Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 27 de fevereiro de 2022
"TRAGA-ME ESPANHÓIS"
***
Nas entrelinhas: Ocidente e Oriente estão em luta pela hegemonia na Ucrânia
Publicado em 27/02/2022 - 08:26 Luiz Carlos AzedoAlemanha, China, EUA, Governo, Memória, Militares, Política, Política, Putin, Rússia, Trump, Violência, Xi Jinping
O Estado de bem-estar social, que fora fundamental para suplantar o chamado “socialismo real”, entrou em crise e a democracia tem dificuldades de acompanhar as mudanças de uma economia globalizada
Quando Alexander Hamilton exortou os norte-americanos a decidirem se “as sociedades humanas são mesmo capazes de constituir um bom governo, com base na reflexão e na escolha, ou se estão condenados para sempre a ter organizações políticas que são fruto do acidente e da força” (O Federalista, nº 1), em 1787, no debate que levou à consolidação a Constituição dos Estados Unidos, traçou o curso da linha divisória que separa o Ocidente democrático do resto do mundo. Os países que foram capazes de seguir esse caminho constituíram bons governos e foram adiante, ampliando consideravelmente a sua influência mundial; os que tomaram outro rumo, como a Alemanha nazista e, mais recentemente, a antiga União Soviética, amargaram o declínio, a disfunção e/ou o colapso.
Entretanto, depois da débâcle dos regimes comunistas do leste europeu, as democracias do Ocidente começaram a enfrentar uma crise de representação sem precedentes, provocada pela revolução tecnológica que elas próprias protagonizaram e as dificuldades de sustentar um modelo de Estado que se baseava muito mais no fabianismo, uma doutrina liberal-socialista, do que no Leviatã de Thomas Hobbes, o Estado liberal clássico. O Estado de bem-estar social, que fora fundamental para suplantar o chamado “socialismo real”, entrou em crise. Com isso, a democracia representativa passou a ter dificuldades para acompanhar as mudanças de uma economia globalizada.
É aí que entram em cena um pequeno país asiático e um gigante de dimensões continentais. A pequena Cingapura, que fora governada por Lee Kuan Yew por 30 anos e hoje é comandada por seu filho mais velho, Lee Hsien Loong, e a China de Deng Hisiao Ping, hoje liderada por Xi Jinping, operam um processo de modernização com resultados surpreendentes, a partir de governos autoritários, que passou a ser referência para diversos países no mundo. Inicia-se, assim, uma corrida para reinventar o Estado, na qual muitas vezes a democracia e o Estado de bem-estar social estão de mãos dadas numa rota suicida, por causa do populismo e do inchaço dos governos; em outras, em confronto aberto, no Estado mínimo, igualmente perigoso, devido às desigualdades.
Na China, os gestores buscam inspiração no Ocidente, miram o Vale do Silício, nos Estados Unidos, para reinventar o capitalismo; porém, olham para Cingapura na hora do “aggiornamento” do seu governo. A cidade-estado adota o sistema Westminster de governo unicameral, ou seja, é uma república parlamentar. O Partido de Ação Popular (PAP) ganhou todas as eleições desde a concessão britânica de autonomia interna em 1959. O país tem o terceiro maior poder de compra per capita do mundo, é um dos mais ricos do planeta.
Fim da História
Liderada pelos Estados Unidos, desde o colapso do comunismo europeu, a ideia hegemônica no Ocidente é de que a democracia é um credo universal, basta extirpar a tirania para que se enraíze; e que democracia e capitalismo são siameses, a livre escolha de uma parte não existe sem a da outra. Essas são as premissas básicas do famoso ensaio O fim da História, de Francis Fukuyama, o filósofo e economista norte-americano.
Democracia liberal e capitalismo, porém, não têm uma relação automática, e a equação capitalismo, autodeterminação e globalização não é de fácil solução. Mesmo nos Estados Unidos e na Europa, a democracia está sendo posta à prova por forças autoritárias e “iliberais”, que buscam a modernização conservadora. Não à toa o fantasma republicano de Donald Trump ronda o governo do democrata Joe Biden.
