domingo, 16 de janeiro de 2022

Ilusão de Óptica

*** Ilusão de Óptica *** Ilusão de óptica são imagens que enganam a visão humana, fazendo com que o ser humano veja coisas que não estão presentes ou fazendo ver coisas de forma errada. https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/ilusao-optica.htm ******************************************************************* *** Lula moderado é uma ilusão de ótica, diz Ciro Nogueira à CNN | CNN 360° 15.270 visualizações13 de jan. de 2022 *** CNN Brasil 2,3 mi de inscritos Com exclusividade à âncora da CNN Daniela Lima, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou que o ex-presidente Lula (PT) moderado é uma ilusão de ótica, que na campanha eleitoral isso vai deixar de existir e que vai facilitar muito a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). https://www.youtube.com/watch?v=WsjnpIAqxhg ********************************************************
*** Paulo Fábio Dantas Neto*: A encruzilhada de Lula Os resultados da primeira grande pesquisa do ano de 2022 envolvendo intenções de voto para a eleição presidencial (da Quaest, consultoria e pesquisa) registraram uma estabilidade do quadro virtual da competição que não dá lugar a comentários novos. Continua a valer a distinção feita, nesta coluna, na semana passada, entre conjuntura e cenários. Mas é fato que, dentre os cenários possíveis, o correr do tempo, até aqui, sugere como mais provável o mesmo que, em linhas gerais, há meses está posto por pesquisas dessa mesma fonte e outros institutos de análoga credibilidade. O céu aparentemente sem nuvens que sorri ao ex-presidente Lula instiga o analista a desviar o olhar prospectivo de conjecturas sobre possíveis cenários alternativos de competição e a fixá-lo nos movimentos do ex-presidente e do seu entorno, tentando analisar as tendências da sua campanha eleitoral e de um eventual governo seu. Se essa é, até aqui, a hipótese mais provável, é interesse público especular sobre sentidos que ela pode assumir, a depender de movimentos que fazem e dos que podem fazer o próprio Lula e outros atores. De início é preciso registrar e honrar a presença, também nesse assunto, dela, da incerteza - a onipresente companhia da qual nenhum assunto político se separa. A pergunta talvez mais relevante no momento seja se Lula está indo/irá ao centro em busca de uma eleição numericamente consagradora e indiscutível ou se buscará outro tipo de consagração, por vencer um terceiro turno da eleição de 2018. Nesse último caso, um acerto de contas em torno do passado recente, seu e do seu partido; no primeiro caso, a busca de liderar diferentes forças civis e políticas do país numa quadra de reconstrução nacional. Personagem muito apetente, do ponto de vista político, Lula parece perseguir ambas as consagrações, para ser ao mesmo tempo amado como pacificador da pátria e temido como vencedor de uma revanche. Ao seu redor há coadjuvantes adequados e figurantes aptos para cada um dos dois scripts, embora os da revanche façam, por hábito e vocação, bem mais barulho. A trama ambígua, aos poucos, começou a chegar a públicos mais amplos, nos estertores do ano passado e nesses primeiros dias de 2022. O barulho da esquerda negativa às vezes confunde e leva gente de opinião ponderada e progressista a improvisar juízos reativos rápidos que terminam se somando à histeria que acomete a direita negativa. É precisamente o caso da discussão instalada a respeito de uma eventual revisão, ou revogação, da reforma trabalhista de 2017. É possível, em meio à cacofonia, ter juízo racional sobre o tema. Como teve o ex-presidente Michel Temer, personagem implicadíssimo no enredo, em recente entrevista concedida à jornalista Daniela Lima e seus colegas Renata Agostini e Leandro Rezende. Pelo conteúdo esclarecedor e politicamente lúcido da fala, vale, quem não assistiu, dar uma busca nos arquivos de vídeo da CNN. Ajudará a distinguir, no debate atual, visões de quem quer debate público das de quem quer revanche. De início, é preciso dizer (como frisou também Temer) que se trata de muito bem-vinda pauta. Será uma sorte se esse tipo de tema de interesse público substituir, na campanha eleitoral, conflitos pessoais entre candidatos postados em um ringue virtual, “batendo” - como se costuma dizer na gíria vulgarizada do marketing político - uns nos outros com acusações superficiais, por vezes levianas, trocando insultos em torno de assuntos pedestres, desprovidos de utilidade pública e tratados amiúde em termos chulos. Em vez de recriminação, o ex-presidente merece pontuação positiva, por ter sugerido que os brasileiros acompanhem de perto a revisão, ora em curso na Espanha, da reforma trabalhista ali feita, por decreto, em 2012 e que agora é objeto de ampla discussão, podendo dar lugar a uma lei do Parlamento. Além de sugerir que esse acompanhamento seja feito pela sociedade, o próprio Lula acompanha o processo. Ter ido à Espanha e levado quadros consigo a reuniões e um seminário com condutores dessa política no governo espanhol é também sinalização positiva, de um pré-candidato que se prepara para governar, se eleito, com antenas ligadas no mundo sem se limitar a lógicas do contencioso doméstico. Entretanto, é preciso não perder de vista a trajetória diversa que o tema cumpriu, no caso brasileiro. A começar pelo fato de