Inspirados já nos ensinamentos de Sófocles, aqui, procurar-se-á a conexão, pelo conhecimento, entre o velho e o novo, com seus conflitos. As pistas perseguidas, de modos específicos, continuarão a ser aquelas pavimentadas pelo grego do período clássico (séculos VI e V a.C).
domingo, 17 de janeiro de 2021
É T de Travessia - Não é D de Dia, não é H de Hora.
"Hoje é o Dia V. Dia da vitória. Dia da vacina", diz João Doria
Governador de São Paulo aproveita cerimônia da primeira pessoa a ser vacinada no país com a CoronaVac para comemorar a vitória da ciência sobre o "negacionismo" e sobre "que preferem o cheiro da morte"
(crédito: Governo do Estado de São Paulo/Divulgação)
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Ao comemorar a aplicação da primeira dose da CoronaVac em uma brasileira fora dos estudos clínicos, neste domingo (17/01), o governador do estado de São Paulo, João Dória (PSDB), comemorou e afirmou que este dia é o “Dia V” contra o negacionismo e "contra quem gosta do cheiro da morte".
“Hoje, repito é o dia V. É o o dia da Vacina. É o dia da Vitória. É o dia da Verdade. É o dia da Vida", afirmou Doria, ao lado da enfermeira Mônica Calazans, primeira pessoa a ser vacinada no país.
O governador paulista, com voz embargada, disse que este domingo é o dia do "triunfo". "O triunfo da vida contra os negacionistas e contra aqueles que preferente que preferem o cheiro da morte. É uma conquista que fortace milhões de pessoas que defendem a vida", afirmou o tucano, em uma clara referência ao discurso do presidente Jair Bolsonaro, no início da pandemia que classificou a doença como "gripezinha" e insiste em recomendar "tratamento precoce" com cloroquina, sem qualquer eficácia comprovada pelos órgãos científicos do país e do mundo.
Mônica Calazans foi vacinada com o imunizante fabricado pelo Instituto Butantan, do governo de São Paulo, em parceria com a chinesa Sinovac, poucos minutos após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em reunião extraordinária realizada neste domingo. A enfermeira, de 54 anos, moradora de Itaquera, na Zona Leste da capital paulista recebeu a primeira dose da CoronaVac no Hospital das Clinicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Doria avaliou o feito como uma vitória da ciência e dedicou a o "Dia V" aos 209 mil mortos pela covid-19 e seus familiares, assim como aos mais de 8 milhões de pessoas que contraíram o vírus e, principalmente, aqueles que estão lutando para a sobrevivência à pandemia. Ele destacou que a CoronVac é a "vacina do Brasil" e ela só existe porque "o governo de São Paulo agiu", ao contrário do governo federal, que deu
O tucano também fez questão de homenagear os profissionais de saúde que trabalham nas frentes dos hospitais, como médicos e enfermeiras, e também aos pesquisadores que trabalharam no desenvolvimento da CoronaVac.
"A vitória de hoje vai salvar milhões", frisou o governador, acrescentando que do dia de hoje é um dia de homenagem para aquelas que valorizam a vida. "Ao contrário daqueles que, nos últimos 11 meses, flertaram com a morte", emendou.
De acordo com o tucano, as primeiras doses da CoronaVac enviadas rapidamente em caminhões para o Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP) a fim de atender a demanda do governo federal para iniciar a vacinação na quarta-feira (20/01). “Esperamos que o Ministério da Saúde atue de forma diligente e atenda, especialmente, aos profissionais de saúde, que estão na linha de frente e padecem ante a inércia do governo federal”, afirmou.
O governador ainda pediu para que o governo pare de recomendar cloroquina, que não tem eficácia comprovada, para a população. “Eu espero que o comportamento do Ministério da Saúde seja pela vida e peço também que pare de distribuir e recomendar o uso da cloroquina. É criminoso fazer crer a população, sobre tudo a mais desvalida, mais simples e mais humilde, que a cloroquina salva. A cloroquina não salva e em alguns casos cloroquina mata”, disse.
E, ao ser questionado sobre as críticas do Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de que teria dado um golpe de marketing com antecipação da vacinação no estado, o Doria rebatou que o governo federa deu "golpe de morte, com seu negacionismo, com suas mentiras”.
