Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sexta-feira, 28 de novembro de 2025
(As circunstâncias}
“Fala-se em Pero Vaz e Cabral. Coisas do começo. Tempo em que o mundo era grande e a notícia tardava. Depois veio o bispo Sardinha, de Portugal, cheio de importância. Não devia ter vindo. Deu-se mal. Os Caetés comeram-no. Fato simples, sem mistério. Gente bruta, bichos da terra. Fizeram a janta. Sumiu o bispo. Acabou-se a história.”
Pixinguinha - Yaô
Aqui có no terreiro
Pelú adié
Faz inveja pra gente
Que não tem mulher (Bis)
No jacutá de preto velho
Há uma festa de yaô (Bis)
Ôi tem nêga de Ogum
De Oxalá, de Iemanjá
Mucama de Oxossi é caçador
Ora viva Nanã
Nanã buruku (Bis)
Yô yôo
Yô yôoo
No terreiro de preto velho iaiá
Vamos saravá (a quem meu pai?)
Xangô!
Música
Marcus Vinicius
1 músicas
Yaô
Pixinguinha, João da Bahiana, Clementina de Jesus
Gente Da Antiga
Foto do perfil de professorfelipenunes
professorfelipenunes
1 d
Não há nada mais cruel para o Brasil do que o alto nível de desconfiança que temos uns nos outros.
No livro #BrasilnoEspelho eu apresento essa desconfiança e trato suas consequências para um país tão desigual.
#pesquisa #quaest #insight #análise #politica #confiança #desigualdade #brasil
Perda de mandatos, por condenação criminal, supõe aprovação no Congresso
Uma democracia republicana deve seguir o que manda a Constituição, ao invés da interpretação criativa de quem detém o poder
“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem empenhados em revolucionar-se a si e às coisas, em criar algo que jamais existiu, precisamente nesses períodos de crise revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxílio os espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os nomes, gritos de guerra e as roupagens, a fim de apresentar-se nessa linguagem emprestada.”
*Karl Marx (1818-1883). “O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852”, p.7. Os Pensadores, Marx, v. II. Editora Nova Cultura /Abril, 1988
A frase "Eu sou eu e minha circunstância" é uma famosa máxima do filósofo espanhol José Ortega y Gasset, que significa que a identidade de uma pessoa é indissociável do contexto em que ela vive. Para entender a si mesmo, é preciso também compreender o mundo ao seu redor, como o corpo, a história e a cultura, pois o indivíduo é um ser-circunstância. A frase completa, "Eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo a ela, não me salvo a mim", enfatiza que o autoconhecimento e a autotransformação dependem da capacidade de agir sobre e transformar a própria realidade.
Ortega y Gasset na década de 1920.
"Eu sou eu e minha circunstância" é a parte mais famosa da frase "Eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo a ela, não me salvo a mim", de autoria do filósofo espanhol José Ortega y Gasset e publicada originalmente no introito de sua obra inicial, Meditaciones del Quijote, de 1914.
O indivíduo é a síntese viva entre sua posição social objetiva e sua formação cultural; e toda prática transformadora exige agir simultaneamente sobre a estrutura e sobre a consciência.
EPITÁFIO-TESE
“O homem é história e circunstância em luta: herda o mundo que o forma, elabora o mundo que o transforma.
Se não conquista a consciência de suas condições e não cria novas condições para sua consciência, não se liberta.
A tarefa é fazer da necessidade possibilidade — e da possibilidade vontade organizada.”
OPINIÃO 🗣️ Fernando Schüler: Perda de mandatos, por condenação criminal, supõe aprovação no Congresso. Uma democracia republicana deve seguir o que manda a Constituição, ao invés da interpretação criativa de quem detém o poder
10:00 AM · 27 de nov de 2025
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Ficha técnica
Dawkins, O homem que inventou os memes
"A fábula darwinista" e "A fábula Dawkinsista" ou "SOBRE O LIVRO"
Morte E A Morte De Quincas Berro Dagua
Autor: Jorge Amado
Jorge Amado narra nesta novela deliciosa o duplo óbito de Joaquim Soares da Cunha, vulgo Quincas Berro Dágua, cidadão exemplar que a certa altura da vida decide abandonar a família e a reputação ilibada para juntar-se à malandragem da cidade.
