Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sexta-feira, 13 de junho de 2025
BISCA NO SUPREMO
(J.Caesar/VEJA)
Trata-se de um jogo de cartas de baralho que meu avô ensinou para filhos, e foi passado de geração em geração.
Transição
Lula senta à mesa com STF e Congresso para tentar dar as cartas no início do 3º mandato
Depois de reassumir a coordenação política da transição, presidente eleito dá prioridade à acomodação de interesses dos Poderes
Fábio Zambeli
07/12/2022
|
13:00
Análise | Política como vocação ou negócio? O dilema de Lula no Congresso
Por Luiz Carlos Azedo
Publicado em 13/06/2025 às 04:27
📷 Crédito: Maurenilson Freire
"Mas Lula precisa combinar com deputados e senadores." Essa frase, repetida nos bastidores de Brasília, resume o dilema de um governo que busca redistribuição social em um sistema político dominado por interesses setoriais e corporativos. A recente disputa envolvendo o decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é mais do que um embate técnico sobre arrecadação: é um reflexo profundo da luta entre duas concepções de política — como bem comum e como negócio.
Max Weber na Esplanada
Em sua célebre conferência de 1919, "A Política como Vocação", o sociólogo alemão Max Weber traçou um contraste ainda atual: a política como vocação, movida por responsabilidade, idealismo e compromisso coletivo; e a política como negócio, exercida como profissão lucrativa, centrada em interesses pessoais ou de grupos.
A atuação do Congresso Nacional hoje parece pender para o segundo polo. O Centrão, majoritário, age como bloco negociador de benefícios setoriais. O que está em jogo não é apenas a votação de um decreto fiscal, mas a prevalência de uma lógica política — e econômica — que engole o discurso público em nome de agendas privadas.
Lula, os ricos e a tributação
Em Mariana (MG), durante um evento sobre o Acordo do Rio Doce, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou:
"Não fui eleito para criar benefício para rico."
Criticou a pressão de setores empresariais e defendeu os gastos sociais do governo, mencionando as isenções fiscais bilionárias como distorção:
"Vocês sabem quanto que a gente dá de isenção para os ricos desse país? R$ 860 bilhões. É quatro vezes o Bolsa Família. O que a gente dá para eles é investimento, o que a gente dá para vocês é gasto."
A fala, claramente direcionada aos setores que resistem à revisão tributária, contrasta com a recepção no Congresso. Mesmo após costuras com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o decreto que previa aumento do IOF — em menor escala — sofreu forte reação do agronegócio, da construção civil e das plataformas de apostas. Pressionado, Motta recuou.
A Curva de Laffer não resolve tudo
A resistência ao aumento de impostos é justificada, em parte, pela Curva de Laffer — tese popularizada nos anos 1970 por economistas neoliberais. Segundo seu autor, Arthur Laffer, há um ponto de equilíbrio em que a carga tributária é ideal para maximizar a arrecadação. Acima desse ponto, aumentar impostos reduz receitas, porque estimula sonegação ou reduz a atividade econômica.
Mas, como se aplica essa ideia ao Brasil? A resposta: com extrema cautela.
Nosso país vive uma crise fiscal estrutural: alta carga tributária, crescimento das despesas obrigatórias (previdência, saúde, funcionalismo), renúncias fiscais de difícil revisão, e um sistema tributário excessivamente complexo. Não está claro se estamos acima ou abaixo do “teto” da Curva de Laffer. Baixar impostos sem atacar a desigualdade e a informalidade pode, inclusive, piorar a arrecadação.
Política, tributo e a vocação perdida
Ao tentar reformar o sistema tributário e reequilibrar a equação social, Lula entra numa arena em que as cartas já foram parcialmente marcadas. O jogo se assemelha a uma bisca de quatro parceiros, cada um com três cartas na mão. Mas os parceiros mudam de posição, e o interesse comum dificilmente prevalece.
A "política como bem comum", ideal defendido por Weber, parece minorizada diante de uma política orientada por negócios e benefícios diretos. Mesmo os que dizem defender o bem coletivo muitas vezes jogam apenas com as cartas da conveniência.
Será possível vencer essa rodada com a carta do bem comum? Ou ela já foi descartada da mão de Brasília?