Na corrida entre governos democráticos e autoritários para reinventar o Estado e modernizar a economia, entre os quais algumas monarquias sanguinárias aliadas aos Estados Unidos, destacam-se a emergência da China, como segunda maior potência econômica do planeta, e a ascensão da Alemanha e da França como líderes de uma Europa Ocidental economicamente unificada. A resposta de Donald Trump nos Estados Unidos fora iniciar uma guerra comercial com o gigante asiático, ao mesmo tempo em que buscava e estimulava a adoção de um modelo político “iliberal” para acelerar o processo de modernização no Ocidente. Esse curso foi interrompido pela vitória de Joe Biden, que trouxe a maior potência econômica e militar do planeta para o eixo da reafirmação de sua hegemonia mundial, aliada à Inglaterra no Atlântico, e à Austrália, ao Japão e à Índia no Pacífico, num pacto militar para isolar a China.
O resultado foi a reaproximação entre a Rússia, que recrudesceu sua doutrina geopolítica ao invadir a Ucrânia, e a China, empenhada em levar a Nova Rota da Seda ao coração da Europa. O confronto entre Ocidente e Oriente está novamente instalado. No lugar do mundo globalizado e multipolar, que se desenhava a partir das disputas comerciais, estabeleceu-se uma nova bipolaridade, que se sustenta no equilíbrio estratégico-militar dessas potências nucleares e tem como divisor de águas a narrativa da democracia como modelo de vocação universal, como exortou Hamilton.
https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-ocidente-e-oriente-estao-em-luta-pela-hegemonia-na-ucrania/?fbclid=IwAR1hvg3EKdkXKQ2g3HgnSiBDfiQE1uugu_uOToIVooJtXUW9a_h2jBhviEI
****************************************************************************************
***
Gilberto Gil - "Oriente" (Ao Vivo) - Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo
176.537 visualizações3 de jul. de 2014
***
Biscoito Fino
805 mil inscritos
Vídeo oficial da faixa "Oriente" (Ao Vivo), do álbum "Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo"
Gravado no Teatro Municipal no Rio de Janeiro, em maio de 2012, lançamento do DVD “Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo”, de Gilberto Gil. O repertório contém 21 obras, como 'Eu Vim da Bahia', 'Futurível', 'Domingo no Parque', 'Expresso 2222' e a inédita 'Eu Descobri'. O espetáculo vem sendo apresentado no mundo todo, formado por Jaques Morelembaum, violoncelo, Bem Gil no Violão, Nicolá Krassik no violino e Gustavo Didalva na percussão, que trouxe para o som do conjunto um conceito rítmico de máquinas eletrônicas, um encontro entre o moderno e o antigo, entre o pop e o regional, uma subversão original e irresistível, que é marca do trabalho de Gilberto Gil. Nesta gravação o quinteto foi acompanhado pela Orquestra Petrobrás Sinfônica no concerto do Theatro Municipal do Rio (dentro da série MPB&JAZZ da Orquestra).
