já opera como um sistema estruturado de governança territorial, econômica e social. Nas palavras de especialistas e ex-gestores de segurança, atacar o problema exige ações simultâneas de inteligência, estrangulamento financeiro, controle prisional, integração federativa e ocupação social duradoura, e não apenas o endurecimento penal ou o incremento retórico. O país parece dividido entre duas ilusões opostas: o voluntarismo punitivista imediato e o gradualismo social incapaz de alcançar curto prazo. Uma vê helicópteros; a outra vê bibliotecas. Ambas isoladas falham. O crime ocupa o que o Estado abandona — e o Congresso ocupa o que o Executivo cede. Enquanto isso, polariza-se o essencial. Discute-se o nome, o rótulo, a autoria, a pena, a tipificação, o palco, mas não o sistema. As facções não disputam manchetes: disputam territórios, recrutamento, renda e legitimidade local. Elas se comportam como corporações, não como hordas. E o Estado, frequentemente, opera como burocracia fragmentada, não como estratégia nacional. O Brasil vive um impasse clássico: há pressa política e lentidão estrutural; há urgência moral e hesitação institucional. A disputa entre PL e PEC, governo e oposição, endurecimento e constitucionalização não é trivial. Ela define o modo como a democracia brasileira pretende — ou falha — em retomar seus próprios territórios: físicos, sociais e simbólicos. O risco não é apenas perder a guerra contra o crime, mas perder a soberania narrativa sobre o sentido da lei e o papel do Estado. A solução passa menos por escolher qual texto vencerá e mais por compreender que não há vitória se o resultado final não puder ser compartilhado por quem legisla, por quem governa, por quem executa e, sobretudo, por quem vive onde o Estado só chega quando atira. Enquanto o Parlamento lutar para vencer uns aos outros, as facções vencerão por WO.
Resumo Graham Greene, escritor inglês nascido em 2 de outubro de 1904, destacou-se com romances e novelas após formar-se em Oxford em 1925 e trabalhar como secretário de redação do Times entre 1926 e 1929. Convertido ao catolicismo em 1926, casou-se no ano seguinte com Vivien D. Browning. Seus romances abordam crimes, conflitos morais, personagens perturbados psicologicamente e pessoas que perderam a fé, destacando heróis imperfeitos que buscam harmonia interior. Greene sabia que esses personagens seriam vistos com repulsa em outros contextos, mas os utilizava para explorar dilemas éticos e humanos. Em 1952, esteve na Indochina como correspondente da revista Life, experiência que originou o romance O Americano Tranquilo, baseado em seu diário de viagem. A obra apresenta temas como diplomacia, ilusões políticas, guerras e desilusões humanas, envolvendo os personagens Pyle, Phuong e Fowler em um triângulo amoroso marcado por conflitos morais e políticos. Entre suas obras mais conhecidas estão O Poder e a Glória, O Coração da Matéria, Nosso Homem em Havana e O Cônsul Honorário. 📌 Resumo do trecho das páginas 82–83 DE O AMERICANO TRANQUILO (THE QUIET AMERICAN) - GRAHAM GREENE, COM TRADUÇÃO DE BRENO SILVEIRA O trecho apresenta um diálogo tenso e emocional entre Fowler e Pyle sobre Phuong, revelando o conflito amoroso que envolve os dois homens. Fowler confronta Pyle por ter se aproximado dela enquanto ele esteve ausente, e Pyle admite seus sentimentos e sua intenção de pedir Phuong em casamento. O diálogo expõe ciúmes, insegurança, culpa e rivalidade, mas também certa dose de respeito e franqueza entre eles, apesar do clima de disputa. Fowler reconhece que não pode se casar com Phuong devido a seu casamento ainda vigente na Inglaterra e à dificuldade de obter divórcio, enquanto Pyle enxerga no casamento uma solução moralmente correta. Há ainda um momento em que a tensão dá lugar a um clima quase conciliador, quando Fowler passa a chamá-lo de “Tom”, revelando uma rara aproximação humana entre rivais. O trecho termina com um contraste irônico entre essa atmosfera íntima e o retorno abrupto da guerra, com bombardeios iniciando logo após as últimas palavras trocadas. " Álvaro de Campos Na véspera de não partir nunca Na véspera de não partir nunca Ao menos não há que arrumar malas Nem que fazer planos em papel Com acompanhamento involuntário de esquecimentos, Para o partir ainda livre do dia seguinte. Não há que fazer nada Na véspera de não partir nunca. Grande sossego de já não haver sequer de que ter sossego! Grande tranquilidade a que nem sabe encolher ombros Por isto tudo, ter pensado o tudo É o ter chegado deliberadamente a nada. Grande alegria de não ter precisão de ser alegre, Como uma oportunidade virada do avesso. Há quantas vezes vivo A vida vegetativa do pensamento! Todos os dias sine linea Sossego, sim, sossego... Grande tranquilidade... Que repouso, depois de tantas viagens, físicas e psíquicas! Que prazer olhar para as malas fitando como para nada! Dormita, alma, dormita! Aproveita, dormita! Dormita! É pouco o tempo que tens! Dormita! É a véspera de não partir nunca! 27-9-1934 Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). - 62."
O americano tranquilo Capa comum – 1 junho 2016 Edição Português por Graham Greene (Autor) 4,4 4,4 de 5 estrelas 107 avaliações de clientes Ver todos os formatos e edições Durante a Guerra da Indochina (1946-1954), o repórter britânico Thomas Fowler conhece, em Saigon, Alden Pyle, jovem americano idealista e impetuoso, enviado em uma missão misteriosa ao Vietnã dominado pelo confronto entre tropas francesas e guerrilheiros comunistas. Experiente e cético, o correspondente de guerra simpatiza com esse “americano tranquilo”. Apesar do interesse mútuo, surge um decisivo foco de discórdia: Pyle apaixona-se por Phuong, a bela amante vietnamita de Fowler, cuja mulher está em Londres. Tendo como tema central um triângulo amoroso, O americano tranquilo é um romance em que as rivalidades pessoais — e sexuais — reverberam as disputas políticas. Essa confluência entre o público e o privado, entre as movimentações geopolíticas e as táticas de guerrilha das relações afetivas, permite a Graham Greene fazer uma crítica das ideologias que contaminam os laços sociais e levam a disputas homicidas. Mestre na arte de transformar tramas de suspense e espionagem em meditações sobre o Mal e a condição humana, o escritor inglês cria um enredo em que as tensões ganham caráter simbólico e estão impregnadas por visões de mundo antagônicas. Para muitos, O americano tranquilo é um livro profético: publicado em 1955, já trazia uma visão muito clara do papel que, após a derrota da França, os Estados Unidos assumiriam com a eclosão da Guerra do Vietnã (1959-1973). Mais que isso, é marcante a complexa composição da trama, iniciada com um assassinato que vai determinar o destino do triângulo amoroso. Publicado em 1956 e duas vezes adaptado para o cinema, o romance é considerado, por sua investigação da inocência e da moralidade em um país em guerra, um dos clássicos do século XX.

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