Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sábado, 7 de junho de 2025
ALERTA DIPLOMÁTICO
Procura da poesia
Equilíbrio temporal dentro do espírito de juiz de fora: Zeitgeist
sábado, 7 de junho de 2025
O equilíbrio fiscal e o IOF - Marcus Pestana
Não é novidade para ninguém: o Brasil está submetido a uma aguda e crescente restrição fiscal. Os números presentes no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2026, enviado pelo governo ao Congresso Nacional, revelam que o estrangulamento será absoluto a partir de 2027 e se agravará nos anos seguintes. A IFI lançou alertas sobre isto. É a crônica de uma morte anunciada sem o tempero literário de Gabriel Garcia Márquez.
O governo perde cada vez mais espaço de liberdade para governar. As despesas discricionárias ou não obrigatórias tenderão a ser negativa a partir de 2027. Temos, no Brasil, o orçamento mais engessado do mundo. Há mecanismos automáticos, retomados após a revogação do “Teto de Gastos”, que estabelecem vinculações das despesas de saúde e educação às receitas correntes e a indexação aos aumentos concedidos ao Salário-Mínimo, sempre acima da inflação, do piso da previdência, BPC, Auxílio Desemprego e Abono Salarial.
Estas despesas somadas à folha salarial dos servidores públicos federais civis e militares, às outras despesas previdenciárias e ao Bolsa Família, representam quase 95% do gasto, e, em 2027, chegarão, junto outras despesas obrigatórias (precatórios, emendas parlamentares e Fundo do Distrito Federal), à 100% da despesa total. Ou seja, não haverá dinheiro para investimentos e para o custeio da máquina (luz, água, telefonia, internet, combustível, aluguéis etc.). Imaginem as Forças Armadas sem munição, o IBAMA e a Polícia Federal sem gasolina, o PAC zerado e os Ministérios sem pagar a conta de energia? Parece caricatura, mas é para lá que caminhamos.
O presidente da República tem, em 2025, após o abatimento dos mais de 800 bilhões de reais de renúncias fiscais (despesas tributárias) e das transferências constitucionais a estados e municípios, 2 trilhões e trezentos bilhões de reais de receita primária líquida para governar. Dadas as amarras orçamentárias com gastos obrigatórios que crescem acima da receita restam apenas 60 bilhões para o PAC, conjunto de investimentos em infraestrutura e ciência e tecnologia alavancadores do futuro do país.
Ainda assim, o governo fechará as contas de 2025 no vermelho, mesmo o ministro Haddad e sua equipe buscando receitas extras a todo o tempo e manejando bloqueios e contingenciamentos em um orçamento já muito restrito.
O anúncio surpreendente do aumento do IOF como mais uma medida para atenuar o déficit foi o novo capítulo da novela fiscal. Imposto de natureza regulatória e não arrecadatória, de má qualidade por seus efeitos ruins na economia e na formação das expectativas dos agentes econômicos. Resultado: rejeição quase unânime na sociedade e no Congresso Nacional.
Diante disto, os presidentes Hugo Motta e Davi Alcolumbre chamaram a si a tarefa de construir uma alternativa mais ampla e duradora para o equilíbrio fiscal. O objetivo não é compensar o imaginado aumento do IOF, mas garantir a sustentabilidade fiscal nos próximos anos, para além de remendos paliativos e improvisados.
A situação fiscal brasileira é extremamente delicada e as saídas são complexas. O foco deveria orbitar em torno de três objetivos: i. flexibilizar o orçamento; ii. estancar o crescimento da dívida pública; e, iii. ampliar significativamente o investimento público visando a retomada do desenvolvimento sustentado.