"Saí da leitura dessa extraordinária novela [...] com a mesma sensação que tive, e que nunca mais se repetiu, ao ler os grandes romances e novelas dos mestres russos do século XIX", declarou Vinicius de Moraes. Escrita em 1959, esta pequena obra-prima de concisão narrativa e poética é tida por muitos como uma das mais extraordinárias novelas da nossa língua.
Numa prosa inebriante, que tangencia o fantástico sem perder o olhar aguçado para as particularidades da sociedade baiana, Jorge Amado narra a história das várias mortes de Joaquim Soares da Cunha, vulgo Quincas Berro Dágua, cidadão exemplar que a certa altura da vida decide abandonar a família e a reputação ilibada para juntar-se à malandragem da cidade.
Algum tempo depois, Quincas é encontrado sem vida em seu quarto imundo. Sua envergonhada família tenta restituir-lhe a compostura, vesti-lo e enterrá-lo com decência; mas, no velório, os amigos de copo e farra dão-lhe cachaça, despem-no dos trajes formais e fazem-no voltar a ser o bom e velho Quincas Berro Dágua. Levado ao Pelourinho, o finado Quincas joga capoeira, abraça meretrizes, canta, ri e segue a farra em direção à sua segunda e agora apoteótica morte." Correlacionar sob a forma de ensaio histórico todo o conteúdo cotejando os insights nos devidos e respectivos contextos histórico-político-ideológico dos espíritos dos momentos em que elaboraram sua narrativas literárias e jornalísticas. "O escopo da análise reside em delinear um painel da formação brasileira, perpassada pelas intempéries das contendas regionais entre as suas elites e oligarquias, e pela sua ininterrupta inserção em uma ordem global da qual emerge, já globalizada, desde o advento de Cabral e Pero Vaz de Caminha, em um percurso histórico que tangencia o episódio do Bispo Sardinha, consumido, em ato de antropofagia, pelos povos nativos."
*""O objetivo é traçar um painel de um Brasil submetido às intempéries das disputas regionais internas entre elites e oligarquias e a sua permanente inserção em um mundo de onde nasceu já globalizado desde Cabral e Pero Vaz, passando por Bispo Sardinha comido literalmente pelos índios."
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quinta-feira, 27 de novembro de 2025
A fábula darwinista, a crise com o Congresso e os riscos que Lula corre, por Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
O semipresidencialismo informal, no qual o Executivo é empurrado para a irrelevância operacional, tenta transformar o presidente da República em rainha da Inglaterra
Richard Dawkins, em O Gene Egoísta (Companhia das Letras) — ao qual recorri ao falar sobre a “sombra de futuro” dos presidenciáveis no domingo passado —, apresenta uma metáfora poderosa para entender a dinâmica da cooperação política: a fábula dos pássaros infestados por um parasita perigoso. Sozinhos, eles conseguem limpar parte de suas penas, mas há regiões inacessíveis ao próprio bico, de modo que a sobrevivência da espécie depende de um pacto tácito de cooperação: um pássaro dedica tempo a remover o piolho do outro, esperando ser ajudado depois.
No entanto, em toda comunidade, sempre existe a tentação de trapacear: receber o favor sem retribuir. A comunidade prospera quando a reciprocidade funciona; entra em colapso quando o número de trapaceiros supera o de cooperadores. Esse dilema, que Dawkins utiliza para explicar a evolução do comportamento social, aplica-se com precisão ao funcionamento do sistema político brasileiro, em que coalizões, lideranças partidárias e o Executivo operam segundo um delicado equilíbrio entre benefício mútuo e oportunismo. Na fábula darwinista, o sistema só funciona quando existe um terceiro grupo de pássaros, que promove uma cooperação seletiva: não catam piolhos dos trapaceiros.