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https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/01/4900922-hoje-e-o-dia-v--dia-da-vitoria--dia-da-vacina-diz-joao-doria.html
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Nem dia D, nem hora H
(Crédito: José Manuel Diogo)
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Lavando as mãos como um pilatos em Manaus, fazendo piada de broxa na internet, Bolsonaro e o governo ainda conseguem surpreender o Brasil e mundo em mais um inacreditável capítulo do show de horror no seriado “A Gestão Brasileira da Pandemia” Segunda temporada: “A Vacinação”.
Pazzuelo afirmou com pompa e circunstância que os brasileiros vão ter sua vacina no dia “D” e na hora “H”; mais tarde Bolsonaro confirmava na sua live que isso era apenas “linguagem de militares”. Mas afinal, que governo é esse que faz piada de caserna na hora da morte? Não fosse tão trágico, seria risível.
Enquanto o povo morre no Amazonas, Bolsonaro revisita no seu passado as mesmas fábulas negacionistas com que, arrastou irresponsavelmente muitos dos seus seguidores para um caminho inexorável até a morte. 210 mil, de todas as idades, em todos os lugares, já perderam a vida.
Lembro as falas de Jair Bolsonaro em todo 2020. Março — 90% de nós não terá qualquer manifestação caso se contamine. Abril — No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus não precisaria me preocupar. Maio — Nada sentiria, ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão.
Mas foi ainda hoje que voltou a repetir, inconsciente da dor alheia — enquanto o oxigénio acabava para tantos brasileiros — fechado num néscio casulo de egoísmos — “Quem falou gripezinha não fui eu, foi Dráuzio Varella. Eu já tive e estou imunizado aqui. O que eu falei e desafiei a imprensa depois a me desmentir é que era gripezinha para mim.” Eu, eu, eu, mim, mim, mim. Eu em eu, mim em mim.
Mas nesta espiral de Narciso quantos “nós” morreram hoje asfixiados na incompetência de Jair? Será que algum tribunal poderá alguma vez reparar esse crime?
Enquanto as mortes se acumulam — já são quase 210 mil em todo o país — o presidente e o ministro da Saúde continuam brincando com a vida das pessoas boicotando as chances de o Brasil conseguir comprar a vacina no exterior.
Cada dia mais de atraso no início da campanha de vacinação é um dia a menos nas chances de o Brasil se afirmar como um país com futuro. Nem dia D, nem hora H.
Que tal um plano B? Como ninguém está vendendo a vacina para a gente, porque é que não exportamos os insumos com que se fabricam as seringas. Ninguém está precisando muito disso aqui…
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https://istoe.com.br/nem-dia-d-nem-hora-h/
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Adriana Fernandes - Por que se calam?
- O Estado de S. Paulo
Na elite do nosso empresariado, não tem dia D nem hora H. É S, de silêncio
Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro e apoiadores, sempre quando confrontados sobre a negação da realidade da covid-19, saem com o discurso de que “economia é vida” e que o Brasil precisa voltar à normalidade mesmo diante de um cenário de contaminação e mortes.
Em maio, no pico inicial da doença, Bolsonaro atravessou a Praça dos Três Poderes na direção do Supremo Tribunal Federal acompanhado de um grupo de empresários para fazer pressão para que as medidas restritivas nos Estados fossem amenizadas.
Os empresários que estavam junto com o presidente naquele dia pregavam a volta dos negócios o mais rápido possível e a flexibilização do lockdown nas cidades porque, na visão deles, comprometia a recuperação econômica. A pandemia continuou e estímulos bilionários do governo federal garantiram os negócios (não houve, porém, a contrapartida de um planejamento sério para a boa prática de distanciamento social). A atividade econômica começou a se recuperar.
Sem um planejamento nacional para a segunda onda e a vacinação em massa, o Brasil jogou todo o esforço no lixo no “curto-prazismo”. Os brasileiros assistem assombrados o colapso do sistema de saúde de Manaus e o risco de uma crise nacional de falta de oxigênio.
Assim como a saúde está colapsando, será muito difícil a economia não escapar desse mesmo destino. O País não pode seguir também o negacionismo econômico. Muito tempo foi perdido esperando as eleições municipais.
Já sabemos que os políticos querem esperar as eleições da Câmara e Senado e só pensam em emendas, cargos... O que farão para impedir que o colapso do Amazonas chegue às cidades dos seus Estados, enquanto negociam votos na eleição do Congresso?
