Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 18 de novembro de 2025
"ARMADILHA"
Semântica do Professor Josias para Vorcaro
Quem tropeça?
"Preciso fazer algo."
"Algo precisa ser feito."
Quem lê com pressa tropeça
Por Anselmo de Albuquerque — Artigo de Opinião
A semântica, quando bem explorada, não é apenas o estudo do significado das palavras, mas a ciência discreta que revela intenções, humores, ambivalências, máscaras e conveniências. Diz o professor Josias, jamais com pressa, que a língua nunca tropeça por acidente: alguém lhe empurra o pé. E é nesse empurrão que reside a questão — quem tropeça? A pergunta, aparentemente ingênua, é um convite para a radiografia da responsabilidade.
Tomemos as duas frases em análise:
"Preciso fazer algo."
"Algo precisa ser feito."
Ambas, à primeira vista, parecem convergir para o senso comum da urgência. Ambas sinalizam a existência de um problema que exige ação. No entanto, seus mecanismos internos divergem como se pertencessem a dois universos éticos e políticos distintos. O contraste é sutil, mas, como toda sutileza linguística, é um instrumento de poder.
Na primeira formulação, encontramos um sujeito atuante, mesmo que oculto pela gramática, mas perfeitamente identificável pela desinência verbal: eu preciso. Nela, a responsabilidade emerge como atribuição pessoal, quase uma confissão de dever. Trata-se da voz ativa — aquela que carrega o peso e a honra do agente. Há um pacto de accountability, um gesto de cidadania narrativa, uma assinatura existencial.
Já a segunda frase, ainda que gramaticalmente elegante e socialmente confortável, opera um deslocamento. Em vez do sujeito que age, ela privilegia o objeto que aguarda: algo — indefinido, abstrato, melancolicamente anônimo. A construção verbal, em forma passiva, cria a sensação de que o problema existe, mas o autor da solução evanesce. A gramática, aqui, cumpre o papel de blindagem, permitindo ao falante o trânsito seguro entre o diagnóstico e a omissão.
Se no primeiro enunciado o sujeito se compromete, no segundo o sujeito se esconde.
E é precisamente neste ponto que a semântica deixa de ser apenas descrição e se torna política. Porque, historicamente, grandes escândalos públicos jamais começam na contabilidade; começam na sintaxe. Nenhuma crise reputacional brota do fato em si, mas de como ele é narrado. A voz passiva, quando abusada, é o detergente institucional da modernidade.
Na esfera política, “algo precisa ser feito” é o mantra dos discursos que preferem aguardar a solução chegar por gravidade. No campo jurídico, “foram constatadas irregularidades” suaviza quem deveria constar. Na linguagem corporativa, “falhas ocorreram no processo” transforma erros humanos em fenômenos meteorológicos.
Assim se constrói a semântica da conveniência: o mundo verbal se torna um palco onde a responsabilidade dança, mas não se apresenta.
A pergunta do professor Josias — quem tropeça? — ecoa como uma advertência. Tropeça quem tenta caminhar escondendo os pés. Tropeça o agente que se traveste de anonimato. Tropeça quem acredita que o verbo pode absolvê-lo mais do que a ação.
No fundo, o que está em jogo não é apenas gramática, mas cidadania; não apenas estilo, mas caráter. Um país que prefere “algo precisa ser feito” a “preciso fazer algo” não se move — é movido. É a diferença entre protagonista e consequência, entre estadista e gestor, entre autor e vítima da própria história.
A linguagem não é apenas o que dizemos; é também o que nos recusa a ser.
E, como ensina o velho professor: quem apaga o sujeito, apaga-se do mundo.
