sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Trump lá reconhece derrota. E critica os manifestantes que fizeram o que ele lhes pediu

Saudação à Bancada do Cidadania e seu papel na formação da frente ampla por uma Câmara livre e independente Publicado em8 de janeiro de 2021 À luz dos graves fatos ocorridos nos Estados Unidos, inspiração para os neofascistas, negacionistas e obscurantistas que administram o Brasil, na qualidade de presidente nacional do Cidadania, em nome de todos os nossos filiados, saúdo a bancada do Cidadania, que, sob a liderança do deputado Arnaldo Jardim, soube construir sua unidade interna e foi de fundamental importância na luta pela formação de uma frente ampla que se concretizou em torno de Baleia Rossi (MDB-SP) para o comando da Câmara dos Deputados. A unidade não vem do pensamento único ou da imposição de uma agenda de cima para baixo, mas da construção conjunta de projetos, tendo o diálogo como base e como norte os valores caros à cidadania, à liberdade e à democracia. O foco está e tem de estar nas semelhanças que nos aproximam, porque temos convergência de princípios. Eventuais diferenças, na democracia, são dirimidas no voto. Aqueles que não acreditam na democracia, temem o voto e desejam subtrair direitos e liberdades atacam as instituições com palavras e depois com paus, pedras e armas, como vimos nos Estados Unidos de Donald Trump. A invasão do Capitólio, símbolo de uma república democrática de mais de 200 anos, fato inusitado e inédito que estarreceu o mundo, nos serve de alerta. Ocorreu sob patrocínio do próprio presidente e de seu extremismo de direita. Contra essa ameaça, mimetizada aqui por Bolsonaro e seus seguidores, muitos deles armados, é que é preciso garantir uma Câmara dos Deputados livre e independente e uma democracia viva. Para que o Legislativo siga a serviço do povo, como esteve na pandemia e na crise, e não subalterno a um projeto pessoal de poder, ligado a uma rede subterrânea e marginal de ações, e disposto, em seu obscurantismo, a aprofundar a desigualdade, o atraso, o racismo e toda sorte de divisões na sociedade brasileira. Roberto Freire Presidente Nacional do Cidadania Fonte: cidadania23 Dispon-ivel em: https://cidadania23.org.br/2021/01/08/saudacao-a-bancada-do-cidadania-e-seu-papel-na-formacao-da-frente-ampla-por-uma-camara-livre-e-independente/ Acesso em: 08/01/2021 O presidente cessante dos EUA publicou no Twitter vídeo em que declara que está focado em "assegurar uma transição sem problemas".
© Twitter DN/Lusa 08 Janeiro 2021 — 01:14 O Presidente cessante dos Estados Unidos da América, Donald Trump, reconheceu esta quinta-feira a derrota nas eleições de novembro, apontando que "a nova administração tomará posse" no dia 20, tendo criticado os manifestantes que invadiram o Capitólio na quarta-feira -- apesar de os incidentes terem ocorrido minutos depois dele próprio, num comício, ter-lhes dito para se dirigirem ao Capitólio e irem "Impedir o que ali estava a acontecer". Num vídeo divulgado pela sua conta pessoal na plataforma Twitter, Trump afirmou que após a certificação dos resultados pelo Congresso, que confirmaram a vitória do candidato democrata, Joe Biden, "a nova administração tomará posse em 20 de janeiro" e que o seu foco é agora "assegurar uma transição sem problemas". Trump pronunciou-se sobre o violento protesto no Capitólio, considerando que se tratou de um "ataque hediondo" e que o deixou "enfurecido com a violência, a desordem e o caos".