que, à diferença da Espanha, tivemos aqui, como marco legal da reforma trabalhista, não um decreto do Executivo, mas uma lei aprovada no Congresso depois de ampla exposição pública do assunto, seja na fase preliminar de gestação de um projeto de Lei, pelo Executivo, seja depois, durante os meses em que tramitou no Legislativo. Na primeira fase, em 2016, houve audiência a diversos atores interessados, incluídas as representações de patrões e empregados, um entendimento e um projeto de lei bastante moderado, se comparado à lei que foi, afinal, aprovada pelo Congresso. E essa discrepância entre projeto e lei deve-se, em boa parte, ao tipo de enfrentamento que se deu nessa segunda fase. O relator – o atual ministro Rogério Marinho – agiu determinado a “passar a boiada”, em articulação com toda a sorte de pressões de grupos e lideranças empresariais e respaldado por uma ampla base de parlamentares associada a esses grupos de pressão ou mesmo a empresários individuais, inclusive parte deles próprios. Essa fronda promoveu uma operação plástica de grande extensão no projeto do Executivo, cuja expressão foi um substitutivo do relator que ainda ganhou mais vitamina disruptiva com centenas de emendas apresentadas na Comissão Especial e em plenário, grande parte delas animadamente acolhidas pelo relator e chanceladas pela maioria congressual formada em torno da ideia de uma reforma radical, que acabou se impondo sobre a moderação inicial. Quem quiser conferir pode ir ao portal da Câmara dos Deputados e encontrará a memória do processo. E constatará não só essa dinâmica avassaladora da fronda que tentei resumir como poderá viajar, se quiser, no outro lado da lua, isto é, na racionalidade política (ou subpolítica) que presidiu a conduta da esquerda no mesmo processo. Lembremo-nos de que eram tempos de denunciar “o golpe” e gritar “Fora Temer”. Nesse pique, o tique era rejeitar tudo que viesse do governo “ilegítimo”. Teto de gastos, reforma trabalhista e reforma da previdência eram encarados como itens de um pacote golpista, não importando, portanto, o mérito particular de cada reforma, o que cada uma dessas matérias trouxesse de atendimento ou recusa dos diversos interesses sociais envolvidos, muito menos as soluções objetivas resultantes que pudessem surgir para esses embates legítimos, em termos de governabilidade do país, superação da crise econômica e combate ao desemprego galopante, requerimentos inadiáveis face a situações concretas que se apresentavam ao final da guerra do impeachment. Tudo isso perdia sentido, aos olhos da esquerda politicamente destituída e conflagrada, diante da necessidade de protestar e, quiçá, reverter a situação política. Os olhos e cérebros mais moderados dessa oposição aguerrida miravam as eleições de 2018. Os menos comprometidos com rituais democráticos usavam o impeachment como “prova” de que a democracia era finda, o que requeria outros métodos de luta. Assim, no Congresso, não houve olhos e cérebros relevantes para procurar, na matéria da reforma trabalhista, o que, afinal, era interesse de trabalhadores. Por certa lógica se esperaria que, vendo-se em clara minoria, a esquerda procurasse reduzir danos. Mas para isso era preciso ancorar-se no projeto moderado do Executivo, que o relator radicalizava. Como a polarização política não permitia tal cogitação, viu-se a base governista inteiramente liberada para aderir à passagem da boiada. E a esquerda restrita ao esperneio cheio de adjetivos, que se encontra na consulta a discursos nos arquivos. Falta de firmeza? Hipocrisia? Tudo isso pode ter ocorrido e ser usado como argumento contra a base do governo Temer para que a esquerda justifique sua própria fuga à responsabilidade política, naquele momento. Fuga ainda mais dramática se atentarmos à conivência de lideranças sindicais de esquerda para com essa conduta absenteísta da base parlamentar. Agiram como correias de transmissão de uma causa partidária, defenderam por isso o status quo trabalhista, reagindo à própria ideia de reforma. Erro político também porque se aprovou uma lei que foi além e em muitos pontos ficou aquém do objetivo declarado da modernização, chancelando e estimulando precarizações talvez evitáveis por normas fixadas por pacto para proteção de trabalhadores tradicionais. Pactos que poderiam ser conseguidos, ou não, mas que sequer foram tentados por quem tinha mandato, parlamentar ou sindical, para fazê-lo. É preciso compreender então que Lula, caso faça, se eleito, uma proposta de revisão dessa lei, poderá com isso fazer algo muito mais construtivo do que revogar a lei de 2017. Será uma oportunidade de, pelo debate público e pela coordenação do Estado, corrigir os excessos que a tornaram, em parte, instrumento unilateral das empresas em desfavor dos seus trabalhadores. Mas também atualizar e aprofundar o que ela trouxe de positivo, quando encarou, por exemplo, o inadiável problema de regrar relações trabalhistas de milhões de terceirizados e temporários. Sua revisão pode permitir, inclusive, responder, de modo prático, aos novos reclamos sociais de milhões de indivíduos concretos, jovens e maduros, ligados ao fenômeno, que parece irreversível, da multiplicação espantosa dos trabalhadores de aplicativos que a pandemia intensificou. Em suma, esse é tema politicamente nobre, pelo enorme interesse