Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
Touro de Bronze
Tarde demais. O Touro de Bronze já assara milhões de companheiros, entre eles seus artistas e muitas obras.
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O Touro de Bronze, foi uma das mais cruéis máquinas de tortura e execução que o homem já desenvolveu, cujo invento é atribuído a Fálaris, tirano de Agrigento, Sicília, no século VI a.C., e ao seu artesão Perilo de Atenas.[1]
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'No dia 6 de abril do mesmo ano declarava, através do Jornal do Brasil: “Não sou liberal. Considero que o liberalismo é mais nocivo que o comunismo, porque permite a derrocada de todos os governos.” '
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Conversando No Bar - Elis Regina
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Descobri que minha arma
É o que a memória guarda
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Cláudio Monteiro
(PPS)
O livro, seja ele uma obra literária,
científica ou artística, não serve
apenas para instruir o leitor. Ao
registrar conhecimentos,
emoções, sentimentos e
impressões do seu autor, liberta
fantasias, desperta na alma a
imaginação e a paixão pela vida.
No ano em que comemoramos os
cem anos da Guerra de Canudos,
vale a pena relembrar "'Os
Sertões", a obra máxima de
Euclides da Cunha. Muito mais do
que um simples registro histórico
de Canudos, a obra tornou-se
monumento de nossa literatura,
um grande poema épico em
prosa.
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POLÍTICA
Entrevista: ‘Bolsonaro facilitou a vida das milícias digitais’, diz Barroso
Ministro avalia que a suspensão do aplicativo de mensagens Telegram é uma medida viável durante as eleições deste ano
Mariana Muniz
13/02/2022 - 03:30 / Atualizado em 13/02/2022 - 07:55
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Luís Roberto Barroso, ministro do STF, presidente do TSE Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
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Luís Roberto Barroso, ministro do STF, presidente do TSE Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo
BRASÍLIA — Ao longo de um ano e nove meses à frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso teve de conviver com ataques do presidente Jair Bolsonaro à confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro e com insinuações, menos ou mais explícitas, de que poderia não respeitar uma derrota nas urnas. Para o ministro, as investidas do titular do Planalto contra as urnas eletrônicas revelam “limitações cognitivas e baixa civilidade”, enquanto favorecem a atuação de milícias digitais — uma relação investigada pela Polícia Federal. O ministro afirma que Bolsonaro facilitou a vida desses grupos ao divulgar dados sigilosos do inquérito que apurava um ataque hacker à Corte.
Antes de passar o bastão ao seu colega Edson Fachin no próximo dia 22, Barroso avalia que a suspensão do aplicativo de mensagens Telegram é uma medida viável durante as eleições deste ano. A plataforma, criada por russos e com sede em Dubai, tem ignorado as tentativas de notificação feitas pelo TSE para cooperar no combate à desinformação. Ao GLOBO, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) afirma que “o Brasil não é casa da sogra para ter aplicativos que façam apologia ao nazismo, ao terrorismo, que vendam armas ou que sejam sede de ataques à democracia”.
É realmente viável a possibilidade de o Telegram ser banido do Brasil?
Nenhum ator relevante no processo eleitoral pode atuar no país sem que esteja sujeito à legislação e a determinações da Justiça brasileira. Isso vale para qualquer plataforma. O Brasil não é casa da sogra para ter aplicativos que façam apologia ao nazismo, ao terrorismo, que vendam armas ou que sejam sede de ataques à democracia que a nossa geração lutou tanto para construir. Como já se fez em outras partes do mundo, eu penso que uma plataforma, qualquer que seja, que não queira se submeter às leis brasileiras deva ser simplesmente suspensa. Na minha casa, entra quem eu quero e quem cumpre as minhas regras.
Esse é um papel do TSE?
Eu penso que essa é uma decisão que preferencialmente cabe ao Congresso, onde já há um projeto de lei específico dizendo que, para operarem aqui, as plataformas têm de ter um representante específico e se subordinar à legislação brasileira. É simples assim. Conversei pessoalmente com o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do projeto (das fake news), e enfatizei a importância de que qualquer plataforma que opere no Brasil tenha representação aqui.
Na ausência de uma ação do Congresso, o TSE pode adotar alguma medida em relação ao Telegram?
