Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 9 de janeiro de 2022
"Imponderável"
"A sorte está lançada" (Alea jacta est)
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Reflexão sobre o imponderável | ponderandoholambra
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CONJUNTURA, CENÁRIOS E VIESES DESEJOSOS
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domingo, 9 de janeiro de 2022
Paulo Fábio Dantas Neto*: Conjunturas e cenários: é bom não confundir
A jornalista Dora Kramer publicou, em sua coluna na Veja, um artigo (“A brisa e nós” – Veja, 08.01.2022) em que se opõe à mentalidade fatalista que tem prevalecido quando se faz análises realistas de conjuntura. É que dessas tem resultado, muitas vezes, a prospecção de um cenário para as eleições presidenciais confirmatório do quadro da competição sugerido, hoje, por diversas pesquisas de intenção de voto. Lula chegando lá, em razão de bloqueios irreversíveis à reeleição de Bolsonaro e de virtual inviabilidade eleitoral de outras opções é uma interpretação de momento capaz de formar um consenso razoável, desde que os tempos verbais não passem do gerúndio ao futuro. O artigo de Kramer articula, para contrastar convicções fatalistas, inúmeros fatos do passado a argumentos sobre a situação presente. A junção bem fundamentada de fatos e argumentos não basta, porém, para evitar que ela esbarre em muitos olhos e ouvidos pouco dispostos a sair da zona de conforto oferecida – como ela própria alerta - pela fabricação de uma profecia e, talvez, de uma realidade construída a partir dela.
Se assimilada de modo ligeiro, a argumentação da jornalista pode ser considerada como expressão de uma dada posição política. Dessa posição – não de “fatos” – resultariam possibilidades que ela continua vendo para a abertura de uma terceira via eleitoral. Esse repto caberia também à visão que venho expondo neste espaço há um ano. Por isso ao interceder em favor de que se preste atenção à dimensão analítica do artigo de Kramer estou simultaneamente defendendo um ponto de vista desta coluna.
Penso que é um erro supor que haja correspondência direta entre análise de conjuntura e análise de cenários possíveis. Embora conectados, os dois procedimentos analíticos são bem distintos e uma das principais distinções está no modo como cada um deles considera o papel da ação política. Na análise de conjuntura os atores têm peso morto, por assim dizer. O que fizeram ou deixaram de fazer é fato consumado, ou já em curso, que cabe simplesmente registrar, sem se esperar que possam ser alterados. Contra isso nada podem o desejo, as crenças, os valores, ou os raciocínios lógicos do analista. Na análise de cenários, muito pelo contrário, o que distingue a análise política de outras é a consideração primordial que ela precisa dispensar à incerteza própria da presença de diversos atores, com diferentes visões, propósitos e modos de agir, compondo cenas sequenciadas de um enredo de desfecho ignorado. A democracia só faz acentuar esse requerimento que se impõe a quem analisa cenários futuros de política. Num regime democrático – mesmo quando ele vigora numa sociedade com fraca cultura democrática – a imprudência analítica não está na admissão de múltiplas possibilidades alternativas e sim na escassez delas. Vaticínios antecipados são a morada mais comum de vieses desejosos.
A polarização entre Lula e Bolsonaro ocupa, na análise de cenários, o lugar nobre da hipótese mais provável. Isso decorre da sua até aqui sólida e indisputada evidência na análise de conjuntura. Cessam aí as certezas porque a cada momento a própria conjuntura, ao mudar, pode desafiar o evidente. Vejamos por exemplo o que ocorre com o problema sanitário. Vencida a difícil batalha pela aceleração e ampliação da vacinação - com mais uma exuberante demonstração de vitalidade do SUS e da nossa comunidade científica, do poder decisório resiliente de estados e municípios, da manutenção de certo ânimo do Senado em frear e contrapesar as manobras escapistas do Executivo, da capacidade de conscientização e mobilização da imprensa e do senso de participação de segmentos da sociedade civil - nove entre dez analistas previam, durante os últimos meses de 2021, que, aos poucos, esse assunto, satisfatoriamente encaminhado, passaria a lugar secundário na agenda político-eleitoral, cedendo a vez à crise econômica e social. Essa convicção foi se impondo de tal modo que minimizou os sinais emitidos pelo Ministério da Saúde de que permanecia na contramão desses esforços, assim como não se viu todas as implicações da defecção da Câmara dos Deputados. A maioria daquela Casa vem sendo justamente criticada, dos pontos de vista político e ético, pelas atitudes de baixo espírito público que assumiu em 2021, mas nem sempre foram devidamente avaliados os efeitos concretos desse déficit de liderança e mesmo de cooperação do Poder Legislativo no combate ao quadro sanitário. De freio e contrapeso ao Executivo, a Câmara, sob a batuta de Artur Lira, passou a elo central de uma coalizão reacionária cujo sentido, mais e antes que sustentar o presidente, é apropriar-se do governo, com outras prioridades.
