Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022
HOMENS EXTRAORDINÁRIOS
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Centrão apresenta PEC dos Combustíveis sem consultar Guedes, afirmam fontes
Proposta aprofundou as divergências entre o Centrão e o ministro da Economia
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IstoÉ
O Centrão manda de vez - ISTOÉ Independente
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Caio Junqueira
03/02/2022 às 20:44 | Atualizado 03/02/2022 às 23:32
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A apresentação de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para rever o preço dos combustíveis por meio de renúncias fiscais elaborada por um aliado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aprofundou as divergências entre o Centrão e o ministro da Economia, Paulo Guedes.
A PEC apresentada pelo deputado Christino Aureo (RJ), que integra o mesmo partido de Nogueira e Lira, prevê que “a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, em decorrência das consequências sociais e econômicas da pandemia da Covid-19, poderão promover nos anos de 2022 e 2023 a redução total ou parcial de alíquotas de tributos de sua competência incidentes sobre combustíveis e gás”.
O documento, inclusive, foi redigido pela Casa Civil, conforme mostra o registro eletrônico da petição: ele é assinado por Oliveira Alves Pereira Filho, subchefe adjunto de Finanças Públicas da Casa Civil.
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O problema é que Guedes havia concordado com alterações tributárias no preço do combustível, mas apenas para o diesel. Nas contas da Economia, a isenção sobre esse combustível geraria perda de receitas na ordem de R$ 18 bilhões. Da forma como está redigida, se aprovada, pode gerar perdas de R$ 54 bilhões.
E há um receio adicional: o de que durante sua tramitação sejam embutidos no texto aditivos que façam com que as desonerações alcancem também as tarifas de energia, o que poderia causar perdas de mais de R$ 70 bilhões. Além disso, o fato de ser uma PEC foi visto como um caminho para evitar pressões futuras da Economia. Isso porque as PECs não podem ser vetadas pelo presidente.
Segundo fontes do Ministério da Economia, Guedes sequer foi consultado sobre o teor do texto. Auxiliares de Guedes disseram que o presidente Jair Bolsonaro (PL) telefonou para ele quando o texto já havia sido redigido. O ministro teria manifestado sua divergência, mas era tarde demais.
Na semana passada, ele havia convencido o presidente a ficar ao seu lado no embate com ministros da ala política, como Onyx Lorenzoni (Trabalho) e Rogerio Marinho (Desenvolvimento Regional), para que a PEC ficasse restrita ao diesel.
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https://www.cnnbrasil.com.br/politica/centrao-apresenta-pec-dos-combustiveis-sem-consultar-guedes-afirmam-fontes/
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Getúlio discursa, observado por Café Filho (atrás dele) e pelo deputado Tancredo Neves (à direita de Café) durante solenidade de assinatura do decreto de criação da Petrobrás
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1953 3 DE OUTUBRO
GOVERNO SANCIONA LEI QUE CRIA A PETROBRÁS
Nacionalistas e até UDN transformam projeto moderado de Vargas em monopólio estatal
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O presidente Getúlio Vargas sanciona a lei que cria a Petróleo Brasileiro S/A, a Petrobrás, e institui o monopólio estatal da exploração, extração, refino e transporte de óleo bruto. O projeto já havia tramitado 22 meses na Câmara e no Senado.
A proposta original do governo causou polêmica porque criava a Petrobrás como empresa de economia mista (com 51% de participação do governo) e não instituía o monopólio estatal.
Ao enviar ao Congresso um projeto moderado, Getúlio, ele próprio favorável ao controle estatal da produção petrolífera, correu um risco calculado. Queria provocar a reação dos setores nacionalistas e abrir um intenso debate na sociedade.
Sua estratégia deu certo: o projeto, ao não defender claramente o monopólio, provocou forte reação dos setores nacionalistas. O general Felicíssimo Cardoso — presidente do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional (Cedpen), entidade que unificava o movimento “O Petróleo É Nosso” — chegou a acusar o governo de atender aos interesses da norte-americana Standart Oil.
Mas a estratégia de Getúlio também teve resultados inesperados. A UDN, partido que fazia visceral oposição ao governo, acreditando que poderia desgastar o presidente no episódio, abandonou a defesa histórica da participação do capital privado e assumiu a bandeira do controle estatal.
