segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Sob Max, Weber

*** STUDY MAPS MAPA ESQUEMATIZADO SOBRE MAX WEBER - STUDY MAPS *** *** ELEIÇÕES 2022: A TERCEIRA VIA TEM CHANCES NA DISPUTA? | WW - 23/01/2022 26.554 visualizaçõesTransmissão ao vivo realizada há 16 horas *** CNN Brasil 2,32 mi de inscritos Assista ao programa WW deste domingo, 23 de janeiro de 2022, apresentado por William Waack. O tema é "Eleições 2022: A Terceira Via tem chances na disputa?" e conta com a participação de Fernando Luiz Abrucio, cientista político e professor da FGV, José Fucs, jornalista, repórter especial do Estadão, e Carlos Melo, cientista político e professor do Insper #CNNBrasil https://www.youtube.com/watch?v=F1HXepFKp0M
*** Plano Crítico Crítica | Deus e o Diabo na Terra do Sol - Plano Crítico *************************************************** Com Deus e o Diabo numa mesma igreja ***
*** Demétrio Magnoli: Terceira via, miragem e realidade O Globo O fracasso da “terceira via” está expresso nas sondagens de opinião pública. Segundo as análises convencionais, a explicação para o fracasso encontra-se na polarização política entre Bolsonaro e Lula, que fecharia o caminho a uma candidatura alternativa, de centro. Há bem mais que um simples equívoco no diagnóstico. Polarização? As pesquisas evidenciam que a rejeição a Bolsonaro situa-se em torno de 60% do eleitorado. São os que não votariam no presidente em nenhuma hipótese, parcela que chega a 64% entre os pobres e 54% na Região Sul, suposta fortaleza do bolsonarismo. Se o pleito fosse hoje, Lula triunfaria no primeiro turno. A polarização circunscreve-se às redes sociais. Não existe polarização eleitoral. A tese da “terceira via” assenta-se exclusivamente sobre a antiga constatação de que o lulismo não controla a maioria do eleitorado. Isso ficou provado nas quatro vitórias consecutivas do lulopetismo, duas de Lula e duas de Dilma, que só tiveram desenlace no segundo turno. Daí os arautos da “terceira via” concluem pela existência de uma vasta parcela dos eleitores dispostos a sufragar uma candidatura alternativa. É uma tese que ignora a história. Ao longo de um quarto de século, o sistema político-partidário brasileiro equilibrou-se sobre a polaridade PT-PSDB. Contudo, durante a crise aberta pelo impeachment de Dilma (2016) e pela eleição de Bolsonaro (2018), o polo centrista implodiu. A falência do partido de centro manifestou-se duplamente, nas formas do desastre eleitoral da candidatura Alckmin e da adesão das novas lideranças tucanas ao candidato da extrema direita. A miragem da “terceira via” hipnotiza os que se recusam a encarar a morte do PSDB original. “Terceira via”? Moro e Doria, que tentam colar o rótulo sobre suas próprias candidaturas, não conseguem decolar, pois são vistos pelos eleitores como ramificações do bolsonarismo. O passado recente esmaga o presente almejado: nenhum dos dois tem legitimidade política para ocupar o centro de uma cena supostamente tensionada entre polos extremos. Ciro, que poderia ocupar essa posição, carece de estruturas partidárias e alcance eleitoral: perambula numa paisagem árida, como um Quixote destituído até mesmo do inseparável Sancho Pança. Paradoxalmente, a “terceira via” vai se tornando uma realidade — e atende pelo nome de Lula. O ex-presidente definiu uma estratégia de campanha baseada na ideia de ocupar o centro do tabuleiro político. A democracia unida contra o autoritarismo — eis a mensagem que o candidato procura veicular. A manobra destina-se a fechar o caminho do centro, ocupando-o. Não é novidade. Lula operou segundo a mesma estratégia em seu triunfo pioneiro, duas décadas atrás, divulgando a Carta ao Povo Brasileiro e compondo chapa com o empresário José Alencar. A inovação é o passo ousado de articular uma chapa com Alckmin, símbolo de um PSDB que não mais existe. A mensagem: meu governo conectará as políticas sociais lulistas à política econômica tucana. Reconciliação é o nome de seu jogo. Nas hostes de esquerda, a valsa da aliança provoca acesa controvérsia. Tipicamente, surgiu um abaixo-assinado de lideranças relevantes e diminutas do PT contra o “pacto com a direita”. À margem, os “companheiros de viagem” do PSOL manifestam santa indignação. José Dirceu, um realista que sabe calcular, já apresentou sua defesa do pacto lulista. Para persuadir a esquerda, sugere que a presença de Alckmin destina-se a evitar uma futura desestabilização do governo Lula pelas maléficas elites. Talvez cole, mas Dirceu sabe que a lógica estratégica é outra. A alta finança e os empresários financiados pelo BNDES amaram Lula durante dois mandatos e permaneceram com Dilma até 2015, depositando suas esperanças no providencial Joaquim Levy. A ruptura só se deu quando o populismo econômico atingiu o paroxismo, apontando rumo a um túnel argentino ou a um abismo venezuelano. Sem os feiticeiros dilmistas da “nova matriz econômica”, Lula não corre risco de desestabilização. A chapa com Alckmin é para inscrever na pedra a “terceira via” — e, assim, triunfar no primeiro turno.
*** Que negócio é esse?? Max Weber e sua abordagem da Ética Olá, pessoal! Vamos resolver uma das questões do nosso curso intensivo para o último concurso para Defensor Público do Estado de Amazonas? Segue o enunciado proposto: (EMAGIS) Sobre o pensamento de Max Weber e sua abordagem da Ética, assinale a alternativa correta: (A) Weber acreditava em uma única ética, a chamada ética geral, aplicável a todos os negócios individuais e públicos. (B) Max Weber preconizava que a emoção não deve fazer parte do ato de governar, em nenhuma de suas expressões. (C) A Ética da convicção era aquela ligada aos sentimentos puros, sendo a única ética preferível no espaço público. (D) A ética da responsabilidade lidava com as relações de causa e efeito, sendo importante ferramenta do chamado “pragmatismo político”. (E) O idealismo está ligado à ética da responsabilidade. Gabarito: (D). Item “D” correto. Max Weber, sociólogo e cientista político alemão, é concebido como um dos principais pensadores da ciência política. Weber demarcou importantes terrenos da ciência política, incluindo a análise do fenômeno estatal e econômico pelo prisma da racionalidade. Weber insistiu que a ética protestante (livro “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”) era a responsável pela mudança de rumos do mundo ocidental, dando ensejo a um capitalismo que não se envergonhava de buscar o lucro e o progresso material. Mas foi no campo da Ética em que Max Weber desenhou a distinção entre o idealismo e o pragmatismo, notadamente na conferência “A política como vocação”. Ele o fez através da distinção entre Ética da Convicção e Ética da Responsabilidade. A ética da convicção envolvia os fins desejados pelo agente público, ou seja, a sua visão particular de mundo; a sua visão moral; a sua visão do que é certo. Era uma forma de idealismo. De outro turno, a Ética da responsabilidade consistia em analisar as relações de causa e efeito entre as ações e as consequências. É uma ótica consequencialista por definição. O importante é o procedimento a ser adotado, e não os fins desejados. A ética da responsabilidade era mais compatível com o caminho da boa governança, pois era pragmática e conhecedora das consequências. 
