sábado, 2 de janeiro de 2021

A beneficência

11. A beneficência, meus amigos, dar-vos-á nesse mundo os mais puros e suaves deleites, as alegrias do coração, que nem o remorso, nem a indiferença perturbam. Oh! Pudésseis compreender tudo o que de grande e de agradável encerra a generosidade das almas belas, sentimento que faz olhe a criatura as outras como olha a si mesma, e se dispa, jubilosa, para vestir o seu irmão! Pudésseis, meus amigos, ter por única ocupação tornar felizes os outros! Quais as festas mundanas que podereis comparar às que celebrais quando, como representantes da Divindade, levais a alegria a essas famílias que da vida apenas conhecem as vicissitudes e as amarguras, quando vedes nelas os semblantes macerados refulgirem subitamente de esperança, porque, faltos de pão, os desgraçados ouviam seus filhinhos, ignorantes de que viver é sofrer, gritando repetidamente, a chorar, estas palavras, que, como agudo punhal, se lhes enterravam nos corações maternos: “Estou com fome!...” Oh! compreendei quão deliciosas são as impressões que recebe aquele que vê renascer a alegria onde, um momento antes, só havia desespero! Compreendei as obrigações que tendes para com os vossos irmãos! Ide, ide ao encontro do infortúnio; ide em socorro, sobretudo, das misérias ocultas, por serem as mais dolorosas! Ide, meus bem-amados, e tende em mente estas palavras do Salvador: “Quando vestirdes a um destes pequeninos, lembrai-vos de que é a mim que o fazeis!” Caridade! Sublime palavra que sintetiza todas as virtudes, és tu que hás de conduzir os povos à felicidade. Praticando-te, criarão eles para si infinitos gozos no futuro e, quando se acharem exilados na Terra, tu lhes serás a consolação, o prelibar das alegrias de que fruirão mais tarde, quando se encontrarem reunidos no seio do Deus de amor. Foste tu, virtude divina, que me proporcionaste os únicos momentos de satisfação de que gozei na Terra. Que os meus irmãos encarnados creiam na palavra do amigo que lhes fala, dizendo-lhes: “É na caridade que deveis procurar a paz do coração, o contentamento da alma, o remédio para as aflições da vida.” Oh! quando estiverdes a ponto de acusar a Deus, lançai um olhar para baixo de vós; vede que de misérias a aliviar, que de pobres crianças sem família, que de velhos sem qualquer mão amiga que os ampare e lhes feche os olhos quando a morte os reclame! Quanto bem a fazer! Oh! não vos queixeis; ao contrário, agradecei a Deus e prodigalizai a mancheias a vossa simpatia, o vosso amor, o vosso dinheiro por todos os que, deserdados dos bens desse mundo, enlanguescem na dor e no insulamento! Colhereis nesse mundo bem doces alegrias e, mais tarde... só Deus o sabe!... – Adolfo, bispo de Argel. (Bordeaux, 1861.) 12. Sede bons e caridosos: essa a chave dos céus, chave que tendes em vossas mãos. Toda a eterna felicidade se contém neste preceito: “Amai-vos uns aos outros.” Não pode a alma elevar-se às altas regiões espirituais, senão pelo devotamento ao próximo; somente nos arroubos da caridade encontra ela ventura e consolação. Sede bons, amparai os vossos irmãos, deixai de lado a horrenda chaga do egoísmo. Cumprido esse dever, abrir-se-vos-á o caminho da felicidade eterna. Ademais, qual dentre vós ainda não sentiu o coração pulsar de júbilo, de íntima alegria, à narrativa de um ato de bela dedicação, de uma obra verdadeiramente caridosa? Se unicamente buscásseis a volúpia que uma ação boa proporciona, conservar-vos-íeis sempre na senda do progresso espiritual. Não vos faltam os exemplos; rara é apenas a boa vontade. Notai que a vossa história guarda piedosa lembrança de uma multidão de homens de bem. Não vos disse Jesus tudo o que concerne às virtudes da caridade e do amor? Por que desprezar os seus ensinamentos divinos? Por que fechar o ouvido às suas divinas palavras, o coração a todos os seus bondosos preceitos? Quisera eu que dispensassem mais interesse, mais fé às leituras evangélicas. Desprezam, porém, esse livro, consideram-no