Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
terça-feira, 25 de janeiro de 2022
[O vazio que atravessa]
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[O vazio que atravessa] - trailer
67 visualizações15 de dez. de 2021
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Fernando Moreira
321 inscritos
Sinopse:
Transpassadas pela ganância, duzentas e setenta e duas pessoas foram soterradas pelos rejeitos de minério da companhia Vale em Brumadinho (MG) em 2019. O vazio que agora acompanha os que ficaram jamais será preenchido. Este filme-homenagem é dedicado às vítimas da mineração irresponsável que permanece cobrando seu preço com sangue e devastação.
Ficha técnica:
curta-metragem documental, cor, 2021.
Produção, direção, entrevistas, roteiro: Fernando Moreira.
Edição de imagens e finalização: Sonia Cristina.
Colorista: Caio Antônio.
Música original: Gustavo Bonin, Alex Buck e Gabriel Marin.
Câmera: Gabriela Di Bella e Fernando Moreira.
https://www.youtube.com/watch?v=zCNF_aI2bGo
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Cristina Serra: Brumadinho, crime e impunidade
Folha de S. Paulo
Livro e documentário abordam a tragédia de 2019 em Minas Gerais
Com atraso, li a obra "Brumadinho - a engenharia de um crime" (editora Letramento), dos jornalistas Lucas Ragazzi e Murilo Rocha, que está sendo relançada no momento em que o desastre completa três anos. O livro traz uma impressionante reconstituição dos fatores que levaram ao desmoronamento da barragem da Vale, que matou 272 pessoas e poluiu o rio Paraopeba.
Tanto quanto o colapso do reservatório da Samarco, em Mariana (19 mortos e o rio Doce contaminado), o rompimento em Brumadinho era uma tragédia anunciada. No caso da barragem da Vale, o livro mostra que a empresa sabia dos riscos e não tomou as medidas adequadas porque teria que paralisar atividades no local e interromper ganhos. Ao agir assim, a mineradora escreveu uma sentença de morte contra os trabalhadores, os moradores das redondezas e todos os que tiveram a infelicidade de estar ao alcance da lama em 25 de janeiro de 2019.
Com tudo o que se sabe sobre o caso, é doído fazer algumas perguntas: por que uma das maiores mineradoras do mundo construiu um refeitório e os escritórios no pé da barragem, contrariando o simples bom senso? Por que a empresa não levou em conta alertas de especialistas? Por que os órgãos de fiscalização não cumpriram o seu papel? Por que estes se dobraram ao poder da Vale?
E, finalmente, por que o Judiciário brasileiro não foi capaz, até agora, de julgar os responsáveis? As respostas a essas questões tão elementares preenchem de dor, sofrimento e revolta a vida dos que perderam amores e amigos na voragem da lama mineral, tão violenta que até hoje não foi encontrado nenhum vestígio de seis vítimas.
Sobre essa dor, cortante como lâmina, recomendo o premiado documentário do jornalista Fernando Moreira, "[O vazio que atravessa]", que estará disponível gratuitamente nos dias 26 e 27 de janeiro (amanhã e quarta) em mostratiradentes.com.br.
De um ponto de vista delicado e intimista, o filme reverbera o clamor das vítimas contra a impunidade.
https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/01/cristina-serra-brumadinho-crime-e.html
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TEXTO 2
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UMA CATÁSTROFE PROGRAMADA
BANCO DE REDAÇÕES
Tema: Enchentes: quais são suas causas e como preveni-las?
Redação enviada em 22/01/2014
Em 1966, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu a crônica “os dias escuros”, onde quando ele presenciou um cenário de horror durante o verão no Rio de Janeiro: enchentes destruidoras causaram prejuízos econômicos, destruíram casas, ruas e levaram consigo muitas vidas. Tal cenário, infelizmente, foi apenas mais um, que continua a aparecer durante todo o verão brasileiro, mesmo após se passar mais de 40 anos dessa crônica. Essa situação é um retrato de uma política sem planejamento e coberta por uma “enchente de medidas paliativas”.
As causas dessa catástrofe são apontadas há décadas por vários especialistas, e não tem a chuva como a principal culpada por tais destruições, mas sim a interação humana no espaço: ocupação desordenada nas cidades, construção de casas em encostas, além do desmatamento nos leitos dos rios são apenas alguns dos motivos das enchentes periódicas no Brasil.