É o psicodrama dentro de juiz de fora
sexta-feira, 6 de junho de 2025
O psicodrama fiscal - Fernando Gabeira
O Estado de S. Paulo
O governo Lula é o favorito para herdar o caos financeiro que não pode superar num período de campanha. Isso liquida qualquer esperança de programas de longo prazo
Toda esta discussão sobre o IOF serve para nos educar sobre o universo fiscal, saber que existem impostos regulatórios, por exemplo. A reação instantânea ao aumento do imposto revelou, mais uma vez, a sensibilidade social sobre o tema, demonstrando que há pouco espaço para avançar nesta direção.
O mais interessante, para quem não é especialista, é examinar este permanente psicodrama do governo e do Congresso, uma vez que os gastos da máquina sempre crescem e há limites visíveis na paciência popular.
Na hora de olhar para dentro e buscar outros caminhos é que o drama se instala. O presidente da Câmara, Hugo Motta, rejeita o aumento de IOF, mas reconhece a necessidade de mais grana para alimentar o gigante. A partir daí, ele desencadeia o que chamo de ladainha do precisamos: precisamos fazer algo estrutural, precisamos cortar supersalários, precisamos reduzir os incentivos fiscais, precisamos até de uma comissão para pensar a reforma administrativa.
Tudo bem, precisamos de tudo isso, há muito tempo. Se não temos clareza da razão pela qual nada aconteceu, um debate mais ou menos sério poderia começar daí.
O caso dos supersalários é típico. Ele atinge todos os Poderes e no Judiciário é ainda mais difundido.
Supersalários são aqueles acima do teto legal. A alta burocracia brasileira vive uma ilegalidade salarial faz tempo. Por que isso não se resolve e todos passam a ganhar o máximo estipulado, equivalente ao salário de um ministro do STF? Isso não ocorre não só porque alguns dos que votam recebem supersalário e não querem perder o privilégio. Há intercomunicação entre as burocracias do Estado e um poder de pressão muito grande. Resultado: isso nunca andou, por que andaria agora?
Da mesma forma, temos as isenções fiscais. Em 2023, chegaram a pouco mais de R$ 500 bilhões. Todo mundo fala delas.
Quando a situação aperta, os políticos mencionam a isenção fiscal como alguns personagens romanescos se referem à herança de um tio rico. A qualquer momento, pode morrer para nos salvar. Mas isso não acontece nunca.
Resta a reforma administrativa. Desde meus primeiros mandatos, discuti o tema de várias formas. Era evidente que a revolução digital colocava diante de nós instrumentos para uma administração mais eficaz e barata. Foram inúmeros os debates sobre viagens tornadas supérfluas pelo avanço nas telecomunicações. Deixei o Congresso em 2010 supondo que o avanço vertiginoso da tecnologia acabaria resolvendo esse pequeno problema. No entanto, vejo que em 2023 elas atingiram mais de R$ 2 bilhões, depois de tudo o que aprendemos durante a pandemia.
Viaja-se muito, descobri na época, porque as viagens representam pagamento de diárias e fortalecem o salário dos funcionários.
Além disso, sobretudo neste terceiro mandato, o presidente viaja muito. Mais do que qualquer outro líder mundial. Ele o faz porque considera que tem um papel importante a cumprir. Mas por que só ele? Ele acha que Deus permitiu a seca porque ele seria eleito presidente e salvaria o Nordeste.
Pensa, também, que pode intervir eficazmente onde todos falharam, sobretudo na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Não seria o momento de avaliar o custo-benefício dessas grandes caravanas brasileiras cruzando o mundo?
Enquanto os empresários estavam na China, apareceu a gripe aviária no Brasil, um problema real que precisava de troca de informações para que os chineses não cancelassem todas as suas compras. Isso não chegou lá porque seriam nuvens escuras para uma caravana destinada ao céu azul.
É muito difícil mudar tudo isso. O Distrito Federal tem a maior renda per capita do Brasil, 66% acima da média nacional. O que se produz lá, além de leis, regulamentos e portarias?
Só uma profunda mudança cultural, apoiada nas possibilidades digitais e nos avanços da inteligência artificial, poderá fazer do Estado uma ferramenta adequada para as necessidades do Brasil.