De modo geral, o Poder Judiciário não age de ofício, sem que haja uma provocação adequada. Acho muito possível que este pedido venha em alguma demanda ou perante o TSE ou o Supremo. Nesse caso, o tribunal não pode deixar de decidi-la por supostamente inexistir uma lei específica. Portanto, teremos que decidir, na forma da Constituição e das leis, se alguém pode operar no Brasil fora da lei.
Como o senhor responde às críticas de que eventual suspensão do aplicativo afetaria a liberdade de expressão?
Liberdade de expressão não é liberdade para vender arma. Não é liberdade para propagar terrorismo, para apologia ao nazismo. Não é ser um espaço para que marginais ataquem a democracia. Portanto, ninguém quer censurar plataforma alguma, mas há manifestações que não são legítimas. É justamente para preservar a democracia que não queremos que estejam aqui livremente plataformas que querem destruir a democracia e a liberdade de expressão.
Na última quinta-feira, Bolsonaro voltou a lançar dúvidas sobre a transparência das eleições e, sem apresentar provas, disse que foram levantadas supostas “vulnerabilidades” do sistema eleitoral. Como lidar com esses novos ataques?
O presidente tinha dado a palavra de que esse assunto estava encerrado. Chegou a elogiar o sistema de votação eletrônico brasileiro. O filme é repetido, com um mau roteiro. Não há nenhuma razão para assistir à reprise. Antes, o presidente dizia que tinha provas de fraude. Intimado a apresentá-las, (ficou claro que) não havia coisa alguma. Essa é uma retórica repetida. É apenas um discurso vazio.
O presidente declarou que as Forças Armadas questionaram o TSE sobre supostas vulnerabilidades no sistema eleitoral. O que ocorreu?
O que há de minimamente verdadeiro: há um representante das Forças Armadas na Comissão de Transparência das Eleições. Em dezembro, ele apresentou uma série de perguntas para entender como funciona o sistema. Elas entraram às vésperas do recesso. Em janeiro, boa parte da área técnica do TSE faz uma pausa, e agora as informações solicitadas estão sendo prestadas e vão ser entregues na semana que vem. Só tem perguntas. Não há nenhum comentário. Não falam de vulnerabilidade. Quando o presidente diz que encontraram vulnerabilidades antes mesmo de receber as respostas às indagações, ele está adiantando, desavisadamente, a estratégia que ele pretende adotar. Para falar a verdade, ele queimou a largada. Ele lança mão dos questionamentos feitos pelo representante das Forças Armadas, quando, na verdade, tudo o que foi feito foram algumas perguntas e, antes de ter recebido as respostas, já disse que tem vulnerabilidades. Ele antecipou a estratégia dele, que é: não importa quais sejam as respostas, eu vou dizer que o sistema eleitoral eletrônico tem vulnerabilidades. Ele não precisa de fatos, a mentira já está pronta.
Na abertura do ano Judiciário no TSE, o senhor disse que o presidente da República vazou a estrutura interna da área de Tecnologia da Informação da Corte. Na prática, Bolsonaro cometeu crime?
Eu não tenho que julgar. Eu me referi ao relatório da delegada que conduz o inquérito e que tem uma opinião que merece ser respeitada. A delegada tem estabilidade. E isso dá o tom do que de fato aconteceu. Ainda na gestão anterior do TSE, houve uma tentativa de invasão (do sistema). Foi instaurado um procedimento sigiloso no TSE, um inquérito sigiloso na Polícia Federal no qual foram requeridas informações sensíveis sobre a arquitetura interna do TSE e esse material foi colocado na rede social do presidente. O presidente facilitou a vida das milícias digitais.
É possível que tenhamos uma das eleições presidenciais mais acirradas desde a redemocratização. O senhor tem algum temor?
O TSE assegurará eleições livres, limpas e seguras. A polarização existe em todo o mundo. E a democracia tem lugar para liberais, para progressistas e para conservadores. Ela só não tem lugar para os que querem destruí-la. Acho que já superamos os ciclos do atraso, e não acho que haja risco de retrocesso, apesar de termos tido alguns maus momentos recentes.
Quais foram?