repositório de palavras ocas, uma carta fechada; deixam no esquecimento esse código admirável. Vossos males provêm todos do abandono voluntário a que votais esse resumo das Leis divinas. Lede-lhe as páginas cintilantes do devotamento de Jesus, e meditai-as. Homens fortes, armai-vos; homens fracos, fazei da vossa brandura, da vossa fé, as vossas armas. Sede mais persuasivos, mais constantes na propagação da vossa nova doutrina. Apenas encorajamento é o que vos vimos dar; apenas para vos estimularmos o zelo e as virtudes é que Deus permite nos manifestemos a vós outros. Mas, se cada um o quisesse, bastaria a sua própria vontade e a ajuda de Deus; as manifestações espíritas unicamente se produzem para os de olhos fechados e corações indóceis. A caridade é a virtude fundamental sobre que há de repousar todo o edifício das virtudes terrenas. Sem ela não existem as outras. Sem a caridade não há esperar melhor sorte, não há interesse moral que nos guie; sem a caridade não há fé, pois a fé não é mais do que pura luminosidade que torna brilhante uma alma caridosa. A caridade é, em todos os mundos, a eterna âncora de salvação; é a mais pura emanação do próprio Criador; é a sua própria virtude, dada por Ele à criatura. Como desprezar essa bondade suprema? Qual o coração, disso ciente, bastante perverso para recalcar em si e expulsar esse sentimento todo divino? Qual o filho bastante mau para se rebelar contra essa doce carícia: a caridade? Não ouso falar do que fiz, porque também os Espíritos têm o pudor de suas obras; considero, porém, a que iniciei como uma das que mais hão de contribuir para o alívio dos vossos semelhantes. Vejo com frequência os Espíritos a pedirem lhes seja dado, por missão, continuar a minha tarefa. Vejo-os, minhas bondosas e queridas irmãs, no piedoso e divino ministério; vejo-os praticando a virtude que vos recomendo, com todo o júbilo que deriva de uma existência de dedicação e sacrifícios. Imensa dita é a minha, por ver quanto lhes honra o caráter, quão estimada e protegida é a missão que desempenham. Homens de bem, de boa e firme vontade, uni-vos para continuar amplamente a obra de propagação da caridade; no exercício mesmo dessa virtude, encontrareis a vossa recompensa; não há alegria espiritual que ela não proporcione já na vida presente. Sede unidos, amai-vos uns aos outros, segundo os preceitos do Cristo. Assim seja. – São Vicente de Paulo. (Paris, 1858.) 13. Chamo-me Caridade; sigo o caminho principal que conduz a Deus. Acompanhai-me, pois conheço a meta a que deveis todos visar. Dei esta manhã o meu giro habitual e, com o coração amargurado, venho dizer-vos: “Ó meus amigos, que de misérias, que de lágrimas, quanto tendes de fazer para secá-las todas!” Em vão, procurei consolar algumas pobres mães, dizendo-lhes ao ouvido: “Coragem! há corações bons que velam por vós; não sereis abandonadas; paciência! Deus lá está; sois dele amadas, sois suas eleitas.” Elas pareciam ouvir-me e volviam para o meu lado os olhos arregalados de espanto; eu lhes lia no semblante que seus corpos, tiranos do Espírito, tinham fome e que, se é certo que minhas palavras lhes serenavam um pouco os corações, não lhes reconfortavam os estômagos. Repetia-lhes: “Coragem! Coragem!” Então, uma pobre mãe, ainda muito moça, que amamentava uma criancinha, tomou-a nos braços e a estendeu no espaço vazio, como a pedir-me que protegesse aquele entezinho que só encontrava, num seio estéril, insuficiente alimentação. Alhures vi, meus amigos, pobres velhos sem trabalho e, em consequência, sem abrigo, presas de todos os sofrimentos da penúria e, envergonhados de sua miséria, sem ousarem, eles que nunca mendigaram, implorar a piedade dos transeuntes. Com o coração túmido de compaixão, eu, que nada tenho, me fiz mendiga para eles e vou, por toda parte, estimular a beneficência, inspirar bons pensamentos aos corações generosos e compassivos. Por isso é que aqui venho, meus amigos, e vos digo: “Há por aí desgraçados, em cujas choupanas