Letra:
Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração
Considere, rapaz
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação
Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão
https://www.youtube.com/watch?v=Q4UFG-XL3iU
************************************************
***
La palabra - Pablo Neruda - Confieso que he vivido
2.186 visualizações7 de nov. de 2019
***
Grupo Cultural Macondo
62 mil inscritos
La palabra
Pablo Neruda
de Confieso que he vivido
…Todo lo que usted quiera, sí señor, pero son las palabras las que cantan, las que suben y bajan… Me prosterno ante ellas… Las amo, las adhiero, las persigo, las muerdo, las derrito… Amo tanto las palabras… Las inesperadas… Las que glotonamente se esperan, se acechan, hasta que de pronto caen… Vocablos amados… Brillan como perlas de colores, saltan como platinados peces, son espuma, hilo, metal, rocío… Persigo algunas palabras… Son tan hermosas que las quiero poner todas en mi poema… Las agarro al vuelo, cuando van zumbando, y las atrapo, las limpio, las pelo, me preparo frente al plato, las siento cristalinas, vibrantes ebúrneas, vegetales, aceitosas, como frutas, como algas, como ágatas, como aceitunas… Y entonces las revuelvo, las agito, me las bebo, me las zampo, las trituro, las emperejilo, las liberto… Las dejo como estalactitas en mi poema, como pedacitos de madera bruñida, como carbón, como restos de naufragio, regalos de la ola… Todo está en la palabra… Una idea entera se cambia porque una palabra se trasladó de sitio, o porque otra se sentó como una reinita adentro de una frase que no la esperaba y que le obedeció. Tienen sombra, transparencia, peso, plumas, pelos, tienen de todo lo que se les fue agregando de tanto rodar por el río, de tanto transmigrar de patria, de tanto ser raíces… Son antiquísimas y recientísimas… Viven en el féretro escondido y en la flor apenas comenzada… Qué buen idioma el mío, qué buena lengua heredamos de los conquistadores torvos… Estos andaban a zancadas por las tremendas cordilleras, por las Américas encrespadas, buscando patatas, butifarras, frijolitos, tabaco negro, oro, maíz, huevos fritos, con aquel apetito voraz que nunca más se ha visto en el mundo… Todo se lo tragaban, con religiones, pirámides, tribus, idolatrías iguales a las que ellos traían en sus grandes bolsas… Por donde pasaban quedaba arrasada la tierra… Pero a los bárbaros se les caían de la tierra de las barbas, de las herraduras, como piedrecitas, las palabras luminosas que se quedaron aquí resplandecientes… el idioma. Salimos perdiendo… Salimos ganando… Se llevaron el oro y nos dejaron el oro… Se lo llevaron todo y nos dejaron todo… Nos dejaron las palabras.
https://www.youtube.com/watch?v=dvs132sI5AU
******************************************************
***
Notas Bibliográficas
***
****************************************
***
À Inglaterra, principalmente, e não aos Estados Unidos deve a
América Latina a força moral que lhe permitiu fazer a sua independência.
Foi William Burke a primeira voz que na Europa se declarou em seu favor
escrevendo um vibrante panfleto, advogando a independência da América
do Sul,3 o Abbé de Pradt e posteriormente Canning, que foi quem praticamente tornou possível, isto é, tornou efetiva e certa esta independência, já
oficialmente aconselhada por Lord Wellington no congresso de Verona.4
A independência das nações latinas da América em nada foi
protegida pelos Estados Unidos.
À Inglaterra deveram então serviços consideráveis as nações
que lutavam pela sua emancipação política.
A Ilusão Americana 15
3 William Burke, South American independence, or the emancipation of South America, the
glory and interest of England, London, 1807.
4 Chateaubriand. Le congrés de Vérone, chap. XVI.
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/1095/000661687_Ilusao_americana.pdf
A Ilusão Americana
EDUARDO PRADO
********************************
* * *
***
Há nas minhas recordações estranhos hiatos. Fixaram-se coisas
insignificantes. Depois um esquecimento quase completo. As minhas açõés
surgem baralhadas e esmorecidas, como se fossem de outra pessoa. Penso nelas
com indiferença. Certos atos aparecem inexplicáveis. Até as feições das pessoas e
os lugares por onde transitei perdem a nitidez. Tudo aquilo era uma confusão, em
que avultava a idéia de reaver Marina. Mais de um mês, quase dois meses em
intimidade com o outro. Procurei por todos os meios uma nova aproximacão. O
despeito, a raiva que senti naqueles dias compridos, uns restos de amor próprio,
tudo se sumiu.
A tarde voltava a sentar-me na espreguiçadeira, abria um livro. Marina
ausente. Deitava-me, fingia dormir, ficava uma hora espiando o quintal vizinho
através das pestanas meio cerradas. As galinhas ciscavam, d. Adélia cantava no
banheiro, a sombra da mangueira crescia, além do muro a mulher que lava
garrafas trabalhava sacolejando-se num ritmo de batuque e o homem triste enchia
dornas. As vezes passos apressados revelavam-me a presença de Marina. Eu
tinha vergonha de abrir os olhos, e quando me decidia a acordar, já ela estava
longe. Erguia-me irritado. Perdendo ali, como um rapazinho, momentos preciosos!