Getúlio manteve durante algum tempo sua proposta moderada e aguardou que um parlamentar independente apresentasse mudanças ao projeto, dando-lhe caráter claramente nacionalista e estatista. Isso foi feito em janeiro de 1952, pelo deputado Eusébio Rocha (PTB-SP).
Após longos debates, sucessivas emendas e negociações intermediadas por Gustavo Capanema, líder da maioria, prevaleceu a tese do monopólio estatal.
A Lei nº 2.004/1953, sancionada por Getúlio, garantiu ao Estado a exploração, extração, refino e transporte de óleo bruto.
http://memorialdademocracia.com.br/card/e-criada-a-petrobras
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Bolsonaro diz que Petrobras quase faliu nas gestões petistas
Imagem: Agência Brasil
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Presidente da Petrobras diz que empresa não pode segurar combustíveis
Bolsonaro diz que Petrobras quase faliu nas gestões petistas
Imagem: Agência Brasil
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Colaboração para o UOL, em Brasília
03/02/2022 12h35
O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, voltou a afirmar hoje que a estatal não pode segurar preços do petróleo, medida que provocaria dificuldades com a importação do combustível e, consequentemente, levaria a risco de desabastecimento.
"A gente tem visto que isso tem sido entendido, que a Petrobras não pode segurar preços. Trabalha em cima da legalidade, tem de praticar preços de mercados", explicou em entrevista a evento online do banco Credit Suisse.
A empresa importa cerca de 50% do gás que abastece o mercado nacional.
"Esse ano tivemos um problema hídrico, o Brasil teve que acionar as termelétricas e a Petrobras teve que aumentar muito a importação de gás. Passamos de 40 navios para quase 120. É um momento sensível, mas temos esse compromisso com o desinvestimento e abertura do mercado", afirmou Silva e Luna.
A empresa teve lucro de R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre de 2021. Silva e Luna explicou que, com o resultado, a estatal cobriu o prejuízo de R$ 1,5 bilhão registrado no mesmo período do ano anterior.
Lula: 'Preço não será dolarizado'
Ao comentar os preços de combustíveis praticados pela Petrobras, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que num eventual governo seu, não vai manter o preço da gasolina dolarizado.
"Eu não posso enriquecer o acionista e empobrecer a dona de casa", escreveu em sua conta no Twitter.
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Lula
@LulaOficial
Nós não vamos manter o preço da gasolina dolarizado. É importante que o acionista receba seus dividendos quando a Petrobrás der lucro, mas eu não posso enriquecer o acionista e empobrecer a dona de casa que vai comprar um quilo de feijão e paga mais caro por causa da gasolina.
8:46 AM · 3 de fev de 2022·Twitter Web App
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PEC dos Combustíveis
As declrações de Silva e Luna e do ex-presidente Lula se dão em meio a um debate sobre a criação da PEC dos Combustíveis.
Na segunda-feira (31), após reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a PEC deve focar apenas em óleo diesel.
"Nessa questão do combustível, vim me inteirar do que se tem e está afastada a possibilidade do fundo e na questão da gasolina e do álcool aparentemente também", afirmou.
Medidas sobre o gás devem estudadas posteriormente. "Um ano eleitoral é sempre mais nervoso, mas vamos manter a temperatura baixa discutindo as coisas e conversando", disse o deputado.
O governo desistiu de enviar nesta semana proposta ao Congresso para zerar o imposto que incide sobre o diesel. A proposta é discutida como uma das medidas para conter o aumento dos combustíveis.
"O Parlamento deve apresentar uma proposta permitindo os governos federal e estaduais a diminuir ou até zerar impostos sobre o diesel e o gás de cozinha", disse Bolsonaro. Em 2021, o governo já havia zerado alíquotas de impostos federais para o gás e o PIS/Cofins para o diesel.
Na avaliação do congressista, medidas sobre o imposto deveriam ser revistas para além do congelamento em alta, mas também envolvendo redução de alíquota ou alíquota fixa.
"Eu tenho batido na tecla, de maneira bem transparente, de que o ICMS não inicia os aumentos, mas é muito doloroso para o consumidor a carga tributária do ICMS em cima dos combustíveis, da tarifa de energia e de todos os fatores", disse Lira.
https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2022/02/03/silva-e-luna-petrobras-nao-pode-segurar-precos-dos-combustiveis.htm
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OPINION
A brief history of Brazil's "Centrists" - and why they matter to the election
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Italian political scientist Giovanni Sartori once called Brazil "the most anti-partisan contry of the world." That is particularly true today, as dissatisfaction with Brazilian political parties reaches record-setting levels with the electorate blaming corrupt politicians for the recession. But this rejection hasn't stopped presidential hopefuls from engaging in the active courtship of a group called the centrão, or the "Big Center," even if this front of mid-sized parties represents the very concept of establishment.