Item “A” errado. Weber separava a ética da convicção da ética da responsabilidade. 
Item “B” errado. O político efetivo era aquele que governava com a razão, mas que também conseguia despertar a emoção nas massas. 
Item “C” errado. A ética da convicção, de fato, despertava para os sentimentos morais. Porém, não era uma ética a ser empregada a todo custo no espaço público, pois certamente conduziria a resultados desastrosos, do ponto de vista político. Max Weber pregou uma convivência entre ambas as modalidades de ética. 
Item “E” errado. O idealismo está ligado à ética da convicção. https://www.emagis.com.br/area-gratuita/que-negocio-e-esse/max-weber-e-sua-abordagem-da-etica/ ***************************************************************************************************
*** A IGREJA DO DIABO Capítulo I De uma idéia mirífica Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo dia, teve a idéia de fundar uma igreja. Embora os seus lucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel avulso que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual, sem nada. Vivia, por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos. Nada fixo, nada regular. Por que não teria ele a sua igreja? Uma igreja do Diabo era o meio eficaz de combater as outras religiões, e destruí-las de uma vez. — Vá, pois, uma igreja, concluiu ele. Escritura contra Escritura, breviário contra breviário. Terei a minha missa, com vinho e pão à farta, as minhas prédicas, bulas, novenas e todo o demais aparelho eclesiástico. O meu credo será o núcleo universal dos espíritos, a minha igreja uma tenda de Abraão. E depois, enquanto as outras religiões se combatem e se dividem, a minha igreja será única; não acharei diante de mim, nem Maomé, nem Lutero. Há muitos modos de afirmar; há só um de negar tudo. Dizendo isto, o Diabo sacudiu a cabeça e estendeu os braços, com um gesto magnífico e varonil. Em seguida, lembrou-se de ir ter com Deus para comunicar-lhe a idéia, e desafiá-lo; levantou os olhos, acesos de ódio, ásperos de vingança, e disse consigo: — Vamos, é tempo. E rápido, batendo as asas, com tal estrondo que abalou todas as províncias do abismo, arrancou da sombra para o infinito azul. Capítulo II Entre Deus e o Diabo Deus recolhia um ancião, quando o Diabo chegou ao céu. Os serafins que engrinaldavam o recém-chegado, detiveram-se logo, e o Diabo deixou-se estar à entrada com os olhos no Senhor. — Que me queres tu? perguntou este. — Não venho pelo vosso servo Fausto, respondeu o Diabo rindo, mas por todos os Faustos do século e dos séculos. — Explica-te. — Senhor, a explicação é fácil; mas permiti que vos diga: recolhei primeiro esse bom velho; dai-lhe o melhor lugar, mandai que as mais afinadas cítaras e alaúdes o recebam com os mais divinos coros... — Sabes o que ele fez? perguntou o Senhor, com os olhos cheios de doçura. — Não, mas provavelmente é dos últimos que virão ter convosco. Não tarda muito que o céu fique semelhante a uma casa vazia, por causa do preço, que é alto. Vou edificar uma hospedaria barata; em duas palavras, vou fundar uma igreja. Estou cansado da minha desorganização, do meu reinado casual e adventício. É tempo de obter a vitória final e completa. E então vim dizer-vos isto, com lealdade, para que me não acuseis de dissimulação... Boa idéia, não vos parece? — Vieste dizê-la, não legitimá-la, advertiu o Senhor. — Tendes razão, acudiu o Diabo; mas o amor-próprio gosta de ouvir o aplauso dos mestres. Verdade é que neste caso seria o aplauso de um mestre vencido, e uma tal exigência... Senhor, desço à terra; vou lançar a minha pedra fundamental. — Vai. — Quereis que venha anunciar-vos o remate da obra? — Não é preciso; basta que me digas desde já por que motivo, cansado há tanto da tua desorganização, só agora pensaste em fundar uma igreja. O Diabo sorriu com certo ar de escárnio e triunfo. Tinha alguma idéia cruel no espírito, algum reparo picante no alforje de memória, qualquer coisa que, nesse breve instante de eternidade, o fazia crer superior ao próprio Deus. Mas recolheu o riso, e disse: — Só agora concluí uma observação, começada desde alguns séculos, e é que as virtudes, filhas do céu, são em grande número comparáveis a rainhas, cujo manto de veludo rematasse em franjas de algodão. Ora, eu proponho-me a puxá-las por essa franja, e trazêlas todas para minha igreja; atrás delas virão as de seda pura... — Velho retórico! murmurou o Senhor. — Olhai bem. Muitos corpos que ajoelham aos vossos pés, nos templos do mundo, trazem as anquinhas da sala e da rua, os rostos tingem-se do mesmo pó, os lenços cheiram aos mesmos cheiros, as pupilas centelham de curiosidade e devoção entre o livro santo e o bigode do pecado. Vede o ardor, — a indiferença, ao menos, — com que esse cavalheiro põe em letras públicas os benefícios que liberalmente espalha, — ou sejam roupas ou botas, ou moedas, ou quaisquer dessas matérias necessárias à vida... Mas não quero parecer que me detenho em coisas miúdas; não falo, por exemplo, da placidez com que este juiz de irmandade, nas procissões, carrega piedosamente ao peito o vosso amor e uma comenda... Vou a negócios mais altos... Nisto os serafins agitaram as asas pesadas de fastio e sono. Miguel e Gabriel fitaram no Senhor um olhar de súplica. Deus interrompeu o Diabo. — Tu és vulgar, que é o pior que pode acontecer a um espírito da tua espécie, replicou-lhe o Senhor. Tudo o que dizes ou digas está dito e redito pelos moralistas do mundo. É assunto gasto; e se não tens força, nem originalidade para renovar um assunto gasto, melhor é que te cales e te retires. Olha; todas as minhas legiões mostram no rosto os sinais vivos do tédio que lhes dás. Esse mesmo ancião parece enjoado; e sabes tu o que ele fez? — Já vos disse que não. — Depois de uma vida honesta, teve uma morte sublime. Colhido em um naufrágio, ia salvar-se numa tábua; mas viu um casal de noivos, na flor da vida, que se debatiam já com a morte; deu-lhes a tábua de salvação e mergulhou na eternidade. Nenhum público: a água e o céu por cima. Onde achas aí a franja de algodão? — Senhor, eu sou, como sabeis, o espírito que nega. — Negas esta morte? — Nego tudo. A misantropia pode tomar aspecto de caridade; deixar a vida aos outros, para um misantropo, é realmente aborrecê-los... — Retórico e sutil! exclamou o Senhor. Vai, vai, funda a tua igreja; chama todas as virtudes, recolhe todas as franjas, convoca todos os homens... Mas, vai! vai! Debalde o Diabo tentou proferir alguma coisa mais. Deus impusera-lhe silêncio; os serafins, a um sinal divino, encheram o céu com as harmonias de seus cânticos. O Diabo sentiu, de repente, que se achava no ar; dobrou as asas, e, como um raio, caiu na terra. Capítulo III A boa nova aos homens Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula beneditina, como hábito de boa fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para retificar a noção que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito contavam as velhas beatas. — Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil e airoso. Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdouro, fazei dele um troféu e um lábaro, e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo... Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar, em suma, as multidões ao pé de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir a doutrina. A doutrina era a que podia ser na boca de um espírito de negação. Isso quanto à substância, porque, acerca da forma, era umas vezes sutil, outras cínica e deslavada. Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por outras, que eram as naturais e legítimas. A soberba, a luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia, com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada. A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada: "Musa, canta a cólera de Aquiles, filho de Peleu..." O mesmo disse da gula, que produziu as melhores páginas de Rabelais, e muitos bons versos de Hissope; virtude tão superior, que ninguém se lembra das batalhas de Luculo, mas das suas ceias; foi a gula que realmente o fez imortal. Mas, ainda pondo de lado essas razões de ordem literária ou histórica, para só mostrar o valor intrínseco daquela virtude, quem negaria que era muito melhor sentir na boca e no ventre os bons manjares, em grande cópia, do que os maus bocados, ou a saliva do jejum? Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do mundo. Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de propriedades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento. As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia-lhes, a grandes golpes de eloqüência, toda a nova ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e detestar as sãs. Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que ele dava da fraude. Chamava-lhe o braço esquerdo do homem; o braço direito era a força; e concluía: Muitos homens são canhotos, eis tudo. Ora, ele não exigia que todos fossem canhotos; não era exclusivista. Que uns fossem canhotos, outros destros; aceitava a todos, menos os que não fossem nada. A demonstração, porém, mais rigorosa e profunda, foi a da venalidade. Um casuísta do tempo chegou a confessar que era um monumento de lógica. A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do homem? Demonstrado assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer duplicadamente. E descia, e subia, examinava tudo, retificava tudo. Está claro que combateu o perdão das injúrias e outras máximas de brandura e cordialidade. Não proibiu formalmente a calúnia gratuita, mas induziu a exercê-la mediante retribuição, ou pecuniária, ou de outra espécie; nos casos, porém, em que ela fosse uma expansão imperiosa da força imaginativa, e nada mais, proibia receber nenhum salário, pois equivalia a fazer pagar a transpiração. Todas as formas de respeito foram condenadas por ele, como elementos possíveis de um certo decoro social e pessoal; salva, todavia, a única exceção do interesse. Mas essa mesma exceção foi logo eliminada, pela consideração de que o interesse, convertendo o respeito em simples adulação, era este o sentimento aplicado e não aquele. Para rematar a obra, entendeu o Diabo que lhe cumpria cortar por toda a solidariedade humana. Com efeito, o amor do próximo era um obstáculo grave à nova instituição. Ele mostrou que essa regra era uma simples invenção de parasitas e negociantes insolváveis; não se devia dar ao próximo senão indiferença; em alguns casos, ódio ou desprezo. Chegou mesmo à demonstração de que a noção de próximo era errada, e citava esta frase de um padre de Nápoles, aquele fino e letrado Galiani, que escrevia a uma das marquesas do antigo regime: "Leve a breca o próximo! Não há próximo!" A única hipótese em que ele permitia amar ao próximo era quando se tratasse de amar as damas alheias, porque essa espécie de amor tinha a particularidade de não ser outra coisa mais do que o amor do indivíduo a si mesmo. E como alguns discípulos achassem que uma tal explicação, por metafísica, escapava à compreensão das turbas, o Diabo recorreu a um apólogo: — Cem pessoas tomam ações de um banco, para as operações comuns; mas cada acionista não cuida realmente senão nos seus dividendos: é o que acontece aos adúlteros. Este apólogo foi incluído no livro da sabedoria. Capítulo IV Franjas e franjas A previsão do Diabo verificou-se. Todas as virtudes cuja capa de veludo acabava em franja de algodão, uma vez puxadas pela franja, deitavam a capa às urtigas e vinham alistar-se na igreja nova. Atrás foram chegando as outras, e o tempo abençoou a instituição. A igreja fundara-se; a doutrina propagava-se; não havia uma região do globo que não a conhecesse, uma língua que não a traduzisse, uma raça que não a amasse. O Diabo alçou brados de triunfo. Um dia, porém, longos anos depois notou o Diabo que muitos dos seus fiéis, às escondidas, praticavam as antigas virtudes. Não as praticavam todas, nem integralmente, mas algumas, por partes, e, como digo, às ocultas. Certos glutões recolhiam-se a comer frugalmente três ou quatro vezes por ano, justamente em dias de preceito católico; muitos avaros davam esmolas, à noite, ou nas ruas mal povoadas; vários dilapidadores do erário restituíam-lhe pequenas quantias; os fraudulentos falavam, uma ou outra vez, com o coração nas mãos, mas com o mesmo rosto dissimulado, para fazer crer que estavam embaçando os outros. A descoberta assombrou o Diabo. Meteu-se a conhecer mais diretamente o mal, e viu que lavrava muito. Alguns casos eram até incompreensíveis, como o de um droguista do Levante, que envenenara longamente uma geração inteira, e, com o produto das drogas, socorria os filhos das vítimas. No Cairo achou um perfeito ladrão de camelos, que tapava a cara para ir às mesquitas. O Diabo deu com ele à entrada de uma, lançou-lhe em rosto o procedimento; ele negou, dizendo que ia ali roubar o camelo de um drogomano; roubou-o, com efeito, à vista do Diabo e foi dá-lo de presente a um muezim, que rezou por ele a Alá. O manuscrito beneditino cita muitas outras descobertas extraordinárias, entre elas esta, que desorientou completamente o Diabo. Um dos seus melhores apóstolos era um calabrês, varão de cinqüenta anos, insigne falsificador de documentos, que possuía uma bela casa na campanha romana, telas, estátuas, biblioteca, etc. Era a fraude em pessoa; chegava a meterse na cama para não confessar que estava são. Pois esse homem, não só não furtava ao jogo, como ainda dava gratificações aos criados. Tendo angariado a amizade de um cônego, ia todas as semanas confessar-se com ele, numa capela solitária; e, conquanto não lhe desvendasse nenhuma das suas ações secretas, benzia-se duas vezes, ao ajoelhar-se, e ao levantar-se. O Diabo mal pôde crer tamanha aleivosia. Mas não havia que duvidar; o caso era verdadeiro. Não se deteve um instante. O pasmo não lhe deu tempo de refletir, comparar e concluir do espetáculo presente alguma coisa análoga ao passado. Voou de novo ao céu, trêmulo de raiva, ansioso de conhecer a causa secreta de tão singular fenômeno. Deus ouviu-o com infinita complacência; não o interrompeu, não o repreendeu, não triunfou, sequer, daquela agonia satânica. Pôs os olhos nele, e disse-lhe: — Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana. http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000195.pdf *********************************************************************
*** FERNANDO HENRIQUE CARDOSO FOI TER COM LULA PARA AVISÁ-LO QUE DEVEIRIA DISPUTAR A P.R. PARA VIABILIZAR O SEU PROJETO DE PARTIDO POLÍTICO DENTRO DAS REGRAS POLÍTICAS E ELEITORAIS ENTÃO VIGENTES ***
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*** "... Eu sou mais substantivo do que adjetivo. Pra mim o que conta é... - a acusação era verdadeira? Fez mesmo? - Isso vale mais que o mecanismo. Mas enfim, a justiça funciona pelo mecanismo a toda hora. Eu lamento que tenham demorado tanto tempo para descobrir a pólvora ..." ************************************************************************************