Acontece que uma sucessão de eventos - interrupção do site do Ministério da Saúde, ação do mesmo Ministério para retardar e mesmo sabotar a vacinação infantil, erupção de surtos de gripe grave e de uma nova variante da Covid – está a gritar por reconsideração desse diagnóstico político. A análise de cenários, na nova conjuntura em que o ano de 2022 se inicia, passa a incluir a concreta possibilidade de que uma coalizão política tenha que se reunir para não se perder de novo o controle da peleja sanitária. Se após a reversão das ameaças golpistas de setembro, parecia ter se dado start numa campanha eleitoral de dinâmica centrífuga, com protagonistas definidos e partidos coadjuvantes resignados em lutar por mera sobrevivência política, podemos voltar agora a encarar a imperiosidade e conveniência políticas de alimentar um movimento centrípeto. Não que as crises econômica e social tenham perdido peso relativo na agenda, mas o agravamento da situação sanitária fixa nova conjuntura, pela gravidade sanitária em si e por se tornar, ela própria, um fator de aprofundamento das outras duas crises.
Se for razoável essa análise de conjuntura, estará dado um quadro geral que pode se constituir em baliza incontornável aos movimentos dos atores políticos. O efeito combinado de descontrole sanitário, da exacerbação da pobreza e da vulnerabilidade social, de deterioração dos indicadores e expectativas da economia e da desconstrução institucional do Estado (da qual a ocorrida na saúde pública, embora seja a mais dramática e abertamente criminosa, está longe de ser exceção), pode estar traçando grandes linhas sociais com potencial de imprimir, pelo seu caráter agudo e inexorável, novos rumos ao processo político-eleitoral. Essa compreensão desautoriza, por si mesma, a ideia de que o futuro, mesmo imediato, pode ser pensado a partir de “dados”. Ele depende do que virá, mais do que daquilo que há.
A quem se apresse a associar a interpretação acima a uma aposta no quanto pior melhor, respondo que o pior já foi evitado com as bem-sucedidas mobilizações política e civil contra a pandemia e o golpismo. O que não nos autoriza a considerar ambas as faturas liquidadas. Trouxe aqui à consideração uma delas, que mostra sua recalcitrância a quem não quer vendar os olhos. Deixo de lado a outra, a recalcitrância golpista, não por crê-la definitivamente arquivada, mas para que deixemos a cada dia a sua agonia.
O que se pode pensar, a partir dessa conjuntura tangível, como porção estável de cenários incertos, é que os atores políticos, nas várias arenas em que atuam (inclusive a pré-eleitoral), terão que levar em conta esses fatores designados, deles não tendo como escapar. Mas o espaço que se abre à iniciativa política é largo, pois tem como medida a incerteza intrínseca a esses processos “cegos”. Chicos e franciscos serão constrangidos por eles e flertará com o fracasso quem os ignorar ou sublimar. Mas chicos e franciscos não estão obrigados, por uma imaginária lei de ferro da política, a se comportarem previsivelmente. A política, por ter balizas num mundo que vai além dela, não está condenada a ser mero reflexo do social, ou de uma suposta “índole” dos seus atores. A inteligência da política não é reflexiva, mas inventiva, sem que invenção seja obra de uma razão que trafegue na contramão dos fatos. Esses contam e muito, mas há fatos e fatos. Os que equivalem, em importância, à inteligência política - e por isso podem orientá-la e cultivá-la - são aqueles que já se tornaram, de algum modo, uma tradição. Fatos como, por exemplo, o método da conciliação política e nossa vocação a ser um ocidente. Evidências conjunturais, ainda mais de conjunturas voláteis como as atuais, descumprem essa condição.
*Cientista político e professor da UFBa.
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domingo, 9 de janeiro de 2022
Míriam Leitão: A economia entra no debate
O Globo
Os candidatos a presidente terão que esclarecer suas propostas econômicas. Não será possível se esconder, até outubro, atrás de clichês, ambiguidades ou um economista-símbolo. Contudo, essa não é uma eleição sobre economia. O governo Bolsonaro é o horror. O horror. Ele ameaça a democracia, e todos os avanços conquistados através dela. Portanto, é disso que se trata: vamos ou não aceitar a continuidade da barbárie e da demolição do país. Na economia, Bolsonaro também erra. Os projetos de reformas são ruins, o modelo de privatização da Eletrobras cria distorções, e a tendência tem sido a da distribuição de privilégios aos grupos de interesse ligados ao presidente.
