quarta-feira, 18 de junho de 2025

MEIO DE CAMPO

não é jogo de botão Só não entendeu ainda que a democracia não é jogo de botão. E nem jogo de guerra. É jogo jogado. Sarah Vaughan - O Som Brasileiro - 1978 - Full Album José Freitas Sim! O guitarrista no álbum O Som Brasileiro de Sarah Vaughan (lançado no Brasil em 1978) é de fato o renomado Hélio Delmiro. Quanto ao Créditos do disco, a ficha técnica — disponível no Discogs — cita explicitamente: “Guitar – Hélio Delmiro” facebook.com +15 discogs.com +15 lizrosamusic.com +15 . A discografia consultada e perfis como o da Wikipédia confirmam a participação de Delmiro nesse disco de Sarah Vaughan, gravado entre outubro e novembro de 1977 e lançado em 1978 (“I Love Brazil!” nos EUA), com Delmiro desempenhando papel central nas faixas em que toca guitarra elétrica en.wikipedia.org . Portanto, a resposta é sim: Hélio Delmiro é, de fato, o guitarrista presente nesse disco.
Por Mauro Ferreira Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'. Faz um guia para todas as tribos Morre Hélio Delmiro, grande violonista da MPB e um Deus da guitarra que se tornou uma referência no jazz brasileiro 16/06/2025 22h49 Atualizado há um dia Hélio Delmiro (1947 – 2025) morre em Brasília (DF), aos 78 anos — Foto: Camila Macedo / Divulgação ♫ OBITUÁRIO A importância do guitarrista e violonista Hélio Delmiro (20 de maio de 1947 – 16 de junho de 2025) extrapola o universo da MPB. Músico que tocou com ícones dessa MPB como Elis Regina (1945 – 2022), Milton Nascimento, João Bosco, Nana Caymmi (1941 – 2025) e Djavan, entre outros nomes do mesmo quilate, Delmiro se tornou referência no segmento do jazz brasileiro pela técnica, pela sagaz habilidade nos improvisos (essência do jazz) e pelo feeling da guitarra virtuosa e exponencial. Há quem o considerasse um dos maiores guitarristas do mundo – o que não é exagero em se tratando de músico que tocou em discos de uma diva do jazz como a cantora norte-americana Sarah Vaughan (1924 – 1990), caso do álbum O som brasileiro de Sarah Vaughan, de 1977. No universo da música instrumental, a morte de Hélio Delmiro é motivo de tristeza profunda. O guitarrista morreu na tarde desta segunda-feira, 16, em Brasília (DF), onde morava, em decorrência de infecção urinária e de complicações de diabetes e problemas renais. A rigor, Delmiro já estava fora de cena desde junho de 2024 pelos problemas de saúde que o tiraram do palco e o levaram hoje à óbito. Nascido no Rio de Janeiro (RJ), Delmiro tinha 78 anos de vida e 64 de carreira, já que pôs os pés na profissão na adolescência, com 14 anos, tocando nos bailes da vida noturna como integrante do conjunto liderado pelo saxofonista Moacyr Silva (1940 – 2002). Na segunda metade dos anos 1960, o então iniciante Hélio Delmiro integrou grupos como Fórmula 7 (entre 1965 e 1967) e Conjunto 3-D (em 1967). A carreira do músico começou a decolar nos anos 1970. Em 1974, Delmiro participou da gravação do álbum Elis & Tom. Em 1975, produziu Claridade, álbum que consolidou a carreira da cantora Clara Nunes (1942 – 1983). Como músico, o artista costumava dizer que tocar no álbum Elis, essa mulher. – lançado por Elis Regina em 1979 – foi divisor de águas. “Ali aprendi a improvisar pensando”, dizia o músico, que se iniciou no cavaquinho aos cinco anos, passando na adolescência para o violão e para a guitarra. Não por acaso, a partir da década de 1980, o guitarrista começou a destacar com a própria discografia. O primeiro álbum solo, Emotiva, foi lançado em 1980. Em 1981, Delmiro assinou com o tecladista César Camargo Mariano o álbum Samambaia, título referencial da discografia instrumental brasileira. A obra fonográfica do guitarrista também inclui os álbuns Chama (1984), Romã (disco ao vivo de 1991), Violão urbano (2022) e Compassos (2004). O derradeiro álbum, Certas coisas (2025), foi lançado em 30 de maio e é assinado por Delmiro com o cantor Augusto Martins. Fora do Brasil, Delmiro fez duo com o pianista norte-americano Clare Fischer (1928 – 2012). Embora tivesse trânsito livre no circuito internacional do jazz, Hélio