Elis Regina - "Cartomante" (Elis & Ivan/2014)
Cartomante (Ivan Lins/Vitor Martins)
Ivan & Elis
2014 Gravadora Galeão
Reunimos interpretações memoráveis de álbuns de Ivan Lins e Elis Regina e criamos essa compilação exclusiva.
Letra:
Nos dias de hoje
É bom que se proteja
Ofereça a face a quem quer que seja
Nos dias de hoje esteja tranquilo
Haja o que houver pense nos seus filhos
Não ande nos bares esqueça os amigos
Não pare nas praças não corra perigo
Não fale do medo que temos da vida
Não Ponha o dedo na nossa ferida... Ah...
Nos dias de hoje
Não lhes dê motivo
Porque na verdade
Eu te quero vivo
Tenha paciencia
Deus está contigo
Deus está conosco
Até o pescoço
Já está escrito
Já está previsto
Por todas videntes
Pelas cartomantes
Está tudo nas cartas
Em todas as estrelas
No jogo dos Buzios
E nas profecias... ah...
Cai, o Rei de espadas
Cai, o Rei de ouros
Cai, o Rei de paus
Cai, não fica nada!!!
Música
1 músicas
Cartomante (feat.Toda a Companhia) [Ao Vivo]
Various Artists
Elis Ao Vivo
Música
https://www.youtube.com/watch?v=MU6HFbCBUws
Heitor Villa-Lobos "Suite Popular Brasileña" (Completa) Pablo De Giusto
Pablo De Giusto
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2.591.099 visualizações 25 de jul. de 2013
Pablo De Giusto interpreta la Suite Popular Brasileña de Heitor Villa-Lobos.
Extraído del disco "Música de cámara latinoamericana" (DRA22- 1996)
1) Mazurka-Choro 00:00
2) Schottish-Choro 03:30
3) Valsa-Choro 07:20
4) Gavotta-Choro 12:08
5) Chorinho 17:50
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Shorts que remixam esse vídeo
O Processo, de Franz Kafka
Publicado em 31 outubro, 2011
“Alguém certamente havia caluniado Josef K. pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal algum.”
🎙️ ROTEIRO NARRADO – "BISCA NO SUPREMO"
"Do alto da tribuna, com olhos de corvo e memória de velho carteador, vos conto o que vi — e o que soube, mesmo antes de ser mostrado."
[SOM DE MURMÚRIOS DE TRIBUNAL – VAI CESSANDO AOS POUCOS]
NARRADOR (voz grave, pausada):
13 de junho de 2025.
Não era uma simples sessão de julgamento — era um duelo. Um mano a mano, uma partida de bisca de nove jogada em pleno tapete do Supremo.
A mesa estava posta: 40 cartas, como manda o ritual tradicional — excluídos os oitos, os noves, os dez e, claro, o coringão. Nada de piadas. O jogo era sério.
[SOM SUTIL DE CARTAS SENDO EMBARALHADAS]
Os baralhos foram embaralhados. Traçados. Cortados.
Ninguém mostrou sua mão. Cada parte recebeu nove cartas, dispostas com silêncio quase litúrgico. Uma carta foi revelada no centro da mesa: o trunfo da partida — e do julgamento.
As demais 22 cartas repousaram num monte inerte, selando a sorte ainda por vir, colocadas sobre o símbolo do naipe revelado. Uma oferenda ao destino.
Coube ao juiz aguardar. Não se moveu. Como manda o código, esperou que o réu abrisse o jogo — com sua primeira jogada, sua primeira fala.
[SOM DE CADEIRA RANGENDO – SINAL DE ALGUÉM SE LEVANTANDO]
E aí estava ele. O contendor do dia. Camisa engomada, gesto contido — mas a mão, meus senhores… a mão trêmula. Sinal de que, talvez, não estivesse tão bem de cartas quanto supunha.
NARRADOR (em tom didático, com leve ironia):
Para quem não conhece a bisca de nove, explico:
Dois jogadores.
Cada um com nove cartas na mão.
O restante vai para o monte.
E uma carta — só uma — é mostrada, para definir o trunfo.
A cada rodada, cada jogador joga uma carta.
Quem vence, puxa primeiro do monte.
Quem perde, vem depois — sempre atrás.
E assim se joga também um julgamento: com trunfos, blefes, silêncio e sorte.