In a presidential race where candidates are bending over backward to present themselves as outsiders, why does the "Big Center" matter so much?
https://brazilian.report/opinion/2018/07/31/brazil-big-center-2018-president/
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Members of Brazil's "Big Center"
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By Maurício Santoro
July 31, 2018
(Updated: July, 29, 2020
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Chutando a Escada
Diário de viagem: China, com Maurício Santoro
Entrevista - Maurício Santoro
Em uma conversa exclusiva com nossa editora Ariane Costa, Maurício Santoro nos
concede uma entrevista sobre o tema “China: Impactos e Relações na América
Latina”. Maurício é professor do Departamento de Relações Internacionais da UERJ.
InfoNEIBA: A relação econômica da China
com a América Latina é considerada por
alguns analistas como benéfica para ambas
as partes, entretanto para outros, é apenas
uma forma renovada de dependência, já que
são exportadas essencialmente commodities
e importados bens manufaturados. Haveria
uma terceira interpretação para descrever
essa relação?
M.S: Vamos falar um pouco da história do
comércio entre a China e a América Latina.
Em tempos contemporâneos, esse comércio
era irrisório até a década de 1990 quando de
fato começou a crescer e na década de 2000
houve um salto gigantesco nesse intercâmbio. A China se tornou com frequência o
maior parceiro comercial de vários países
latino-americanos, inclusive o Brasil, ou
então o segundo maior.
Esse salto nas trocas comerciais
veio principalmente de uma “fome” da China pelos recursos naturais exportados pela
América Latina, pela questão da soja que é
usada como alimento para animais na China,
em especial de porcos que são essenciais na
culinária chinesa, pela questão da demanda
chinesa por minerais (no caso brasileiro,
sobretudo, o minério de ferro) e também por
petróleo. Há também as exportações chinesas para a América Latina que, como já foi
mencionado, são sobretudo de bens manufaturados.
Esse aumento no comércio de forma
repentina teve início, basicamente, nos últimos quinze ou vinte anos e não foi planejado, foi consequência do crescimento acelerado chinês, e em grande medida, os países
latino-americanos tiveram reações a esse
aumento do comércio. No caso brasileiro
foram tomadas medidas de defesa comercial
que buscavam lidar com o dumping1
de
empresas chinesas e ocasionalmente o Brasil
assinava com a China acordos de restrição
voluntária de importação, para tentar minimizar o impacto da concorrência chinesa em
alguns setores industriais no Brasil, especialmente na área de têxteis, calçados e brinquedos. Não por coincidência, a tarifa desses
setores da indústria brasileira chega a mais
de 30%, o que é o triplo da média tarifária
brasileira.
Há um certo incômodo em muitos
setores importantes na economia brasileira
em relação ao modo como esse comércio é
estabelecido. Se perguntássemos no Brasil se
a China é uma oportunidade ou uma ameaça,
o agronegócio, a mineração e o setor de
energia diriam que é uma oportunidade, a
indústria, por outro lado, teria uma posição
mais ambígua. Então a China acaba replicando o grande problema do comércio latino
americano com o resto do mundo, revelando
a existência de uma assimetria muito grande,
os mesmos problemas que o Brasil têm com
a União Europeia e em menor grau com os
Estados Unidos. A única região do mundo
hoje aonde de fato há uma presença grande
das exportações de bens manufaturados do
Brasil é a América Latina e em particular o
Mercosul2
, a grande importância do Mercosul hoje para o comércio exterior brasileiro é
ser o destino majoritário de produtos manufaturados brasileiros.
Então há a necessidade de entender
o que esse comércio com a China significa
em um projeto brasileiro de desenvolvimento à longo prazo, abarcando o comércio
exterior e os investimentos. Esta é, porém,
uma reflexão que o Brasil não tem feito de
maneira geral, o país mostra-se muito reativo
na sua relação com a China, raramente propondo algo ou pensando de maneira inovadora, o Brasil continua simplesmente respondendo às pressões e demandas que vêm
da própria China.