público que desperta e pela chance que dá à esquerda de se tornar contemporânea. Não é sensato incluí-lo entre os sinais de recusa de Lula a um diálogo ao centro. Muito pelo contrário. Mas os sinais de recusa são, por outro lado, também evidentes. O silêncio da liderança de Lula diante de toda sorte de diatribes e impropérios que se tem dito, na sua praia partidária e arredores, para bloquear soluções de compromisso ao centro de um hipotético governo seu é um dado preocupante. Indício de que sua campanha e, pior, de que seu governo poderá reproduzir a lógica pendular que, na experiência dos antigos partidos comunistas, ficou conhecida como política do pântano, praticada, por suas cúpulas, contra as esquerdas e as direitas dos partidos. Esse método político tem aplicação bem mais ampla do que naquelas realidades. Ao sabor das suas táticas, uma cúpula (ou um chefe político) ora afaga aliados, atuais ou futuros e, como astuta raposa, recepciona-os com declarações simpáticas, narrativas concessivas e jantares calorosos, ora estimula os radicais do entorno, soltando seus lobos ou demônios para afugentar visitas como se fossem só elas as raposas. Estaremos, se as urnas conferirem a Lula mais um mandato, imersos nessa trama supostamente maquiaveliana? Digo supostamente para fazer justiça ao gênio republicano do florentino, que não propunha o uso das artes da política em benefício de um varejo pessoal. É na grandeza do Estado e na felicidade do seu povo que o governante sábio, porque também prático, encontra o poder que persegue. No mundo de hoje, em que a razão criou instituições coletivas que limitam de modo perene a vontade política do poderoso, é possível a grandeza de um estado e a felicidade de um povo serem achadas no pântano em que se planta um governante apenas tático? É razoável pensar que nem no tempo de Maquiavel um tal sabido teria bom futuro. Essa "inteligência" tática de uma esquerda que se achava esperta ajudou uma vez a quase arruinar o país. Achou que podia ganhar eleições com muitos parceiros e depois governar sozinha, sem programa comum pactuado com eles, somente contratando, com recursos públicos, o apoio que se fizesse necessário a cada instante. Essa tentação pode ficar maior se Lula puder vencer a próxima eleição como um caudilho, sem compromissos com ninguém, a não ser com o “povo”. E impressiona a quantidade de pessoas de boa formação, boa história e boa intenção, que incorre no autoengano de supor que na hora certa ele saberá encontrar uma solução “inteligente”. Assim até eleitores à direita ficam menos inquietos com a ideia de dar uma carta branca a Lula para governar como déspota pragmático, pois ele estaria livre, inclusive, para enquadrar seus radicais e governar com a turma mais moderada e o PIB. Vale lembrar: ACM também era, para seus seguidores, um PHD em política, infalível, até que falhou tropeçando na própria soberba e foi varrido do mapa político. Morreu sem trono para legar, ficou a memória. Há raciocínios na praça que têm a mesma índole do raciocínio carlista que sacralizava o chefe. Iniciativas como a de tematizar a reforma trabalhista na campanha aparecem como chance de o país sair do pântano. Essa é uma inteligência que tem a sabedoria de entender que suas proezas, como todas as proezas humanas, têm prazo de validade. O prazo das proezas do lulismo antigo está próximo de vencer. Sem exagero, está na prorrogação, vivendo, na verdade, do seu passado. Se acreditar que seu barro é distinto do que molda os humanos comuns, o mito da esquerda, com a cumplicidade de sectários e áulicos, pode não ver sua recente prisão como lição realista sobre seus próprios limites. E por essa soberba, não por uma conspiração qualquer, terminar perdendo uma eleição quase ganha. Isso poderá ocorrer se ele deixar cair no chão a bandeira da pacificação nacional, que lhe surge como chance de consagração de sua liderança. Um grupo de jogadores, profissionais como ele, mas antenados para a delicadeza do momento coletivo do país, pode armar um jogo alternativo, com o bagaço dessa bandeira. *Cientista político e professor da UFBa https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/01/paulo-fabio-dantas-neto-encruzilhada-de.html#more **************************************************************************************************
*** "Sensacional!" *** Ironias à parte 19:00-19:46 *** - Acho que eleva a qualidade do programa... - Presidente, vamos viralizar! O Senhor sabia que existe um perfil nas redes sociais chamado ‘autoestima Temer’? rsrsrs . Ele com certeza...ele com certeza vai utilizar esta declaração: "meu governo elevou o nível do debate." - Sensasional!!! Michel Temer virando tendência. Em instantes aí. *** *** Discussão sobre reforma não pode ser eleitoreira, diz Temer à CNN | CNN 360° 10.220 visualizações13 de jan. de 2022 *** CNN Brasil 2,3 mi de inscritos Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (13), o ex-presidente da República Michel Temer (MDB) comentou sobre as polêmicas envolvendo a reforma trabalhista e analisou os cenários para as eleições de 2022. https://www.youtube.com/watch?v=uz7KyKQkvJo *******************************************************
*** Luiz Sérgio Henriques*: Chile, Itália, Brasil O Estado de S. Paulo. A ‘reflexão sobre os fatos do Chile’ se impõe como necessidade para