Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 20 de fevereiro de 2022
O Quixote e as ideologias
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Gal Costa - Minha Voz, Minha vida
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há 1 dia
Opinião - Estadão
O Quixote e as ideologias - Opinião - Estadão
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Luiz Sérgio Henriques* O Quixote e as ideologias
O Estado de S. Paulo
Os ideólogos de hoje, dependentes do inimigo de outrora, teriam seu lado comicamente absurdo, não fossem também perigosos
Uma anedota sobre exércitos e soldados é que estarão sempre fadados a travar a guerra anterior, aferrados disciplinadamente a linhas de defesa imaginárias ou irrelevantes na concreta guerra atual, que não entendem e em que batem cabeça uns com os outros. Pode-se dizer, sem medo de errar, que o caso é pior entre os “ideólogos”, entendidos como personagens que, por inclinação nem sempre razoável, costumam desorientar-se em meio a moinhos mal-assombrados, sem ter a candura ou a generosidade do engenhoso fidalgo de La Mancha.
O comunismo histórico talvez seja o “tema do delírio” preferido por quem se aplica a tais fumosos exercícios mentais. Equipará-lo ao nazismo é tópos obrigatório da virulenta retórica deste nosso tempo embaralhado por ideias e categorias em rápida obsolescência. Sim, não há dúvida: aquele comunismo inseriu-se plenamente entre os fenômenos totalitários do século passado e, por isso, mereceu morrer entre os escombros do Muro ou da URSS. Não soube, não quis ou não pôde se reformar: a denúncia dos inúmeros crimes de Stalin, em 1956, ficou a meio caminho. Os propósitos reformistas de Gorbachev vieram tarde demais. Estava “tudo podre”, segundo o diagnóstico consensual dos últimos reformistas, e havia pouco o que salvar.
Tudo isso é verdade e, no entanto, distinções precisam ser formuladas. O comunismo esteve desde o começo condicionado por uma conjuntura de guerra, e quem duvidar da ferocidade das trincheiras de 1914 deve retirar da estante o romance famoso de Erich Maria Remarque. Implantou-se numa realidade politicamente atrasada, marcado, portanto, por um irredimível “pecado oriental”. Assumiu, em seguida, com o grande ditador, as vestes de um gigantesco – e disforme – processo de modernização autoritária em guerra interna com o majoritário mundo camponês, uma guerra que arruinaria para sempre a agricultura do país. A realidade do gulag é incontestável. E o leitor que tiver aceitado o convite de voltar à estante deve, também, espanar a poeira do incontornável Ivan Denissovitch, de Soljenítsin, com sua descrição minuciosa – e devastadora – da rotina árida do degredado.
Apesar disso, se não as demais distinções, ao menos a fundamental deve ser ressaltada: num momento crítico da História do século, o socialismo assim concebido – com suas limitações ou, para falar a verdade, com suas degenerações – encontrou-se com o liberalismo dos Estados democráticos do Ocidente. Um liberalismo, de resto, sempre em tensão, admitindo e assegurando direitos até por força da competição soviética. Por instantes decisivos estivemos todos “com o russo em Berlim”, e já por isso, como vários pensadores liberais asseveram com honestidade, o totalitarismo soviético não se identifica com o totalitarismo nazista, erguido intrinsecamente – este último – sobre a destruição física do “outro”, do “diferente”, a começar por quem, como o judeu, encarnou por séculos a fio o bode expiatório mais óbvio.
Rejeitada a fácil identidade, é preciso admitir, não menos honestamente, o imenso déficit democrático da experiência do comunismo no poder – para usar expressão suave. Em nenhuma circunstância este comunismo demonstrou força de atração suficiente para ser o motor de uma revolução internacional, de acordo com as ilusões despertadas pela ruptura de 1917. A Terra política não era “plana”, tal como a concebera o bolchevismo, esta extrema-esquerda da modernização tardia e periférica. No Ocidente, os partidos comunistas cumpririam uma trajetória bem diferente da inicialmente suposta, aproximando-se cada vez mais – ainda bem! – das ideias de reforma gradual das suas sociedades. O laço umbilical com a URSS, contudo, sobre eles pesaria como uma hipoteca de resgate custoso, da qual a maioria não iria se desvencilhar.
Ainda nos anos 1930, Antonio Gramsci, prisioneiro do fascismo e, mesmo assim, a cabeça mais livre entre os intelectuais comunistas, apontou pioneiramente a deformidade do modelo soviético, conceituando-a como “estatolatria”. Em outras palavras, como absorção do embrião de sociedade civil por parte da potência estatal, cada vez mais orientada em torno do mito de Stalin. Sem ir além da fase mais elementar e “corporativa” – aquela que se esgota no mero domínio por meio da força –, o comunismo soviético não seria a “chave explicativa” do século 20 e muito menos sua corrente principal. E a derrota da “revolução global” já estava dada muitíssimo antes dos acontecimentos aparentemente surpreendentes de 1989 ou 1991, a crer em historiadores do porte de Giuseppe Vacca ou Silvio Pons.