Delmiro sempre foi presença frequente na cena brasileira para deleite de quem sabia apreciar o toque límpido, preciso e refinado da guitarra divina desse músico, heroico operário do instrumento que o consagrou na MPB e no jazz. Hélio Delmiro (1947 – 2025) tocava violão e guitarra com maestria — Foto: Reprodução / Instagram Hélio Delmiro Hélio Delmiro (1947 – 2025) tocava violão e guitarra com maestria — Foto: Reprodução / Instagram Hélio Delmiro https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/06/16/morre-helio-delmiro-grande-violonista-e-guitarrista-de-mpb-que-se-tornou-uma-referencia-no-jazz-brasileiro.ghtml Elis Regina - "Meio de Campo" - Ensaio - MPB Especial TramaTV 17 de out. de 2007 Elis Regina - "Meio de Campo" - Ensaio - MPB Especial - tv show - live - ao vivo - Musica Brasileira - Brazilian Music - Trama - canal - channel - Musica Brasileira - Brazilian Music - Trama - canal - channel - ensaio Transcrição Meio De Campo Elis Regina Prezado amigo Afonsinho Eu continuo aqui mesmo Aperfeiçoando o imperfeito Dando tempo, dando um jeito Desprezando a perfeição Que a perfeição é uma meta Defendida pelo goleiro Que joga na seleção E eu não sou Pelé, nem nada Se muito for eu sou um Tostão Fazer um gol nesta partida não é fácil, meu irmão Entrou de bola, e tudo! Composição: Gilberto Gil. Meio De Campo</b> Elis Regina "Dentro das Quatro Linhas da Esquizofrenia Nacional: Heleno por Augusto, Roberto por DaMatta" Dizem que o Brasil não é para amadores. Eu diria que não é nem para profissionais. É para improvisadores de ocasião, que vivem entre a camisa 10 da genialidade e a farda do autoritarismo. Na ponta esquerda, Heleno de Freitas — gênio, maluco, irresistível. Na ponta direita, Augusto Heleno — general, calado, inexorável. No meio, Roberto DaMatta, armando o jogo com prancheta de antropólogo e chuteiras de erudição. Heleno, o da bola, entendia de limites: sabia onde começava a linha de impedimento, mas sempre preferia estar um passo à frente — mesmo que ilegalmente. Era a exceção gloriosa que desafia o apito, a regra que sangra ao ser rompida com classe. Já Augusto, o da caserna, acha que ainda está jogando o campeonato da Guerra Fria. O problema é que ele quis meter o gol de placa num campo democrático, e o juiz dessa vez tem VAR, replay e relator com barba. E aí vem o DaMatta, vindo do túnel da lucidez nacional, dizendo com todas as letras: não é só um golpe. É o avacalhamento do cargo, o travestimento da liturgia em farsa, a inversão ritual onde o herói de coturno vira um zagueiro recuando a bola para o nada. Se Heleno de Freitas fazia do campo um palco de tragédia grega com sotaque carioca, Augusto Heleno tenta transformar o Supremo em quartel — sem conseguir esconder o pavor de estar fora de posição. Ambos, à sua maneira, simbolizam esse Brasil entre o lirismo do chute cruzado e o autoritarismo do "manda quem pode". Mas o problema maior não é o gol perdido. É a farsa montada antes do apito inicial: o projeto de golpe “dentro das quatro linhas”, como se as regras fossem dobráveis como um lençol de campanha. Como se o campo fosse de barro, a torcida surda e o juiz comprado. Diz DaMatta que o Brasil é viciado em Estado, mas traiçoeiro com as responsabilidades. Cargos viraram selfies. Encargos, memes. O presidente vira popstar. O general vira réu. O técnico do time se omite. E a torcida grita “MITO” achando que está escalando o Pelé. Enquanto isso, Heleno de Freitas dorme no túmulo, de terno branco e chuteiras pretas, esperando que algum dia o Brasil jogue bonito. E DaMatta, com sua prancheta de antropólogo boleiro, tenta explicar o inexplicável: como é que um país com tanta regra consegue viver de exceção? A resposta está no gramado institucional: os valentes viram pusilânimes, os canastrões vestem faixas, os golpistas vestem gravata. E a bola continua rolando — sem direção, mas com muitos patrocinadores. O Brasil, enfim, é aquele time que se recusa a treinar, adora improvisar e sonha em vencer por W.O. Só não entendeu ainda que a democracia não é jogo de botão. E nem jogo de guerra. É jogo jogado.