Twitter bloqueia conta de Donald Trump por 12 horas | EXPRESSO CNN 3.364 visualizações•6 de jan. de 2021 "O Twitter disse na quarta-feira (6) que bloqueou a conta do presidente Donald Trump por 12 horas e avisou pela primeira vez que pode suspendê-lo permanentemente. O bloqueio temporário reflete a violação de Trump das regras da rede social, disse a empresa." https://www.youtube.com/watch?v=WrLCn-OCF4Y Donald J. Trump @realDonaldTrump · 18 h 41,8 mi visualizações 0:17 / 2:41 Apoiantes do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, entraram em confronto com as autoridades e invadiram o Capitólio, em Washington, na quarta-feira, enquanto os membros do congresso estavam reunidos para formalizar a vitória do Presidente eleito, Joe Biden, nas eleições de novembro. "A América foi e sempre será uma nação de lei e ordem. Os manifestantes que se infiltraram no Capitólio desonraram o lugar da democracia americana. Àqueles que participaram nos atos de violência e corrupção: vocês não representam o nosso país. E àqueles que quebraram a lei: vocês vão pagar", referiu na mensagem o Presidente cessante. Na quinta-feira, o Congresso dos Estados Unidos ratificou a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro, na última etapa antes de ser empossado em 20 de janeiro. O vice-Presidente republicano, Mike Pence, validou o voto de 306 grandes eleitores a favor do democrata contra 232 para o Presidente cessante, Donald Trump, no final de uma sessão das duas câmaras, marcada pela invasão de apoiantes de Trump. "Passámos por uma eleição intensa e as emoções estiveram ao rubro, mas agora os ânimos devem acalmar", instou o ainda chefe de Estado norte-americano. Donald Trump assinalou que a sua campanha "percorreu todos os caminhos legais para contestar os resultados eleitorais" e que o seu único objetivo era "assegurar a integridade da votação". "Ao fazê-lo, eu estava a lutar para defender a democracia americana", sublinhou. "Continuo a acreditar veementemente que devemos reformar as nossas leis eleitorais para verificar a identidade e eligibilidade de todos os eleitores e assegurar a fé e a confiança nas futuras eleições", disse o dirigente norte-americano. Após um 2020 que apelidou de "desafiante", Trump acredita que é agora necessário "apelar à recuperação e reconciliação". "Uma ameaçadora pandemia destruiu a vida dos nossos cidadãos, isolou milhões nas suas casas, danificou a nossa economia e tirou inúmeras vidas. Derrotar esta pandemia e reconstruir a maior economia do mundo vai requerer que todos trabalhemos juntos. Vai requerer um ênfase renovado nos valores cívicos do patriotismo, fé, caridade, comunidade e família", afirmou Trump. O Presidente norte-americano, que chegou à Casa Branca em 2017, depois de uma vitória frente à candidata democrata Hillary Clinton em novembro do mês anterior, considerou que dia 20 terminará aquela que foi "a maior honra" da sua vida. "Servir como Presidente foi a maior honra da minha vida", disse, terminando dirigindo-se aos seus apoiantes. "Sei que estão desapontados, mas quero que também saibam que a nossa incrível viagem está apenas a começar", finalizou. O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os violentos protestos, nos quais morreram pelo menos quatro pessoas, foram "um ataque sem precedentes à democracia" do país e instou Donald Trump a pôr fim à violência. O governo português condenou os incidentes, à semelhança da Comissão Europeia, do secretário-geral da NATO e dos governos de vários outros países. Fonte: Diário de Notícias INERNACIONAL Disponível em: https://www.dn.pt/internacional/trump-la-reconhece-derrota-e-critica-os-manifestantes-que-fizeram-o-que-ele-lhes-pediu-13206971.html Acesso em: 08/01/2021 sexta-feira, 8 de janeiro de 2021 O que a mídia pensa: Opiniões / Editoriais