Esperar que isso ocorra por iniciativa da burocracia, e não por impulso da sociedade, é esperar em vão. Sobretudo porque, além de todos os subterfúgios para escapar da racionalidade, eles têm um delicioso brinquedo de esconde-esconde. Cada um, isoladamente, diz: só aceito cortes se todos os Poderes o fizerem.
Como não se consegue essa proeza, prevalece o cômodo argumento de que o problema é outro.
Mas, como os limites estão sendo alcançados, é possível que alguma saída, ainda que parcial e precária, seja encontrada. Toda essa discussão, no entanto, se dá num momento especial: a chegada de novas eleições.
Dificilmente, num contexto eleitoral, os gastos vão baixar, sobretudo os que estão diretamente pensados para garantir votos. O problema pode explodir em 2027. Essa é a grande contradição.
O governo Lula é o favorito para herdar o caos financeiro que não pode superar num período de campanha. Isso liquida qualquer esperança de programas de longo prazo. O País tropeça nos problemas cotidianos e tem pouquíssima margem para vislumbrar alguns metros adiante do nariz. Somos escravos do improviso.
Poesia | Procura da poesia, de Carlos Drummond de Andrade
La Vida No Vale Nada
Pablo Milanés
La vida no vale nada
Si no es para perecer
Porque otros puedan tener
Lo que uno disfruta y ama
La vida no vale nada
Si yo me quedo sentado
Después que he visto y soñado
Que, en todas partes, me llaman
La vida no vale nada
Cuando otros se están matando
Y yo sigo aquí cantando
Cuál si no pasara nada
La vida no vale nada
Si escucho un grito mortal
Y no es capaz de tocar
Mi corazón que se apaga
La vida no vale nada
Si ignoro que el asesino
Cogió por otro camino
Y prepara otra celada
La vida no vale nada
Si se sorprende otro hermano
Cuando supe de antemano
Lo que se le preparaba
La vida no vale nada
Si cuatro caen por minuto
Y, al final, por el abuso
Se decide la jornada
La vida no vale nada
Si tengo que posponer
Otro minuto de ser
Y morirme en una cama
La vida no vale nada
Si, en fin, lo que me rodea
No puedo cambiar
Cuál fuera lo que tengo y que me ampara
Y, por eso, para mí
La vida no vale nada
Si ignoro que el asesino
Cogió por otro camino
Y prepara otra celada
La vida no vale nada
Si se sorprende otro hermano
Cuando supe de antemano
Lo que se le preparaba
La vida no vale nada
Si cuatro caen por minuto
Y, al final, por el abuso
Se decide la jornada
La vida no vale nada
Si tengo que posponer
Otro minuto de ser
Y morirme en una cama
La vida no vale nada
Si, en fin, lo que me rodea
No puedo cambiar
Cuál fuera lo que tengo y que me ampara
Y, por eso, para mí
La vida no vale nada
Composição: Pablo Milanés.
Perfeito! Abaixo está o artigo bilíngue com formatação final, incluindo:
Sugestão de abertura e encerramento musical,
Links diretos para as canções no YouTube,
Trechos relevantes das letras em destaque,
Organização clara para publicação em blog, revista digital ou apresentação cultural.
🎶 La vida no lo vale... ¿Cuatro Pesos de Propina?
📰 Artigo bilíngue: cultura, crítica social e música do outro lado do Rio da Prata
🎧 ABERTURA MUSICAL
🎵 “La Balacera” – Cuatro Pesos de Propina
▶️ Ouça no YouTube
“Y otro gurí quedó en la balacera / Y a nadie le importa ya”
A música é um retrato potente da violência urbana e da banalização da vida. A letra denuncia como a juventude é esquecida ou sacrificada num sistema que já não se escandaliza com a morte precoce. Misturando ska, candombe e crítica social, “La Balacera” é o ponto de partida perfeito para refletir sobre o valor simbólico da vida na América Latina.
