segunda-feira, 30 de junho de 2025

A Tempestade

O infortúnio faz estranhos companheiros de cama (Shakespeare, "A Tempestade"). Já Que Tem Que Mascarada Elton Medeiros Vejo agora esse teu lindo olhar Olhar que eu sonhei E sonhei conquistar E que um dia afinal conquistei, enfim Findou-se o carnaval E só nos carnavais Encontrava-te sem Encontrar este teu lindo olhar, porque O poeta era eu Cujas rimas eram compostas Na esperança de que Tirasses essa máscara Que sempre me fez mal Mal que findou só Depois do carnaval E os carnavais. Vejo agora... Composição: Elton Medeiros / Zé Kéti.
Razões do mal-estar em relação à democracia brasileira - Marcus André Melo Ensaio Analítico: O Mal-Estar Democrático no Brasil Contemporâneo Introdução O Brasil atravessa uma crise de representação e confiança em suas instituições democráticas. O sentimento de mal-estar não é recente, mas adquiriu contornos agudos em razão de um sistema político que combina exclusão histórica, desigualdade estrutural e alianças governamentais instáveis. Este ensaio analisa esse mal-estar a partir de vozes diversas — desde Shakespeare até um morador da periferia, passando por Ulysses Guimarães, Gonzaguinha e Marcus André Melo — para compreender como o Brasil contemporâneo convive com a tensão entre democracia formal e exclusão real. O Privilégio como Herança Histórica Ulysses Guimarães, em seu discurso de instalação da Assembleia Constituinte de 1987, identifica o privilégio como estigma da colonização. A Carta de 1988 propunha-se a ser um novo pacto nacional fundado em liberdade, soberania e justiça. Contudo, a promessa constitucional permanece em déficit para vastos setores da população, especialmente os marginalizados socioespacialmente. O Brasil moderno herdou o elitismo do Brasil colônia e o adaptou à lógica das democracias representativas contemporâneas, mantendo a exclusão travestida de legalidade. Democracia Incompleta: A Experiência do Cotidiano A frase "Se eu vivesse na Vila Ângela, eu já teria morrido há 3 anos" sintetiza uma dura realidade: viver na periferia é viver sob o risco constante da morte prematura. É a revelação do abismo entre a democracia formal, consagrada em papel, e a democracia vivida. Enquanto a ordem constitucional assegura o direito à vida, à moradia e à dignidade, a ordem concreta nega esses direitos diuturnamente aos habitantes das favelas, cortiços e ocupações. O cotidiano denuncia o fracasso de uma república que ainda não se fez inclusiva. A Tragédia da Legalidade: O Caso dos Despejos A canção "Despejo na Favela", com participação de Gonzaguinha, dá voz aos deserdados. A legalidade aparece como instrumento de opressão: a ordem judicial é "superior" e irrecorrível, mesmo que resulte na destruição de vidas. A obediente resignação do personagem não esconde a tragédia da injustiça sistematizada. "Mas essa gente aí, hein? Como é que faz?" é mais que uma pergunta: é uma interpelação moral à sociedade que tolera ou silencia diante da barbárie legalizada. Coalizões e o Esgotamento da Representação No artigo de Marcus André Melo, o mal-estar é diagnosticado a partir da análise empírica da satisfação com a democracia. Dados recentes mostram que até mesmo os eleitores "vencedores" estão desiludidos. Quando alianças se formam entre grupos antagônicos, o resultado é a ambivalência da coalizão, gerando cinismo e afastamento entre o eleitorado e os representantes. A frase de Shakespeare, "o infortúnio faz estranhos companheiros de cama", resume o custo de governar com alianças que traem expectativas. Conclusão: O Futuro da Democracia Passa Pela Justiça Social A democracia brasileira não pode ser reduzida ao rito eleitoral ou ao funcionamento formal das instituições. Seu verdadeiro teste é a capacidade de incluir, proteger e dignificar. Isso exige um novo pacto nacional que enfrente os legados da desigualdade e os mecanismos de exclusão. Como disse Ulysses, apenas a mobilização da consciência nacional pode refundar a democracia. E essa consciência só se acende quando se reconhece, com empatia e ação, a pergunta que ressoa dos morros e vielas: "essa gente aí, como é que faz?" "Vila Esperança Adoniran Barbosa Vila Esperança Adoniran Barbosa Vila Esperança, foi lá que eu passeiO meu primeiro carnavalVila Esperança, foi lá que eu conheciMaria Rosa, meu primeiro amor Como fui feliz, naquele fevereiroPois tudo para mim era primeiroPrimeira rosa, primeira esperançaPrimeiro carnaval, primeiro amor criança Numa volta no salão ela me olhouEu envolvi seu corpo em serpentinaE tive a alegria que tem todo PierrôAo ver que descobriu sua Colombina O carnaval passou, levou a minha rosaLevou minha esperança, levou o amor criançaLevou minha Maria, levou minha alegriaLevou a fantasia, só deixou uma lembrança Composição: Adoniran Barbosa."