Vândalos da democracia – Opinião | O Estado de S. Paulo Que as declarações temerárias de Bolsonaro sirvam de alerta quanto ao risco de ele repetir no Brasil em dois anos a intentona de seu ídolo americano Se ainda havia dúvidas, as inacreditáveis cenas do assalto ao Capitólio, sede do Poder Legislativo dos Estados Unidos, ocorrido na tarde de quarta-feira passada em Washington, confirmaram de forma cabal o perigo da política de ressentimento estimulada pelo chamado tecnopopulismo, do qual o presidente americano, Donald Trump, é o maior expoente. Atônitos, milhões de pessoas em diversos países puderam acompanhar em tempo real os danos que vândalos da democracia como Trump e seus imitadores mundo afora são capazes de causar. Eles vão muito além do estímulo à polarização política e à subversão da verdade factual nas redes sociais, o que já seria grave por si só. O ódio que essas lideranças populistas promovem contra as instituições democráticas, o que chamam de “sistema”, a diversidade e todos que não pertençam ao “povo” encarnado pelo líder ungido, se traduz em violência e morte. Enquanto o Congresso dos Estados Unidos realizava uma sessão conjunta para certificar a eleição de Joe Biden como o 46.º presidente americano, um ato que em condições normais seria meramente protocolar, o presidente Donald Trump proferia um de seus mais virulentos discursos contra o que chamou de “eleição roubada”. Furioso porque seu vice, Mike Pence, simplesmente decidiu cumprir a Constituição e se recusou a participar da sedição que o manteria no poder, Trump afirmou que “jamais aceitaria” a derrota e insuflou uma horda de extremistas a “lutar” de forma “patriótica” contra a “fraude” da qual diz ser vítima. Não houve fraude alguma na eleição presidencial dos Estados Unidos. Trump não passa de um mau perdedor e, a partir de agora, de um golpista malsucedido. Sua manutenção no poder, ainda que por mais poucos dias, representa um enorme perigo. Donald Trump deve ser impedido ou retirado da presidência de acordo com a 25.ª Emenda à Constituição americana, que prevê que o presidente pode ser destituído por incapacidade de desempenhar suas funções após uma declaração conjunta de seu vice e da maioria dos membros de seu Gabinete. A responsabilidade pelo que aconteceu em Washington é exclusiva de Trump. “Palavras de um presidente têm peso”, disse o presidente eleito, Joe Biden. “Hoje vimos de um jeito duro o quão frágil é a democracia. Para preservá-la são necessárias pessoas de boa vontade e líderes com coragem, que se dediquem não a perseguir o poder e os interesses pessoais a qualquer custo, mas sim o bem comum”, disse o presidente eleito. Controlada a invasão do Capitólio pelos radicais trumpistas – um rematado ato de terrorismo doméstico que culminou na morte de pelo menos 4 pessoas e na prisão de mais de 50 –, o Congresso retomou a sessão conjunta e certificou a decisão do Colégio Eleitoral, que em 14 de dezembro elegeu a chapa democrática formada por Joe Biden e Kamala Harris. A posse ocorrerá no próximo dia 20. No final, a secular democracia americana resistiu à infame tentativa de sublevação insuflada por Trump e da qual fizeram parte alguns senadores republicanos, como Ted Cruz, Josh Hawley e Ron Johnson. Mas o abalo seguramente foi sentido em democracias mundo afora. O presidente Jair Bolsonaro, do tugúrio de onde expele fartas doses de mentiras e de veneno antiliberdades, voltou a prestar apoio a Trump e a dizer que a eleição americana foi “fraudada”, tal como a eleição brasileira em 2018, cantilena que repete sem apresentar provas. O presidente brasileiro afirmou que, “se tiver voto eletrônico no Brasil em 2022, vai ser a mesma coisa lá dos Estados Unidos” (sic). Se Bolsonaro não se conforma com o sistema eleitoral do País, que tente mudá-lo de acordo com as regras do jogo democrático. Se não conseguir e continuar inconformado, que renuncie à Presidência e deixe a ribalta, que não participe de um jogo de cujas regras discorda. Como ele não tem estofo para isso, que as declarações temerárias sirvam de alerta para as autoridades brasileiras quanto ao risco de o presidente repetir no Brasil daqui a dois anos a intentona de seu ídolo