Poesia | Por Victor Maia - No mundo há muitas armadilhas, de Ferreira Gullar
No mundo há muitas armadilhas
Ferreira Gullar
No mundo há muitas armadilhas
e o que é armadilha pode ser refúgio
e o que é refúgio pode ser armadilha
Tua janela por exemplo
aberta para o céu
e uma estrela a te dizer que o homem é nada
ou a manhã espumando na praia
a bater antes de Cabral, antes de Troia
(há quatro séculos Tomás Bequimão
tomou a cidade, criou uma milícia popular
e depois foi traído, preso, enforcado)
No mundo há muitas armadilhas
e muitas bocas a te dizer
que a vida é pouca
que a vida é louca
E por que não a Bomba? te perguntam.
Por que não a Bomba para acabar com tudo, já
que a vida é louca?
Contudo, olhas o teu filho, o bichinho
que não sabe
que afoito se entranha à vida e quer
a vida
e busca o sol, a bola, fascinado vê
o avião e indaga e indaga
A vida é pouca
a vida é louca
mas não há senão ela.
E não te mataste, essa é a verdade.
Estás preso à vida como numa jaula.
Estamos todos presos
nesta jaula que Gagárin foi o primeiro a ver
de fora e nos dizer: é azul.
E já o sabíamos, tanto
que não te mataste e não vais
te matar
e aguentarás até o fim.
O certo é que nesta jaula há os que têm
e os que não têm
há os que têm tanto que sozinhos poderiam
alimentar a cidade
e os que não têm nem para o almoço de hoje
A estrela mente
o mar sofisma. De fato,
o homem está preso à vida e precisa viver
o homem tem fome
e precisa comer
o homem tem filhos
e precisa criá-los
Há muitas armadilhas no mundo e é preciso quebrá-las.
--------
Dona de Castelo
Jards Macalé
Dona de Castelo
Jards Macalé – Wally Sailormoon
Dona de Castelo
Jards Macalé – Wally Sailormoon
Amor perfeito
Amor quase perfeito
Amor de perdição, paixão que cobre
Todo o meu pobre peito pela vida afora
Vou-me embora, embramadora
Você pra mim agora
Passa como jogadora
Sem graça nem surpresa
Diga que perdi a cabeça
Se me levantar da mesa e partir
Antes do final do jogo
Louco seria prosseguir essa partida
Peça falsa que se enraíza
E faz negro todo o meu desejo pela vida afora
Vou-me embora, embromadora
E quando eu saltar de banda
E quando eu saltar de lado
Vou desabar seu castelo de cartas marcadas
E tramas variadas
Sim
Seu castelo de baralho vai se desmanchar
Desmantelado
Decifrado
Sobre o borralho da sarjeta
Chegou o inverno.
PF indicia o ex-ministro Silvio Almeida por importunação sexual
Almeida foi demitido do governo em setembro de 2024 após ser acusado de assédio; relatório foi enviado ao ministro do STF André Mendonça
Silvio foi acusado de assediar várias mulheres, entre elas, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco Sérgio Lima/Poder360 - 29.ago.2023 PODER360 14.nov.2025 (sexta-feira) - 23h13 A PF (Polícia Federal) indiciou nesta 6ª feira (14.nov.2025) o ex-ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, pelo crime de importunação sexual. Ele foi demitido do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em setembro de 2024, depois de ser acusado de assediar várias mulheres, entre elas, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (PT). As informações são da CNN Brasil.
O relatório da PF foi enviado ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) André Mendonça, que determinou o encaminhamento do caso à PGR (Procuradoria-Geral da República). Caberá agora ao procurador-geral, Paulo Gonet, decidir se apresenta denúncia, se pede novas diligências ou se arquiva o inquérito. ...
À época das acusações, a organização Me Too Brasil informou ter recebido denúncias contra o então ministro. Em outubro de 2024, Anielle Franco disse que não participou das denúncias feitas ao grupo e disse ter sido surpreendida ao ver seu nome associado ao caso. “Não tinha nenhum contato com o Me Too. Me associaram também como sendo uma das denunciantes, mas eu nunca fiz uma denúncia ao Me Too”, declarou.
Na mesma ocasião, ela afirmou que “demorou um pouco para acreditar” que ações e falas de Almeida configuravam assédio. “Acho que isso foi o que fez com que, quando fui exposta, eu demorasse a me pronunciar. Era uma decepção para mim também”, disse.