Os moinhos de vento contra os quais se lançou o valoroso Quixote ao menos existiam. De fato, lá estavam torres e pás, a desafiarem o fidalgo enlouquecido pela leitura desordenada dos romances de cavalaria. Os ideólogos de hoje, irracionalmente dependentes do inimigo de outrora, teriam até o seu lado comicamente absurdo, não fossem também perigosos, ao se mostrarem capazes de patrocinar um regresso intelectual de proporções massivas que chega a minar alicerces essenciais da convivência civil.
*Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das obras de Gramsci no Brasil
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Por Casagrande
Eu vejo o esporte como uma veia importante para sociedade
Quanto vale o abraço de um amigo de verdade?
Hoje, Sócrates completaria 68 anos. Gostaria muito de repetir um desses momentos
São Paulo
19/02/2022 07h00 Atualizado há um dia
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Quanto vale o abraço de um amigo de verdade?
Arquivo Pessoal
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Quanto vale o abraço de um amigo de verdade? Quanto é prazeroso sentir a energia e o amor num forte abraço?
Posso dizer que para mim vale muito.
Valorizo demais os amigos que tenho desde a minha infância, e também aqueles amigos verdadeiros que fui fazendo e ainda vou fazer durante a minha vida.
E quando esse abraço é porque você e o seu amigo fizeram juntos alguma coisa linda e importante?
Bom, estou falando de amizade porque neste sábado, 19 de fevereiro de 2022, o meu amigo, parceiro, gênio da bola e cidadão brasileiro ímpar, Sócrates (Magrão), faria 68 anos.
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Nessa data, gostaria muito de repetir um dos nossos abraços — Foto: Alfredo Rizzutti / Estadão Conteúdo
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Nessa data, gostaria muito de repetir um dos nossos abraços — Foto: Alfredo Rizzutti / Estadão Conteúdo
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E comecei a me lembrar dos tantos abraços que demos nos gols, nas despedidas, nos encontros... E como era gostoso sentir seu abraço.
Houve vários abraços protocolares, mas aconteceram alguns de sair faíscas de tanta energia e prazer pelo que tínhamos acabado de fazer.
Principalmente aquele momento em que eu ou ele fazíamos um gol e abríamos os braços para esperar o outro chegar, e aí dar aquele abraço que marcava a importância de estarmos juntos em qualquer situação.
Antes do abraço sempre tinha aquele olhar de um para o outro como quem dizia: "Eu te amo, bicho!".
É incrível, porque acabou de fazer dez anos que ele partiu. Mas quando olho as imagens dos nossos abraços é como se estivesse acontecendo nesse momento.
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Vitória contra o Santos, em 1982: um dos abraços mais marcantes no Magrão
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A energia que sinto é a mesma, o amor é o mesmo, assim como o prazer também é o mesmo.
A gente precisa ter essa identificação forte com algumas pessoas. Assim, quando elas se vão, conseguem continuar vivas dentro da gente.
Nem sempre os parceiros de ataque, como era o nosso caso, tinham amizade forte fora dos campos. A nossa maior arma era a amizade, o carinho e o amor que um tinha pelo outro.
Nessa data, gostaria muito de repetir um dos nossos abraços. Aqueles que, dentro da gente, traziam aquela energia boa dando a certeza de que estava abraçando a pessoa certa. E que pessoa!
Bom, vou terminando por aqui porque, quando começo a falar do Magrão e do amor que tínhamos, daria para ficar escrevendo dias só sobre o prazer de abraçá-lo.
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Um abraço a todos os meus amigos, e claro, um especial a você, Magrão. Parabéns para você!
CORINTHIANS
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O Globo
Jabor, a última voz - Jornal O Globo
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Cacá Diegues: Jabor, a última voz
O Globo
Ele foi o mestre de um cinema que outros haviam tentado, mas ninguém o fizera tão bem quanto ele
Eu ainda estava no ginásio do Colégio Santo Inácio quando me aproximei de Arnaldo Jabor, tentando conquistar um papel num espetáculo colegial que ele produzia e dirigia. Tratava-se da dramatização de um daqueles poemas do romantismo brasileiro sobre os paulistas que haviam conquistado o interior do país. Lá para as tantas, uma febre assolava os bravos conquistadores e duas ou três vítimas passavam no fundo do palco, se arrastando a pedir água. Eu seria uma delas. Mas, sofrendo o que considerava um agressivo desinteresse por meu talento dramático, não passei da estreia. Abandonei o espetáculo e pedi demissão do grupo. Não sei exatamente como, mas o episódio acabou nos aproximando, ficamos amigos para sempre graças a meu fracasso dramático.