americano. https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/01/o-que-midia-pensa-opinioes-editoriais_8.html#more Assalto à democracia – Opinião | Folha de S. Paulo Ataque ao Congresso incitado por Trump mancha os EUA, mas instituições vencem Num ataque infame, que mancha a história da democracia americana, uma horda de extremistas de direita, incitada pelo presidente Donald Trump, invadiu o prédio do Congresso dos EUA durante a sessão convocada para oficializar a vitória do eleito Joe Biden. O maestro do espetáculo ultrajante de hostilidade às regras democráticas jamais deixou dúvidas quanto às suas convicções autoritárias, racistas e homofóbicas, enfeixadas por um projeto político regressivo, baseado no apelo mítico do ressurgimento de uma América fabulosa e ancestral, purificada das influências nefastas da modernidade e do internacionalismo. Desde a campanha de 2016, Trump aposta na polarização ideológica e no descrédito das instituições. Suas investidas para rechaçar e tachar de fraudulento um possível resultado negativo nas urnas, em 2020, já eram conhecidas bem antes do processo eleitoral. Quando a derrota se esboçou, o republicano passou a comportar-se como um golpista desvairado, a exortar, com base em falsidades, uma rebelião contra o sufrágio popular —esforço coroado pelo assalto ao Capitólio, que deixou quatro mortos e uma mácula sinistra na política dos EUA. Se não encontrou condições de organizar um golpe de Estado, Trump recorreu às armas disponíveis para enfraquecer Biden e alardear a versão mentirosa de que teria sido vítima de uma conspiração. O impostor semeia a insegurança para dar prosseguimento à sua saga política destrutiva, que projeta graves indagações sobre o futuro. Consideradas as circunstâncias, a vitória democrata no Senado, que assegurou ao partido maioria nas duas Casas legislativas, constitui uma notícia auspiciosa. Desanuviam-se, ao menos em parte, os riscos de paralisação governamental numa nação imersa em confrontos ferrenhos e perigosos. As recorrentes comparações que se fizeram entre as cenas vistas na capital dos EUA e as insurreições e quarteladas do Terceiro Mundo merecem ser ponderadas. Para além da baderna, Trump perdeu tudo —e pode ter destino pior do que apenas deixar a Casa Branca. No Brasil, também o sistema de freios e contrapesos contém um populista de inclinações autoritárias que tem em Trump uma fonte óbvia de inspiração. Entusiasta da ditadura militar e venerador de torturadores, Jair Bolsonaro sempre foi fiel e submisso ao congênere americano. Natural que, à luz sombria dos conflitos em Washington, tenha evitado condenações. Preferiu lançar ameaças à democracia brasileira, afirmando que se o país não regredir ao voto impresso enfrentará “problema pior do que nos EUA”. Como deixa claro o tumulto insuflado por Trump, não se deve subestimar o obscurantismo que se propaga na política internacional. Nos Estados Unidos, felizmente, as instituições prevalecem —como têm prevalecido também no Brasil. Riscos municipais – Opinião | Folha de S. Paulo Gestão de Covas terá de lidar com suspeitas sobre secretário de Educação e vice Se a distribuição de cargos de comando entre partidos aliados é quase uma imposição da política, uma boa composição precisa cotejar benefícios e riscos na escolha de nomes, especialmente nas pastas mais importantes. Em São Paulo, o prefeito Bruno Covas (PSDB) fez algumas apostas arriscadas. Tome-se o caso do novo secretário de Educação da capital, Fernando Padula, acusado de integrar um esquema de fraudes e desvios no setor conhecido como a “máfia da merenda”, que teria operado durante a gestão do ex-governador tucano Geraldo Alckmin. Padula, que é amigo de infância do alcaide paulistano, era chefe de gabinete da Secretaria de Educação do estado em 2014, ano no qual, afirma o Ministério Público, as irregularidades foram cometidas. Em 2018, foi denunciado por corrupção passiva. Também é acusado em uma ação civil de improbidade administrativa, concernente ao mesmo caso. Cabe apontar que as duas peças ainda não foram