Se olharmos como a China pensa a
relação com a América Latina, acho que é
uma visão mais interessante, já houve dois
livros brancos do governo chinês com relação à América Latina, nesses documentos o
governo destaca não só a importância latinoamericana como uma fonte de exportação de
commodities mas também um desejo chinês
de estabelecer uma relação políticaestratégica mais profunda com os países da
região, identificando uma série de áreas onde
há uma cooperação política mais profunda.
No caso brasileiro eu destacaria o programa
de construção de satélites, que vem desde os
anos 80 e é um programa científico e tecnológico de grande porte.
Além disso, há um desejo chinês
também de aprimorar os seus conhecimentos
e sua pesquisa acadêmica sobre os países
latino-americanos. A China tem hoje mais de
50 centros acadêmicos onde se estuda espanhol e português, fiquei muito impressionado tanto nas minhas viagens à China quanto
no que eu tenho visto também nos acadêmicos e diplomatas chineses na América Latina, o quanto se encontra hoje pessoas muito
qualificadas, fluentes em espanhol e português e com bom nível de conhecimento
sobre a América Latina. Nesse quesito, a
China está muito à frente do que o Brasil
está nas universidades e nas empresas brasileiras com relação ao nosso conhecimento
sobre China.
InfoNEIBA: Perfeito, professor. O senhor
até já abordou alguns pontos da próxima
questão, que seria justamente como repensar
as relações não só a partir do pensamento em
relação ao Brasil, mas levando em consideração a América Latina como um todo, pois
é um desafio que se coloca para toda a região. Pensando nesse novo momento pós onda
rosa3
, que tipo de projeção podemos fazer
acerca das relações entre América Latina e
China?
M.S: Abordando a América Latina como
um todo, o grande desafio é entender melhor
esse parceiro e investidor comercial gigantesco que a China virou para a região. O
primeiro passo para isso é o estudo da língua, sou grande defensor da ideia de que a
pesquisa em Relações Internacionais precisa
passar por um conhecimento do idioma e da
cultura dos países e regiões que pretendemos
estudar. A meu ver, temos uma dependência
excessiva do inglês como uma ferramenta de
mediação com países da África, da Ásia e do
2º semestre de 2018 Info 6
Oriente Médio, precisamos estudar mais os
idiomas e as culturas dos países e regiões
não-ocidentais.
Existem também algumas questões
mais específicas do Brasil, pois o Brasil é o
único país hoje latino-americano que de fato
tem a pretensão de ser um ator global nas
relações internacionais, tem ambições chave
em vários tabuleiros cruciais das negociações internacionais, seja no Conselho de
Segurança da ONU4
, nas operações de paz,
nas negociações multilaterais de comércio e
mudança climática. O Brasil tem um papel
de protagonismo nesses fóruns internacionais, é uma das dez maiores economias do
mundo, é um país importante no G205
, então
as ambições brasileiras não são simplesmente regionais e sim globais.
Isso implica numa relação com a
China que não passa somente pelo comércio
e investimentos, mas também por uma relação política de alto nível, nos BRICS6
, no
BASIC7
, no G20, na ONU e na OMC8
. A
necessidade do Brasil de conhecer e entender
melhor a China é maior do que a de outros
países da América Latina, o desafio brasileiro é maior e mais profundo. A meu ver essa
importância da relação chinesa ultrapassa em
muito a questão política e ideológica dos
governos de centro-esquerda que estiveram
presentes na América Latina na década de
2000, essa relação traz questões importantes
também para os governos conservadores que
estão no poder atualmente em vários países
da região.
Talvez essa relação com a China
seja a mais importante estrategicamente para
a América Latina, afirmo isso pois uma das
consequências da guerra comercial dos EUA
com a China nos últimos anos, é que o comércio chinês com a América Latina está
aumentando e os investimentos chineses
também. A China está comprando mais soja
do Brasil em comparação ao período anterior
ao início da guerra comercial, com esse
grande projeto de infraestrutura da Nova
Rota da Seda há também um plano chinês de
investir mais na América Latina, sobretudo
no que se refere a infraestrutura de transporte
e energia para facilitar e baratear o escoamento dessa produção de commodities latino
-americanas para a China. Há diversas possibilidades de ganhos para os países da América Latina em curto prazo com a questão da
guerra comercial, ainda que eu julgue que tal
guerra será ruim no médio prazo para a região pois cria uma instabilidade muito grande
nas regras globais de comércio.
InfoNEIBA: Em relação à ascensão chinesa
que está acontecendo, o senhor acha que o
país deseja uma ascensão de baixo perfil,
como sustentada por Deng Xiaoping9
, ou
busca a liderança mundial a todo custo?