🇪🇸 Español rioplatense (Uruguay)
"La vida no lo vale cuatro pesos de propina."
Una frase que podría sonar cruda, incluso amarga. Pero en el Uruguay, donde las palabras a veces se mezclan con el sonido de un tamboril o una murga crítica, nada es solo literal.
Dicha así, esa oración resuena fuerte, porque toca una fibra sensible: ¿cuánto vale la vida? ¿Qué precio le pone la sociedad a la dignidad, al trabajo, a la existencia? En el imaginario popular uruguayo, donde la ironía y la crítica social conviven en la misma mesa que un mate, esta frase también nos lleva, inevitablemente, a pensar en la banda: Cuatro Pesos de Propina.
No es casual. El nombre del grupo ya es una crítica implícita: lo que se da “de propina” es simbólico, insuficiente, y a veces ofensivo. Como lo es muchas veces la retribución a quienes luchan, crean o simplemente sobreviven.
En sus canciones, esta banda mezcla ska, candombe, rock, murga y una dosis generosa de compromiso social. Así como la frase pone en jaque el valor de la vida, Cuatro Pesos canta a la injusticia, al desencanto y a la esperanza.
Entonces, decir que “la vida no lo vale cuatro pesos de propina” puede ser tanto una crítica al sistema que desvaloriza a las personas, como una referencia directa a una voz musical que se planta frente a ese sistema.
🇧🇷 Português (Brasil)
“A vida não vale quatro pesos de gorjeta.”
Pode parecer uma frase dura — e é. Mas, se olharmos com olhos rioplatenses, há nela mais do que tristeza: há crítica, ironia e até música.
No Uruguai, especialmente entre os jovens e artistas engajados, não se pode ouvir essa frase sem lembrar da banda Cuatro Pesos de Propina. Com um nome provocador, o grupo simboliza exatamente isso: o desprezo institucionalizado por quem vive de arte, suor ou resistência.
Dar “quatro pesos de propina” é dar migalhas. É o mínimo, quase nada. É o valor simbólico — e por isso mesmo escandaloso — de quem acha que a vida alheia vale pouco. A frase, então, pode ser lida como um grito contra a indiferença.
Musicalmente, a banda mistura candombe, ska, rock e murga, criando um som tão envolvente quanto politizado. Suas letras ecoam as lutas de muitos, em um país pequeno, mas com vozes grandes.
Dizer que “a vida não vale quatro pesos de gorjeta” não é apenas uma crítica: é um espelho. E Cuatro Pesos de Propina canta o que muitos não conseguem dizer. A arte, nesse contexto, vale muito mais do que o que lhe dão — vale a própria vida.
🎧 ENCERRAMENTO MUSICAL
🎵 “Partido Alto” – MPB4 interpreta Chico Buarque
▶️ Ouça no YouTube
“Mas sei que lá no morro / a vida é bem pior”
Cantando com leveza e ironia, MPB4, através de Chico Buarque, traduz em português o mesmo incômodo que Cuatro Pesos transmite em murga e ska. O partido alto é o ritmo que embala a denúncia — um samba que não deixa de ser grito.
Essa canção encerra nosso texto lembrando que, tanto no morro carioca quanto na periferia montevideana, a vida continua sendo medida por balas, ausência e resistência.
🔁 Reflexión Final · Reflexão Final
A vida, em Montevidéu ou em Porto Alegre, não pode ser medida em moedas.
Mas se for para falar em “cuatro pesos”, que seja para ouvir música e lembrar que a dignidade não se negocia em propinas — se canta.
VEJA O QUE CASOS DE EDUARDO BOLSONARO E CARLA ZAMBELLI RELEVELAM SOBRE AS RELAÇÕES DIPLOMÁTICA
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Estreou há 20 horas #MyNews
No Segunda Chamada desta sexta-feira, 6, as relações internacionais do Brasil diante dos casos Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli.
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