SILVIO ALMEIDA SE DIZ ALVO DE “ARMADILHA”
Com o escândalo, Silvio Almeida foi demitido por Lula. Em vídeo divulgado logo após a divulgação das acusações, Almeida disse repudiá-las “com absoluta veemência”. Na ocasião, ele já tinha qualificado as falas como “mentiras” e “ilações absurdas” e havia sinalizado que o objetivo da disseminação era prejudicá-lo. Para Almeida, tanto ele quanto Anielle Franco foram “enredados” e “jogados” em uma “armadilha” de fofocas.
“A ministra Anielle Franco caiu numa armadilha pela falta de compreensão de como funciona a política. A mesma armadilha que eu caí também […] Eu acho que ela se perdeu no personagem. Quando você se torna ministro de Estado a intriga se torna uma arma política”, afirmou Almeida em entrevista ao UOL publicada em 24 de fevereiro de 2025.
Sinônimos para "armadilha" incluem cilada, emboscada, ratoeira, engano, estratagema, artifício, artimanha, ardil, laço e embuche. A escolha do sinônimo ideal depende do contexto, pois a palavra pode ser usada no sentido literal de um engenho para capturar animais ou no sentido figurado, referindo-se a um plano traiçoeiro.
Sinônimos para "armadilha"
No sentido literal (para caçar):
Ratoeira
Arapuca
Laço
No sentido figurado (engano ou plano traiçoeiro):
Cilada
Emboscada
Embuste
Engano
Estremagema
Artifício
Artimanha
Ardil
Tramoia
Engodo
Logro
Esparrela
Cilada
Molejo
Quase morri do coração
Quando ela me convidou
Pra conhecer o seu apê
Me amarrei, demorou
Ela me usou o tempo inteiro
Com seu jeitinho sedutor
Eu fiz serviço de pedreiro
De bombeiro, encanador
Inocente, apaixonado
Eu tava crente, crente
Que ia viver
Uma história de amor
Que cilada, desilusão
Ela me machucou
Ela abusou
Do meu coração
Não era amor, ô ô
Não era
Não era amor, era
Cilada
Não era amor, ô ô
Não era
Não era amor, era
Cilada, cilada, cilada, cilada
Cilada, cilada, cilada, cilada
Quase morrendo de cansaço
Pálido e me sentindo mal
Me trouxe um whisky bem gelado
Me fez um brinde sensual
Aquele clima envolvente
Acelerou meu coração
Chegou um gigante de repente
Gritando: Sujou, te peguei, Ricardão
Inocente, apaixonado
Eu tava crente, crente
Que ia viver
Uma história de amor
Que cilada, desilusão
Ela me machucou
Ela abusou
Do meu coração
Não era amor, ô ô
Não era
Não era amor, era
Cilada
Não era amor, ô ô
Não era
Não era amor, era
Cilada, cilada, cilada, cilada
Cilada, cilada, cilada, cilada
Quase morri do coração
Quando ela me convidou
Pra conhecer o seu apê
Me amarrei, demorou
Ela me usou o tempo inteiro
Com seu jeitinho sedutor
Eu fiz serviço de pedreiro
De bombeiro, encanador
Inocente, apaixonado
Eu tava crente, crente
Que ia viver
Uma história de amor
Que cilada, desilusão
Ela me machucou
Ela abusou
Do meu coração
Não era amor, ô ô
Não era
Não era amor, era
Cilada
Não era amor, ô ô
Não era
Não era amor, era
Cilada, cilada, cilada, cilada
Cilada, cilada, cilada, cilada
Cilada, cilada, cilada, cilada
Cilada, cilada, cilada, cilada
Cilada, cilada, cilada, cilada
Cilada, cilada, cilada, cilada
Composição: Delcio Luiz / Ronaldo Barcellos.
"Homo sapiens – a única raça que de fato importa."
Assinar:
Postar comentários (Atom)



Nenhum comentário:
Postar um comentário