M.S: Essa estratégia de inserção internacional da China mudou muito ao longo da era
da reforma. No período de Deng Xiao Ping,
que corresponde da década de 70 até início
da década de 90, havia uma intenção explícita da China em ter um perfil de baixo enfrentamento e de baixo confronto com o Ocidente, onde a prioridade absoluta era o desenvolvimento econômico. A China buscava
nos fóruns multilaterais o mínimo denominador comum, as posições de consenso com o
Ocidente. Por exemplo, a China nesse período não teve uma postura de oposição ao
Ocidente no Oriente Médio ou mesmo no
seu exterior próximo, sempre buscou uma
posição de discrição, de baixo enfrentamento.
Tal panorama muda na década atual
com a ascensão de Xi Jingping10 à presidência chinesa; ele traz ao centro da agenda
política chinesa posturas de maior enfrentamento que até então estavam relegadas às
margens do debate político e diplomático
chinês. Esse aspecto torna-se mais evidente
sobretudo no Mar do Sul da China, onde o
país assume uma postura revisionista buscando mudar o status-quo e tenta assumir a
hegemonia territorial na região, entrando em
conflito com os EUA, Japão e outros países
da vizinhança como as Filipinas e o Vietnã.
Vemos hoje uma escalada da tensão geopolítica no Mar do Sul da China que é muito
intensa e diversos analistas comparam esse
cenário com a Europa no período préPrimeira Guerra Mundial. Acredito que esta
não seja uma comparação exagerada, há
muita coisa em jogo na região.
Há também um entendimento maior
da China com a Rússia de Putin, um país
ressurgente numa rota de colisão com Ocidente, o que vai significar também uma
postura mais dura da China nas suas relações
sobretudo com os EUA. A postura da União
Europeia tem se mostrado bastante pragmática, olhando as oportunidades em relação ao
aspecto econômico, comercial e ao de investimentos, os europeus não tem entrado nessa
disputa mais acirrada em termos políticos e
ideológicos com a China com os EUA vêm
fazendo. A meu ver, esse cenário de uma
relação bilateral tensa entre EUA e China vai
extrapolar o governo Trump e terá impactos
também nos próximos governos americanos,
sejam eles quais forem. De fato, há uma
agenda bilateral em que os interesses estão
entrando em conflitos, tem menos espaço
para consenso na relação entre EUA e China
hoje do que havia há dez ou vinte anos atrás.
Nesse contexto, a iniciativa anunciada pelo Obama do “Pivô para a Ásia” de
fortalecer a posição militar dos EUA na Ásia
Pacífico em detrimento do Oriente Médio.
Isso por enquanto é muito mais uma carta de
intenções do que de fato algo que esteja
acontecendo pois a sucessão de crises no
Oriente Médio tem “amarrado” muito os
EUA na região, mas essa tem sido pelo menos a diretriz estratégica que o país vem
usando para pensar sua própria política de
defesa, sua política externa para a Ásia e o
Pacífico.
InfoNEIBA: Já nos encaminhando para o
final da entrevista, gostaríamos de saber
quais os aspectos de maior destaque que o
senhor pôde observar em sua última viagem
à China e quais as lições que o Brasil pode
aprender com o exemplo chinês.
M.S: O que mais me surpreendeu e me impressionou nessa minha segunda viagem à
China foi o modo como os chineses estão
investindo nas novas tecnologias da Quarta
Revolução Industrial para enfrentar o risco
de cair na armadilha da renda média, estão
aprendendo com os erros cometidos na América Latina. Os países latino-americanos não
conseguiram ultrapassar o limiar da renda
média, foram bem-sucedidos em se industrializar, mas caíram nessa armadilhas desde os
anos 80 até os dias de hoje, com nível de
endividamento externo muito grande, os
chineses estão tentando superar isso e fazer a
transição do “Made in China” para o
“A meu ver essa importância da relação chinesa
ultrapassa em muito a questão política e ideológica dos governos de centro-esquerda que estiveram presentes na América Latina na década
de 2000, essa relação traz questões importantes
também para os governos conservadores que
estão no poder atualmente em vários países da
região.”