apreciadas pela Justiça, e Padula, que nega participação nos supostos malfeitos, goza da presunção de inocência. Entretanto é evidente que a evolução do caso pode ser motivo de instabilidade para a administração. Também potencialmente problemática se mostra a escolha do vice de Covas, Ricardo Nunes (MDB). Ex-vereador, Nunes tornou-se motivo de controvérsia ao longo da campanha após a Folha revelar que seu grupo político fatura ao menos R$ 1,4 milhão por ano alugando imóveis para creches do sistema municipal, com valores que ultrapassam, na média, os parâmetros de referência da prefeitura. A administração se vale de entidades parceiras para administrar e expandir as creches, utilizando para tanto unidades conveniadas. O modelo, no entanto, é alvo de investigações por fraudes. Acrescente-se ainda o fato de que a mulher de Nunes registrou em 2011 boletim de ocorrência contra ele por violência doméstica, ameaça e injúria, embora tenha voltado atrás posteriormente. Não faltaram ao candidato a vice, durante a campanha, oportunidades para aclarar sobretudo as questões referentes ao seu relacionamento com as creches. Ele, porém, evitou debates e sabatinas. Gestão da dívida pública avança mas enfrenta desafios – Opinião | Valor Econômico Humor do mercado pode mudar porque o governo não dá sinais de que vai encarar seus desafios na área fiscal No mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro disse que o país estava quebrado ao justificar a um apoiador o motivo pelo qual não corrigiu a tabela do Imposto de Renda como prometeu em campanha, o Tesouro Nacional realizou o primeiro leilão de títulos públicos deste ano. Felizmente os investidores não levaram a declaração do presidente a sério e o Tesouro comemorou o sucesso da venda, após ter passado por um período, no ano passado, em que houve muita dúvida no mercado financeiro sobre a rolagem da dívida. Neste primeiro leilão de 2021, o Tesouro colocou no mercado toda a oferta de 1,3 milhão de Notas do Tesouro Nacional da série B (NTN-B), corrigidas pelo IPCA, arrecadando R$ 5,5 bilhões. Foram vendidos títulos com vencimento em 2026, 2030 e 2055. A taxa dos papéis mais longos até caíram, ao contrário do que vinha acontecendo. Nova sistemática introduzida facilita a formação do preço uma vez que informa o volume de papéis em oferta. O resultado foi bem diferente do que chegou a ser registrado no segundo semestre do ano passado. Um dos meses mais críticos foi setembro, quando o governo teve que emitir R$ 155,3 bilhões para fazer frente aos elevados resgates de títulos públicos. Somente em Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), indexadas à Selic, os resgates somaram R$ 72,1 bilhões. Além disso, o mercado estava claramente preferindo títulos de curto prazo e só aceitando taxas mais elevadas para o longo prazo. O leilão desta semana confirma a melhoria do cenário na gestão da dívida mobiliária, observada a partir de novembro. O resultado das eleições americanas contribuiu para aumentar o interesse pelos mercados emergentes, e as notícias a respeito do sucesso das vacinas contra a covid-19 inspiraram previsões otimistas de recuperação da economia global. Os juros baixos barateiam os custos de financiamento. Tesouro e Banco Central realizaram mudanças nos leilões que também ajudaram a reconduzir as operações da dívida mobiliária de volta aos trilhos. O Tesouro aproveitou a janela de oportunidade do fim do ano para fazer caixa para enfrentar os elevados vencimentos previstos para este ano, especialmente no primeiro semestre. Conseguiu levantar R$ 173,3 bilhões em outubro e mais R$ 139,7 bilhões em novembro. Em nota divulgada ontem, o Tesouro informou que reuniu recursos em volume superior às despesas da dívida agendadas para o primeiro semestre, sem detalhar valores. Mas sabe-se que os compromissos do ano todo são elevados. De acordo com o relatório mensal da dívida mobiliária federal de novembro, vencem neste ano o equivalente a 28,1% da dívida, o que significa pouco mais de R$ 1,3 trilhão. Quando