Sabemos também que o governo federal quer esperar a vitória dos seus dois candidatos (deputado Arthur Lira e senador Rodrigo Pacheco) para agir com as medidas econômicas.
Desde o dia de 15 de dezembro, quando o Estadão manchetou que a equipe econômica estudava a antecipação do 13.º para aposentados e pensionistas do INSS e do pagamento do abono salarial (uma espécie de 14.º salário a trabalhadores que ganham até dois mínimos), assistimos variações sobre os mesmos temas, além de liberação de FGTS e suspensão de impostos. Nada de concreto.
Já as grandes lideranças empresariais, os representantes das grandes confederações, CEOs de grandes conglomerados, banqueiros se encolheram. Não há nenhuma mobilização empresarial para evitar o pior. No máximo, doações que servem para aparecer bem na fita, de preferência no Jornal Nacional.
Acham mesmo que tem como dar certo para a economia continuar aguardando para ver no que dá sem uma ação rápida. A retomada não vai continuar do mesmo jeito. Depois, sem dúvida alguma, serão pródigos em bater na porta do governo para pedir subsídios, redução de impostos, Refis generosos e socorro financeiro da viúva.
Nos mais de 20 anos de cobertura econômica em Brasília, esta colunista já viu de tudo em matéria de pressão empresarial. Na última semana, a mais sofrida da pandemia até aqui, na agenda oficial do ministro Paulo Guedes não houve sequer uma reunião com empresários.
O que teve mesmo foi um encontro virtual realizado do outro lado da Esplanada, no Ministério da Saúde, com 28 empresários ligados à Fiesp sobre a campanha nacional de vacinação contra a covid-19. O Ministério da Economia não estava lá. Foram falar da importância da vacina para a retomada, mas não se viu nenhuma declaração contundente depois do encontro.
Reportagem do Estadão mostrou que os Ministérios da Saúde, Comunicações e Casa Civil foram taxativos: a vacinação ficará a cargo do governo, que garantiu ter imunizantes para toda a população. Ouviram, segundo relatos, que o governo já tem cerca de 500 milhões de doses contratadas. Como acreditar se nem dois milhões de vacinas da Índia estão garantidos? As poucas falas empresariais sobre o encontro foram todas de bastidores.
Por que se calam aqueles que costumam ser tão barulhentos? Na elite do nosso empresariado, não tem dia D nem hora H. É S, de silêncio.
sábado, 16 de janeiro de 2021
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https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/01/adriana-fernandes-por-que-se-calam.html
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Entregadores de apps adotam bandeira antifascista e pedem direitos trabalhistas
Ainda pequeno, o grupo está ganhando adesão em outros estados e levantando a pauta de direitos trabalhistas para quem trabalha com a chamada gig economy
Publicado em 01/07/2020 às 9:27 am
Por Redação Jornal de Brasília
Foto: Reprodução
Fernanda Canofre
Belo Horizonte, MG
Paulo Galo, 31, estava a caminho de uma entrega em São Paulo, em 21 de março, dia do seu aniversário, quando um pneu da moto furou. Sem conseguir concluir o serviço, ele entrou logo em contato com o aplicativo para evitar um novo bloqueio.
Mesmo com a garantia da pessoa que o atendeu de que não aconteceria, Galo foi bloqueado. O episódio o levou a se mobilizar através de um abaixo-assinado, que já conta com mais de 360 mil assinaturas, e criar o movimento dos entregadores antifascistas.
Ainda pequeno, o grupo está ganhando adesão em outros estados e levantando a pauta de direitos trabalhistas para quem trabalha com a chamada gig economy, no momento que a categoria ganhou foco como serviço essencial na pandemia do novo coronavírus.
“A proposta é empoderar o trabalhador. Se apropriar da ferramenta chamada política para transformar o mundo ao nosso redor. Um entregador antifascista é um político de rua”, diz ele.
A primeira reivindicação colocada por eles é que aplicativos garantam refeições como almoço, jantar e café para quem passa o dia na rua trabalhando com entregas. Paulo diz que pretendem encontrar um parlamentar que transforme a questão em projeto de lei no Congresso Nacional.