nós, brasileiros. Um país partido ao meio é a antessala do caos e da regressão Palcos de acidentada história política, Chile e Itália compartilharam, nos anos 1970, desafios que de triviais nada tinham. Descontada a diversidade institucional – entre um presidencialismo latino-americano e um parlamentarismo quase clássico –, havia ainda assim similitudes. Nosso vizinho chileno vivia o embate entre forças de esquerda, como o Partido Socialista e o Partido Comunista, e de centro ou centro-direita, a principal das quais a Democracia Cristã. A paisagem italiana, até nominalmente, parecia replicar a disputa, uma vez que lá também se defrontavam uma democracia cristã de profundas raízes populares e o mais criativo dos partidos comunistas do Ocidente – duas agremiações, de resto, corresponsáveis pela reconstrução no pós-guerra. Natural que a atenção dos italianos se voltasse para a experiência de mudança que transcorria no outro lado do oceano. Contando com maioria relativa, não passava pela cabeça do presidente Allende implantar uma “segunda Cuba”, o que lhe era substantivamente estranho, mas, antes, discernir uma via original para algum tipo de socialismo, obviamente imaginado segundo os parâmetros da época. O golpe pinochetista de 1973 iria alarmar Enrico Berlinguer, o Partido Comunista Italiano (PCI) e seu eurocomunismo. A “reflexão sobre os fatos do Chile” que o dirigente italiano logo empreendeu o fez proclamar que, até para introduzir modestos “elementos de socialismo”, não bastava conseguir metade mais um dos votos. Simplesmente inaceitável cortar ao meio um país para levar adiante a boa transformação. Contemporâneos costumam se iludir, no todo ou em parte, sobre o combate que travam. O finalismo socialista – a ideia de uma sociedade superior inscrita nas coisas, uma espécie de meta histórica in progress – já começara a definhar, e disso nem sempre os atores se davam conta. Mas conceitos que circularam, como o “compromisso histórico” ou a “solidariedade nacional”, ajudaram a Itália a suportar as ações torpes do terror, como o sequestro de Aldo Moro, dirigente democrata-cristão protagonista do diálogo com os comunistas. (No Brasil do regime de 1964 – cabe lembrar – a parte mais lúcida da esquerda reiterava o adeus às armas e a condenação da violência política, fosse qual fosse, mesmo quando aparentemente “justificada”.) Há 30 anos o Chile se despediu da noite pinochetista com governos de conciliação nacional. A Concertação entre democratas-cristãos e socialistas terá se esgotado depois de múltiplos governos, em alternância mais recente com a direita democrática representada – bem ou mal, não importa – por Sebastián Piñera. O esgotamento deste largo ciclo político do Chile redemocratizado, abrindo espaço para o mal-estar profundo que abala tantas sociedades mundo afora, trouxe consigo os traços inquietantes da rebelião moderna, ou pós-moderna, como a deslegitimação do conjunto da “classe política” – o temível que se vayan todos – e o esvaziamento das instituições representativas. O estallido social de outubro de 2019 pareceu indicar, da parte dos extremistas, uma hipótese de revolução popular permanente, ou ainda – o que fatos pretéritos sempre indicam como mais provável – apontar para uma demanda irreprimível de ordem e segurança, a serem impostas com mão de ferro. No entanto, à hipótese “revolucionária” de outubro sucederamse, em sequência relativamente breve, acordos que envolveram a proposta de uma original “convenção constituinte” e um denso calendário eleitoral para a renovação dos corpos legislativos e da Presidência da República. Em princípio, assim, dava-se uma chance à oxigenação dos grupos dirigentes e à reconstrução das instituições. A “reflexão sobre os fatos do Chile”, desta feita, deslocase dos tempos heroicos de Allende e Berlinguer e se impõe como necessidade absoluta para nós, brasileiros. Prever que alguém como Gabriel Boric, protagonista recentíssimo de lutas estudantis e manifestações populares, terá a estatura de Allende é arriscado ou, quem sabe, expressão de pensamento desejoso. Serve-nos como referência, contudo, a estratégia de recompor o centro político a que se lançou, ao buscar o apoio de personagens simbólicos da Concertação, como Ricardo Lagos e Michelle Bachelet, para não falar da própria Democracia Cristã. Parece ainda haver plena consciência da força – na sociedade e no futuro parlamento – da extrema direita, que, ainda por cima, atraiu por gravidade amplos setores da própria direita democrática. Convém sempre manter tais setores no jogo político normal – um país partido ao meio, como dissemos, é a antessala do caos e da regressão. Boric tem se voltado para outra frente que requer lugar central na nossa reflexão “berlingueriana”. Rodeado por uma esquerda muitas vezes condescendente com “seus” caudilhos – em região brutalizada por este mal –, o novo presidente chileno distancia-se sistematicamente das “ditaduras progressistas”. Este último termo, com perdão do clichê, bem merece a lata de lixo da História, mas antes é preciso que se firme em outras partes uma ligação de ferro entre esquerda e democracia política. *Tradutor e ensaísta, é um dos organizadores das Obras de Gramsci no Brasil https://gilvanmelo.blogspot.com/2022/01/luiz-sergio-henriques-chile-italia.html
*** Benevolent Dictatorship Is Never