Bolsonaro tomou posse, o percentual da dívida mobiliária que vencia no prazo de um ano era equivalente a quase metade disso, 16,3% do total. Em artigo no Valor do dia 11 de dezembro, o professor do Departamento de Economia da PUC-Rio, Márcio Garcia, alerta para os elevados volumes das operações compromissadas, que acentuam o encurtamento da dívida pública, criando um fator adicional de risco diante das fragilidades fiscais. Ele calcula que a dívida de curto prazo cresceu mais com a expansão das operações compromissadas (8,4% do PIB) do que com os títulos do Tesouro (6,3% do PIB). Dados do Banco Central informam que as operações compromissadas atingiram R$ 1,54 trilhão em outubro em comparação com R$ 951,5 bilhões em dezembro de 2019. Outros indicadores também se deterioraram nesse período. A participação do investidor estrangeiro na compra dos títulos públicos federais diminuiu quase dois pontos, de 11,2% para 9,5% em novembro; e a dos fundos de investimento, caiu de 26,9% para 25,5%. O espaço foi ocupado pelas instituições financeiras, que ampliaram as compras dos papéis de 22,7% para 29,5% do total. O prazo médio de vida dos títulos públicos (ATM, na sigla em inglês) também piorou e encolheu em quase um ano nesse curto espaço de tempo, passando de 5,45 anos em 2018 para 4,65 anos em novembro passado. Os dados mostram que o aparente equilíbrio atual está assentado em bases frágeis. O Tesouro pode ser pressionado por alguma mudança no cenário externo ou pela elevação dos juros básicos, prevista para ocorrer ainda neste ano. Uma afirmação grave como a feita pelo presidente Bolsonaro pode também mudar o humor do mercado, especialmente porque o governo não dá sinais de que vai encarar seus desafios na área fiscal nem avançar nas reformas prometidas. https://gilvanmelo.blogspot.com/2021/01/o-que-midia-pensa-opinioes-editoriais_8.html#more MEMORIAL da DEMOCRACIA
1938 11 DE MAIO INTEGRALISTAS TENTAM DERRUBAR GETÚLIO Residência oficial é cercada; família do presidente fica cinco horas sob tiroteio O palácio Guanabara na manhã de 11 de maio, logo após o ataque dos integralistas Integralistas atacam o palácio Guanabara, residência do presidente e sua família, e fazem outras operações armadas no Rio de Janeiro, capital da República. O ataque integralista foi comandado pelo tenente Severo Fournier e começou por volta da meia-noite. Quando os rebeldes chegaram ao palácio, o chefe da guarda, o tenente fuzileiro naval Júlio do Nascimento, também integralista, abriu o portão externo aos invasores, que cercaram o prédio e cortaram luz e telefones. Uma linha, porém, continuou funcionando, e Alzira Vargas conseguiu pedir ajuda. Getúlio comandou pessoalmente a resistência, organizada inicialmente por alguns parentes e poucos auxiliares, armados unicamente de revólveres. Durante quase cinco horas, houve intenso tiroteio, sem que nenhum tipo de ajuda chegasse para defender o presidente e sua família. O ataque só terminou horas depois, quando Fournier resolveu fugir com seus homens. Às cinco horas da manhã, o coronel Cordeiro de Farias chegou ao palácio Guanabara, acompanhado de policiais. Depois vieram Eurico Gaspar Dutra (ministro da Guerra) e Góis Monteiro (chefe do Estado-Maior do Exército). Os integralistas a se renderam. Sete deles foram fuzilados na hora, nos jardins do palácio. O tenente Nascimento, que abrira os portões do palácio aos rebeldes, foi entregue à polícia por seu tio, o almirante reformado Oscar Espíndola, em cuja casa tentara se abrigar após o fracasso do levante. Anos depois, Alzira Vargas do Amaral Peixoto, filha do presidente, escreveria em seu livro de memórias: “Góis Monteiro me disse nada poder fazer, porque também estava cercado em seu apartamento... Francisco Campos transmitia palavras de solidariedade admirativa e passiva... O chefe de polícia (Filinto Müller) confirmou o prévio envio de tropas e espantou-se de que não houvessem chegado ao seu destino... Não fiquei sabendo como nem por que o general Eurico Gaspar Dutra foi o único