Com a pauta, eles querem abrir a discussão sobre vínculo empregatício entre empresas e freelancers. “CLT no Brasil é a única coisa que protege trabalhador”, diz ele.
Galo começou como motoboy em 2012, mas depois de sofrer dois acidentes, resolveu sair. Trabalhou instalando internet corporativa por um tempo, mas depois de perder o emprego, já pai, decidiu voltar às entregas.
O mercado, porém, estava mudado: sem vagas com carteira assinada e dominado pelos aplicativos. Com a prestação da moto por pagar, ele resolveu se cadastrar.
Trabalhando cerca de 12 horas por dia, ele conta que conseguia tirar entre R$ 100 e R$ 120, sem descontar o gasto com combustível. Encontrar banheiro para usar era uma dificuldade, porque achavam que ele poderia roubar. Levar marmita era inviável, porque a comida azedava pelo tempo na rua.
Ainda era comum fazer entregas para pessoas que alegavam não ter recebido o pedido, para não pagar. A Uber diz que o bloqueio de Paulo foi por repetidos cancelamentos injustificados e entregas não realizadas. Ele alega que a plataforma favorece a versão do cliente.
Quando começou a conversar com outros motoboys para tentar organizar as reivindicações, ele conta que encontrou resistência -alguns o mandavam para Cuba.
“Mudei a estratégia. Mano, mundo mudou, também tenho que mudar, não sou mais motoboy, sou entregador. Fui atrás do pessoal das bikes e fui bem recebido, entenderam melhor minha ideia”, conta ele.
Victor, 28, que prefere não ter o nome completo revelado, depende das entregas por bicicleta em Vitória (ES) e aderiu ao movimento. Com a pandemia, conta ele, apesar de os pedidos terem aumentado, o número de entregadores também cresceu. Só o Rappi registrou crescimento de 111% nos cadastros.
Semana passada, em três dias seguidos na rua, não conseguiu entregas. “Dizem que você é empreendedor mas, dependendo da situação, se você rejeita um pedido, toma bloqueio.
Se atrasar 30 segundos do tempo definido pelo GPS, bloqueio”, afirma ele, que trabalha para formar um núcleo dos antifascistas no Espírito Santo.
Eduarda Alberto, 24, que virou entregadora durante a pandemia, também aderiu ao movimento. Trabalhando no Rio de Janeiro, ela conta que contatou diretamente microempreendedores que se tornaram seus clientes, para desviar das dificuldades vistas nos aplicativos, que conhecia pelo companheiro e amigos.
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Fernanda Canofre
Belo Horizonte, MG
Paulo Galo, 31, estava a caminho de uma entrega em São Paulo, em 21 de março, dia do seu aniversário, quando um pneu da moto furou. Sem conseguir concluir o serviço, ele entrou logo em contato com o aplicativo para evitar um novo bloqueio.
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Mesmo com a garantia da pessoa que o atendeu de que não aconteceria, Galo foi bloqueado. O episódio o levou a se mobilizar através de um abaixo-assinado, que já conta com mais de 360 mil assinaturas, e criar o movimento dos entregadores antifascistas.
Ainda pequeno, o grupo está ganhando adesão em outros estados e levantando a pauta de direitos trabalhistas para quem trabalha com a chamada gig economy, no momento que a categoria ganhou foco como serviço essencial na pandemia do novo coronavírus.
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“A proposta é empoderar o trabalhador. Se apropriar da ferramenta chamada política para transformar o mundo ao nosso redor. Um entregador antifascista é um político de rua”, diz ele.
A primeira reivindicação colocada por eles é que aplicativos garantam refeições como almoço, jantar e café para quem passa o dia na rua trabalhando com entregas. Paulo diz que pretendem encontrar um parlamentar que transforme a questão em projeto de lei no Congresso Nacional.
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Com a pauta, eles querem abrir a discussão sobre vínculo empregatício entre empresas e freelancers. “CLT no Brasil é a única coisa que protege trabalhador”, diz ele.
Galo começou como motoboy em 2012, mas depois de sofrer dois acidentes, resolveu sair. Trabalhou instalando internet corporativa por um tempo, mas depois de perder o emprego, já pai, decidiu voltar às entregas.
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O mercado, porém, estava mudado: sem vagas com carteira assinada e dominado pelos aplicativos. Com a prestação da moto por pagar, ele resolveu se cadastrar.