O escritor (e astrólogo) Fernando Pessoa O mais escorpiano dos geminianos. Muitas vezes, uma pessoa pode apresentar características que não correspondam ao seu signo, ou que até pareçam contraditórias, como é o caso do grande escritor português, QUESTÃO (NÍVEL SUPERIOR – LÍNGUA PORTUGUESA / LITERATURA): Considere os seguintes excertos: I) “A vida é (...) um intervalo, um nexo, uma relação, mas uma relação entre o que passou, o que passará, intervalo morto entre a Morte e a Morte.” II) “Cada um de nós é dois, e quando duas pessoas se encontram, se aproximam, se ligam, é raro que as quatro possam estar de acordo.” III) "O escritor (e astrólogo) Fernando Pessoa O mais escorpiano dos geminianos. Muitas vezes, uma pessoa pode apresentar características que não correspondam ao seu signo, ou que até pareçam contraditórias, como é o caso do grande escritor português," IV) "São tantas ideias passando pela sua mente a cada minuto, e nesse mesmo minuto são tantas outras coisas, também, que precisam ser atendidas, que vai chegar uma hora em que você se obrigará a ter mais discernimento." V) "Se você se movimentar de um jeito totalmente diferente do que as pessoas esperam, sem o saber desbaratará os planos que elas fizeram para manter você sob controle, ou para atrapalhar seus movimentos. Surpreenda." Tendo como referência o autor Fernando António Nogueira Pessoa, nascido em Lisboa, Portugal, em 13 de junho de 1888, e falecido na mesma cidade em 30 de novembro de 1935, assinale a alternativa correta: (I) Todas as opções são verdadeiras. (II) Todas as opções são falsas. (III) Apenas a opção IV não foi escrita por Pessoa. (IV) A opção V não é o título, subtítulo e primeiro parágrafo de um artigo. (V) Fernando Pessoa nasceu na Cidade do Cabo, confrade de Nelson Mandela na Academia Sul-Africana de Letras. RESOLUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO: Para resolver a questão, é necessário distinguir os trechos autênticos da obra de Fernando Pessoa daqueles que não pertencem ao autor. O trecho I é compatível com o estilo e a temática de Fernando Pessoa, especialmente com a visão existencialista e niilista presente em seus heterônimos como Bernardo Soares. O trecho II, embora profundo, não é de autoria conhecida de Pessoa e não consta em suas obras mais reconhecidas. Parece um aforismo moderno de autoconhecimento ou psicologia, sem registro literário na obra pessoana. O trecho III traz um comentário astrológico, com linguagem coloquial e estrutura de crônica, que também não condiz com o estilo pessoano. O trecho IV possui construção moderna e linguagem próxima de autoajuda, destoando da escrita literária e filosófica de Fernando Pessoa. O trecho V, embora mais reflexivo, segue na mesma linha do IV, e também não pertence ao repertório de Fernando Pessoa. Além disso: A alternativa (V) é falsa, pois Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, não na Cidade do Cabo. Nelson Mandela, por sua vez, foi um líder sul-africano, nascido décadas depois. A alternativa (I) é falsa porque há trechos que não são de Pessoa. A alternativa (II) também é falsa, pois há trechos que se aproximam da obra do autor. A alternativa (IV) está correta em termos factuais, pois o trecho V não corresponde ao título, subtítulo e primeiro parágrafo de um artigo identificado de Pessoa, mas isso não invalida o conteúdo em si quanto à autoria. A alternativa (III) é a correta, pois entre os cinco trechos, a opção IV é nitidamente destoante do estilo e não foi escrita por Pessoa. GABARITO: (III) Apenas a opção 4 não foi escrita por Pessoa. Justificativa Final: Dos trechos apresentados, apenas o trecho IV se afasta tanto em conteúdo quanto em estilo da obra de Fernando Pessoa, revelando-se como o único inequivocamente não pertencente a ele. Os demais podem ter variações em autenticidade, mas não são tão discrepantes quanto o IV. Já Que Tem Que Itamar Assumpção "Já que já tem." Carolina Brígido QUEDA DE BRAÇO DO IOF Em estilo jornalístico, ela condensa uma ideia com implicações políticas ou econômicas mais amplas, utilizando a linguagem coloquial para provocar reflexão ou apontar inconsistências.

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