A “Folha de S.Paulo” deu a largada no debate econômico publicando artigos de economistas de candidatos. Apesar de o centro da eleição não ser a economia — mas sim a democracia e valores civilizatórios — é sempre através de uma economia estável e sólida que se sustenta qualquer bom projeto.
O ex-ministro Guido Mantega define a política econômica do PT como social-desenvolvimentismo, e a ela creditou todos os méritos. Os problemas que o Brasil vive seriam todos culpa do “neoliberalismo anacrônico”. Um dos problemas do artigo é a marcação do tempo. Para ele, os governos do PT vão de 2003 a 2014, tempo em que o país cresceu 3,5% ao ano e o desemprego caiu a 6%. O terrível ano de 2015 sumiu da História. Nele, o PIB caiu 3,5%, a inflação disparou e o desemprego subiu. Depois veio o ano de 2016 em que o partido ainda estava no poder até maio. Quem acompanhou aquele tempo sabe que erros sucessivos levaram ao desastre, que custou 7% do PIB. É cômodo apagar fatos da história, mas o correto seria explicar como foi que caímos no buraco econômico ao fim daquela administração.
O PT teve muitos méritos. E errou muito. Fez por anos a melhor política ambiental que o país já teve, mas fez Belo Monte, um elefante branco agressor da floresta e dos povos indígenas. Acumulou reservas cambiais que até hoje são a garantia do país nas crises internacionais, mas em nome do “desenvolvimentismo” privilegiou alguns grupos econômicos. Um partido de esquerda que eleva o volume de subsídios ao capital precisa repensar seus caminhos.
O economista Nelson Marconi escreve para explicar a posição do candidato Ciro Gomes. Não explica muito. As comparações com os países asiáticos são sempre tentadoras porque mostram o quanto eles avançaram e nós não. “Por aqui entregamos o nosso mercado interno de mão beijada, via moeda apreciada, aos produtores de outros países, sem expandir as exportações de manufaturados”, critica Marconi. Os países asiáticos integraram-se às cadeias globais de suprimento. E a proposta do pedetista parece ser a de fechar o país, depreciar o câmbio, e dar mais subsídios ainda aos produtores locais. Esse caminho dá errado.
Affonso Celso Pastore escreve sobre o pensamento econômico de Sergio Moro, do Podemos. Pastore vai além dos temas monetários, que sempre foram seu foco, avisa que o mundo “já abandonou o mito do estado mínimo” e diz que a “responsabilidade fiscal é apenas condição necessária”. Defende políticas de combate à pobreza e proteção ambiental. Elas são boas, só não parecem com o candidato. Moro aderiu a um governo que já entrou ofendendo os pobres e prometendo destruir o meio ambiente.
Henrique Meirelles representou o pensamento de João Dória. Meirelles esteve antes nos governos Lula e Temer. No texto, fica difícil saber como será possível atingir seus objetivos. Por exemplo, quando ele defende crescimento sustentado do emprego e da remuneração dos trabalhadores, do que ele está falando? O governo Temer promoveu uma reforma trabalhista prometendo criar mais emprego. Não criou.
O debate econômico entre os defensores da democracia será mais eficiente se cada grupo sair do seu gueto. Os liberais falam em “reformas” como se fosse uma palavra mágica. Algumas mais distorcem que consertam, como as do governo atual. O país precisará gastar mais para reconstruir o que foi demolido no estado brasileiro e incluir os mais pobres, mas os limites fiscais não são uma abstração. Há novos consensos se formando. Quem ficar prisioneiro de velhas convicções pode perder o melhor da conversa.
https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/01/miriam-leitao-economia-entra-no-debate.html#more
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domingo, 9 de janeiro de 2022
Luiz Carlos Azedo: É um erro imaginar que Bolsonaro não tenha um Plano B
Correio Braziliense / Estado de Minas
Desacreditar urnas e tumultuar processo eleitoral serão indicadores que o presidente da República não aceitará uma eventual derrota eleitoral, como Donald Trump nos EUA
Não estou entre os que acreditam que a alternativa golpista, para o presidente Jair Bolsonaro, se esgotou em 7 de setembro do ano passado, quando mobilizou todas as suas forças contra a urna eletrônica e confrontou o Supremo Tribunal Federal (STF), que viria a ser cercado por caminhoneiros. No dia seguinte, com as estradas bloqueadas e os caminhões na Esplanada, o presidente da República deu um cavalo de pau e mandou uma carta ao ministro do STF Alexandre de Moraes com juras à democracia, numa espécie de pedido de desculpas pelos ataques que havia feito ao ministro e outros integrantes da Corte, principalmente durante manifestação de seus partidários na Avenida Paulista, à qual compareceu. Naquela ocasião, a narrativa golpista havia atingido o seu clímax.