No entanto, há soluções para essa “tragédia programada” e isso se encontra no planejamento. Não precisamos de medidas paliativas, como acontecem todos os anos após cessar o limiar das destruições. Os cidadãos precisam de grupos de especialistas que pesquisem e planejem os locais que podem, realmente, ser ocupados. Precisamos de fiscalização, para que não haja entupimento de bueiros. Além disso, deveria ser compromisso do poder público oferecer moradias adequadas e em locais devidos aos cidadãos de menor poder aquisitivo.
Diante do exposto acima, podemos salientar que existem muitas formas de prevenir essas enchentes nas cidades brasileiras. Basta apenas que o poder público se engaje em um melhor planejamento urbano. Enquanto isso não ocorre, esperamos quais serão as cidades mais afetadas pelo poder das águas em 2014.
Comentários do corretor
Excelente texto!! Bons exemplos, ideias claras e bem desenvolvidas, citação coerente com o tema. Parabéns! Continue exercitando sua escrita!
Competências avaliadas
Item Nota
Adequação ao Tema Avalia se o texto consegue explorar as possibilidades de ideias que o tema favorece. Como no vestibular, a redação que foge ao tema é zerada. 2.0
Adequação e Leitura Crítica da Coletânea Avalia se o texto consegue perceber os pressupostos da coletânea, assim como fazer relação entre os pontos de vista apresentados e outras fontes de referência. 2.0
Adequação ao Gênero Textual Avalia se o texto emprega de forma adequada as características do gênero textual e se consegue utilizá-las de forma consciente e enriquecedora a serviço do projeto de texto. 2.0
Adequação à modalidade padrão da língua Avalia se o texto possui competência na modalidade escrita. Dessa forma, verifica o domínio morfológico, sintético, semântico e ortográfico. 1.5
Coesão e Coerência Avalia se o texto possui domínio dos processos de predicação, construção frasal, paragrafação e vocabulário. Além da correta utilização dos sinais de pontuação e dos elementos de articulação textual. 2.0
NOTA FINAL: 9.5
Saiba como é feito a classificação da notas
0.0 - Ruim 0.5 - Fraco 1.0 - Bom 1.5 - Muito bom 2.0 - Excelente
https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/banco-de-redacoes/7420
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TEXTO 3
Coloque-se na posição de um articulista
que, ao fazer uma pesquisa sobre as recentes
catástrofes ocorridas em função das chuvas que afetaram o Brasil a partir do final
de 2009, encontra a crônica de Drummond,
publicada em 1966, e decide dialogar com ela
em um artigo jornalístico opinativo para
uma série especial sobre cidades, publicada
em revista de grande circulação. Nesse artigo
você, necessariamente, deverá:
a) relacionar três (3) problemas enfrentados
recentemente pelas cidades brasileiras em
função das chuvas com aqueles trabalhados
na crônica;
b) mostrar em que medida concorda com a visão do cronista sobre a questão.
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Os dias escuros
Carlos Drummond de Andrade
Amanheceu um dia sem luz – mais um – e há
um grande silêncio na rua. Chego à janela e
não vejo as figuras habituais dos primeiros
trabalhadores. A cidade, ensopada de chuva,
parece que desistiu de viver. Só a chuva mantém constante seu movimento entre monótono e nervoso. É hora de escrever, e não sinto
a menor vontade de fazê-lo. Não que falte assunto. O assunto aí está, molhando, ensopando os morros, as casas, as pistas, as pessoas,
a alma de todos nós. Barracos que se desmancham como armações de baralho e, por
baixo de seus restos, mortos, mortos, mortos.
Sobreviventes mariscando na lama, à pesquisa de mortos e de pobres objetos amassados.
Depósito de gente no chão das escolas, e toda
essa gente precisando de colchão, roupa de
corpo, comida, medicamento. O calhau solto
que fez parar a adutora. Ruas que deixam de
ser ruas, porque não dão mais passagem.
Carros submersos, aviões e ônibus interestaduais paralisados, corrida a mercearias e supermercados como em dia de revolução. O desabamento que acaba de acontecer e os desabamentos programados para daqui a poucos
instantes.
Este, o Rio que tenho diante dos olhos, e, se
não saio à rua, nem por isso a imagem é menos ostensiva, pois a televisão traz para dentro de casa a variada pungência de seus horrores.
Sim, é admirável o esforço de todo mundo
para enfrentar a calamidade e socorrer as vítimas, esforço que chega a ser perturbador
pelo excesso de devotamento desprovido de
técnica. Mas se não fosse essa mobilização espontânea do povo, determinada pelo sentimento humano, à revelia do governo incitando-o à ação, que seria desta cidade, tão rica
de galas e bens supérfluos, e tão miserável
em sua infraestrutura de submoradia, de
subalimentação e de condições primitivas de
trabalho? Mobilização que de certo modo supre o eterno despreparo, a clássica desarrumação das agências oficiais, fazendo surgir de
improviso, entre a dor, o espanto e a surpresa,
uma corrente de afeto solidário, participante,
que procura abarcar todos os flagelados.