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************************************************************************************************ "... O Lula não é de direita. Não é de esquerda. O Lula é ele. ..." Fernando Henrique Cardoso *** *** FHC fala sobre Lula elegível, governo Bolsonaro e eleições em 2022 64.765 visualizaçõesTransmitido ao vivo em 16 de mar. de 2021 *** UOL 1,98 mi de inscritos O UOL Entrevista conversa ao vivo nesta terça-feira (16), às 16h30, com o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A entrevista será conduzida pelo colunista do UOL Tales Faria. https://www.youtube.com/watch?v=dGhBC-eeHRE ***************************************************
ANÁLISE Artigo | FHC (e Lula). Fênix ou extinção? Em 1993, FHC proclamou a definitiva vitória do desenvolvimento associado em um “Estado de direito” liberal-democrático Opinião - Autor convidado Brasil de Fato | João Pessoa (PB) | 24 de Maio de 2021 às 11:48 ***
*** Lula (à esq.) e FHC (à dir.) nos anos da luta pela redemocratização - Reprodução Por Jaldes Meneses* *** FHC tem 90 anos e exibe aparência de excelente forma física e intelectual. Acabou de lançar no mercado um livro de memórias, que encomendei e ainda não recebi. Conheço razoavelmente bem sua trajetória e já estudei seus livros. Foi discípulo de Florestan Fernandes, seguindo caminhos políticos muito distintos do mestre. No Chile, em 1965, um ano após o golpe militar, contribuiu criticamente na elucidação das limitações políticas do projeto da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), focado no otimismo da frente ampla, consignado no binômio virtuoso “reforma agrária e industrialização” - de que a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) de Celso Furtado é o exemplo maior e ainda pouco compreendido (por incrível que pareça). É verdade que, pouco depois, virou o Papai Noel do desenvolvimento-associado. Apesar de tudo e de todas as críticas que lhe foram feitas - inclusive por mim - havia no diagnóstico de FHC a clareza de que a nossa revolução burguesa foi finalizada pela ditadura militar, um encaminhamento político originalíssimo. ::Encontro de Lula e FHC: para além da simbologia:: Pouco antes de receber a faixa presidencial, FHC pronunciou o célebre discurso no Senado, em dezembro de 1993, em que proclamou o fim da “Era Vargas” - ou seja, a definitiva vitória do desenvolvimento associado em um “Estado de direito” liberal-democrático. Estávamos no auge do “fim da história” de Fukuyama, e Clinton, de quem FHC se tornou amigo, era o presidente neoliberal dos Estados Unidos. Esse diagnóstico estratégico, de fundo, somado a um indiscutível pragmatismo tático, fez de FHC, mais que presidente, por anos a fio o conselheiro-mor da (decadente) burguesia paulista. Tudo isso se desfez, a via vitoriosa da revolução burguesa no Brasil (nem clássica, nem prussiana) gerou, parafraseando o velho Chico de Oliveira, um ornitorrinco, um bicho esquisito que parou a evolução. O que fazer do que foi feito - fênix ou extinção? - são outros quinhentos e aí reside o fulcro da discórdia. Com certeza tudo isso passa pela cabeça de FHC depois da repercussão do almoço com Lula. Estranho é que ninguém aborde o tema por essa embocadura. *Professor Titular do Departamento de História da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). *Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato. Fonte: BdF Paraíba Edição: Heloisa de Sousa https://www.brasildefato.com.br/2021/05/24/artigo-fhc-e-lula-fenix-ou-extincao **********************************************************************************
*** Tweet Ciro Gomes @cirogomes Vejam aí, a íntegra da minha resposta ao Luís Costa Pinto, conhecido como Lula, repórter da Tv e do blog 247, logo depois de um discurso em que abordei temas importantes para o Brasil. Sei ou não sei me controlar ? 🤣👇 *** *** RESPOSTA DE CIRO AO BRASIL 247 3.091 visualizações24 de jan. de 2022 Ciro Gomes 343 mil inscritos Vejam aí, a íntegra da minha resposta ao Luís Costa Pinto, conhecido como Lula, repórter da Tv e do blog 247, logo depois de um discurso em que abordei temas importantes para o Brasil. Sei ou não sei me controlar ? 🤣 https://www.youtube.com/watch?v=q6nsUAm2a_k *** 0:09 / 4:31 2:54 PM · 23 de jan de 2022·Twitter Media Studio https://twitter.com/cirogomes/status/1485310021831434240?s=24 ************************************************************************
*** História do PSDB: saiba quem fundou o partido e o que ele defende NOVEMBER 26, 2020 O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) é um dos 33 partidos políticos brasileiros em atividade. Fundado em 1988, tem entre os seus membros um ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, além de ex-governadores em São Paulo e Minas Gerais, dentre outros Estados. É representado por um tucano, símbolo adotado quando ainda estava sendo formado. João Doria defende uma frente em 2022 com a centro-esquerda ***
*** João Doria defende uma frente em 2022 com a centro-esquerda *** Na atual disputa pela Prefeitura de São Paulo, cidade que já teve outros dois nomes do partido à frente do governo, os tucanos são representados por Bruno Covas, neto de um dos fundadores do PSDB, o ex-governador Mário Covas. De acordo com o cientista político Tiago Daher, professor na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o ponto de convergência entre o partido do atual prefeito e o de seu adversário, Guilherme Boulos (PSOL), é que ambos surgiram a partir da dissidência de partidos mais tradicionais, ainda que em épocas diferentes. De perfil moderado, Bruno Covas simboliza uma renovação no partido: “A geração da redemocratização envelheceu. Por isso, a renovação acontece com certa velocidade”, explica ele. Isso, segundo Daher, sem deixar de manter a postura típica do partido. “Ele mantém o discurso pró-eficiência, que é típico de candidatos do partido”, diz. Veja, a seguir, como surgiu o PSDB, as principais diretrizes do partido e o histórico em eleições. Fundado em 25 de junho de 1988, o PSDB foi idealizado por dissidentes do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), hoje chamado apenas de MDB. Franco Montoro, governador de São Paulo entre 1983 e 1987, entregou a sua carta de desfiliação do partido em junho de 1988, alegando acreditar que o partido havia se distanciado da oposição ao regime militar e estava “dominado pelo fisiologismo”. Nos dias seguintes, outros dissidentes se juntaram ao ex-governador, como os então senadores Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso. Em 24 de junho, um grupo de apoiadores se reuniu na Câmara dos Deputados, em Brasília, para oficializar a união; o nome só foi decidido no dia seguinte. “Longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas, nasce o novo partido”, disse Montoro na ocasião. Em linhas gerais, o grupo estava descontente com o governo de José Sarney já há algum tempo. Em 1987, o então presidente contrariou a proposta de estabelecer um regime parlamentarista com mandato de quatro anos para o País, defendida por alguns membros de seu próprio partido. A partir desses entraves, criou-se o Movimento da Unidade Progressista (MUP), grupo suprapartidário que seria o embrião do PSDB, identificado como uma ala mais progressista do partido. O primeiro presidente do partido foi Mário Covas, que mais tarde seria governador de São Paulo, eleito por uma comissão provisória. De acordo com reportagem publicada no Estadão em 26 de junho daquele ano, o “maior obstáculo” à permanência de Covas no antigo partido era a falta de renovação e de espaço para que ele pudesse se candidatar à Presidência da República. Em 6 de julho, o partido foi registrado provisoriamente, o que possibilitou que disputasse as eleições municipais que ocorreriam naquele ano. O livro de fundadores teve 880 assinaturas, de acordo com reportagem do Estadão publicada em 25 de junho de 1988. Entre os primeiros membros do PSDB, se destacam: Franco Montoro, governador de São Paulo entre 1983 e 1987; Mário Covas, então senador por São Paulo. Governou o Estado depois, entre 1995 e 2001; Fernando Henrique Cardoso, então governador por São Paulo. Foi presidente da República entre 1995 e 2003; Sérgio Motta, ex-presidente da Eletropaulo e Hidrobrasileira, mais tarde ministro de Comunicações no governo de FHC; José Richa, governador do Paraná entre 1983 e 1987; José Serra, então deputado, foi governador de São Paulo entre 2007 e 2010 e hoje é senador pelo Estado; João Pimenta da Veiga, ex-deputado federal e prefeito de Belo Horizonte entre 1989 e 1990. Hoje preside o Instituto Teotônio Vilela. Já no evento de fundação do partido, o tucano estampava as decorações do partido. A ave foi escolhida por ser uma espécie brasileira e para facilitar a comunicação com o eleitorado. Além disso, Franco Montoro escreveu neste documento que o animal foi escolhido por ter penugem amarela no seu peito; a cor faria, então, referência ao movimento das Diretas-Já, campanha pelas eleições diretas e cujos participantes se identificavam pelas camisetas de cor amarela. Azul, amarelo e branco foram definidas como as cores oficiais do partido. O partido é um dos maiores do País em número de filiados. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em outubro deste ano, contava com 1.373.790 membros. Estava atrás apenas do MDB (2.158.996) e do PT (1.534.821). Na cidade de São Paulo, o partido teve candidato em todas as eleições municipais desde a sua fundação, em 1988. Apenas dois foram eleitos até o momento: José Serra, em 2004, e João Doria, em 2016. 1988: José Serra (quarto colocado); 1996: José Serra (terceiro colocado); 2004: José Serra (eleito); 2008: Geraldo Alckmin (terceiro colocado); 2012: José Serra (segundo colocado); 2016: João Doria (eleito); 2020: Bruno Covas (disputa o segundo turno no dia 29). No mandato de 2021-2024, o partido terá uma bancada na Câmara Municipal com oito membros. Outras lideranças políticas que ainda são filiadas ao PSDB, como: João Doria, governador de São Paulo; Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo e candidato à Presidência em 2018; Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais e candidato à Presidência em 2014; Outros políticos ainda em atividade já fizeram parte do PSDB, mas se desligaram do partido. Entre eles: Ciro Gomes, hoje no PDT, foi o primeiro governador eleito pelo partido, no Ceará; Celso Russomanno, hoje no Republicanos, concorreu à Prefeitura de São Paulo em 2020; Eduardo Paes, hoje no Democratas, está no segundo turno da disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro; Andrea Matarazzo, hoje no PSD, concorreu à Prefeitura de São Paulo em 2020; Luiz Carlos Bresser Pereira, cientista político e ministro da Fazenda em 1987. Deixou o partido em 2010, alegando que o partido se tornara “conservador”. Em seu estatuto, documento que consolida o regimento interno e o princípios do partido, o PSDB destaca que tem como base a “democracia interna e a disciplina” e nele prevalece o “respeito ao pluralismo de ideias, culturas e etnias”, “o exercício democrático participativo e representativo” e a “soberania nacional”, entre outros. O programa também estabelece a prevalência do “trabalho sobre o capital”, tendo como fim a “distribuição equilibrada da riqueza nacional entre todas as regiões e classes sociais”. O PSDB tem, em sua história, algumas passagens polêmicas, além da participação em momentos históricos do País. Veja algumas delas: Impeachment de Collor: a união do PSDB ao PT e ao PMDB garantiu quase metade dos votos na Câmara a favor do impeachment de Fernando Collor. Depois que o então presidente foi afastado, o vice-presidente e tucano Itamar Franco assumiu a cadeira; Mensalão mineiro: a campanha pela reeleição de Eduardo Azeredo para o governo de Minas Gerais, em 1998, culminou em um escândalo de peculato e lavagem de dinheiro que ficou conhecido como “Mensalão mineiro”; Licitações no transporte público de São Paulo: outro escândalo envolvendo membros do partido estourou em 2013, quando empresas ferroviárias e de tecnologia relataram a existência de um cartel na construção do metrô na capital; Impeachment de Dilma Rousseff: o partido foi favorável ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT); membros participaram de manifestações contra o governo da petista, mas o partido não chegou a organizar diretamente nenhum deles. O partido se situa no bloco independente da Câmara; ou seja, não faz parte nem da base nem da oposição ao governo de Jair Bolsonaro. No entanto, já há algum tempo que membros do partido propõem o rompimento absoluto com o atual presidente, situação essa agravada pela pandemia do novo coronavírus e os constantes ataques de Bolsonaro ao governador de São Paulo, João Doria. Em junho, Bruno Araújo, atual presidente do partido, publicou no site do partido um texto esclarecendo a posição. “O PSDB disputou a eleição contra o PT e contra Bolsonaro. O PSDB não é PT e não é Bolsonaro. O PSDB continua tendo sua própria história, da qual se orgulha”, escreveu no texto. Segundo ele, o partido não era favorável, naquele momento, a um processo de impeachment do presidente por causa da pandemia e que o “caminho do PSDB é a oposição ao governo Bolsonaro, distante dos extremos”. FONTE: O ESTADÃO ************************************************
*** O crime artístico mais chocante do século 21: dois Van Gogh furtados em 3 minutos Andrew Graham-Dixon* BBC, Documentário "Stealing Van Gogh" 23 janeiro 2022 Autorretrato de Van Gogh