Há muitas versões sobre o que aconteceu naqueles dois dias, principalmente sobre as conversas entre Bolsonaro e o ex-presidente Michel Temer, que redigiu a carta, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, que segura a espada de Dâmocles sobre a cabeça dos bolsonaristas radicais envolvidos em ações contra a Corte.
Uma das versões é a de que o presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, havia ameaçado solicitar ao Exército uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em defesa do STF, o que teria consequências posteriores, pois isso, obviamente, caracterizaria ato de sedição liderado pelo próprio presidente Bolsonaro.
Sabemos que o Comando Militar do Planalto estava de prontidão, com oito mil homens mobilizados para intervir, caso fosse preciso. Seu estado-maior monitorava não somente a manifestação, como a própria atuação da Polícia Militar do Distrito Federal, que, no primeiro momento, havia permitido que os manifestantes rompessem a barreira instalada no Eixo Monumental e avançassem pela Esplanada dos Ministérios, em direção à Praça dos Três Poderes.
Por vários meios e interlocutores, na semana anterior, oficiais de alta patente fizeram chegar às redações o recado de que não havia a menor possibilidade de envolvimento das Forças Armadas em qualquer tentativa de golpe de estado. A narrativa era de que os comandantes militares cumpririam com seus deveres constitucionais e que a democracia brasileira tem instituições fortes e consolidadas.
Havia um esforço para desfazer a péssima impressão deixada pelo desfile de carros blindados e anfíbios da Marinha na Esplanada, em 10 de agosto, um espetáculo que revelou o sucateamento dos equipamentos do seu Corpo de Fuzileiros Navais e acabou ridicularizado.
O descolamento das Forças Armadas dos arroubos autoritários de Bolsonaro não deixa de ser alvissareiro, mas ninguém se iluda. O presidente da República já trocou os comandantes das Forças Armadas e pode voltar a fazê-lo, antes das eleições, se estiver disposto a adotar um plano B diante de uma derrota eleitoral inevitável. É flagrante a fricção entre a orientação de Bolsonaro e a do comandante do Exército, general Paulo Sérgio, em relação à obrigatoriedade da vacina e outros protocolos contra a Covid-19, por exemplo.
Plano B
Em artigo recente, na Veja, o jornalista José Casado destacou que o ministro da Defesa, general Braga Neto, principal aliado de Bolsonaro no meio militar, por orientação do Presidente da República, fizera questionamentos formais à segurança das urnas eletrônicas junto ao TSE. Ou seja, a disposição de não aceitar um resultado eleitoral desfavorável continua existindo. Não por acaso, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Barroso, convidou o ex-ministro da Defesa Fernando de Azevedo e Silva para assumir a Secretaria Geral da Justiça Eleitoral e comandar a logística de realização das eleições de outubro próximo.
No 7 de setembro, as manifestações realizadas na Esplanada, em Brasília, e na Avenida Paulista, demonstraram o enorme poder de mobilização de Bolsonaro. Nada impede que isso se repita. Sua capacidade de atuação nas redes sociais para construção de uma narrativa golpista permanece intacta, as fake news nas redes sociais continuam, inclusive com ataques ao Supremo. Mesmo com o governo mal avaliado e alto índice de rejeição nas pesquisas de opinião, Bolsonaro tem uma sua base eleitoral coesa e resiliente, além de militantes armados, dispostos a lutar para mantê-lo no poder, recorrendo à força, se preciso.
É um erro imaginar que Bolsonaro não tenha um Plano B, caso a derrota eleitoral seja inevitável por antecipação. Desacreditar a urna eletrônica e tumultuar o processo eleitoral serão indicadores de que não está disposto a aceitá-la, a exemplo do que fez o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, um ano atrás. Felizmente, os demais candidatos à Presidência não endossam esse questionamento. Todos defendem a urna eletrônica.
https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/01/luiz-carlos-azedo-e-um-erro-imaginar.html
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domingo, 9 de janeiro de 2022
Pedro S. Malan* - A história não se repete, mas ensina
O Estado de S. Paulo.
Estamos aprendendo que, na política, é preciso ir além do enunciado de objetivos meritórios, que não suscitam divergência maior
“Mais do mesmo?”. Foi este, com a interrogação para expressar certo espanto, o título de artigo que publiquei neste espaço em junho de 2014, quatro meses antes das eleições presidenciais nas quais Dilma concorria a um segundo mandato.