membro do governo que conseguiu atravessar a trincheira integralista. Não pude apurar também o que aconteceu depois que se retirou com um arranhão na orelha novamente transpondo o cerco do inimigo”. O plano dos integralistas previa o ataque a edifícios públicos, estações de rádio e às residências do Ministro da Guerra e de outros generais. Seu fracasso só não foi total porque conseguiram tomar o Ministério da Marinha, ainda que por poucas horas — a resistência dos militares governistas e os disparos de canhão da ilha das Cobras os levaram à rendição logo de manhã — e ocupar a rádio Mayrink Veiga para transmitir a notícia do levante. Quando, em 1937, Getúlio extinguira os partidos políticos, a Ação Integralista Brasileira mudou seu nome para Associação Brasileira de Cultura e imediatamente começou a articular um plano de tomada do poder. A primeira tentativa de levante ocorrera exatamente dois meses antes, no dia 11 de março, mas foi abortada pela polícia. O governo fez muita publicidade, mas não tomou medidas para evitar outro ataque. Centenas de integralistas foram presos em vários estados, quase todos soltos logo em seguida. Depois do ataque ao palácio Guanabara, em 11 de maio, a repressão policial seria implacável. Cerca de 1.500 pessoas seriam detidas. Cinco dias depois do cerco, o governo baixaria um decreto reduzindo os julgamentos do Tribunal de Segurança Nacional a ritos sumários, com o mínimo de prazos e testemunhas. No dia 18, um novo decreto instituiria, entre outras medidas, a pena de morte. Muitos integralistas seriam presos e torturados, e vários outros se refugiariam em embaixadas. Plínio Salgado e Gustavo Barroso, seus principais líderes, seriam excluídos do processo por falta de provas. Plínio seria dado como desaparecido, embora continuasse morando em endereço conhecido pelas autoridades, em São Paulo. Preso no final do ano, só ficaria encarcerado por três dias. Somente um ano depois é que Getúlio decretaria seu exílio. O historiador Edgar Carone escreveria depois que, durante todo o tempo em que esteve em Portugal, Plínio Salgado recebeu do governo brasileiro uma “mesada”. A repressão aos integralistas e a luta entre as facções governistas — algumas simpáticas ao nazifascismo, outras aos Estados Unidos — abalaram as relações entre o governo e os nazistas. Mesmo assim, Getúlio ainda procuraria tirar partido das vantagens oferecidas pelos países divergentes. No dia 13 de maio de 1938 — dois dias após o ataque —, Getúlio faria um discurso no palácio do Catete em agradecimento à manifestação popular em seu apoio. Segundo o presidente, “a cupidez de alguns politiqueiros expulsos do poder, habituados a viver dos seus proventos sem trabalhar, e a ambição de um grupo de fanáticos desvairados pela obsessão de impor ao país uma ideologia exótica, conluiaram-se na trama de uma ignóbil empreitada, lançando mão de todos os recursos sem olhar a sua origem nem ter em vista que comprometiam, com o auxílio recebido de fora, a própria soberania do Brasil”. E continuou: “Assim como ontem, na defesa da integridade e da honra nacional, repelimos os extremistas da esquerda, enfrentamos, hoje, sem vacilações, os extremistas da direita. Ambos se equivalem nos seus meios e objetivos, e encontram igual repúdio na opinião pública”. Em sua fala, Getúlio fez críticas diretamente aos integralistas: “Existia, até pouco, um credo político que disfarçava os seus apetites de sinistro predomínio com as invocações mais caras e arraigadas em nossas consciências: Deus, Pátria e Família. Mas a impostura foi desmascarada. Em nome de Deus, que ordena o amor e o perdão aos próprios inimigos, ninguém pode assaltar e trucidar; a pátria exige a união de todos os brasileiros, empenhados em trabalhar pelo seu engrandecimento; e a família é incompatível com a violação de lares adormecidos, maculados pela violência e a brutalidade de assassínios”. http://memorialdademocracia.com.br/card/integralistas-tentam-derrubar-getulio

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