Fomos juntos para a PUC, onde ambos demos preferência às atividades político estudantis, mais emocionantes e úteis ao país que queríamos construir. Eu era o redator-chefe de O Metropolitano, o jornal da União Metropolitana dos Estudantes (UME), que era dirigido pelo futuro deputado Paulo Alberto Monteiro de Barros (o cronista Artur da Távola), nomeado pelo presidente da entidade Alfredo Marques Viana. Chamei Arnaldo para se ocupar da página de arte do jornal e nunca mais nos separamos.
O que me levou pro cinema foi meu amor pelos filmes que via e livros que lia, minha formação de cinéfilo. Mas quem me convenceu de que podíamos ser cineastas e me guiou nessa direção foi Davi Neves, quando se mudou para a Rua da Matriz, onde eu morava. Enchi os olhos e o coração de Arnaldo com essa hipótese, acabei convencendo-o de que isso era possível. Ele começou como assistente de direção de Leon Hirszman e técnico de som de “Ganga Zumba”, meu primeiro longa-metragem. Até fazer o curta “O circo” e seu primeiro longa,“Opinião Pública”, uma sapientíssima versão do cinema-verdade dos franceses. E não parou mais de fazer cinema, se tornando um exemplo de rumo pessoal e único no Cinema Novo.
Ele havia começado a fazer seus filmes quando o Cinema Novo se impusera como um modo original de fazê-los. Sendo estrela de uma segunda dentição do movimento, absorvera em seus filmes a ideia de uma cultura que já tinha sido levada à mais extremada experiência em obras como “Vidas secas”, “Deus e o diabo na terra do sol”, “Os fuzis”. Mas revelava também a necessidade de somar a esta a ideia de filmar as classes médias nas cidades que se urbanizavam rapidamente, num Brasil que crescia na segunda metade do século XX.
Arnaldo Jabor foi o mestre de um cinema que outros haviam tentado, mas ninguém o fizera tão bem quanto ele. Um cinema que foi um guia de sentimentos, filmes que espelhavam o que se passava em sua geração e em sua classe social, um cinema que tem seu ápice em “Tudo bem”, o melhor filme urbano do Cinema Novo. E portanto, como não podia deixar de ser, um filme que nos obrigava a tentar entender o Brasil por um viés que tínhamos preferido ignorar para não sofrer como se sofre diante de um espelho fraturado.
O Cinema Novo foi a última voz do Modernismo em nossa cultura nacional. Ele completou a teoria que os modernistas nunca ousaram organizar, apesar dos esforços de Mário e Oswald, de Sérgio Buarque, de Jorge de Lima, de tantos outros que não se contentavam em criar mas tinham necessidade de entender porque estavam criando daquele jeito. Mais do que apenas artistas inspirados, os poetas, escritores, artistas plásticos, músicos, que o fizeram queriam sobretudo entender em que lugar do mundo o faziam. Como Arnaldo Jabor fez com seu cinema o melhor jeito de entender o país de um jeito mais próximo de nós.
O Cinema Novo foi o resultado de algo que não aconteceu só no cinema. Ele representou o encerramento do Modernismo no Brasil, e Arnaldo Jabor foi a síntese do que esse encerramento representou para todos nós. Ele vai fazer muita falta.
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JORNALISMO
ARNALDO JABOR - 11/04/2005
Cineasta dos tempos do Cinema Novo, Jabor encontrou no jornalismo diário a realização de influenciar a vida social e política do país.
Roda Viva
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“…Ficou bonito, né!?…”Bom Dia 🙏
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Minha Voz, Minha Vida
Gal Costa
Cifra: Principal (violão e guitarra)
Tocar Minha Voz, Minha Vida
Não encontrado.
Tom: D
D6/9 C#m7/b5 F#7/13-
Minha voz, minha vida
Bm7 Bm7/A G#m7(11) G7(#11)
Meu segredo e minha revelação
F#m7 B7/b9 G#m7/b5
Minha luz escon-----dida
Em7(9) A7/13- F7M Em7(9) A7/13-
Minha bússola e minha desorienta---ção
D6/9 C#m7/b5 F#7/13-
Se o amor escraviza
Bm7 Bm7/A G#m7(11) G7(#11)
Mas é a única libertação
F#m7 B7(b9) G#m7/b5
Minha voz é precisa
Em7(9) A7/13- D6/9 D(#5)
Vida que não é menos minha que da canção
G7M C7(9)
Por ser feliz, por sofrer
F#m7 B7(13)
Por esperar, eu canto
E7(9)
Prá ser feliz, prá sofrer
Em7(9) A7/13-
Para esperar eu canto
D6/9 C#m7/b5 F#7/13-
Meu amor, acredite
Bm7 Bm7/A G#m7(11) G7(#11)
Que se pode crescer assim prá nós
F#m7 B7/b9 G#m7/b5
Uma flor sem limite
Em7(9) A7/13- D6/9
É somente por que eu trago a vida aqui na voz
Composição de Caetano Veloso
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