Havia sido eleita em 2010, escolhida por Lula, que assim a apresentou em longa e imperdível entrevista ao jornal Valor Econômico (17/9/2009): “Hoje, com sete anos de convivência, não conheço ninguém que tenha a capacidade gerencial da Dilma”. Aquele artigo de 2014 dizia: “É bem possível que a máquina de propaganda do governo (...) convença mais da metade dos eleitores de que eles devem votar de olhos postos nas ‘conquistas’, que seriam – todas – ‘dos últimos 12 anos’ e que ‘eles’ (quaisquer oposições) iriam destruí-las se eleitos fossem. É lamentável, pela mentira, desfaçatez e hipocrisia, mas alguns dirão: ‘Isso é do jogo simbólico da política’. (...) O que realmente importa é que problemas de curto, médio e longo prazos estão levando a esta preocupante combinação (...) de muito baixo crescimento e relativamente alta inflação. (...) E mais: esses problemas terão de ser enfrentados depois de outubro, qualquer que seja o resultado das urnas. Ao que tudo indica, o discurso do ‘mais do mesmo’ tem prazo de validade estampado no rótulo”.
Não surpreende que Lula prefira falar de seus oito anos que do período completo do lulopetismo no poder. Sabe que Dilma não é grande ativo político e conhece, claro, sua responsabilidade pela escolha da sucessora.
Mas nem Lula nem Bolsonaro poderão se referir apenas ao que chamarão de “conquistas” de seus respectivos governos. Ambos, assim como os demais candidatos, precisam discutir sua visão de futuro. Em particular, as dificuldades de gestão do País no quadriênio 2023-2026.
Assim como Dilma em 2014, Bolsonaro – ou alguns de seu círculo mais próximo – sabe que o presidencialismo de confrontação tem prazo de validade, cujo limite foi testado nas intensas preparações para o 7 de setembro de 2021. A despeito da grande mobilização de fiéis seguidores, Bolsonaro foi obrigado a recuar de seus planos. Mas, aparentemente, Trump, que pode voltar em 2024, continua sendo sua fonte inspiradora.
Após três anos completos, parcela expressiva da opinião pública deve ser capaz de avaliar o que tem sido o governo Bolsonaro, o que se pode esperar deste último ano de mandato e, muito mais importante, o que seriam mais quatro anos de “mais do mesmo”.
Alguém consegue imaginar um Bolsonaro repaginado por marqueteiros políticos, como Lula em 2002? Ou três anos já teriam demonstrado os perigos e riscos da continuidade de seu estilo de governar? Mais quatro anos do mesmo seriam agravar a já precária situação econômica, político-institucional e social em que nos encontramos. Para ela são determinantes a falta de coordenação e articulação no âmbito do Executivo federal e a disfuncionalidade de sua relação com os demais Poderes e com a sociedade em geral; e a incapacidade de conceber e implementar políticas públicas de Estado dignas deste nome, em áreas-chave para definir o futuro do País – como educação, saúde, segurança, ciência e tecnologia, cultura, relações internacionais e meio ambiente.
Todos os candidatos à Presidência, Lula inclusive, deveriam indicar com clareza como veem os principais problemas do País e apontar diagnóstico e prioridades de ações de governo. Há gente competente no Brasil a ser mobilizada para tal.
Sabemos que, em política, é fundamental manter sempre viva a chama da esperança em dias melhores para todos. Que isso é feito, tipicamente, por meio de discursos que enfatizam promessas e compromissos de mudanças. Mas é também verdade que estamos, governo e sociedade, aprendendo que é preciso ir além do enunciado de objetivos meritórios, formulados genericamente, que não suscitam divergência maior. A discussão relevante é sobre como avançar, de forma eficaz, no encaminhamento prático de soluções para nossos inúmeros e inegáveis problemas, que demandarão tempo, esforço, energia, dedicação e competência para as articulações técnicas e políticas necessárias.
Fazer um bom governo é, em última análise, assegurar o aumento da eficiência dos gastos, das ações e políticas governamentais, em particular nas áreas social, regulatória, de segurança e econômica. E, com isso, contribuir para a redução das incertezas que afetam o ânimo empresarial, a confiança dos consumidores e poupadores e as expectativas sobre o País e seu futuro.
Não prestam serviço ao País aqueles que o dividem de maneira simplória e maniqueísta entre um vago “nós” e um não menos vago “eles”, recurso retórico destinado a incendiar a militância nas redes sociais que, no entanto, em nada contribui para a elevação da qualidade do debate e a clareza da opinião pública.
Toda sociedade precisa ter alguma consciência social de seu passado, algum entendimento do presente como história e um mínimo de senso de perspectiva. Mesmo quando sabemos que o que realmente importa é sempre o incerto futuro – e que a história nunca se repete, com frequência ensina... e nunca deve ser esquecida.