[SOM DE RESPIRAÇÃO TENSO, GOLPE DE MARTELINHO DO JUIZ]
Cada jogador, cada parte, guardava suas cartas como se fossem segredos de Estado.
E não era por menos — as cartas secretas eram os segredos de Estado.
Documentos, mensagens, confissões, delações.
As cartas estavam do lado da acusação.
Era visível.
Nem precisava olhar a mão — bastava ver os gestos, os sorrisos contidos, o brilho no olho de quem sabe que está ganhando.
Já o réu…
O réu sabia o que vinha.
Sabia das cartas que entrariam no jogo — e pior, sabia das que ele mesmo deixou de jogar.
A omissão também pontua numa partida dessas.
Principalmente quando é deliberada.
NARRADOR (voz mais baixa, poética):
Cai o rei de espadas.
Cai o rei de ouros.
Cai o rei de copas.
Cai o rei de paus.
Cai.
Não sobra nada.
Naquela queda sequencial, vi símbolos demais para ignorar:
O poder bélico, o poder econômico, o sentimentalismo barato e até o misticismo cívico — todos desabando, um por um, como num castelo de cartas molhadas pela história.
NARRADOR (tom de crônica jornalística com ironia sutil):
E G — o operador técnico, o assessor dos bastidores — jogava como se tivesse feito um MAM training.
Movimentos limpos. Sem ruído. Cirúrgico.
Dizia pouco. Executava muito.
O réu, por sua vez, não berrava mais.
Chamava o ministro de “meu ministro”.
O valentão dera lugar ao suplicante.
O jogo virava — ou talvez já estivesse virado desde o corte do baralho.
NARRADOR (em tom de encerramento):
Ali, entre ritos e rituais, o jogo estava jogado.
Julgamento ou bisca? Difícil dizer.
Porque um tribunal, meus caros, é muito parecido com uma mesa de carteado:
Você entra com o que tem.
Finge o que não tem.
E reza pra que o outro não tenha melhor.
Mas aqui, nem oração serviu.
A partida estava decidida — antes mesmo da primeira carta cair na mesa.
[SOM FINAL: SILÊNCIO – DEPOIS, LENTAMENTE, APLAUSOS DISTANTES E UM REPIQUE DE CAMPANHA DE TRIBUNAL]
BOLSONARO AMARELOU NO STF? A FARSA DESMORONANDO AO VIVO!
MyNews
Estreou em 11 de jun. de 2025 #MauroCid #MyNews #AlexandreDeMoraes
No banco dos réus, Bolsonaro abandona o discurso de valentia e adota um tom conciliador em frente ao STF. Neste vídeo, analisamos os bastidores do interrogatório dos réus da tentativa de golpe, a presença inédita de militares da ativa diante da Justiça civil e o impacto político dessa nova fase do bolsonarismo. A delação de Mauro Cid, as contradições de Bolsonaro, os bastidores do 8 de janeiro e o papel das instituições democráticas brasileiras entram em pauta com profundidade e ironia.
➡️ Como o ex-presidente tenta reduzir sua pena?
➡️ Qual o papel do Exército na tentativa de golpe?
➡️ O que muda na democracia brasileira após esse julgamento histórico?
Assista até o fim e seja testemunha de um momento que pode redefinir a história política do Brasil.
📍Capítulos:
00:00 Introdução: Bolsonaro no banco dos réus
01:00 A figura do “líder da direita” em crise
03:00 O impacto da transmissão do julgamento
05:00 Estratégia jurídica vs. imagem pública
08:00 As Forças Armadas no centro da crise
13:00 O caminho das delações: Mauro Cid e o efeito dominó
20:00 Comparações com Trump, Chávez e os riscos do escapismo político
26:00 Trechos inusitados e falas marcantes dos réus
30:00 Reflexões sobre o futuro da democracia no Brasil
🔔 Inscreva-se, ative o sininho e deixe seu like para não perder as próximas análises!
📢 Compartilhe esse vídeo e ajude a manter o debate democrático vivo.