Trabalhando cerca de 12 horas por dia, ele conta que conseguia tirar entre R$ 100 e R$ 120, sem descontar o gasto com combustível. Encontrar banheiro para usar era uma dificuldade, porque achavam que ele poderia roubar. Levar marmita era inviável, porque a comida azedava pelo tempo na rua.
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Ainda era comum fazer entregas para pessoas que alegavam não ter recebido o pedido, para não pagar. A Uber diz que o bloqueio de Paulo foi por repetidos cancelamentos injustificados e entregas não realizadas. Ele alega que a plataforma favorece a versão do cliente.
Quando começou a conversar com outros motoboys para tentar organizar as reivindicações, ele conta que encontrou resistência -alguns o mandavam para Cuba.
“Mudei a estratégia. Mano, mundo mudou, também tenho que mudar, não sou mais motoboy, sou entregador. Fui atrás do pessoal das bikes e fui bem recebido, entenderam melhor minha ideia”, conta ele.
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Victor, 28, que prefere não ter o nome completo revelado, depende das entregas por bicicleta em Vitória (ES) e aderiu ao movimento. Com a pandemia, conta ele, apesar de os pedidos terem aumentado, o número de entregadores também cresceu. Só o Rappi registrou crescimento de 111% nos cadastros.
Semana passada, em três dias seguidos na rua, não conseguiu entregas. “Dizem que você é empreendedor mas, dependendo da situação, se você rejeita um pedido, toma bloqueio.
Se atrasar 30 segundos do tempo definido pelo GPS, bloqueio”, afirma ele, que trabalha para formar um núcleo dos antifascistas no Espírito Santo.
Eduarda Alberto, 24, que virou entregadora durante a pandemia, também aderiu ao movimento. Trabalhando no Rio de Janeiro, ela conta que contatou diretamente microempreendedores que se tornaram seus clientes, para desviar das dificuldades vistas nos aplicativos, que conhecia pelo companheiro e amigos.
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“Acabou que, na pandemia, só vi isso como alternativa. Fiz da minha motinho meu instrumento de trabalho, que foi o que sobrou na quarentena”, conta ela, que trabalhava como bartender.
Outro grupo, separado dos antifascistas, organiza uma paralisação de entregadores para esta quarta-feira (1º), em 19 estados. Pelo levantamento nos grupos de mensagens, esperam adesão expressiva, maior que mobilizações organizadas no ano passado. O movimento encabeçado por Galo os apoia.
Entre as reivindicações está pagamento de taxa mínima de R$ 2 por quilômetro rodado (hoje é em torno de R$ 1), auxílio para alimentação e mecânico (convênios que aplicativos dizem ter nem sempre funcionam) e fim dos bloqueios, sobre os quais alegam não ter espaço para contestar.
“Conseguiram mais motoca para trabalhar na rua e baixaram as taxas de todos os motoboys. Tem complementador de salário e tem motoboy que necessita desse trabalho”, diz Mineiro, 30, um dos organizadores.
Em resposta à Folha de S.Paulo, três das maiores plataformas de entrega em operação no país -Rappi, iFood e Uber- dizem que bloqueios ocorrem por violações aos termos de uso e que têm adotado medidas para apoiar profissionais durante a pandemia, como pagamento de auxílio para quem se afasta com sintomas ou infecção pelo novo coronavírus.
O iFood diz que entregadores receberam, em média, R$ 21,80 por hora trabalhada em maio, enquanto Rappi afirma que 75% dos entregadores ganha R$ 18 por hora -gorjetas no aplicativo tiveram 238% de aumento na quarentena. Uber não divulgou valores.
A Rappi afirma ainda que reconhece direito à livre manifestação pacífica e que busca diálogo com os trabalhadores. Já a Uber ressalta que seus parceiros apontam a flexibilidade como benefício.
Com uma decisão da 37ª Vara do Trabalho em São Paulo favorável aos argumentos da empresa, de que as relações da plataforma com entregadores não se encaixam na CLT, o iFood diz que é a favor de uma nova regulação que beneficie todas as partes. O aplicativo tem 170 mil entregadores cadastrados no Brasil.
As informações são da FolhaPress.