*Economista, foi ministro da fazenda no governo FHC.
https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/01/pedro-s-malan-historia-nao-se-repete.html
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sábado, 8 de janeiro de 2022
Dora Kramer: Nós e a brisa
Revista Veja
Vaticínios sobre a inviabilidade da chamada terceira via são feitos sem que se dê a esse caminho ao menos o benefício da dúvida
Três ideias rondam o ambiente político neste início do ano eleitoral de 2022: Luiz Inácio da Silva voltará à Presidência, Jair Bolsonaro lançará mão de ilegalidades para resistir à derrota e nenhuma alternativa a tal cenário é possível. Fala-se disso como se o inesperado não pudesse nos fazer uma surpresa, conforme descrito por Johnny Alf em Eu e a Brisa, nos idos de 1967.
Pois no imprevisível junto às artes do acidental é que residem a graça e a essência de uma eleição sob as regras da democracia, onde o que vale é a vontade de milhões de pessoas envolvidas num processo que só acaba quando termina.
Portanto, aos arautos das convicções inamovíveis conviria flexibilizar as respectivas mentes de modo a não se tornarem reféns de profecias que se autorrealizam.
De algum modo já vivemos isso desde quando forças políticas começaram a se mobilizar em torno de outra hipótese que não a repetição de velhos erros. De de lá para cá, o que se vê são vaticínios sobre a inviabilidade da chamada terceira via.
Isso sem que se dê a esse caminho ao menos o benefício da dúvida. Uma chance real, não meramente retórica, expressa em frases do tipo “…caso subam nas pesquisas” acompanhadas de toda sorte de desqualificações porque ninguém ainda foi capaz de ameaçar a dianteira de Lula e Bolsonaro. A oito meses da eleição.
A essa altura, Fernando Henrique hesitava em deixar o Ministério da Fazenda, Fernando Collor era nanico nas pesquisas e Jair Bolsonaro, tratado como cavalo paraguaio atolado em chuva de verão. Lula esteve no pódio três vezes antes de sagrar-se campeão, a reeleição de Dilma Rousseff foi dada como perdida, Marina Silva vista como a grande possibilidade da estação, e por aí vão os exemplos sem nos esquecermos de uma arrancada de Ciro Gomes e da repentina derrocada de Roseana Sarney. Tudo isso a meses de cada uma daquelas eleições.
Cabe lançar dúvida também sobre o forrobodó institucional que Bolsonaro estaria preparando para evitar deixar o Palácio do Planalto. Primeiro, porque não está fora de questão uma desistência. Do Palácio, não do Planalto, candidatando-se a outro cargo a fim de não perder o foro privilegiado. Para isso, contudo, precisaria se desincompatibilizar da Presidência até abril, deixando Hamilton Mourão por seis meses no cargo. Impossível não é, mas improvável.
Em segundo lugar, o fracasso das investidas antidemocráticas torna lícito duvidar do êxito de ações ao modo de Donald Trump no fatídico janeiro de 2021. Se Bolsonaro precisou acomodar sua viola na sacola da moderação pós-7 de setembro, quando ainda dispunha de um ano de mandato pela frente, não será derrotado que terá apoio para tentar melar o resultado.
Por último, vamos ao primeiro: Lula. O ex-presidente em sua espetacular marca de campeão absoluto nas pesquisas tornou-se estuário não apenas dos votos de seus admiradores, mas de toda sorte de expectativas embaladas no critério único de que vale qualquer coisa para impedir a reeleição do atual presidente.
Até mesmo deixar de lado a busca de uma melhor solução para optar pela parte do problema. Ou Jair Bolsonaro não é fruto dos desmandos do PT? Ou não foi eleito na batida da tecla da escolha do “menos pior”, que, na visão de um grande contingente de eleitores, seria a volta dos salvados dos funis do mensalão, do petrolão, do populismo na economia e da vocação para açambarcar o poder de modo hegemônico?
Não parece racional o país eleger Lula para fugir de Bolsonaro, que foi eleito para evitar o PT. Volta-se ao ponto inicial e não se avança no jogo. É preciso alguma clareza. A respeito do fato de Lula e companhia não acharem que fizeram nada de errado.
As pessoas lembram dos feitos, relevam os malfeitos e não se perguntam, por exemplo, como o Lula de novo presidente conduziria suas relações com o Congresso. Comprando outra vez na base da mesada? Os contratos com fornecedores e prestadores de serviço seguiriam na mesma linha, dado que na concepção do PT os escândalos foram fruto de ficção persecutória e, portanto, a tendência é a repetição.