Comício do presidente na porta do quartel-general do Exército, tanques na Praça dos Três Poderes, a minguada manifestação do 7 de setembro com discursos golpistas de desrespeito a decisões judiciais e ataques a ministros. Tudo isso eu acho que mais revela limitações cognitivas e baixa civilidade do que propriamente um risco real.
O Globo
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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022
Miguel de Almeida: Chico, devolva o meu Chico Buarque
O Globo
Ao velar por sua canção “Com açúcar, com afeto”, sob o peso da guerra identitária, Chico Buarque acende a fogueira para o Touro de Bronze.
Soa como lenda, mas é comum no Brasil tão afeito a realizar copy/paste de qualquer desatino da esquerda norte-americana.
Ali pelo século VI (a.C), o artesão Perilo de Atenas presenteou o tirano Faláris, de Agrigento, com o Touro de Bronze.
Radiante e pérfido, Faláris pediu a Perilo que entrasse no interior oco de sua criação, logo colocada sobre uma fogueira. Para respirar, o escultor buscou ar pela boca do touro —e passou a “mugir” de dor enquanto era assado.
É uma das mais dramáticas máquinas de tortura inventadas pelo homem e pode ser vista ainda agora como uma metáfora para as boas intenções.
Constrange Chico Buarque, poeta a quem se deve reverência, executar em praça pública sua canção “Com açúcar, com afeto” por entender que a letra exalta um cotidiano feminino subjugado, retrato em preto e branco a ser retirado da memória. A canção é universal justamente por não ser arte engajada, como desejam os arautos da guerra identitária.
Ao ceder, Chico corre o risco de jogar à lama parte de sua obra construída na sintaxe feminina. Rende-se ao mal-afamado lugar de fala, recurso ideológico forjado para limitar a criatividade dos artistas, em busca de uma objetividade ou realismo alheio à arte, mas aparentado da política engajada (que sempre é oportunista).
O Touro de Bronze assará em breve Carolina? Joana Francesa?
Só que Chico não detém mais direitos (sentimentais) sobre obras suas que integram a memória cultural. Elas não mais lhe pertencem. Porque se encontram plasmadas à alma e ao comportamento das pessoas. Imagine se Vinícius de Moraes abortar “Garota de Ipanema” por ser convencido de que a letra exalta desejo sexual masculino fora de moda? Cruz-credo.
Outro exemplo: Chico desiste de sua visão social e cancela “Construção”, sua obra capaz de ombrear com píncaros de João Cabral de Melo Neto.
Triste seria.
A expedição de Chico Buarque nos braços da guerra identitária, ao cair dentro do Touro de Bronze, soa ingênua e desde já datada. Mais midiática do que política. Busca reescrever a história.
Se o Touro de Bronze ecoa como lenda (Chico Buarque é visto já como lenda viva?), o ano de 1936 é próximo e está documentado. Até colorizado.
O poder da política sobre o comportamento, se ganha eficiência com a invenção de Deus, cada vez mais se vale da indústria cultural (e das redes sociais) para forjar discursos. Ocorre agora sob as bandeiras da guerra identitária e fez história em semelhantes embates décadas atrás. Lá, como agora, a intolerância lancetou mortalmente seus companheiros de viagem.
Com espírito religioso, levou-se à política (daí à arte) o pensamento de que só há um Deus e, portanto, apenas uma verdade é respeitada. Quem julga qual é a verdadeira verdade? É quando assomam os mortos —Inquisição, gulags…
Boa parte da obra de André Gide começa a ser reeditada no Brasil. Sua história pessoal serve de paralelo ao mergulho contemporâneo de Chico Buarque no Touro de Bronze, de que Gide escapou.
Escritor e intelectual francês de esquerda, referência de civilidade, Gide aceitou convite para visitar a União Soviética. O ano era 1936, Stálin fazia sua guerra cultural e dominava quase a totalidade das mentes de esquerda do período. Só que Gide não se contentou ao programa oficial (números exibidos em PowerPoint etc.) e saiu pelas cidades atrás de histórias e de impressões da população.
Refinado, independente e intelectualmente inquieto, não era de obedecer a ordens ou de afinar por ingênua simpatia. Não era surdo, e assim chocou-se com o que levantou dos crimes de Stálin —desaparecimento de inimigos políticos, assassinatos, perfídia, o desastre da industrialização soviética, o Holodomor (o horror, o horror) ucraniano com 5 milhões de mortos.