the Answer RACHEL KLEINFELD MARCH 08, 2014 SAN FRANCISCO CHRONICLE Source: Getty **** Summary: Democracy can be difficult, especially in developing countries. But dictatorship is no answer: it’s playing roulette where almost every spot on the wheel leads to a Yanukovych or worse. Related Media and Tools Print Page Viktor Yanukovych is the kind of dictator we love to hate. A kleptocrat who chose a bribe from Russia over his people's future in the EU. A thug who sent other thugs to beat up protesters, until he was finally ousted by his own people. A man who left his country bankrupt while pictures of his palatial estate and private zoo are broadcast around the world. We vilify dictators like this. And, yet, there remains a dream, for far too many development experts, business people and others around the globe that a strong leader with authoritarian powers is needed to move poor countries into the developed world. I am watching Ukraine implode from a West Africa nation where corruption is perceived to be growing, development is stalled and the economy is heading downhill. From high-level government appointees to members of civil society, I hear: "What we need is a benevolent dictator. ... " The sentiment is generally followed by praise for Paul Kagame, who has created a remarkably clean and efficient Rwanda after that country's genocide, or Lee Kuan Yew, the "father of Singapore," who corralled government corruption and thrust his nation into the first world. Rachel Kleinfeld Rachel Kleinfeld is a senior fellow in the Democracy, Conflict, and Governance Program, where she focuses on issues of rule of law, security, and governance in post-conflict countries, fragile states, and states in transition. The desire for benevolent dictatorship is not confined to developing nations. I hear it even more often from America's business community and those working on international development - often accompanied by praise for China's ability to "get things done." The problem is that the entire 20th century seems to have produced at most one largely benevolent dictator and one efficient but increasingly repressive leader, both in tiny countries. Meanwhile, we have seen scores of Yanukovych-like kleptocrats, Pinochet-style military dictatorships that torture dissenters in secret prisons and "disappear" those who disagree, and North Korean-style totalitarians whose gulags and concentration camps starve and murder hundreds of thousands or even millions of their countrymen. Occasionally, dictators begin benevolently and grow worse. The world is littered with Kwame Nkrumahs, Fidel Castros and Robert Mugabes who rose to power with great popularity, built their nations, then turned their people's hopes to ash through corruption, personality cults and violence. One Lee Kuan Yew and a Kagame teetering from benevolence toward repression, versus every other dictatorship of the 20th century? Those are not odds to bet your country on. And yet, the longing for benevolent dictators continues, particularly in California among our technology titans, whose denigration of politics leads to a special Silicon Valley ideology that mixes libertarianism with dictatorship. They seem to want politics to work the way their products do: with elegant, clear solutions implemented by smart, creative doers. But politics does not have a "right" answer. It is the field where our values compete. Surely, you say, there is a right way to get the job done: to fill in the potholes, build the roads, keep our streets safe, get our kids to learn reading and math. Ah, but look how quickly those issues get contentious. Whose potholes should get filled first? Do we try to keep our streets safe through community policing or long prison sentences? Should teachers be given merit pay, are small classrooms better, or should we lengthen the school day? These issues engender deep political fights, all - even in the few debates where research provides clear, technocratic answers. That is because the area of politics is an area for values disputes, not technical solutions. One person's "right" is not another's because people prioritize different values: equity versus excellence, efficiency versus voice and participation, security versus social justice, short-term versus long-term gains. At a conference I attended recently, a businessman extolled the Chinese government ministers in attendance for "building 100 airport runways while we in the West have failed to add even a single runway to notoriously overburdened Heathrow." That was, of course, because the British have civil liberties and private property, while the Chinese do not have to worry about such niceties. Democracy allows many ideas of "right" to flourish. It is less efficient than dictatorship. It also makes fewer tremendous mistakes. The longing for a leader who knows what is in her people's best interests, who rules with care and guides the nation on a wise path, was Plato's idea of a philosopher-king. It's a tempting picture, but it's asking the wrong question. In political history, philosophers moved from a preference for such benevolent dictators to the ugly realities of democracy when they switched the question from "who could best rule?" to "what system prevents the worst rule?" And as problematic as democracy is, the ability to throw the bums out does seem to prevent the worst rule. Corruption, vast inequality and failure to deliver basic goods and services are real problems with democracies in developed and developing nations. These ills are dangerous, leading to anger, stagnation and political violence. But dictatorship is no answer: it's playing roulette where almost every spot on the wheel leads to a Yanukovych or worse. As Syria burns and Ukraine implodes, Americans tempted by the security or simplicity of dictators, benevolent or otherwise, should give up such simple answers and face the messy realities of politics. This article was originally published in the San Francisco Chronicle. https://carnegieendowment.org/2014/03/08/benevolent-dictatorship-is-never-answer-pub-54856 *********************************************************************************************
*** O conhecimento e o estudo sobre ilusões de óptica começaram em 1915 com o cartunista W. E. Hill que publicou o seguinte desenho e ficou conhecido mundialmente. *** Conta em rede social ironiza a ‘autoestima Temer’ Da Redação A conta no Twitter @autoestimatemer foi criada em maio de 2015, mas começou as postagens desde o último dia 30 de maio. Até a publicação desta reportagem, tinha 6.540 seguidores. O conteúdo é quase de um alterego de Michel Temer (MDB), comentando o Brasil através de um otimismo irônico, parecido com o tom […] Por Desenvolvedor rahel@santins.com.br Conta em rede social ironiza a ‘autoestima Temer’ ***
*** Yahoo Notícias 11 momentos em que Michel Temer demonstrou que sua autoestima é inabalável *** Conta em rede social ironiza a ‘autoestima Temer’ *** Vários ministros do governo Temer vão deixar o comando das pastas na próxima semana para se candidatar nas eleições de outubro. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil Temer com o símbolo de seu governo, escolhido pelo filho Michelzinho | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil *** Da Redação A conta no Twitter @autoestimatemer foi criada em maio de 2015, mas começou as postagens desde o último dia 30 de maio. Até a publicação desta reportagem, tinha 6.540 seguidores. O conteúdo é quase de um alterego de Michel Temer (MDB), comentando o Brasil através de um otimismo irônico, parecido com o tom que tem assumido em seus pronunciamentos e nos slogans de seu governo. Confira alguns dos tweets que mostram que, apesar de um forte momento de crise política e econômica, pelo menos, a autoestima do governante emedebista segue em alta: 1. Teimosia é dos outros: em pronunciamento na TV, Temer fala que o país avançou sim com seu governo. Ainda que muitos teimem em não reconhecer “o seu sucesso e o sucesso do Brasil”. Dados do IBGE, de abril, apontam que o desemprego subiu para 13,1% no primeiro trimestre de 2018 e que o país tem hoje cerca de 13 milhões de desempregados. A pobreza extrema também cresceu por volta de 11%, atingindo 14 milhões de pessoas. Mas: “Muitos teimam em não admitir o nosso sucesso” pic.twitter.com/cGaNvx9dQS — Autoestima Temer (@autoestimatemer) 3 de junho de 2018 2. Desemprego é ponto de vista: Aliás, ainda sobre como o IBGE estaria distorcendo a realidade de pleno emprego do trabalhador brasileiro, teve esse outro pronunciamento: pic.twitter.com/MSFaCGxYj6 — Autoestima Temer (@autoestimatemer) 31 de maio de 2018 3. Prejuízo (também) é ponto de vista: Depois da greve dos caminhoneiros, que parou o país exigindo mudança na precificação dos combustíveis e a saída de Temer, as ações da Petrobras tiveram queda de 14% na bolsa de valores, a estatal contabilizou um prejuízo de mais de R$ 50 milhões, além do anúncio de cortes em áreas como saúde e educação, que já tem congelamento de investimentos pelos próximos 20 anos. Mas, convenhamos, você também pode ver por esse lado: Houve também, nos últimos dias, a diminuição significativa de dióxido de carbono (CO2) lançados na atmosfera pelos caminhões a diesel. O que revela nosso compromisso com o meio ambiente. — Autoestima Temer (@autoestimatemer) 30 de maio de 2018 ou O número de assaltos a caminhoneiros nas estradas caiu de uma forma extraordinária nos últimos dias. Isso graças a belíssima atuação do meu governo. — Autoestima Temer (@autoestimatemer) 30 de maio de 2018 3. Convenhamos, há a tese da continuidade: Inspirado em Tiririca (PR), o deputado federal do “pior do que está, não fica”, o Temer alterego mandou uma colaboração para o quadro do Jornal Nacional sobre que Brasil ele quer: O Brasil que eu quero para o futuro é o Brasil do presente. #JN — Autoestima Temer (@autoestimatemer) 2 de junho de 2018 Na mesma linha, em entrevista ao SBT, ele conta que ouve de deputados que as pessoas dizem que querem “um novo governo Temer”, “nas localidades” que visitam: Trago verdades. pic.twitter.com/R930m2CBR9 — Autoestima Temer (@autoestimatemer) 2 de junho de 2018 4. Reprovação, nada mais é, do que fake news: Em uma mesa ao lado de ministros como Raul Jungmann, Aloysio Nunes e Henrique Meirelles (que deixou o governo para ser o presidenciável do MDB), Temer explica que os baixos índices de popularidade do seu governo não são porque a população não aprova o que ele faz, mas porque “as pessoas têm vergonha”. Com um dos piores índices de aprovação no mundo, segundo o Datafolha, o governo é reprovado por 70% da população: pic.twitter.com/1CnSF7d7H7 — Autoestima Temer (@autoestimatemer) 2 de junho de 2018 https://sul21.com.br/ta-na-rede/2018/06/conta-em-rede-social-ironiza-a-autoestima-temer/ ******************************************************************************************* Ilusão de óptica Ilusão de óptica são imagens que enganam momentaneamente o cérebro, deixando-o inconsciente confuso e fazendo com que este capte ideias falsas, preenchendo espaços que não ficam claros à primeira vista. Podem ser fisiológicas, quando surgem naturalmente, ou cognitivas, quando se criam com artifícios visuais. Uma das mais famosas imagens que causa ilusão de óptica foi criada em 1915 pelo cartunista W. E. Hill. Nesta figura, duas imagens podem ser vistas. Uma é uma garota, posicionada de perfil olhando para longe, a outra é o rosto de uma senhora idosa que olha para o chão. ***
*** https://www.sofisica.com.br/conteudos/Otica/Instrumentosoticos/ilusaodeoptica.php *************************************************************************************
*** Poesia | Thiago de Mello: Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente) A Carlos Heitor Cony Artigo I. Fica decretado que agora vale a verdade. que agora vale a vida, e que de mãos dadas, trabalharemos todos pela vida verdadeira. Artigo II. Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo. Artigo III. Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança. Artigo IV. Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu. Parágrafo Único: O homem confiará no homem como um menino confia em outro menino. Artigo V. Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem a armadura de palavras. O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa. Artigo VI. Fica estabelecida, durante dez séculos, a prática sonhada pelo profeta Isaías, e o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora. Artigo VII. Por decreto irrevogável fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo. Artigo VIII. Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor. Artigo IX. Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura. Artigo X. Fica permitido a qualquer pessoa, a qualquer hora da vida, o uso do traje branco. Artigo XI. Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama e que por isso é belo. muito mais belo que a estrela da manhã. Artigo XII. Decreta-se que nada será obrigado nem proibido. tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela. Parágrafo único: Só uma coisa fica proibida: amar sem amor. Artigo XIII. Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar o sol das manhãs vindouras. Expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou. Artigo Final. Fica proibido o uso da palavra liberdade. a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem. Santiago do Chile, abril de 1964 Publicado no livro Faz Escuro Mas Eu Canto: Porque a Manhã Vai Chegar (1965). In: MELLO, Thiago de. Vento geral, 1951/1981: doze livros de poemas. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. *** *** Os Estatutos Do Homem | Poema de Thiago de Mello com narração de Mundo Dos Poemas 14.139 visualizações6 de abr. de 2021 Mundo Dos Poemas Poesia e poema de autor brasileiro. Thiago de Mello (1926) é um poeta e tradutor brasileiro, reconhecido como um ícone da literatura regional. Sua poesia está vinculada ao Terceiro Tempo Modernista. Thiago de Mello, nome literário de Amadeu Thiago de Mello, nasceu em Porantim do Bom Socorro, município de Barreirinha, no Estado do Amazonas, no dia 30 de março de 1926. Em 1931, ainda criança, mudou-se com a família para Manaus, onde iniciou seus estudos no Grupo Escolar Barão do Rio Branco e depois, no Ginásio Pedro II. Mais tarde mudou-se para o Rio de Janeiro, onde em 1946 ingressou na Faculdade Nacional de Medicina, mas não chegou a concluir o curso para seguir a carreira literária. Em 1947, Thiago de Mello publicou seu primeiro volume de poemas, “Coração da Terra”. Em 1950 publicou seu poema “Tenso Por Meus Olhos”, na primeira página do Suplemento Literário do Jornal Correio da Manhã. Em 1951 publicou “Silêncio e Palavra”, que foi muito bem acolhido pela crítica. Em seguida publicou: “Narciso Cego” (1952) e “A Lenda da Rosa” em (1957). Em 1957, Thiago de Mello foi convidado para dirigir o Departamento Cultural da Prefeitura do Rio de Janeiro. Entre 1959 e 1960 foi adido cultural na Bolívia e no Peru. Em 1960 publicou “Canto Geral”. Entre os anos de 1961 e 1964 foi adido cultural em Santiago, no Chile, onde conhece o escritor Pablo Neruda, de quem faz a tradução de uma antologia poética. Logo depois do golpe militar de 1964, Thiago renunciou ao posto de adido cultural e em 1965 foi residir no Rio de Janeiro. Sua poesia ganhou forte conteúdo político e Indignado com o Ato Institucional nº. 1 e por ver a tortura ser empregada como método de interrogatório, escreveu o seu poema mais famoso, “Os Estatutos do Homem” (1977), poema que levamos até si agora. Thiago de Mello, autor de uma obra vinculada à geração de 1945, tornou-se nacionalmente conhecido na década de 1960 como um intelectual engajado na luta pelos Direitos Humanos, e manifestou em sua poesia o seu repúdio ao autoritarismo e à repressão. Tantas horas de poesia e um número incalculável de emoções. Sorrimos, descobrimos, revelamos, debatemos, rimos, choramos, sempre juntos, sempre consigo. Fizemos tudo isto, todos os dias unir pessoas através da poesia, porque o temos a si, sempre com a mesma paixão a fazer-nos companhia. **************************************************** LOS ESTATUTOS DEL HOMBRE Y OTROS POEMAS, DE THIAGO DE MELLO Por 20 Literatura 2 ***
*** Inmenso honor para Crear en Salamanca el poder publicar estos poemas del notable escritor brasileño Thiago de Mello (Barreirinha, Estado de Amazonas, 1926), traducidos especialmente para nuestra revista por Alfredo Pérez Alencart, poeta y profesor de la Universidad de Salamanca, quien recibió el libro “Faz Escuro mas Eu Canto porque a manha vai chegar” (Bertrand Brasil, Río de Janeiro, 1998, 22ª ediçao, pp. 110), cordialmente firmado por el autor, a petición del poeta Paulo de Tarso Correia de Mello, quien lo presentó el pasado 14 de marzo en el Palacio Potengi, sede de la Pinacoteca del Estado de Río Grande del Norte, en Natal. “Los Estatutos del Hombre” es un poema ya clásico en la literatura brasileña contemporánea, y por ello se le homenajeó en dicha capital nordestina y en la ciudad de Mossoró, tierra del poeta David Leite, doctor por Salamanca. Thiago de Mello, el autor de “Está oscuro pero yo canto porque la mañana llegará”, tenía amigos tan destacados como Pablo Neruda, Mario Benedetti o Nicolás Guillén, por citar solo algunos del único continente del Castellano. Thiago de Mello Pérez Alencart considera que “Desde ‘Silencio y palabra’ (1951) la obra toda de Thiago de Mello atiende a las veinticuatro horas del hombre y su entorno, selvas y ríos y carnalidades necesitando de su lenguaje para manifestar un otrora clamor enmudecido. Con él la poesía cívica de Brasil se hace universal; con él también la ternura hacia los prójimos alcanza distinción mayor; con él la querencia o el ovidiano arte de amar edifica memorables ‘criaturas’ que alcanzarán lo porvenir. Difícil sencillez la suya, hecha a base de sentir y trabajar y trabajar…”. LOS ESTATUTOS DEL HOMBRE A Carlos Heitor Cony ARTÍCULO I. Queda decretado que ahora vale la verdad, que ahora vale la vida, y que, tomándonos las manos, todos trabajaremos por la vida verdadera. ARTÍCULO II. Queda decretado que todos los días de la semana, incluso los martes más cenicientos, tienen derecho a convertirse en mañanas de domingo. ARTÍCULO III. Queda decretado que, a partir de este momento, habrá girasoles en todas las ventanas, que los girasoles tendrán derecho a abrirse dentro de la sombra, y que las ventanas deberán permanecer, todo el día, abiertas hacia el verde donde crece la esperanza. ARTÍCULO IV. Queda decretado que el hombre nunca más necesitará dudar del hombre. Que el hombre confiará en el hombre como la palmera confía en el viento, como el viento confía en el aire, como el aire confía en el espacio azul del cielo. PARÁGRAFOEl hombre confiará en el hombre ÚNICO como un niño confía en otro niño. ARTÍCULO V. Queda decretado que los hombres están libres del zumo de la mentira. Nunca más será necesario usar la coraza del silencio ni la armadura de palabras. El hombre se sentará a la mesa con su mirada limpia porque la verdad se servirá antes del postre. ARTÍCULO VI. Queda establecida, durante los siglos que dure la vida, la práctica soñada por el profeta Isaías, y el lobo y el cordero pastarán juntos y la comida de ambos gustará como la aurora. ARTÍCULO VII. Por decreto irrevocable queda establecido el reinado permanente de la justicia y de la claridad, y la alegría será una bandera generosa para siempre desplegada en el alma del pueblo. ARTÍCULO VIII.Queda decretado que el mayor dolor siempre fue y será siempre no poder dar amor a quien se ama, sabiendo que es el agua quien ofrece a la planta el milagro de la flor. ARTÍCULO IX. Queda permitido que el pan de cada día tenga en el hombre la señal de su sudor. Pero que, sobre todo, tenga siempre el caliente sabor de la ternura. ARTÍCULO X. Queda permitido a cualquier persona, a cualquier hora de la vida, el uso del traje blanco. ARTÍCULO XI. Queda decretado, por definición, que el hombre es una animal que ama y que por eso es bello, mucho más bello que la estrella de la mañana. ARTÍCULO XII Se decreta que nada será obligado ni prohibido. Todo será permitido, incluso jugar con los rinocerontes y pasear al atardecer con una inmensa begonia en la solapa. PARÁGRAFOSolo se prohíbe una cosa: ÚNICO amar sin amor ARTÍCULO XIIIQueda decretado que el dinero nunca más podrá comprar el sol de las mañana venideras. Expulsado del gran baúl del miedo, el dinero se transformará en una espada fraternal para defender el derecho de cantar en la fiesta del día que llegó. ARTÍCULO Queda prohibido usar la palabra libertad, la cual será suprimida de los diccionarios y de la ciénaga engañosa de las bocas. A partir de este instante la libertad será algo vivo y transparente, como un fuego o un río, y su hogar siempre será el corazón del hombre. Quinta Normal, Santiago de Chile, abril del 64. https://www.crearensalamanca.com/los-estatutos-del-hombre-y-otros-poemas-de-thiago-de-mello/#:~:text=%E2%80%9CLos%20Estatutos%20del%20Hombre%E2%80%9D%20es,David%20Leite%2C%20doctor%20por%20Salamanca. *** *** Los estatutos del hombre - Pablo Neruda. 1.317 visualizações17 de jun. de 2018 *** Nerudavivecl Los Estatutos del Hombre (Thiago de Mello - Traducción de Pablo Neruda)

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