con las dos obras robadas CRÉDITO,GETTY IMAGES Eram quase 8 horas da manhã do dia 7 de dezembro de 2002, um sábado. Estava frio, apenas 2°C, e quase não havia ninguém nas ruas do centro da capital holandesa. No bairro dos Museus, uma van parou. Dois homens descarregaram uma escada e colocaram algumas ferramentas em uma bolsa. Pareciam dois trabalhadores comuns. Eles encostaram a escada na parede, colocaram suas balaclavas e começaram a escalar um dos edifícios culturais mais conhecidos de Amsterdã, o Museu Van Gogh. Escondidos atrás de uma parede, eles usaram um par de marretas para abrir um buraco em uma das janelas de segurança reforçada da galeria, disparando o primeiro de uma série de alarmes. PUBLICIDADE Lá dentro, eles rapidamente olharam para as paredes e pegaram duas pinturas que estavam perto do buraco por onde haviam entrado, uma paisagem marinha e uma imagem de uma igreja, ambas do período inicial do pintor holandês Vincent van Gogh (1853-90), um dos artistas mais importantes da história. Pule Talvez também te interesse e continue lendo Talvez também te interesse 'La gran ola' dividida en planos 'A Grande Onda de Kanagawa': o curioso percurso da gravura até virar um ícone A woman walks past a graffiti in Mumbai. Municipal corporation is creating awareness about the dangers of spitting in public places through graffiti. A difícil batalha da Índia para conter hábito de cuspir em público em meio a pandemia Arthur Labinjo-Hughes Tortura e morte de menino de 6 anos por pai e madrasta chocam britânicos e levantam debate sobre serviços de proteção Garoto indonésio com pele pintada de prata anda entre carros em uma rodovia congestionada As imagens mais marcantes de 2021 Fim do Talvez também te interesse Isso acionou mais dois alarmes, enquanto o sistema interno de câmeras de vigilância os filmava. Um dos seguranças do museu entrou em contato com a polícia, mas ela chegou, estava de mãos atadas porque os regulamentos do museu não permitiam que ela enfrentasse os ladrões. Os assaltantes então colocaram as pinturas, ainda em suas molduras, em sua bolsa de ferramentas e escaparam por meio de uma corda que amarraram no início do assalto a um mastro na frente do prédio. A corda usada para a fuga, e o gorro que um dos assaltantes deixou para trás durante o furto Legenda da foto, A corda usada para a fuga, e o gorro que um dos assaltantes deixou para trás durante o furto Quando a polícia chegou, eles voltaram a se disfarçar de trabalhadores comuns e fugiram. Toda a operação durou apenas 3 minutos e 40 segundos. Mas por que furtar obras de um dos artistas mais famosos do mundo? A quem poderiam ser vendidas, sendo bens praticamente não comercializáveis? Por que alguém as compraria, se elas teriam que ser escondidas para sempre? Como as obras-primas podem ser salvas antes de serem perdidas para sempre? Qual foi a verdadeira história por trás do roubo de duas das pinturas mais pessoais e queridas de Van Gogh? O mais amado e o mais furtado Postal de Van Gogh CRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto, Van Gogh é um dos artistas mais populares do mundo hoje Van Gogh é um dos melhores entre os grandes artistas da história. Suas pinturas, em todas as suas formas, são populares com o público geração após geração. E um ímã para colecionadores de arte milionários ou bilionários. "Retrato do Dr. Gachet", por exemplo, foi vendido pela casa de leilões Christie's de Nova York em 1990 por US$ 82,5 milhões (quase R$ 900 milhões em valores atuais). "Retrato do doutor Gachet", pintado por Van Gogh em 1890 CRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto, "Retrato do doutor Gachet", pintado por Van Gogh em 1890 Quando obras de arte são negociadas por quantias desse patamar, não é de se admirar que o mercado de arte esteja repleto de trapaceiros, negociantes fraudulentos, falsificadores... e ladrões. E de todos os artistas cujas obras foram roubadas, Vincent van Gogh ocupa praticamente o primeiro lugar. Desde que os nazistas na Alemanha confiscaram pela primeira vez as pinturas de Van Gogh em 1937, mais de 40 de suas obras-primas foram roubadas em pelo menos 15 assaltos em galerias ao redor do mundo. Muitas acabaram sendo recuperadas, mas outras ainda estão desaparecidas. O ladrão Em Amsterdã, no assalto de 2002, logo teve início uma corrida para rastrear as pinturas roubadas do Museu Van Gogh antes que elas desaparecessem para sempre em alguma coleção privada. A polícia holandesa colocou um de seus principais detetives no caso: Bob Schagen. Seu instinto lhe disse que o furto tinha sido obra de ladrões profissionais. Mas os assaltantes, mesmo que o fossem, cometeram um erro crucial. Entre os restos da janela quebrada havia um boné, e abaixo, junto à corda, outro. "Havia DNA neles", relata Schagen. Gorro encontrado pela polícia tinha traços do DNA de um dos assaltantes Legenda da foto, Gorro encontrado pela polícia tinha traços do DNA de um dos assaltantes Pule Podcast e continue lendo Podcast BBC Lê BBC Lê A equipe da BBC News Brasil lê para você algumas de suas melhores reportagens Episódios Fim do Podcast A análise de DNA levou ao principal suspeito, Octave "Occy" Durham, um ladrão profissional. "Ele era conhecido por ser um ladrão muito bom. Sabíamos que ele era especializado em grandes roubos, então seguimos seu rastro." Depois de fugir para a Espanha, Occy Durham foi finalmente preso em dezembro de 2003 e levado de volta à Holanda. Não havia dúvida de que ele havia sido um dos ladrões das pinturas, mas ele se recusava a revelar onde as obras estavam. Uma das poucas maneiras de rastrear as obras era descobrir se os suspeitos de repente estavam com muito dinheiro e, em caso positivo, descobrir de onde ele tinha vindo. "Escutas telefônicas apontaram sinais de que eles venderam as pinturas rapidamente", disse o promotor holandês Willem Nijkerk. "Há uma intervenção telefónica datada de março de 2003, quando se fala num montante de 50 mil euros. E isso era apenas metade do que eles esperavam receber." Além disso, a polícia descobriu que eles estavam comprando relógios, carros, faziam viagens à cidade de Nova York, ao parque de diversões Disneyland Paris. "Pinóquio" Há evidências em uma escuta policial feita antes de Occy Durham ser preso, descrevendo a época em que ele vendeu as pinturas. Ele recebeu o dinheiro de um homem misterioso que se apresentava como Pinóquio em um clube famoso no centro da região de Old Amsterdam. Mas as autoridades não conseguiram encontrar ninguém com o pseudônimo "Pinóquio". Em maio de 2004, Occy Durham foi levado a julgamento pelo furto dos dois quadros. A amostra de DNA e as escutas telefônicas foram suficientes para sentenciá-lo a quatro anos e meio de prisão, além de uma indenização de 350 mil euros (quase R$ 3 milhões em valores atuais) ao Museu Van Gogh. Mas ele ainda se recusava a revelar quem estava com as obras. O juiz que emitiu sua sentença descreveu seu furto como um crime contra o patrimônio cultural holandês, referindo-se à arte como parte da alma da nação. Van Gogh Mas Van Gogh faz parte da alma de muitos. Por que continua a cativar tantas pessoas de