Esforçava-me por acreditar que os meus momentos eram preciosos.
* * *
A noite sentava-me à calçada e olhava a rua. Seu Ramalho fazia o mesmo.
Palavra de cá, palavra de lá - como falávamos baixo, era necessário aproximarmos
as cadeiras. Depois do namoro da filha com Julião Tavares, d. Adélia mostrava-me
antipatia. A princípio era aquela subserviência, tremura, cumplicidade; mas agora nem me via; enrugava a testa e grunhia "Hum! hum!" com um modo insuportável.
Seu Ramalho, que meses atrás me olhava desconfiado, tornara-se um ex- celente
amigo e dava-me conselhos.
- Não se case, seu Luís. Casamento é buraco.
O mundo está perdido.
- Isso é por causa do cinema, seu Ramalho. O senhor nunca vai lá. E feliz.
Nem calcula as sem-vergonhezas que há na tela.
Seu Ramalho baixava a cabeça, pensativo:
- Deve ser também por falta de religião.
- E. Deve ser também por isso.
Realmente a minha vizinha desconhecia as igrejas, e isto não me
preocupava.
- O cinema é o diabo, seu Ramalho. O senhor não imagina. São uns beijos
safados, lingua com língua, nem lhe conto. Provavelmente as moças saem de lá
esquentadas.
- Devem sair, concordava seu Ramalho. Por isso há tanta gente de rédea no
pescoço.
- Que rédea! Hoje não há rédea. Um sujeito corre atrás de uma saia, pega a
mulher, larga, pega outra, e é aquela garapa.
- Safadeza.
- E. Tudo é safadeza. Antigamente essa história de honra era coisa séria.
Mulher falada não tinha valia.
- Nenhuma, exclamava seu Ramalho, cansado, tossindo. E eram vinganças
medonhas.
- Vinganças horrorosas, bradava eu excitado.
Nesse ponto da conversa contávamos sempre uma série de casos que
ilustravam as nossas afirmações. Animado, o cachimbo apertado entre os dentes, seu Ramalho assobiava as mesmas anedotas, empregando o mesmo vocabulário.
Às vezes eu o interrompia:
- O senhor já contou essa.
Mas seu Ramalho continuava sem se perturbar: falava para dar prazer a si
mesmo, não me escutava. Talvez quisesse enganar-se e convencer-se de que
seria também capaz de praticar façanhas. As palavras saíam-lhe sem variações.
Era amigo da verdade e tinha imaginação fraca. As minhas narrativas não se
comparavam às dele: sendo muito numerosas, eu esquecia freqüentemente certas
passagens, ficavam brechas, soluções de continuidade. Além disso eram
transmitidas em linguagem artificial, que o vizinho achava falsa e retocava.
https://docs.google.com/viewer?
https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnx2aXZhbGl2cm9zYnJhc2lsfGd4OjExODU0NWQzMzhiNzkzYWE
ANGÚSTIA
GRACILIANO RAMOS
******************************************************************
***
Notas Bibliográficas
1. Gramsci não publicou nem um livro durante a sua vida.
(***)
O historiador Paolo Sampaio selecionou e prefaciou uma utilíssima antologia dos escritos juvenis de Gramsci (incluindo em apêndice em algumas notas dos Cadernos): Scrittti Politici (Riuniti, Roma, 1967, 878 pp.; edição de bolso, em três volumes, Riuniti, Roma, 1974).
Finalmente, no primeiro semestre de 1980, a editora Einauldi iniciou a publicação, aos cuidados de Sergio Caprioglio, da edição crítica de todos os ensaios e artigos do período pré-carcerário. Até agora, foi publicado apenas o primeiro volume: Cronache Torinesi 1913-1917 (898 pp.) Mais dois, porém, já estão anunciados: La Cittá Futura (fevereiro de 1917 - abril de 1918) e Il Nostro Marx (maio de 1918 - abril de 1919).
Fonte: Fontes do Pensamento Político
Gramsci
L & PM
Carlos Nelson Coutinho
*******************************************************
***
“Traga-me espanhóis”
Mas a vida me tirou logo dali.