O governo Lula, em sua terceira gestão, vive justamente um momento em que o ecossistema da cooperação começa a ser tensionado pelo avanço dos “pássaros trapaceiros”. A indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal, contrariando o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, rompeu uma expectativa de reciprocidade construída ao longo de meses. Na lógica do Congresso, em que cada gesto tem conteúdo acumulativo, a recusa a um acordo é interpretada como convite ao aumento do custo da cooperação.
Alcolumbre e parte do Senado reagiram elevando o preço político do alinhamento, enquanto a Câmara dos Deputados, liderada por Hugo Motta, aproveitou a fragilidade momentânea do Planalto para ampliar sua agenda própria, especialmente no campo da segurança pública, que se tornou o principal eixo de disputa com o Executivo. Essa é uma forma de atuação bem conhecida do Centrão, que contingencia a sustentação política do governo ao trocar apoio por mais e mais cargos, por mais e mais emendas, por mais e mais benesses.
É uma regra de jogo de alto risco para a democracia, no contexto da radicalização política e de aproximação das eleições de 2026. O fato é que a prisão de Jair Bolsonaro, comemorada pelos governistas, mudou abruptamente o ambiente político, numa tensa contraposição entre a oposição mobilizada emocionalmente e um governo obrigado a reagir com cautela para evitar a narrativa de perseguição.
Semipresidencialismo
O Planalto não é o responsável direto pela condenação e prisão do ex-presidente da República, bem como dos demais réus no julgamento da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, entre os quais três generais de quatro estrelas e um almirante de esquadra. Entretanto, a oposição tenta capitalizar o fato para impor suas pautas ao Congresso, pressionar os parlamentares do Centrão e reabrir discussões como a proposta de anistia e projetos que limitam a atuação da Polícia Federal.
Diante da vulnerabilidade do Executivo, o Congresso é seduzido por comportamentos de trapaça estratégica, com atores que querem receber benefícios institucionais sem oferecer estabilidade política e que passam a impor derrotas simbólicas como forma de testar os limites do governo.
Essa dinâmica não é inédita na história brasileira. Remete-nos à crise vivida pelo governo João Goulart entre 1962 e 1964. Jango perdeu o Congresso antes de perder o poder, e esse é o aspecto mais instrutivo para compreender o momento atual. Desde a redemocratização, dois presidentes perderam sustentação política e foram apeados do poder pelo Congresso: Fernando Collor e Dilma Rousseff.
No governo Jango, havia um ambiente altamente polarizado, dividido entre forças conservadoras, setores reformistas, grupos militares e interesses econômicos em choque. À medida que o governo avançava suas propostas de reformas de base, o Congresso se fragmentava, aumentando custos para o Executivo e promovendo obstruções sistemáticas. A erosão da governabilidade não começou com tanques nas ruas, mas com a progressiva recusa parlamentar em cooperar, mesmo em temas de funcionamento mínimo do Estado.
O ambiente de 1964 era radicalizado, com tensões militares, crise econômica, disputa ideológica global (a guerra fria) e mobilização social crescente, mas a lição institucional permanece: quando o Congresso percebe que o Executivo perdeu capacidade de disciplinar sua base, o sistema migra para o comportamento oportunista. No caso de hoje, não há um cenário de ruptura militar clássica, muito pelo contrário, nem há consenso internacional para desestabilização, mas existe um risco sutil: o semipresidencialismo informal empurra o Executivo para a irrelevância decisória e tenta transformar o presidente da República em rainha da Inglaterra, ao controlar sua agenda e seu orçamento.
Disputas pela bandeira da segurança, tensões em torno do STF, ofensivas sobre o orçamento, CPIs ameaçadoras e mobilizações da oposição fazem parte da democracia, porém têm também o poder de desestabilizar a governabilidade, a partir de uma crise disruptiva entre Executivo e Congresso. Essa erosão se dá sem tanques, mas com regras regimentais, bloqueios políticos, aumento de custos de barganha, tentativas de impor pautas-bombas e de instalar o caos.
“Onde andará senador (Il marinaio)?”
Nicanor (II Marinaio)
Chico Buarque
Dove sarà nicanor?
Coltivava i suoi amori
Con mani di giardiniere
Quante ragazze in attesa
Son fiori di primavera
Che nessun'altro può avere
Dove sarà nicanor?