Chuva e remorso juntam-se nestas horas de
pesadelo, a chuva matando e destruindo por
um lado, e, por outro, denunciando velhos erros sociais e omissões urbanísticas; e remorso, por que escondê-lo? Pois deve existir um
sentimento geral de culpa diante de cidade
tão desprotegida de armadura assistencial,
tão vazia de meios de defesa da existência
humana, que temos o dever de implantar e
entretanto não implantamos, enquanto a
chuva cai e o bueiro entope e o rio enche e o
barraco desaba e a morte se instala, abatendo-se de preferência sobre a mão de obra que dorme nos morros sob a ameaça contínua da
natureza; a mão de obra de hoje, esses trabalhadores entregues a si mesmos, e suas crianças que nem tiveram tempo de crescer para
cumprimento de um destino anônimo.
No dia escuro, de más notícias esvoaçando,
com a esperança de milhões de seres posta
num raio de sol que teima em não romper,
não há alegria para a crônica, nem lhe resta
outro sentido senão o triste registro da fragilidade imensa da rica, poderosa e martirizada cidade do Rio de Janeiro.
Correio da Manhã, 14/01/1966.
***
Comentário
[...]
No terceiro tema o candidato deve colocar-se na
posição de um articulista que vai escrever um artigo
jornalístico opinativo sobre as "catástrofes ocorridas
em função de chuvas que afetaram o Brasil". O
redator deve relacionar três problemas e concordar
com a visão do cronista Carlos Drummond exposta
na crônica "Os dias escuros".
[...]
resta saber, no entanto, se o candidato
Unicamp 2011 dará conta da tarefa.
https://www.etapa.com.br/etaparesolve/etaparesolve/2011/Unicamp/1Fase_36/resolucao/redacao.pdf
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O Assunto #627: Os arrastados, 3 anos de Brumadinho
No calendário, 25 de janeiro de 2019. Na vida de bombeiros, legistas e, principalmente, familiares dos 270 mortos, o maior desastre humanitário da história do país segue em curso - e não apenas porque seis das vítimas ainda não foram encontradas na lama e nos rejeitos liberados com o rompimento da Barragem 1 da mina Córrego do Feijão, da Vale.
Por Renata Lo Prete
21/01/2022 02h00 Atualizado há 4 dias
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No calendário, 25 de janeiro de 2019. Na vida de bombeiros, legistas e, principalmente, familiares dos 270 mortos, o maior desastre humanitário da história do país segue em curso - e não apenas porque seis das vítimas ainda não foram encontradas na lama e nos rejeitos liberados com o rompimento da Barragem 1 da mina Córrego do Feijão, da Vale. Neste episódio, O Assunto recebe Daniela Arbex, que reconstituiu cada detalhe do dia fatídico e deu voz a dezenas de personagens da tragédia em seu novo livro, “Arrastados”. O título remete a algo que a jornalista aprendeu acompanhando o trabalho incansável de médicos e técnicos do IML de Belo Horizonte: sem pele, “todos ficaram iguais na morte”. Na conversa com Renata Lo Prete, Daniela resgata as evidências de que a mineradora sabia, desde pelo menos um ano antes, dos riscos de rompimento da B1 - e da escala da destruição que isso provocaria. Sobre a luta inacabada dos sobreviventes por Justiça e reparação, ela diz: “Quando você é arrancado de seu lugar de origem, você passa a ser de lugar nenhum”.
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O que você precisa saber:
Quase três anos depois da tragédia de Brumadinho, buscas continuam para localizar vítimas
Perto do fim do prazo, mineradoras precisam desativar 49 das 54 barragens a montante em MG
Brumadinho: mais uma vítima da tragédia da Vale é identificada; agora são seis desaparecidos
O Assunto #288: Brumadinho, Mariana e a nova lei de barragens
O Assunto #02: A saga de uma sobrevivente de Brumadinho
O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Isabel Seta, Arthur Stabile, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski e Eto Osclighter. Neste episódio colaborou também: Gustavo Honório. Apresentação: Renata Lo Prete.
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— Foto: Comunicação/Globo
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2022/01/21/o-assunto-627-os-arrastados-3-anos-de-brumadinho.ghtml
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