diferentes origens em tantas partes do mundo? Talvez seja em parte porque ele traçou a agitação de sua própria alma perturbada com tanto brilho, tanta sutileza, tanta sensibilidade, que você não pode deixar de ser afetado por isso. Aqui, ele está tendo um bom dia. "Amendoeira em flor", de Vincent van Gogh, 1890 CRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto, "Amendoeira em flor", de Vincent van Gogh, 1890 Existem outras pinturas muito mais sombrias. E o fato de sabermos que sua vida terminou em estado de miséria é outra coisa que nos comove em relação a Van Gogh. Podemos sentir sua luta contra a escuridão em todos os momentos. Essa simplicidade, tragédia e beleza de sua vida fascinaram as pessoas desde que sua genialidade foi descoberta após sua morte. "Vincent van Gogh em seu leito de morte", 1890. Da coleção do Museu Van Gogh, Amsterdam CRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto, "Vincent van Gogh em seu leito de morte", 1890. Da coleção do Museu Van Gogh, Amsterdam As pinturas furtadas contam suas próprias histórias, e cada uma tem um significado especial na vida e obra de Van Gogh. Os ladrões provavelmente não sabiam, mas quando roubaram uma pequena paisagem marinha um pouco escura, estavam tomando uma parte muito importante da carreira de Van Gogh como artista, porque ele a pintou na segunda quinzena de agosto de 1882. Até então, ele só havia trabalhado em aquarela e lápis, mas seu irmão Theo o incentivou a pintar a óleo, e daquela vez ele finalmente seguiu o conselho. Ele comprou alguns tubos de tinta, uma nova invenção que permitia aos artistas saírem do estúdio, e foi para a praia de Scheveningen, no meio de um vendaval. O vento soprava com tanta força que toda vez que ele aplicava tinta, a areia se incrustava nela. Ele teve que raspá-lo e começar de novo. O resultado final foi esta imagem pequena, mas poderosa. "A praia de Scheveningen durante uma tempestade", Vincent van Gogh, 1882 CRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto, "A praia de Scheveningen durante uma tempestade", Vincent van Gogh, 1882 E como ele disse ao seu irmão… "Eu não posso acreditar que não tinha descoberto a pintura a óleo. Há uma espécie de infinito nisso. (...) Não consigo colocar em palavras. Sinto que a pintura está em minha medula, em meus próprios ossos." Desde aquele momento, Van Gogh sabia que estava destinado a ser pintor. É por isso que, quando essas duas obras foram furtadas, alguns tentaram se consolar dizendo: "Pelo menos não é uma de suas grandes obras-primas" Mas esta é uma peça maravilhosa, é a primeira vez que o vemos usando esse material, óleo, com que ele faria coisas tão mágicas. "Congregação deixando a igreja reformada em Nuenen", Vincent van Gogh 1884-1885 CRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto, "Congregação deixando a igreja reformada em Nuenen", Vincent van Gogh 1884-1885 A outra pintura roubada também foi de grande importância pessoal para Van Gogh e sua família, e uma pessoa foi particularmente afetada por seu desaparecimento. "Vincent não teve filhos. E seu irmão, Theo, foi a pessoa mais importante em sua vida. Theo é meu bisavô", diz Willem van Gogh. A obra "Congregação Deixando a Igreja Reformada em Nuenen" foi criada pelo artista para sua mãe no início de 1884. Mostra a igreja onde seu pai era pastor. "Seu pai morreu um ano depois, e Van Gogh quis homenageá-lo. Ele acrescentou todas aquelas figuras, pintadas com sombras, como se estivessem assistindo a um funeral, simbolicamente o de seu pai", diz o bisneto de Theo. Com o passar do tempo, sem encontrar as pinturas, Willem passou a temer o pior. "Pensei: 'Provavelmente nunca mais os verei novamente.'" O que fazer depois de um furto como esse? Como você faz para recuperar pinturas roubadas? Em 2005, em Hoorn, no norte da Holanda, 24 obras-primas holandesas foram levadas em um único assalto, arrancadas de suas molduras. Desapareceram por uma década. Mas algumas foram recuperadas repentinamente em 2016. Diretor do museu Westfries, Ad Geerdink, na entrega de pinturas recuperadas na Ucrânia, em 2016 CRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto, Diretor do museu Westfries, Ad Geerdink, na entrega de pinturas recuperadas na Ucrânia, em 2016 A história oferece uma visão assustadora e perturbadora do mundo obscuro do crime internacional de arte. "Não existem 'criminosos da arte', eles são simplesmente criminosos", diz Ad Geerdink, diretor do Museu Westfries, "Eles não se importam com o que estão roubando. Trataram muito mal as pinturas. Nós as recuperamos em condições muito, muito, muito ruins." Para eles, diz Geerdink, "as pinturas nada mais são do que mercadorias a serem comercializadas". Meras moedas de troca As artes furtadas foram negociadas várias vezes e acabaram na Ucrânia, nas mãos de senhores da guerra, oficiais de inteligência e altos funcionários do governo. "O mundo da arte e o mundo do crime estão muito mais intimamente relacionados do que a maioria das pessoas imagina", diz o investigador independente de crimes de arte Arthur Brand, que foi fundamental para trazê-las de volta. Detalhe de 'Nieuwstraat en Hoorn', 1784, de Izaak Ouwater, no estado deteriorado em que a obra foi devolvida ao museu Legenda da foto, Detalhe de 'Nieuwstraat en Hoorn', 1784, de Izaak Ouwater, no estado deteriorado em que a obra foi devolvida ao museu Mas como encontrar o que desapareceu? "O submundo do crime é muito pequeno. E eles fofocam o dia todo. Então, eventualmente, você consegue uma pista. A arte furtada passa de mão em mão muito rapidamente. As peças são usadas como notas para o comércio de armas e drogas." Qual é o seu valor nesse mundo? "O padrão é 10% do valor no mercado livre. Ou seja, se você roubar uma pintura no valor de US$ 10 milhões, pode usá-la como uma nota de 1 milhão de dólares." Esse uso de pinturas como moeda do mercado paralelo coloca a própria arte em grande risco. Dano em obra recuperada Legenda da foto, 'Criminosos não sabem que devem manter as obras em condições ótimas', lamenta especialista "Esses caras não têm ideia de como tratar as pinturas; eles as armazenam em algum lugar úmido e depois de alguns anos algumas delas se desfazem. Então, você não pode esperar 20 anos porque o risco é cada vez maior." Tic-tac Em Amsterdã, anos se passaram sem que ninguém soubesse das duas pinturas furtadas em 2002. "Nós nunca paramos de procurá-las. Mantivemos a esperança, por isso sempre investigamos todas as informações sobre seu paradeiro", disse Nijkerk. Na ausência de novas informações, a investigação em Amsterdã perdeu força. Mas em 2016 tudo mudou, graças a uma investigação discreta, mas persistente, em uma das cidades mais bonitas da Itália, que também tem o seu lado sombrio. O crime organizado atormenta a cidade de Nápoles há anos. A Camorra "é uma das maiores e mais antigas organizações criminosas da Itália, composta por uma série de facções muitas vezes violentamente concorrentes", disse Stefania Castaldi, uma das principais promotoras da região, que lidera a luta contra a organização. Em grande parte erradicada sob o líder fascista Benito Mussolini, a Camorra voltou