Dava amore al porto intero
Un cuore da rematore!
Vorrei per me quelle donne
Consolerei tante pene
Conforterei tanto ardor
Guarda un po' come son tristi
Con il vento con la pioggia
Ed ognuna è ancor più bella
Quando è sola
Tutte quante fanno il nido
Nella propria nostalgia
Ma una carezza non san più
Che cosa sai
Dove sarà nicanor?
Ha legato mille amori
Con nodi da marinaio
Ma ci son luoghi nascosti
Nei sette mari in tempesta
Sette peccati d'amor
Dove amerà nicanor?
Composição: Bardotti / Chico Buarque.
Edição do dia 23/05/2016
23/05/2016 22h00 - Atualizado em 23/05/2016 22h51
Jucá se licencia após gravações sobre 'estancar sangria'
Senador estaria se referindo à Operação Lava Jato.
Ele falava com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
👆”A frase "Há que se estancar a sangria" e a referência a um "senador do centrão" remetem diretamente a Romero Jucá, que na época (2016) era senador pelo PMDB (hoje MDB) e uma figura proeminente do então chamado "Centrão".
O contexto é o vazamento de áudios de conversas entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em maio de 2016, no auge da Operação Lava Jato. No diálogo, Jucá sugeria um "pacto nacional" para mudar o governo (na ocasião, o de Dilma Rousseff, que passava por processo de impeachment) e, assim, "estancar a sangria" que a operação de combate à corrupção estaria causando nas elites políticas do país. A "sangria" era uma referência velada à própria Lava Jato e suas investigações.
A expressão "cantou a pedrinha de sortilégios" (ou simplesmente "cantou a pedrinha") é uma forma idiomática e mais rebuscada de dizer que alguém revelou, antecipou ou previu o que estava por vir, ou que expôs a verdadeira intenção ou o desfecho de uma situação, muitas vezes de forma indesejada. Nesse sentido, o senador Romero Jucá, com a divulgação dos áudios, acabou por revelar publicamente as intenções de parte da classe política de intervir na operação Lava Jato para protegê-los. A expressão do usuário, portanto, usa a linguagem figurada para descrever esse momento político.”
'Uma vertigem': a carta escrita por Machado de Assis a Belmiro Borges vai a leilão
Por Ancelmo Gois
14/04/2020 • 06:30
Vai hoje a leilão on-line uma carta escrita à mão, em 1º de setembro de 1907, por ninguém menos do que Machado de Assis, nosso grande escritor, para o amigo e compadre Belmiro Borges, agradecendo a visita após “uma vertigem” sentida pelo escritor. Mas uma publicação da época, que será leiloada junto com a carta, diz que o imortal teve mesmo uma crise epilética. O lance mínimo é de R$ 1.500, e o leiloeiro é Miguel Salles.
Carta ao Editor — A pedidos, em estilo machadiano
Correio Braziliense
Senhor Editor,
A propósito da instigante coluna do senhor Luiz Carlos Azedo sobre “A fábula darwinista”, venho — a pedidos, como fazia o nosso Machado — trazer algumas linhas de um leitor que, ao passar da política aos pássaros de Dawkins, tropeçou não num piolho, mas na velha sina brasileira.
Diz o articulista que o sistema político funciona como uma comunidade alada: uns catando parasitas dos outros, sempre à mercê do pássaro trapaceiro. Pois bem — não discuto a zoologia aplicada à Praça dos Três Poderes. Mas lembro, com licença poética, que a avifauna nacional já nasceu bicada desde Cabral, quando Pero Vaz mandou carta e o Bispo Sardinha virou literal pasto indígena. Desde então, o país vive sob o regime natural de nossas oligarquias: uma sucessão de “cooperadores seletivos” interessados, sobretudo, em catar seus próprios piolhos.
Ao ler sobre o semipresidencialismo informal que empurra o presidente para a majestática irrelevância — rainha da Inglaterra sem coroa, só com a conta — recordei-me do pobre Quincas Berro D’Água. O morto, vestido pela família para parecer o que nunca foi, e despido pelos amigos para ser quem realmente era. Assim também o Executivo, velado por uns, remexido por outros, cada grupo tentando definir qual Quincas queremos exibir ao Congresso.