Concorrer na seara de Lula e Bolsonaro é tarefa difícil. Mas não impossível se houver boa vontade para aceitar que uma pessoa normal no Planalto já é bem melhor que locatários do Palácio adeptos da teatralidade, da flexibilidade moral, da intimidade com a mentira, do sectarismo intenso e da aversão ao contraditório. Para dizer o mínimo.
https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/01/dora-kramer-nos-e-brisa.html
Publicado em VEJA de 12 de janeiro de 2022, edição nº 2771
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domingo, 9 de janeiro de 2022
Cristovam Buarque*: Partido de todos
Blog do Noblat / Metrópoles
Os democratas que não querem o PT precisam perder seus preconceitos contra Lula, os petistas e Lula precisam perder a arrogância
A falta de renovação fez com que, em 2022, haja um candidato que, em 1989, disputou a primeira eleição direta depois do golpe de 1964; e faz com que nem ele nem os outros candidatos estejam representando propostas novas para o Brasil do futuro, levando em conta as especificidades de nossos problemas na realidade do mundo contemporâneo; alguns são tão internacionalistas que não levam em conta nossas especificidades, outros tão nacionalistas que não consideram a realidade do mundo. Seria melhor que novas lideranças, partidos e discursos tivessem surgido e se afirmado no eleitorado, mas não surgiram ainda e felizmente Lula e o PT sobreviveram com força no eleitorado, para participarem da luta democrática contra a tragédia da reeleição de Bolsonaro.
Para isto, Lula precisa perceber que os propósitos da eleição de 2022 são diferentes de 1989, que não é hora de fortalecer o PT, é hora de salvar a democracia. Mais do que buscar sua eleição e fortalecer seu partido, colocar-se como parte do esforço político para barrar a continuidade da tragédia histórica que nos empobrece internamente e isola internacionalmente.
Lembrar que em 2018 seu candidato perdeu devido ao voto nulo de milhões de eleitores que não queriam Bolsonaro, mas rejeitavam o PT. Esta rejeição pode se ampliar, em 2022, por efeito da disputa no primeiro turno. Para evitar a rejeição e o voto nulo, precisa reconhecer as dúvidas e descontentamentos que ainda pesam sobre o PT.
A população já sabe que, pessoalmente, Lula foi condenado em julgamentos sob suspeição de parcialidade, mas o PT precisa parar o negacionismo de que não houve corrupção em seu governo. Malas apreendidas com reais e dólares em contas na Suíça são mais visíveis do que a redondeza da Terra. E dizer como agirá para que isto não se repita. Até o seu negacionismo, em 2008, ignorando a crise mundial, que chamou de “marolinha”, Lula fez um governo com responsabilidade fiscal, mas as falas de assessores ao seu redor permitem temer o negacionismo como doutrina para política econômica irresponsável, com todas as consequências da falta de credibilidade na economia e o sacrifício das camadas pobres, por causa da inflação.
O PT e Lula precisam parar de repudiar os votos de milhões de eleitores descontentes com Bolsonaro, mas considerados golpistas, por terem ido às ruas entre 2013 e 2015 manifestando descontentamento e pedindo o impeachment de um governo do PT. Eles temem que, no poder, Lula reprima manifestações por serem consideradas golpistas. Lula precisa se afastar dos discursos de apoio a regimes autoritários e de sugestões de controle da mídia. Deixar de falar para agradar o grupo a seu redor e falar para o Brasil. Perceber que os sindicatos representam a parte moderna dos trabalhadores, mas não aos pobres; que o interesse das estatais e seus empregados não é sinônimo dos interesses do povo. Libertar-se do discurso nostálgico e obsoleto de tempos passados e defender reformas fundamentais para o Brasil do futuro, para os interesses das novas gerações e dos pobres, no mundo que está surgindo.
Precisa ter a grandeza de perceber que 2022 não é apenas mais uma eleição política para o PT bencer, é uma encruzilhada histórica para a democracia atravessar. Está em jogo mais do que chegar outra vez ao poder, é hora de ser parte do grande movimento de garantia da democracia, enfrentamento da tragédia social, atraso da economia e degradação ambiental, em uma grande aliança de todos os democratas.
Deve ser o partido não apenas dos trabalhadores, mas o partido de todos, amplo, aberto e confiável. Caso contrário, o Brasil corre o risco de outra vez vencer a tragédia, ou vencer o PT restrito, fechado, capaz de ganhar a eleição, mas incapaz de tirar o país do abismo.
Os democratas que não querem o PT precisam perder seus preconceitos contra Lula, os petistas e Lula precisam perder a arrogância de que vencem sozinhos, governam sozinhos, guiados por suas doutrinas, ideias e propostas muitas delas obsoletas, de uma realidade passada, algumas tão negacionistas quanto as de Bolsonaro. Em 1985, o PT optou pelo voto nulo, em vez de se unir aos democratas contra a continuidade da ditadura, seus votos eram poucos e não fizeram falta, agora sua força será decisiva entre barrar ou deixar continuar a tragédia Bolsonaro.