Entrevista com Roberto DaMatta</b> “Somos todos iguais diante da morte” 08/03/2021 | 7:51 quarta-feira, 18 de junho de 2025 Difícil dizer algo sobre o golpismo - Roberto DaMatta O Globo Golpe de Estado ‘dentro das quatro linhas’ é projeto cabível somente na cabeça de quem transcende os limites da racionalidade Não estamos testemunhando um processo destinado a esclarecer um crime comum, urdido e cometido por marginais; estamos atônitos assistindo ao supremo magistrado da nação ser acusado de tramar contra o regime democrático que ele jurou preservar e, numa lambuja cruel, seus auxiliares mais próximos e poderosos como chefe de gabinete, ministros e, pasmem, comandantes das Forças Armadas e de órgãos de inteligência. Que dizer numa crônica desse espetáculo vergonhoso, negado pelo negacionismo ideológico dos asseclas e mal-educados apoiadores? É elite governamental envolvida num inexequível golpe de Estado “dentro das quatro linhas”, um projeto que é cabível somente na cabeça de quem transcende os limites da racionalidade e acha possível acender velas a Deus e ao diabo. Algo, aliás, típico do nosso adoentado sistema político. Acresce a tudo isso um relator que muitos pintam como promotor, mas que, nos seus interrogatórios, arrola documentos, declarações e reuniões reveladoras de índoles e anseios antidemocráticos dos golpistas gorados, confirmados nas desculpas evasivas e inermes dos interrogados. As inquirições podem desagradar aos golpistas, mas não se pode negar seu nível de competência, num contraste fulminante com as pífias performances dos acusados e com a pusilanimidade de seu herói. O que tenho visto nesse vergonhoso evento, que, infelizmente, não é o único de nossa História, corta o coração de um velho como eu. E envenena o dos jovens e de quem pensava a História como progressiva, mas verifica que, no Brasil, ela marcha para trás. Graças à nossa estadomania, à estadofilia e à estadopatia, “fomos” tudo: reino, monarquia, República Velha e Nova, ditadura e duríssimo regime militar. Só nos falta legalizar o ladravaz salvacionismo populista. São múltiplas as motivações da trama golpista. Polarização, anistias, urna eletrônica como instrumento de roubo eleitoral, populismo salvacionista, nacionalismo estatizante contra iliberalismo. Mas o que tenho testemunhado e aqui discutido é o avacalhamento das responsabilidades coladas nos cargos públicos por ocupantes que não honram seus encargos e suas demandas de impessoalidade, seja por malandragem, seja por motivos políticos. O poder à brasileira matou a dialética entre cargos e encargos, e assim escalamos canastrões para cargos públicos cruciais, pondo em risco a democracia e a própria confiança no país. Sem o enlace entre pessoa e papel, cargos públicos como o de presidente correm o permanente risco de ser ocupados por canastrões e perdem sua legitimidade como instrumentos de transformação coletiva. O que dizer, pois, desses rituais em que valentes viram pusilânimes, senão reafirmar que o mundo vive uma enorme incoerência destrutiva? Prova cabal dessa incoerência é o indefensável, contraditório e inexecutável golpe “dentro das quatro linhas”. Meio-de-Campo Gilberto Gil Prezado amigo afonsinho Eu continuo aqui mesmo Aperfeiçoando o imperfeito Dando um tempo, dando um jeito Desprezando a perfeição Que a perfeição é uma meta Defendida pelo goleiro Que joga na seleção E eu não sou pelé nem nada Se muito for, eu sou tostão Fazer um gol nessa partida não é fácil, meu irmão Composição: Gilberto Gil.

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