#Bolsonaro #STF #GolpeDeEstado #8deJaneiro #MauroCid #Militares #Democracia #PolíticaBrasileira #Julgamento #AlexandreDeMoraes #MyNews
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Breves comentários sobre “O Processo” de Franz Kafka
7/4/2017
Imagem
"É cediço que a obra é passada em um cenário no qual se pode perceber todo um aspecto dramático e de suspense, que gira em torno da busca da confirmação da verdade posta, digo posta a verdade que já se sabe e, por saber, não precisa mais haver a confirmação, portanto, não há que se falar em um devido processo legal e, sim, em sua presente ausência"
Por Kelven de Castro
11/06/2025
"Ouvindo-se do senhor B"
"A gente conversando ali numa tempestade de ideias."
"Naquele momento de oscilação."
"Arrependimento eficaz."
"Cai o rei de espada, cai o rei de ouros, cai o rei de copas, cai o rei de paus. Cai não sobra nada."
"G, muito técnico, como se passado por um MAM trainning."
"Meu ministro."
'B se dirigindo a M'
# NÃO É BEM
ASSIM
há 1 h
31:11
Novo episódio de podcast
quinta-feira
31min 11 s
Descrição do episódio
No banco dos réus, Bolsonaro abandona o discurso de valentia e adota um tom conciliador em frente ao STF. Neste vídeo, analisamos os bastidores do interrogatório dos réus da tentativa de golpe, a presença inédita de militares da ativa diante da Justiça civil e o impacto político dessa nova fase do bolsonarismo. A delação de Mauro Cid, as contradições de Bolsonaro, os bastidores do 8 de janeiro e o papel das instituições democráticas brasileiras entram em pauta com profundidade e ironia.➡️ Como o ex-presidente tenta reduzir sua pena?➡️ Qual o papel do Exército na tentativa de golpe?➡️ O que muda na democracia brasileira após esse julgamento histórico?Assista até o fim e seja testemunha de um momento que pode redefinir a história política do Brasil.
https://open.spotify.com/episode/6JC4t0FKLhyYAQYi4AclqI
13/06/2025
Bisca de nove mano a mano
Embralharam as 40 cartas de 4 naipes. Sem as cartas 8, 9, 10 e coringão.
Traçaram e cruzaram o baralho no tapete do supremo.
Distribuiram 9 cartas para cada uma das partes.
Viraram uma das cartas que seria o trunfo do julgamento em tela.
Depuseram as 21 cartas que sobraram como um monte inerte por sobre o trunfo descoberto no naipe.
Coube ao juiz esperar a primeira jogada (fala) do réu (jogador adversário) escolhido na ordem definida para o torneio ( a sessão).
Tentaram não demonstrar cada parte para a contra parte do embate tete a tete as fortunas de suas circunstâncias naquela crucial rodada de confronto.
As cartas secretas eram favoráveis a uma das partes.
E esta parte bafejada de sortilégios para o julgamento (partida) 'parte e pri' não parecia favorável ao réu (parte do jogo).
O resultado esperado da contenda (julgamento) estava já estampado nos trejeitos e modos do contendor que detinha as melhores cartas (provas secretas).
O réu sabia do que se tratavam essas provas secretas no processo porque àqueles lances (atos processuais) que jogara - ou das que não jogara.
Ação e Omissão
A partida estava jogada e decidida.
NAS ENTRELINHAS
Análise: Lula não pode contar com a Câmara para tirar dos ricos e dar aos pobres
O presidente disse que não foi eleito para criar "benefício para rico" e defendeu os gastos sociais feitos pelo governo. Rebateu críticas de "empresários" e "banqueiros"
PRI-1306-ENTRELINHAS - (crédito: maurenilson freire)
Popularizada nos anos 1970 pelos economistas neoliberais, a "Curva de Laffer" é uma tese do economista norte-americano Arthur Laffer, que lhe empresta o nome, segundo a qual a redução de impostos é uma forma de aumentar a arrecadação. Foi adotada pelo presidente Ronald Reagan. Laffer fez parte de seu governo e é considerado o pai da corrente econômica que estuda os impactos causados pela diminuição da carga tributária na inflação, emprego, produtividade etc.
De acordo com sua teoria, os consumidores se beneficiam de uma maior oferta de bens e serviços a preços mais baixos e as oportunidades de emprego aumentam. Já com o imposto excessivo, as pessoas evitam pagar (evasão, sonegação) ou a economia desacelera, o que provoca queda de arrecadação. Usando cálculos matemáticos, Laffer estabeleceu um ponto de máxima arrecadação: acima disso, aumentar tributos provocaria queda de receita.
