Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 10 de junho de 2025
Isso é Brasil Ô Ô
Por mares nunca de antes navegados,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Lusíadas , Camões (Canto I)
Esse Brasil brasieiro
Isto Aqui o Que É
João Gilberto
Isto aqui ô ô
É um pouquinho de Brasil iá iá
Desse Brasil que canta e é feliz
Feliz, feliz
É também um pouco de uma raça
Que não tem medo de fumaça ai, ai
E não se entrega não
Olha o jeito nas 'cadeira' que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Olha o jeito nas 'cadeira' que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Morena boa, que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar
Morena boa, que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar
Isto aqui ô ô
É um pouquinho de Brasil iá iá
Desse Brasil que canta e é feliz
Feliz, feliz
É também um pouco de uma raça
Que não tem medo de fumaça ai, ai
E não se entrega não
Olha o jeito nas 'cadeira' que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Olha o jeito nas 'cadeira' que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Morena boa, que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar
Morena boa, que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar
Isto aqui ô ô
É um pouquinho de Brasil iá iá
Desse Brasil que canta e é feliz
Feliz, feliz
É também um pouco de uma raça
Que não tem medo de fumaça ai, ai
E não se entrega não
Olha o jeito nas 'cadeira' que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Olha o jeito nas 'cadeira' que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Morena boa, que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar
Morena boa, que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar
Isto aqui ô ô
É um pouquinho de Brasil iá iá
Desse Brasil que canta e é feliz
Feliz, feliz
É também um pouco de uma raça
Que não tem medo de fumaça ai, ai
E não se entrega não
Olha o jeito nas 'cadeira' que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Olha o jeito nas 'cadeira' que ela sabe dar
Olha só o remelexo que ela sabe dar
Morena boa, que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar
Morena boa, que me faz penar
Bota a sandália de prata
E vem pro samba sambar
Composição: Ary Barroso.
AQUARELA DO BRASIL - ARY BARROSO
Antônio Bocaiúva
"Meu Brasil brasileiro"
Bêbado a uma hora dessa?
Publicado em 12/11/2020 - 08:03 Luiz Carlos Azedo
Governo, Guerra, Literatura, Militares, Política, Política
Apesar de todo o seu poder, Góis Monteiro não escapou da gozação, até mesmo entre os colegas de farda, no auge da luta para o Brasil entrar na guerra contra o nazifascismo
Desculpem-me a analogia. Tem certas coisas no Brasil que não escapam da gozação, mesmo quando são muito sérias e preocupantes. Por exemplo, o namoro de Getúlio Vargas com o fascismo de Benito Mussolini, o ditador da Itália, e o nazismo de Adolf Hitler, da Alemanha, cujo ponto alto foi a entrega da judia alemã Olga Benário, a esposa do líder comunista Luís Carlos Prestes, grávida de sua filha Anita Prestes, à Gestapo. Olga foi morta na câmara de gás do campo de extermínio de Bernburg, mas sua filha foi resgatada antes disso, depois de uma grande campanha internacional. Hoje é professora de História da Universidade Federal Fluminense (UFF). Nessa época, em plena ditadura Vargas, havia uma luta surda entre o ministro da Guerra, Góis Monteiro, e o chefe de Polícia do Distrito Federal, Filinto Muller, que defendiam uma aliança com o Eixo, de um lado, e o chanceler Oswaldo Aranha e o almirante Amaral Peixoto, genro de Vargas, que articulavam a entrada do Brasil na guerra ao lado dos Estados Unidos e seus aliados da Europa, de outro.
O repórter David Nasser, no livro Falta alguém em Nuremberg, traça o perfil da equipe de Filinto Muller, “recrutados entre a escória do Exército”: capitão Felisberto Batista Teixeira, delegado especial de Segurança Política e Social: capitão Afonso de Miranda Correia, delegado auxiliar; tenentes Emílio Romano, chefe da Segurança Política, e Serafim Braga, chefe da Segurança Social, e, ainda, o tenente Amaury Kruel e seu irmão, capitão Riograndino Kruel, ambos da inspetoria da Guarda Civil, “indivíduos cujo servilismo ao governo e brutalidade com os presos” contribuíram, segundo Nasser, para as violações dos direitos humanos ocorrida na época. No Estado Novo, segundo o historiador Cláudio de Lacerda Paiva, “quem censurava era Lourival Fontes, quem torturava era Filinto Muller, quem instituiu o fascismo foi Francisco Campos, quem deu o golpe foi Dutra e quem apoiava Hitler era Góis Monteiro”.
É justamente nessa época que começa a gozação com o Góis Monteiro, dentro do próprio governo. Alagoano de São Luís do Quitunde, fora o comandante militar da Revolução de 1930 e chefiou as tropas federais que combateram a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo. Na época em que foi ministro da Guerra (1934 e 1935), elaborou a Doutrina de Segurança Nacional que inspirou várias leis da ditadura de Vargas e do regime militar. Em 1937, articulou o golpe do Estado Novo, sendo um dos responsáveis pelo famoso Plano Cohen, que serviu de pretexto, planejamento de uma revolução comunista forjado pelo então capitão Olímpio Mourão Filho. Góis Monteiro deu de presente ao temido deputado fluminense Tenório Cavalcanti a sua famosa “Lurdinha”, uma metralhadora alemã MP-40.