Ao voltar a Paris, Gide enfurnou-se por dias em seu apartamento. Escreveria um livro sobre o que viu. Amigos pediram que não fosse tão sincero — em nome da causa, deveria omitir-se para não dar argumentos ao avanço da direita. Ou seja, minta.
O escritor deprime-se, mas não cede. Em 1936, chega às livrarias “De volta da URSS”. Claro, é um escândalo. Gide teve coragem de discordar da opinião geral, onde se encontravam intelectuais honestos e sinceros, ao lado de sicários pagos por Stálin.
Como reagiram os correligionários de Gide? Espalharam que um pederasta não deveria ser ouvido.
O que ele anunciou em 1936 só se tornaria oficial (os crimes de Stálin) em 1956, com o relato de Nikita Kruschev.
Tarde demais. O Touro de Bronze já assara milhões de companheiros, entre eles seus artistas e muitas obras.
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Com Açúcar, Com Afeto
Chico Buarque
Ouça Com Açúcar, Com Afe…
Com açúcar, com afeto
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa
Qual o quê!
Com seu terno mais bonito
Você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário
Sai em busca do salário
Pra poder me sustentar
Qual o quê!
No caminho da oficina
Há um bar em cada esquina
Pra você comemorar
Sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto
Você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias
De quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo
Sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo
Vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa
Você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão
Qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida
Diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado
Maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer?
Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato
Dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você
Com açúcar, com afeto
Com açúcar, com afeto
Ouça Com Açúcar, Com Afe…
Composição: Chico Buarque.
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"...E lá vai menino xingando padre e pedra
E lá vai menino lambendo podre delícia
E lá vai menino senhor de todo o fruto
Sem nenhum pecado sem pavor
O medo em minha vida nasceu muito depois
Descobri que minha arma
É o que a memória guarda dos tempos da Panair..." https://www.letras.mus.br/milton-nascimento/455896/
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Conversando no Bar
Milton Nascimento
Ouça Conversando no Bar
Lá vinha o bonde no sobe e desce ladeira
E o motorneiro parava a orquestra um minuto
Para me contar casos da campanha da Itália
E do tiro que ele não levou
Levei um susto imenso nas asas da Panair
Descobri que as coisas mudam e que tudo é pequeno nas asas da Panair
E lá vai menino xingando padre e pedra
E lá vai menino lambendo podre delícia
E lá vai menino senhor de todo o fruto
Sem nenhum pecado sem pavor
O medo em minha vida nasceu muito depois
descobri que minha arma é o que a memória guarda dos tempos da Panair
Nada de triste existe que não se esqueça
Alguém insiste e fala ao coração
Tudo de triste existe e não se esquece
Alguém insiste e fere o coração
Nada de novo existe nesse planeta
Que não se fale aqui na mesa de bar
E aquela briga e aquela fome de bola
E aquele tango e aquela dama da noite
E aquela mancha e a fala oculta
Que no fundo do quintal morreu
Morri a cada dia dos dias que eu vivi
Cerveja que tomo hoje é apenas em memória
Dos tempos da Panair
A primeira Coca- Cola foi me lembro bem agora
Nas asas da Panair
A maior das maravilhas foi voando sobre o mundo
nas asas da Panair
Em volta desta mesa velhos e moços
Lembrando o que já foi
Em volta dessa mesa existem outras falando tão igual
Em volta dessas mesas existe a rua
Vivendo seu normal
Em volta dessa rua uma cidade sonhando seus metais
Em volta da cidade
Ouça Conversando no Bar
Composição: Fernando Brant / Milton Nascimento.
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Live: Bolsonaro, o ovo da serpente e o nazismo no Brasil. 11/02/22
61.737 visualizaçõesEstreou em 11 de fev. de 2022
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Marco Antonio Villa
654 mil inscritos
Derrotar Bolsonaro é derrotar o nazismo.
Uma boa notícia: Dudu Bananinha diz que se Bolsonaro for derrotado ele irá embora do Brasil.
Em maio de 2019 já apontei o perigo do nazifascismo bolsonarista às instituições e de sua ligação com o porno-filósofo, o Jim Jones da Virgínia. À época foi considerado uma "adjetivação grosseira."
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