Brasil enfrenta uma crise fiscal estrutural, caracterizada por alta carga tributária, grande volume de renúncias fiscais, crescimento contínuo das despesas obrigatórias (previdência, funcionalismo, saúde, educação) e dificuldade de elevar a arrecadação sem frear o crescimento ou aumentar a desigualdade. Esse cenário macroeconômico é quase um consenso nacional.
Na teoria, impostos em cascata e sobre produção podem, sim, provocar redução de base tributária; reduzir impostos para os serviços e a indústria pode ampliar a arrecadação. Entretanto, essas conclusões não resolvem o problema do gasto obrigatório crescente, inclusive com emendas parlamentares. Também não se pode afirmar que o Brasil está acima do teto da curva de Laffer. Ou seja, nada garante que baixar ou congelar os tributos vá aumentar a arrecadação, porque a informalidade e a evasão fiscal decorrem muito mais das desigualdades e complexidade da nossa realidade econômica do que nível das alíquotas de impostos.
Nesse cenário, o governo Lula tenta tributar setores beneficiados por isenções fiscais que não fazem mais sentido, combater a sonegação e a elisão, mas a questão fiscal é mais complexa, depende da implantação da reforma tributária, do redirecionamento das despesas públicas e da melhoria da qualidade da administração pública. É aí que sai a equipe econômica e entram os políticos.
Negócios ou bem comum
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ontem, anunciou que a porá em votação nos próximos dias um pedido de urgência para derrubar o novo decreto do governo federal que trata do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A decisão foi tomada durante reunião de líderes partidários. "Conforme tenho dito nos últimos dias, o clima na Câmara não é favorável para o aumento de impostos com objetivo arrecadatório para resolver nossos problemas fiscais", disse.
O novo decreto do IOF foi publicado na quarta-feira pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de uma negociação entre o próprio Motta, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O novo decreto também prevê aumento do tributo, mas em menor escala. Houve, porém, uma foi uma forte reação dos setores afetados pelas novas medidas, entre os quais o agronegócio, a construção civil e as bets. Todos os setores que perderiam isenções fiscais fizeram lobby para pressionar o Congresso. A resistência da oposição já era esperada, mas, a do Centrão, nem tanto. Na verdade, Motta deu um passo maior do que as pernas e depois teve que voltar atrás no acordo com equipe econômica.
Em resposta, em Mariana (MG), num evento sobre o Acordo do Rio Doce, o presidente Lula disse que não foi eleito para criar "benefício para rico" e defendeu os gastos sociais feitos pelo governo. Rebateu críticas de "empresários" e "banqueiros" que desejam redução de despesas. "Vocês sabem quanto que nós gastamos com ricos? Vocês sabem quantos bilhões a gente dá de isenção para os ricos desse país que não pagam impostos? R$ 860 bilhões. É quatro vezes o Bolsa Família. O que a gente dá para eles é investimento, o que a gente dá para vocês é gasto", exemplificou.
Mas Lula precisa combinar com deputados e senadores. Nos bastidores do Congresso, pode-se dizer que a "política como negócio" engoliu "política como bem comum". Os dois conceitos são do filósofo e sociólogo alemão Max Weber, numa palestra célebre de 1919: "A política como vocação" (Politik als Beruf). Ele apresenta essa diferenciação como parte de uma análise mais ampla da ética e das vocações na sociedade. A política do bem comum é pautada pelo idealismo, voltada ao interesse público e à responsabilidade. O político age comprometido com causas coletivas, guiado por uma vocação no sentido quase religioso ou pela ética da responsabilidade.
A política como negócio, para Weber, porém, também faz parte do jogo, é inerente à democracia e ao capitalismo. É praticada como forma de ganhar a vida, buscar poder ou benefícios pessoais, faz da política uma profissão lucrativa ou meio de acesso a privilégios. Sua ética é determinada pelos objetivos, pela convicção, e não pela legitimidade dos meios. Hoje, como se sabe, a política como negócio é amplamente majoritária no Congresso, mas somente a turma do agronegócio põe a cara na reta e assume essa condição. A maioria dos nossos políticos diz que defende o bem comum. Será?
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