O que Azedo chama de trapaça estratégica — essa arte tão nossa de receber favores sem devolvê-los — é apenas mais um capítulo de longa duração. Ontem, eram coronéis que mediam força por voto de cabresto; hoje, são pássaros do Centrão, bicando verbas, cargos e emendas como quem cisca quintal alheio. Mudam as penas, não o hábito.
O articulista bem lembra Jango, Collor e Dilma, cada qual derrubado menos por tanques que por falta de cooperação parlamentar. Nosso semipresidencialismo de contrabando é isso mesmo: não reduz o presidente a rainha apenas; transforma-o no Quincas do velório — cada bancada querendo ajeitar o cadáver de acordo com seus interesses.
Se há, portanto, uma fábula darwinista a explicar o Brasil, talvez seja esta: sobrevivem não os mais fortes nem os mais adaptados, mas os que dominam a arte de parecer cooperadores enquanto negociam o próximo naco de poder.
Subscrevo-me, com respeito e comédia involuntária,
Um leitor à maneira de Machado
Aula sobre Machado de Assis
YouTube
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Caminhos da Linguagem
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20 de abr. de 2023
quinta-feira, 27 de novembro de 2025
STM e ares democráticos, por Merval Pereira
O Globo
O corporativismo do STM não deve evitar que o ex-presidente Bolsonaro perca sua patente
A alegação do general Augusto Heleno de que foi diagnosticado com Alzheimer em 2018, com a intenção de escapar da prisão, só faz piorar sua situação. Foi irresponsabilidade aceitar ser ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) com uma doença grave. Por seu lado, a alucinação alegada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para tentar justificar o uso de um ferro de soldar para abrir a tornozeleira eletrônica é uma típica saída de advogado para eximir de culpa o cliente encrencado. Bolsonaro sempre teve atitudes disparatadas, como oferecer cloroquina às emas do Palácio da Alvorada ou ter crise de choro no meio da noite. Desta vez, disse suspeitar que houvesse escuta dentro da tornozeleira, boato espalhado por um seguidor seu nas redes sociais.
Suas atitudes — como colocar bombas para chamar a atenção para o precário soldo militar ou arroubos paranoicos que o fizeram abrir mão de assessores próximos como Gustavo Bebianno — mostram que o desequilíbrio emocional vem de longe. Heleno foi o primeiro a coordenar o agrupamento militar em torno de Bolsonaro; havia uma sala especial no subsolo de um shopping em Brasília onde militares se reuniam para tocar os planos de governo.
Naquela ocasião, pelos relatos de hoje, ele já estava diagnosticado com a doença, o que só faz aumentar sua irresponsabilidade. Reconhecido entre os seus como grande militar — ele chefiou as tropas brasileiras no Haiti e vinha de amplo conhecimento das entranhas do poder desde que foi chefe de gabinete do então ministro do Exército, Sylvio Frota, comandante da reação militar contra a abertura política de Geisel e Golbery —, Heleno continua tendo admiração de seus pares e dificilmente será condenado pelo Superior Tribunal Militar (STM) a punições desmoralizadoras como a perda da patente.
Na verdade, ele é o único militar entre os golpistas que conta com solidariedade interna, apesar de todas as provas contra si mesmo que forneceu com seu diário ou da participação ativa na reunião ministerial em que o golpe foi debatido. “Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições”, vociferou Heleno, batendo na mesa. Pode ser efeito do Alzheimer — se for confirmado, ajudará a decretação de uma prisão domiciliar. Mas, nesse caso, outros participantes da reunião, gravada em vídeo, também deviam estar doentes.