2º semestre de 2018 7
https://chutandoaescada.com.br/wp-content/uploads/2019/01/InfoNEIBA-2018.2.pdf
***
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No último quartel do século passado, homens extraordinários,
da velha estirpe saxônia, revigorada pelo puritanismo, e alguns deles
bafejados pelo filosofismo, surgiram nas treze colônias inglesas da
América do Norte. Resolveram constituir em nação independente a
sua pátria, e não lhes entrou nunca pela mente fazer proselitismo de
independência ou de forma republicana na América. Nem isso era
próprio da sua raça.
O fim que tiveram em vista foi um fim imediato, restrito e
prático. Fazendo a independência da sua pátria, tinham como aliados
os reis de França e de Espanha. Como poderiam eles querer que este
último, a quem eram gratos pela sua intervenção em favor da independência, perdesse as suas ricas colônias americanas? Se alguma
simpatia houve entre eles pela emancipação de outros países da América, essa simpatia apareceu trinta ou quarenta anos depois quando já
toda a América Latina, à custa de sacrifícios, ultimava a sua independência sem auxílios norte-americanos. É altamente cômica a ignorante
pretensão com que escritores franceses superficiais procuram ligar a
Revolução Americana à Revolução Francesa, querendo por força que
as idéias revolucionárias francesas tenham influído na América,
quando, a ter havido alguma influência, foi antes da América sobre a
França. A pessoa de Franklin, com os seus calções pretos, sem espada ao lado, nem bordados, nem plumas, com os seus grossos sapatos
de enfiar, com o seu prestígio de sábio e de libertador, passeando
através das galerias de Versalhes; a fama de ter ele sido um simples
operário na sua mocidade, isso, sim, foi uma influência real em França.
Quando ele, no seu ceticismo cheio de bonomia, ria-se da pomposa divisa que lhe arranjou Turgot, o célebre: Eripuit coelo fulmen sceptrumque
tyrannis, dava uma prova de que ao seu terrível bom-senso não escapava
a insensatez suicida da aristocracia francesa. Quando rebentou a revolução,
quando ela começou a matar e a incendiar, houve em toda a América
uma grande simpatia por Luís XVI e Maria Antonieta, os antigos aliados,
os generosos protetores da independência americana. Pouco tempo depois o governo de Washington rompeu relações diplomáticas com a república francesa. Onde a solidariedade republicana, onde a fraternidade?
Vejamos na história: Que auxílio prestou o governo americano à independência das colônias ibéricas da América – Qual tem sido a
atitude dos Estados Unidos quando estes países têm sido atacados pelo
governos europeus – Como os tem tratado o governo de Washington –
Qual tem sido o papel dos Estados Unidos nas lutas internacionais e
civis da América Latina – Qual a sua influência política, moral e econômica sobre estes países.
Tudo o que se vai ler neste trabalho é referente a esses pontos, que serão todos discutidos, embora nem sempre na ordem da sua
enumeração.
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Allegorical print: "Eripuit Coelo Fulmen Sceptrumque Tirannis / Au GENIE De FRANKLIN", 1778
Photo courtesy of...
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Photo courtesy of Philadelphia Museum of Art
***
OverviewDescriptionFurther Information
Paris
Jean-Honoré Fragonard, Marguerite Gérard
Ink on paper; H. 19 in., W. 14 1/2 in.
Philadelphia Museum of Art (Philadelphia, Pa.)
This allegorical print illustrates the description of Franklin attributed to the French finance minister Turgot: "He seized lightning from the heavens and the scepter from tyrants." It is dedicated "To the Genius of Franklin."
http://www.benfranklin300.org/frankliniana/result.php?id=654&sec=0
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Library of Congress
Photo, Print, Drawing, Available Online, French | Library of Congress
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eripuit coelo fulmen sceptrumque tyrannis
eripuit coelo fulmen sceptrumque tyrannis | loc.
eripuit coelo fulmen sceptrumque tyrannis
(locução latina que significa "arrebatou o raio ao céu e o cetro aos tiranos")
locução
Inscrição gravada no pedestal do político e cientista norte-americano Benjamin Franklin (1706-1790), alusiva à sua descoberta do para-raios e ao seu papel histórico nas lutas pela liberdade.
Palavras relacionadas: coelo tonante, credimus jovem regnare, fulminívomo.
Palavras vizinhas
"eripuit coelo fulmen sceptrumque tyrannis", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/eripuit%20coelo%20fulmen%20sceptrumque%20tyrannis [consultado em 04-02-2022].
https://dicionario.priberam.org/eripuit%20coelo%20fulmen%20sceptrumque%20tyrannis
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