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https://jornaldebrasilia.com.br/brasil/entregadores-de-apps-adotam-bandeira-antifascista-e-pedem-direitos-trabalhistas/
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Líder dos Entregadores Antifascistas fala sobre o 'futuro sem chefe'... - Veja mais em https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/09/05/lider-dos-entregadores-antifascistas-fala-sobre-o-futuro-sem-chefe.htm?cmpid=copiaecola
Paulo Galo Lima, líder dos Entregadores Antifascistas
Imagem: Felipe Larozza/UOL
05/09/2020 04h04
Paulo Lima teve seu primeiro registro na Carteira de Trabalho como motociclista, em 2012. Depois de alguns acidentes, descansou a moto e, de lá para cá, já trabalhou como pintor, estoquista de mercado e instalador de internet. Em 2019, sem emprego, viu-se obrigado a voltar para o trabalho de entregador e encontrou um mercado tomado pelos aplicativos de entrega.
Paulo Lima é Galo, líder do movimento dos Entregadores Antifascistas. Para falar do cenário da uberização do emprego, como enxerga o futuro do trabalho e sobre o que defende em seu ativismo, ele participa do terceiro episódio da terceira temporada do podcast "Fora da Curva", apresentado pela jornalista Monique Evelle.
Os oito episódios da nova temporada estarão disponíveis sempre às quintas-feiras. Por vezes a palavra empreendedorismo é endereçada aos que trabalham em apps. A apresentadora questionou se é possível fazer um formato de empreendedorismo alternativo e se há como ter uma espécie de "linha do meio" da CLT (ouça abaixo a partir de 11:16)
"Linha do meio, mano? A CLT não tá boa, né? (...) tinha que melhorar. Eu queria que a luta dos entregadores Antifascistas fosse uma luta para melhorar a CLT (...) e não para recuperar o conjunto de luta dos trabalhadores, mas sim para agregar, trazer mais coisas boas (...) Até que um dia a gente consiga mostrar aos trabalhadores que, se tem uma coisa que a gente não precisa, é patrão. Existe força de trabalho sem patrão, não existe patrão sem força de trabalho", defendeu ele.
Monique lembrou da iniciativa Despatronados, no Rio de Janeiro, que criou uma cooperativa de entregadores de aplicativo e perguntou se em São Paulo há alguma ideia de fazer algo parecido.
Galo afirmou que o coletivo também faz parte do movimento dos Entregadores Antifascistas e afirmou que há caminhos semelhantes em São Paulo e que a ideia é que não exista apenas uma cooperativa, mas várias. Para ele, a grande questão está em torno da tecnologia: ela precisa ser usada para o que realmente foi criada, que é ceder mais tempo ao trabalhador.
"O problema não está na tecnologia em si. (...) O problema é a gente não saber operar essa tecnologia (...) É uma tecnologia que está sendo utilizada para explorar e oprimir os trabalhadores. Então, vamos aprender a utilizar essa tecnologia e vamos utilizar ela a nosso favor (...) Não é esse o papel da tecnologia? Auxiliar a melhora de vida dos trabalhadores, auxiliar a melhora de vida dos seres humanos? (...) O grande desafio é como fazer isso sem repetir os erros que esses aplicativos aí repetiram (a partir de 17:21).
Paulo Lima (Galo) nasceu e se criou no Jardim Guarau, periferia da zona oeste de São Paulo. O apelido é fruto do modelo da moto esportiva que já pilotou fazendo entregas, uma CBX 750F, conhecida como 7 Galo no Brasil. Politizado, Galo atribui seu conhecimento aos livros que gosta de ler. Ele é casado e pai de uma filha.
Podcasts são programas de áudio que podem ser ouvidos a qualquer hora e lugar — no computador, smartphone ou em outro aparelho com conexão à internet. Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição. Você pode ouvir Fora da Curva, por exemplo, no Spotify, na Apple Podcasts e no YouTube.
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https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/09/05/lider-dos-entregadores-antifascistas-fala-sobre-o-futuro-sem-chefe.htm#:~:text=Paulo%20Lima%20%C3%A9%20Galo%2C%20l%C3%ADder,apresentado%20pela%20jornalista%20Monique%20Evelle.
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Travessia
Milton Nascimento
Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho pra falar
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedra, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito o que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedra, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito o que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver
Composição: Fernando Brant / Milton Nascimento.
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https://www.letras.mus.br/milton-nascimento/47456/
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