O Brasil precisa que os democratas de hoje não imitem o PT de 40 anos atrás, que desta vez nenhum democrata vote nulo, levando a continuidade do abismo atual. Isto depende mais do Lula e do PT, do que dos eleitores de hoje. Lula e o PT precisam parar de incentivar voto nulo, em reação aos seus discursos isolacionistas e negacionistas.
*Cristovam Buarque é ex-senador pelo Distrito Federal, professor da Universidade de Brasília (Unb)
https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/01/cristovam-buarque-partido-de-todos.html
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Fábio assumiu articulações políticas do governismo e surpreendeu com o "imponderável" (Foto: Canindé Soares)
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https://blogcarlossantos.com.br/o-sobrenatural-de-almeida-anda-por-ai/
Eu E A Brisa
Johnny Alf
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F7+ A#-6b F7+
Ah! se a juventude que esta brisa canta
Cm7 F7/9- A#7+
Ficasse aqui comigo mais um pouco
Dm7 G7/9- C7+
Eu poderia esquecer a dor
Gm7 F7+
De ser tão só prá ser um sonho
A#-6b F7+
Dai então quem sabe alguém chegasse
Cm7 F7/9- A#7+
Buscando um sonho em forma de desejo
Dm7 G7/9- Em7 Am7/9 Am Am7+ Am
Felicidade então prá nós seria
F7+ Bm7 E7 Am Am7b
E , depois que a tarde nos trouxesse a lua
Am6b B7/9+ Em Em7
Se o amor chegasse eu não resistiria
C#7/9+ F#7 Bm Bm7b G7 C7
E a madrugada acalentaria a nossa paz
F7+ A#-6b F7+
Fica, oh brisa fica pois talvez quem sabe
Cm7 F7/9- A#7+
O inesperado faça uma surpresa
Dm7 G7/9- C7+
E traga alguém que queira te escutar
Gm7 F7+ (A7+)
E junto a mim queira ficar
álbum
Johnny Alf - Johnny Alf
Gravadora: Rozenblit
Ano: 2014
Faixa: 13
https://www.kboing.com.br/johnny-alf/eu-e-a-brisa/
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Evento de ministro com foragido do STF nos EUA teve falas extremistas
Ministro das Comunicações, Fábio Faria prestigiou Allan dos Santos, ativista foragido do STF
Lucas Marchesini
Eduardo Barretto
08/01/2022 18:45,atualizado 08/01/2022 18:45
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Allan dos Santos e Fabio FariaReprodução/Youtube
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O evento nos Estados Unidos que uniu o ministro das Comunicações, Fábio Faria, e Allan dos Santos, ativista bolsonarista foragido da Justiça e alvo de um pedido de extradição do STF, foi recheado de falas extremistas. Nesta sexta-feira (7/1), ao lado do ministro de Jair Bolsonaro, Allan ligou “comunistas” a satanismo e narcotráfico.
Na igreja evangélica Lagoinha em Orlando, nos Estados Unidos, disse Allan dos Santos, ligado a Eduardo Bolsonaro: os comunistas são um grupo hierárquico “satanista ligado ao narcotráfico e que precisa usar a corrupção como meio, não como fim”. Do outro lado, teorizou o ativista foragido do STF, estão “as pessoas normais”, que se opõem à esquerda. Em seguida, Allan virou-se para Fábio Faria.
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“Fábio Faria é uma pessoa normal. Você está dentro de algum grupo hierárquico?”, perguntou ao ministro de Bolsonaro, que de pronto respondeu que não com a cabeça.
Quando discursou no evento de políticos bolsonaristas na igreja que pedia doações em Pix ao vivo, o ministro defendeu que igreja “não é para a política”. “Acho que a minha vida na igreja é para mim, para a minha família, não é para a política. Inclusive nem gosto disso porque parece que você está usando da religião para se beneficiar na política”.
Além de ter sido acusado formalmente pela CPI da Pandemia de cometer incitação ao crime ao disseminar fake news sobre a Covid, Allan dos Santos foi alvo de um mandato de prisão no Brasil em outubro, por decisão do Supremo. Se vier ao país, deve ser preso. O militante não pode ser detido nos EUA enquanto a Interpol não incluir seu nome na lista vermelha.
O STF aguarda essa medida há três meses. A tramitação desse pedido no Ministério da Justiça levou à demissão da chefe do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI), a delegada Silvia Amelia.
O órgão, responsável por encaminhar burocraticamente pedidos de extradição, continua acéfalo até hoje. Amigo da família Bolsonaro, o secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, mudou o fluxo na pasta e exigiu que todos os pedidos de extradição passem por ele.
https://www.metropoles.com/colunas/guilherme-amado/evento-de-ministro-com-foragido-do-stf-nos-eua-teve-falas-extremistas
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Cacá Diegues: O canto livre de Nara Leão
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