Alvorada
Apesar de todo o seu poder, Góis Monteiro não escapou da gozação até mesmo entre os colegas de farda. No auge da luta para o Brasil entrar na guerra contra o nazifascismo, seus adversários políticos se divertiam com a seguinte piada contada nos corredores do Palácio do Catete e nos bares do Rio de Janeiro: Góis Monteiro resolvera conhecer de perto o treinamento das tropas do Eixo. Na Alemanha, um oficial nazista formou um pelotão das SS e mandou que um oficial demonstrasse sua disciplina e amor a Hitler: “Tenente Fritz, tiro na cabeça!”. O jovem oficial disparou a Luger e caiu morto sem dizer um ai, enquanto a tropa fazia a tradicional saudação nazista: “Heil, Hitler!”. Gois Monteiro ficou impressionadíssimo.
No Japão, visitou o porta-aviões do almirante Yamamoto, que formou o esquadrão de pilotos e mandou que um deles dedicasse sua vida ao Imperador: “Capitão Tanaka, seppuku!”. O camicase, como autêntico samurai, sacou seu espadim e rasgou o abdômen; imediatamente, seguindo o ritual de honra, o líder da esquadrilha, num golpe certeiro, cortou sua cabeça com a espada, para evitar maior sofrimento. “Banzai!”. Foi demais para Góis Monteiro: mareado, vomitou.
De volta ao Palácio do Catete, o ministro da Guerra passou a noite em claro e mandou tocar a alvorada às 5 horas da manhã, uma hora mais cedo. Aguardou os Dragões da Independência nos jardins, cantarolando: “A voz do despertar/ Chega a nós/ Que a missão a se cumprir/ É função do que sentir/ Sentir/ Que ela vem dizer/ Com seu repercutir/ / O que é o dever/Quem entender/ Clarim tocar/ Antes do amanhecer/ Tem que se inflamar (…)”. Assustada e sonolenta, a tropa formou desengonçada, às pressas, com a farda mal-abotoada, rabos de cavalo dos capacetes embaraçados, sem saber o porquê da antecipação da alvorada. Góis Monteiro deu a voz de comando: “Primeiro pelotão, sentido!”. O sargento Tião, homem-base na formatura, soldado casca-grossa, já havia percebido a voz pastosa do general quando ele cantava, desconfiou que havia algo errado. Quando o general enrolou a língua no “Apresentar-armas”, Tião se deu conta de que a situação era crítica: “Vixe, está bebado!”. Levou o general para a cama, antes que ele fizesse mais besteira, sem saber de suas sinistras intenções.
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Questão 90
Estado Novo
“Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil, pra mim
Ô, abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o Rei Congo no congado
Brasil, pra mim (...)
Ô! Esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil, pra mim
Ô! Ouve essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ô! Este Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil, brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil, pra mim”
A canção Aquarela do Brasil foi composta por Ari Barroso e lançada no ano de 1939. Sua letra permite identificar temas que guardam afinidades com a política cultural do Estado Novo, podendo ser destacada a
a)
discriminação em relação a afrodescendentes.
b)
exaltação das virtudes naturais e nacionais.
c)
concepção civilizatória assentada na religião católica.
d)
valorização da cultura cabocla e do regionalismo.
e)
escolha do malandro como símbolo nacional.
Resolução
a) Incorreta. Apesar de a letra de Ary Barroso (1903-1964) mencionar a "mãe preta do cerrado", essa referência não é feita de forma pejorativa, mas sim como parte da diversidade cultural brasileira. A canção, de modo geral, busca exaltar essa diversidade, incluindo elementos da cultura afro-brasileira.
b) Correta. A canção faz uma intensa exaltação da natureza brasileira ("coqueiro que dá coco", "fontes murmurantes"), do povo ("mulato inzoneiro", "trigueiro") e da cultura ("samba que dá", "bamboleio"). Essa exaltação do que é nacional era uma característica marcante da política cultural do Estado Novo, que buscava construir uma identidade nacional forte e unificada, de modo a consolidar estratégias de propaganda do regime e de fortalecimento do nacionalismo expresso pelo Estado Novo.
c) Incorreta. A letra menciona "Terra de Nosso Senhor", fazendo referência à cultura católica, mas não há uma ênfase exclusiva na religião católica, que traga algum tipo de exclusivismo e de discurso civilizatório. A canção celebra a diversidade cultural brasileira, que inclui elementos de diversas religiões e culturas, como demonstrado pelas referências a tradições afro-brasileiras.
d) Incorreta. Embora a canção celebre a natureza e o povo brasileiro, não há uma ênfase específica na cultura cabocla - o que incluiria a questão da mestiçagem e da fusão cultural, elementos que chegam a aparecer na letra de Aquarela do Brasil - ou no regionalismo. A visão apresentada é mais generalista e nacionalista, tentando abarcar, mesmo que de forma genérica, todo o país em um só discurso cultural.
e) Incorreta. O malandro não é mencionado na letra da canção, que se concentra em elementos mais gerais da natureza e da cultura brasileira. A figura do malandro era também popular durante a década de 1930, tendo sido inclusive tema de canções como o samba Lenço no Pescoço, de Wilson Batista (1913-1968). No início da década de 40, o malandro chegou a simbolizar o Brasil até em âmbito internacional, por exemplo, com a estereotipia representada por uma personagem como o Zé Carioca, de Walt Disney (1901-1966), criado para o filme Alô, Amigos! (Saludos Amigos), de 1942 (filme que conta com Aquarela do Brasil entre as músicas de sua trilha). Porém, o ícone do malandro não foi o escolhido para representar o Brasil e a nacionalidade na letra de Ary Barroso.
Por mares nunca de antes navegados,
Que outro valor mais alto se alevanta.
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