As notícias aterradoras da emigração espanhola chegavam ao Chile. Mais de quinhentos
mil homens e mulheres, combatentes e civis, tinham cruzado a fronteira francesa. Na França o
governo de León Blum, pressionado pelas forças reacionárias, acumulou-os em campos de
concentração, espalhou-os em fortalezas e prisões, manteve-os amontoados nas regiões
africanas junto ao Saara.
O governo do Chile tinha mudado. Os mesmos avatares do povo espanhol tinham
fortalecido as forças populares chilenas e agora tínhamos um governo progressista.
Esse governo da frente popular do Chile decidiu me enviar à França para cumprir a mais
nobre missão que exerci em minha vida: a de tirar espanhóis de suas prisões e enviá-los à
minha pátria. Assim podia minha poesia espalhar-se como uma luz radiante, vinda da
América, entre esses montões de homens carregados como ninguém de sofrimento e heroísmo.
Assim minha poesia chegaria a se confundir com a ajuda material da América que, ao receber
os espanhóis, pagava uma dívida imemorial.
Quase inválido, recém-operado, com uma perna engessada – tais eram minhas condições
físicas naquele momento -, saí de meu retiro e me apresentei ao presidente da república. Dom
Pédro Aguirre Cerda recebeu-me com afeto.
- Sim, traga-me milhares de espanhóis. Temos trabalho para todos. Traga-me pescadores.
Traga-me bascos, castelhanos, estremenhos.
E poucos dias depois, ainda engessado, fui à França para buscar espanhóis para o Chile.
Tinha um cargo concreto. Era cônsul encarregado da emigração espanhola - assim dizia a
nomeação. Apresentei exultante minhas credenciais à embaixada do Chile em Paris.
Governo e situação política não eram os mesmos em minha pátria mas a embaixada em
Paris não tinha mudado. A possibilidade de enviar espanhóis ao Chile enfurecia os
empertigados diplomatas. Instalaram-me numa sala perto da cozinha, hostilizaram-me de todas
as maneiras até negar-me papel de escrever. Já começava a chegar às portas do edifício da
embaixada a onda dos indesejáveis: combatentes feridos, juristas e escritores, profissionais
que tinham perdido suas clínicas, operários de todas as especialidades.
Como conseguiam chegar apesar dos pesares até minha sala e como meu escritório era no
quarto andar, inventaram algo diabólico: suspenderam o funciona-mento do elevador. Muitos
dos espanhóis eram feridos de guerra e sobreviventes do campo africano de concentração e
cortava o coração vê-los subir penosamente ao quarto andar, enquanto os ferozes funcionários
se compraziam com minhas dificuldades.
https://www.blogger.com/blog/stats/week/8761611736633123803
PABLO NERUDA
memórias
confesso que vivi
BB
BERTRAND BRASIL
***
**************************************************************************************
***
Opera Mundi Literatura #9 - Canto Geral, de Pablo Neruda, o poeta da URSAL
1.963 visualizaçõesTransmitido ao vivo em 16 de ago. de 2018
***
Opera Mundi
160 mil inscritos
Esta edição do Opera Mundi Literatura homenageia o poeta e militante chileno Pablo Neruda, que em seu livro Canto Geral canta a América e suas lutas contra a colonização, com seus sonhos, com derrotas e vitórias, de unificação frente à colonização europeia.
Leitura dos textos "Os Libertadores", "Tupac Amaru (1781)", “Toussaint L’Ouverture”, “Sandino (1926)”, “Dito no Pacaembu (Brasil, 1945)” e “Prestes do Brasil
(1949)”.
https://www.youtube.com/watch?v=Hn-Ib15IS24
************************************************
***
ANTONIO CICERO declama "Guardar"
https://www.youtube.com/watch?v=1B-skA5-Ad0
a=v&pid=sites&srcid=ZGVmYXVsdGRvbWFpbnx2aXZhbGl2cm9zYnJhc2lsfGd4OjExODU0NWQzMzhiNzkzYWE
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário