Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 31 de janeiro de 2021
NETWORK / REDE DE INTRIGAS
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Nas entrelinhas: Rede de intrigas
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O que parecia impensável, passou a ser uma possibilidade, diante do descalabro na saúde: uma aliança entre os partidos de esquerda e o general Mourão contra Bolsonaro
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31/01/2021
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Luiz Carlos Azedo
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A moral da história não tem muito a ver com o longa-metragem que empresta o título à coluna, por sinal, uma excelente dica para a tarde deste domingo, em tempos de distanciamento social. Lançado em 1976, o filme de Sidney Lumet é uma dura crítica aos meios de comunicação, principalmente a tevê, que arrebatou quatro Oscar: Ator (Peter Finch, entregue de forma póstuma), Atriz (Faye Dunaway), Atriz Coadjuvante (Beatrice Straight) e Roteiro (Paddy Chayefsky). A trama de Rede de Intrigas é uma pequena obra-prima:
Com baixos índices de audiência, o âncora do programa de notícias da rede UBS, Howard Beale (Peter Finch), surta e aparece na televisão afirmando que cometerá suicídio dentro de uma semana, em pleno horário nobre. Seu produtor entra em pânico com a atitude do amigo, acreditando que sua carreira e a de Howard estariam encerradas. Entretanto, o colapso do âncora acaba dando mais audiência ao programa. A ambiciosa diretora de tevê Diana Christensen (Faye Dunaway) e o executivo Frank Hackett (Robert Duvall) não estão nem aí para o surto do apresentador, só querem saber de faturar com o sucesso de público.
Rede de Intrigas se passa logo após a Guerra do Vietnã e o escândalo de Watergate, que levou Richard Nixon à renúncia. É um ambiente de muito ceticismo em relação à política e às instituições norte-americanas. Neste cenário, o sisudo âncora Howard Beale se transforma num jornalista sem papas na língua, que não tolera a situação e assume o papel de porta-voz da opinião pública. Controlar o desequilibrado Howard Beale, porém, será bem mais difícil do que qualquer um poderia pensar.
Na política brasileira, a intriga da hora é o estresse entre o presidente Jair Bolsonaro e seu vice, general Hamilton Mourão, provocado por inconfidências de um assessor parlamentar, que acabou demitido. Desde o episódio das “rachadinhas” (devolução de parte dos salários dos assessores para o parlamentar que os nomeou) da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, no qual estão envolvidos o senador Flávio Bolsonaro (PR-RJ), seu filho, e a primeira-dama Michele, Bolsonaro está convencido de que o vice sonha com a cadeira de presidente da República. Demitiu dois ministros, logo após o escândalo vir à tona, por acreditar numa conspiração para apeá-lo do cargo: o ex-secretário-geral da Presidência Gustavo Bebianno, já falecido, e o ex-secretário de Governo Carlos Alberto Santos Cruz, um general reformado — respeitadíssimo na caserna, por sua atuação em missões da ONU no Haiti e no Congo —, que hoje lhe faz uma oposição implacável.
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Patente é documento
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A crise sanitária e a recessão econômica, que Bolsonaro tenta mitigar no gogó falando barbaridades, jogaram os indicadores de aprovação do governo para baixo e estão desgastando a imagem do presidente da República de forma muito acelerada. O número de mortes provocado pela covid-19 e a indignação da população com o colapso do Sistema Único de Saúde (SUS) em Manaus, além de desmoralizar os militares à frente do Ministério da Saúde, sob comando do general Eduardo Pazuello, embalaram a agitação a favor do impeachment de Bolsonaro. O que parecia impensável, passou a ser uma possibilidade, diante do descalabro na saúde: uma aliança entre os partidos de esquerda e o general Mourão, homem sabidamente de direita. Com essa, Bolsonaro não contava.
A escolha de Mourão como vice teve por objetivo evitar que a oposição derrotada nas urnas em 2018 embarcasse na canoa do impeachment. A narrativa de que o impeachment de Dilma Rousseff fora um golpe liderado pelo vice Michael Temer, com apoio dos militares, dividia oposição. Mas não é que o impeachment passou a ser o centro da tática tanto da esquerda como dos movimentos cívicos que foram pra rua contra a “presidenta” petista. Bolsonaro trabalha para consolidar sua blindagem no Congresso, com a eleição do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e do deputado Arthur Lira (PP-AL) à Presidência do Senado e da Câmara, respectivamente. É jogo jogado, mas isso não significa corpo fechado.
Mesmo que Bolsonaro obtenha uma vitória consagradora na “guerra de posições” para se manter no poder, isso não altera certas características de seu governo nem do Congresso. A maioria formada para apoiá-lo, tanto na Câmara como no Senado, foi obra silenciosa dos militares que controlam o governo, sobretudo do ministro Luiz Ramos, secretário de Governo, e das velhas raposas políticas do Centrão, entre as quais o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, e os ex-deputados Valdemar Costa Neto (SP), do PL, e Roberto Jefferson (RJ)), do PTB, e o ex-prefeito Gilberto Kassab (SP), do PSD, com maior ou menor estridência.
São políticos que já apoiaram e abandonaram todos os governos. Por sua vez, os militares têm uma cultura de troca de guarda, ou seja, rodízio nos comandos, que foi uma das características do regime militar. Bolsonaro tem razão ao ver em Mourão uma ameaça. O vice é “imexível” e está preparado para assumir seu lugar em caso de necessidade, com apoio do Centrão e dos militares, caso a popularidade do presidente continue desabando e o impeachment realmente ganhe as ruas, financiado por setores empresariais descontentes com os rumos da economia. Além disso, num governo de características bonapartistas, patente é documento.
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FONTE:
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https://blogs.correiobraziliense.com.br/azedo/nas-entrelinhas-rede-de-intrigas/
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NETWORK / REDE DE INTRIGAS (1976) (I0) (200)
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«Ainda mais empolgante hoje que na época do lançamento, "Rede de Intrigas" é uma denúncia sarcástica e certeira do jornalismo televisivo. Premiado com quatro estatuetas do Oscar, ainda pulsa com "uma combinação sempre rara de vitalidade e verve provocadora" (Los Angeles Times). Faye Dunaway, William Holden, Peter Finch e Robert Durvall são os astros deste retrato impiedoso da exploração da mídia televisiva. Quando o veterano âncora de jornalismo Howard Beale (Peter Finch) é demitido, ele sofre um violento colapso nervoso diante das câmeras. Mas, depois que os seus enfraquecidos números de audiência sobem por causa das suas críticas ferozes, ele é readmitido e reinventado como o "profeta louco das ondas da TV". Evidentemente, quando o tal "profeta" perde a capacidade de seduzir o público, alguma providência tem que ser tomada contra ele. De preferência, diante das câmeras e com uma plateia dentro do estúdio...»
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FONTE:
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MCF - O MODELO COOPERATIVO FAMILIAR
https://www.novacomunidade.org/wiki-mcf/network-rede-de-intrigas-1976-i0-200
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REDE DE INTRIGAS
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DIREÇÃO
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Sidney Lumet
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ELENCO
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Faye Dunaway
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Personagem : Diana Christensen
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William Holden
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Personagem : Max Schumacher
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Peter Finch
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Personagem : Howard Beale
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Robert Duvall
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Personagem : Frank Hackett
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Ned Beatty
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Personagem : Arthur Jensen
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Arthur Burghardt
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Personagem : Great Ahmed Kahn
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Lance Henriksen
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Personagem : Network Lawyer at Khan's Place
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Tim Robbins
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Barbara Schlesinger
Conchata Ferrell
Bill Herron
Darryl Hickman
Merrill Grant
Ken Kercheval
Edward George Ruddy
William Prince
Robert McDonough
Lane Smith
Louise Schumacher
Beatrice Straight
Joe Donnelly
Ed Crowley
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ROTEIRO
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Roteirista
Paddy Chayefsky
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EQUIPE TÉCNICA
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Diretor de fotografia
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Owen Roizman
Montador
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Alan Heim
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EMPRESAS ENVOLVIDAS
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Produção
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United Artists
Produção
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Metro Goldwyn Mayer (MGM)
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Fonte:
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ADOROCINEMA
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http://www.adorocinema.com/filmes/filme-46077/creditos/
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Trailer legendado REDE DE INTRIGAS
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Disponível em:
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https://www.youtube.com/watch?v=9T1rnaFGTeg
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Acesso em:
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31/01/2021
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Blindagem do centrão inclui veto à CPI da Pandemia e escudo para o Zero Um
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Imagem: UESLEI MARCELINO
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Josias de Souza
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Colunista do UOL
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31/01/21
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Com notável sensibilidade para detectar bons negócios, o centrão vislumbrou nas aflições da família Bolsonaro múltiplas oportunidades. Na sucessão interna do Congresso, o acerto que consolidou a aliança com o Planalto não se limita ao bloqueio do impeachment. Inclui o veto à instalação de uma CPI sobre a pandemia e o fornecimento de escudo para o primogênito Flávio Bolsonaro.
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A escolha dos novos comandantes das duas Casas do Legislativo ocorrerá nesta segunda-feira (1º). Pelas contas dos operadores do Planalto, está consolidada a vitória dos preferidos de Bolsonaro: na Câmara, Arthur Lira (PP-AL); no Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). O presidente encosta verbas públicas e cargos federais na disputa com o ânimo de quem contrata um seguro contra acidentes.
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De Arthur Lira, espera-se que evite a trombada de Bolsonaro com um dos mais de 60 pedidos de impeachment protocolados na Câmara. Cabe exclusivamente ao presidente da Casa a decisão de arquivar ou abrir o processo legislativo. Dá-se de barato no Planalto que Lira evitará também que o governo seja atropelado por uma CPI sobre a pandemia.
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Numa articulação que entrou pelo final de semana, opositores de Bolsonaro recolhem assinaturas para requisitar à presidência da Câmara, ainda sob Rodrigo Maia, a instalação de uma CPI para escarafunchar as ações e, sobretudo, as omissões do presidente e do seu governo na crise sanitária. De acordo com a Constituição, são necessárias as assinaturas de 171 deputados.
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Além das rubricas, a Constituição estabelece como pré-condição para a abertura de uma CPI a descrição do "fato determinado" a ser investigado. Essa exigência abre espaço para que o presidente da Câmara exercite sua discricionariedade, arquivando requsições de CPI sob o pretexto de que não há "fato determinado". Lira ensaia o argumento segundo o qual uma CPI serviria apenas para politizar ainda mais a pandemia.
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Na avaliação do governo, a oposição não conseguirá recolher as assinaturas. Se conseguir, Rodrigo Maia não ousará colocar a CPI para andar horas antes de deixar o trono. Se ousar, Arthur Lira abortará a iniciativa.
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Vale para o Senado a mesma blindagem negociada na Câmara. Com o acréscimo de um escudo para Flávio Bolsonaro. Está entendido no Planalto que Rodrigo Pacheco, se eleito, garantirá ao primogênito do presidente doses generosas do mesmo refresco que vem sendo servido por Davi Alcolumbre, o atual comandante do Senado.
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Há no Conselho de Ética do Senado um pedido de cassação do mandato do filho Zero Um do presidente. Entretanto, o colegiado está incompleto e com o funcionamento suspenso desde o início da pandemia. Alcolumbre recusou-se a autorizar a realização de sessões remotas, por videoconferência.
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Para Alcolumbre, ainda que não houvesse coronavírus, o Conselho de Ética não teria como punir Flávio, pois o célebre caso da rachadinha refere-se não ao seu mandato de senador, mas à fase em que ele era deputado estadual, no Rio de Janeiro. Antes de apoiar Rodrigo Pacheco, Bolsonaro certificou-se de que ele esgrime a mesma opinião. E não tem a intenção de propor reuniões virtuais do Conselho de Ética.
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Fonte:
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UOL
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https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2021/01/31/blindagem-do-centrao-inclui-veto-a-cpi-da-pandemia-e-escudo-para-o-zero-um.htm
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