Os julgamentos do STM têm sido marcados por posições corporativistas mesmo quando parecia impossível, como no caso do músico que morreu fuzilado por militares com mais de 200 tiros em seu carro. Os coronéis envolvidos foram absolvidos porque, segundo a decisão final, foi impossível detectar de onde saiu o tiro que o matou. O corporativismo, porém, não deve evitar que o ex-presidente Bolsonaro perca sua patente. “Mau militar”, segundo definição do presidente e general Ernesto Geisel, Bolsonaro, com suas atitudes covardes durante as etapas finais da tentativa de golpe, quando até viajou para os Estados Unidos, não deve contar com proteção militar em seu julgamento no STM.
O processo no Supremo Tribunal Federal (STF) que culminou com a condenação de militares da mais alta patente foi um avanço histórico. Idealmente deveria ser seguido por uma decisão dos ministros do STM, mas nada indica que isso seja certo. A presidente do STM, juíza Maria Elizabeth Rocha, primeira mulher a presidir o tribunal, não encontrou respaldo de seus companheiros quando pediu desculpas pelos abusos cometidos na ditadura militar, falando na solenidade em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, assassinado quando estava preso. Nenhum dos ministros da Corte deu apoio a ela, e um deles, tenente-brigadeiro Amaral Oliveira, ao contrário, desautorizou sua fala. Não há sinal de que a maioria do plenário do STM, formado por dez militares e cinco civis, esteja sintonizado com os novos ares democráticos do país.
O singelo encontro entre Belmiro Braga e Machado de Assis
Curta-metragem de ficção, em etapa de pré-produção, vislumbra contar um episódio marcante e resgatar o nome de Belmiro Braga, bem como sua importância na literatura mineira
Sobre a Carta e o Manuscrito
O manuscrito original dessa correspondência, como muitas outras cartas trocadas entre Machado de Assis e diversos confrades e amigos, encontra-se arquivado na Academia Brasileira de Letras (ABL). O documento original pode ser visualizado presencialmente na ABL ou, eventualmente, em exposições ou em acervos digitais de instituições como a Biblioteca Nacional do Brasil.
O Conteúdo da Carta
Embora não esteja disponível o texto integral aqui, sabe-se que a carta de 1º de setembro de 1907 é breve e cortês. Nela, Machado de Assis, já debilitado fisicamente, mas ainda atento à literatura, escreve a Belmiro Braga para agradecer o envio de um livro de poesias e para elogiá-lo.
Um dos trechos notáveis da carta, que circula em publicações sobre a correspondência machadiana, é a expressão de Machado de Assis sobre a poesia de Belmiro, chegando a usar a expressão "uma vertigem" para descrever o impacto de sua leitura. A carta reflete a amizade e a admiração mútua entre os dois escritores, com Machado incentivando o trabalho do colega mais jovem.
Para acessar o conteúdo completo da carta e de outras correspondências, você pode consultar as edições organizadas da Correspondência de Machado de Assis, publicadas por instituições como a ABL e disponíveis para pesquisa em bibliotecas ou em alguns acervos digitais.
"Sobre a Carta e o Manuscrito O manuscrito original dessa correspondência, como muitas outras cartas trocadas entre Machado de Assis e diversos confrades e amigos, encontra-se arquivado na Academia Brasileira de Letras (ABL). O documento original pode ser visualizado presencialmente na ABL ou, eventualmente, em exposições ou em acervos digitais de instituições como a Biblioteca Nacional do Brasil. O Conteúdo da Carta Embora não esteja disponível o texto integral aqui, sabe-se que a carta de 1º de setembro de 1907 é breve e cortês. Nela, Machado de Assis, já debilitado fisicamente, mas ainda atento à literatura, escreve a Belmiro Braga para agradecer o envio de um livro de poesias e para elogiá-lo. Um dos trechos notáveis da carta, que circula em publicações sobre a correspondência machadiana, é a expressão de Machado de Assis sobre a poesia de Belmiro, chegando a usar a expressão "uma vertigem" para descrever o impacto de sua leitura. A carta reflete a amizade e a admiração mútua entre os dois escritores, com Machado incentivando o trabalho do colega mais jovem. Para acessar o conteúdo completo da carta e de outras correspondências, você pode consultar as edições organizadas da Correspondência de Machado de Assis, publicadas por instituições como a ABL e disponíveis para pesquisa em bibliotecas ou em alguns acervos digitais. "
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