ao poder durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), quando os militares dos EUA fizeram acordos secretos com chefes do crime para derrubar Mussolini. As atividades da Camorra incluem atualmente tráfico de drogas, despejo ilegal de lixo tóxico, lavagem de dinheiro, extorsão, prostituição, assassinato e comércio ocasional de arte roubada. E apenas alguns meses depois que os Van Gogh foram furtados, uma guerra brutal eclodiu em Nápoles entre diferentes facções da Camorra pelo controle do tráfico de drogas. Scampia, em Nápoles, Italia. CRÉDITO,AFP Legenda da foto, Bairro de Scampia, no subúrbio no norte de Nápoles, é conhecido como a fortaleza da Camorra No final, alguém acabou vitorioso... mas quem? Por meio de informantes, Castaldi apurou que Raffaele Imperiale, um napolitano que morava em Amsterdã, "era um dos maiores traficantes de drogas do mundo". Mas o que isso tem a ver com os Van Goghs roubados vendidos ao tal de Pinóquio em Amsterdã mais de 10 anos antes? A descoberta veio de uma fonte incomum: o próprio suspeito. Imperiale revelou tudo aos promotores italianos em uma confissão rara, escrita em 29 de agosto de 2016. Raffaele Imperiale Legenda da foto, Única foto conhecida de Rafael Imperiale, que, apesar de condenado, escapou para Dubai, país que não tem tratado de extradição com a Itália "Io, subscrito Raffaele Imperiale..." ("Eu, abaixo assinado Raffaele Imperiale, nascido em Castellammare di Stabia, declaro o seguinte"). Ele então entra em grandes detalhes sobre como entrou no negócio de drogas em Amsterdã na década de 1990 e quanto dinheiro ganhou. "Migliaia di chili di cocaina..." ("Milhares de quilos de cocaína foram vendidos"). E o que ele fez com esse dinheiro? Bem, no que diz respeito a esta história, a parte interessante vem no final do longo documento: no Anexo Um, na lista de seus bens pessoais que Imperiale estava disposto a entregar ao Estado. "Due quadri di Vincent van Gogh". ("Duas pinturas de Vincent van Gogh"). "Di valore inestimabile" ("Inestimável, que comprei em 2002, com recursos da organização, por cinco milhões de euros"). Raffaele Imperiale era Pinóquio. Arte por liberdade Mas por que ele disse que pagou 5 milhões de euros pelas pinturas quando os holandeses tinham certeza de que apenas 100 mil de euros haviam mudado de mãos? Afinal, em primeiro lugar, por que ele queria as pinturas? E por que ele confessou? Conteo de días CRÉDITO,GETTY IMAGES As respostas estão no próprio sistema jurídico italiano, em uma cláusula destinada a incentivar testemunhas a se manifestarem contra o crime organizado. Se eles fornecerem informações até então desconhecidas, explicou Castaldi, eles podem obter uma pena reduzida. Para Imperiale, algo tão valioso, não apenas para a Itália, mas para o mundo, como um par de pinturas de Van Gogh, poderia ser a última moeda de troca no acerto de contas final: o número de anos ele passaria atrás das grades. Isso resolve uma das questões com as quais começamos; nos dá o motivo do crime. No entanto, ainda havia uma pergunta: onde estavam as pinturas? Embora o pai de Imperiale nunca tenha participado das atividades criminosas de seu filho, nem tenha sido investigado, ele foi procurado pelos investigadores em sua residência. "E lá as encontramos, escondidas sob um piso falso na cozinha, envoltas em produtos de limpeza", relata o coronel Giovanni Salerno. Depois de quase 14 anos, as pinturas perdidas de Van Gogh reapareceram diante dos olhos do mundo no Museu Capodimonte, em Nápoles. Axel Ruger (centro), diretor do museu Van Gogh, posa ao lado das duas pinturas recuperadas. Nápoles, em 30 de setembro de 2016 CRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto, Axel Ruger (centro), diretor do museu Van Gogh, posa ao lado das duas pinturas recuperadas. Nápoles, em 30 de setembro de 2016 "Elas simbolizam a história de um milagre", disse Alex Ruger, diretor do Museu Van Gogh. "E também é uma questão de orgulho local e nacional aqui na Itália. Foi um golpe contra o crime organizado. Foi uma celebração em muitos níveis, com uma dimensão adicional, do bem contra o mal, e o bem venceu." Seis meses depois, as pinturas finalmente chegaram ao Museu Van Gogh, em Amsterdã. "Você pode imaginar como ficamos extremamente felizes e muito, muito emocionados por tê-las de volta em sua própria casa", exclamou Willem van Gogh. 'Jardim Paroquial de Nuenen na Primavera', furtado em março de 2020, se somou às 37 obras de arte de Van Gogh que foram furtadas desde 1937, sendo 3 delas 2 vezes, em 15 assaltos Legenda da foto, 'Jardim Paroquial de Nuenen na Primavera', furtado em março de 2020, se somou às 37 obras de arte de Van Gogh que foram furtadas desde 1937, sendo 3 delas 2 vezes, em 15 assaltos No fundo, era uma história sobre o sagrado e o profano. As ligações entre o mundo do crime e o da grande arte não devem nos surpreender, porque os criminosos não são ignorantes: eles sabem o quanto valorizamos as obras dos grandes pintores. Eles entendem que, se as possuírem, quando chegar a hora do julgamento final, poderão usá-las para ganhar alguns anos de liberdade. A própria natureza da transação significa que, em muitos casos, receberemos as pinturas de volta. Mas não é um processo fácil, e um pequeno golpe de sorte é sempre necessário. Se a promotora Stefania Castaldi não tivesse investigado a Camorra tão profundamente, ela nunca teria alcançado Imperiale e os Van Gogh. "Às vezes você vira uma esquina e encontra algo inesperado", diz Castaldi. "É por isso que você deve manter a fé e nunca desistir. Devemos amar e cuidar de nossa herança porque a beleza é algo que nos une a todos." *Este artigo é adaptado do documentário da BBC "Stealing Van Gogh" Línea Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal! Pule YouTube post, 1 Legenda do vídeo,Alerta: Conteúdo de terceiros pode conter publicidade Final de YouTube post, 1 Pule YouTube post, 2 Legenda do vídeo,Alerta: Conteúdo de terceiros pode conter publicidade Final de YouTube post, 2 Pule YouTube post, 3 Legenda do vídeo,Alerta: Conteúdo de terceiros pode conter publicidade Final de YouTube post, 3 Tópicos relacionados Justiça Itália Holanda Arte Cultura História Histórias relacionadas s Por que Van Gogh usava tanto amarelo em suas pinturas, segundo a ciência 19 novembro 2020 Ao ganhafato faltam o tórax e o estômago, o que levou o paleoentomólogo Michael Engel a concluir que o inseto estava morto quando foi parar no quadro O inesperado descobrimento de um gafanhoto morto imortalizado em um quadro de Van Gogh 10 novembro 2017 David Hockney, Woldgate Vista, 27 de julho de 2005 Como imagens da natureza podem nos dar alegria 22 junho 2021 Vincent van Gogh, autorretrato con venda en la oreja O que aconteceu na noite em que Van Gogh cortou a própria orelha? 5 janeiro 2019 Autorretrato de Van Gogh, de 1877, em Paris Fotpo Maurice Tromp, Van Gogh Museum, Amsterdã Pesquisador sugere 'verdadeira razão' pela qual Van Gogh teria cortado a própria orelha 2 novembro 2016 Pintura mostra moradores em região rural, com moinho de ventos ao fundo e uma casa simples. 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