falta o pão, os fogões se acham sem lume e os leitos sem cobertas. Não vos digo o que deveis fazer; deixo aos vossos bons corações a iniciativa. Se eu vos ditasse o proceder, nenhum mérito vos traria a vossa boa ação. Digo-vos apenas: “Sou a caridade e vos estendo as mãos pelos vossos irmãos que sofrem.” Mas, se peço, também dou e dou muito. Convido-vos para um grande banquete e forneço a árvore onde todos vos saciareis! Vede quanto é bela, como está carregada de flores e de frutos! Ide, ide, colhei, apanhai todos os frutos dessa magnificente árvore que se chama a beneficência. No lugar dos ramos que lhe tirardes, atarei todas as boas ações que praticardes e levarei a árvore a Deus, que a carregará de novo, porquanto a beneficência é inexaurível. Acompanhai-me, pois, meus amigos, a fim de que eu vos conte entre os que se arrolam sob a minha bandeira. Nada temais; eu vos conduzirei pelo caminho da salvação, porque sou — a Caridade. – Cárita, martirizada em Roma. (Lyon, 1861.) 14. Várias maneiras há de fazer-se a caridade, que muitos dentre vós confundem com a esmola. Diferença grande vai, no entanto, de uma para outra. A esmola, meus amigos, é algumas vezes útil, porque dá alívio aos pobres; mas é quase sempre humilhante, tanto para o que a dá, como para o que a recebe. A caridade, ao contrário, liga o benfeitor ao beneficiado e se disfarça de tantos modos! Pode-se ser caridoso, mesmo com os parentes e com os amigos, sendo uns indulgentes para com os outros, perdoando-se mutuamente as fraquezas, cuidando não ferir o amor-próprio de ninguém. Vós, espíritas, podeis sê-lo na vossa maneira de proceder para com os que não pensam como vós, induzindo os menos esclarecidos a crer, mas sem os chocar, sem investir contra as suas convicções e sim atraindo-os amavelmente às nossas reuniões, onde poderão ouvir-nos e onde saberemos descobrir nos seus corações a brecha para neles penetrarmos. Eis aí um dos aspectos da caridade. Escutai agora o que é a caridade para com os pobres, os deserdados deste mundo, mas recompensados de Deus, se aceitam sem queixumes as suas misérias, o que de vós depende. Far-me-ei compreender por um exemplo. Vejo, várias vezes, cada semana, uma reunião de senhoras, havendo-as de todas as idades. Para nós, como sabeis, são todas irmãs. Que fazem? Trabalham depressa, muito depressa; têm ágeis os dedos. Vede como trazem alegres os semblantes e como lhes batem em uníssono os corações. Mas com que fim trabalham? É que veem aproximar-se o inverno que será rude para os lares pobres. As formigas não puderam juntar durante o estio as provisões necessárias e a maior parte de suas utilidades está empenhada. As pobres mães se inquietam e choram, pensando nos filhinhos que, durante a estação invernosa, sentirão frio e fome! Tende paciência, infortunadas mulheres. Deus inspirou a outras mais aquinhoadas do que vós; elas se reuniram e estão confeccionando roupinhas; depois, um destes dias, quando a Terra se achar coberta de neve e vós vos lamentardes, dizendo: “Deus não é justo”, que é o que vos sai dos lábios sempre que sofreis, vereis surgir um dos filhos dessas boas trabalhadoras que se constituíram obreiras dos pobres, pois que é para vós que elas trabalham assim, e os vossos lamentos se mudarão em bênçãos, dado que no coração dos infelizes o amor acompanha de bem perto o ódio. Como essas trabalhadoras precisam de encorajamento, vejo chegarem-lhes de todos os lados as comunicações dos bons Espíritos. Os homens que fazem parte dessa sociedade lhes trazem também seu concurso, fazendo-lhes uma dessas leituras que agradam tanto. E nós, para recompensarmos o zelo de todos e de cada um em particular, prometemos às laboriosas obreiras boa clientela, que lhes pagará à vista, em bênçãos, única moeda que tem curso no Céu, garantindo-lhes, além disso, sem receio de errar, que essa moeda não lhes faltará. – Cárita. (Lyon, 1861.) 15. Meus caros amigos, todos os dias ouço entre vós dizerem: “Sou pobre, não posso fazer a caridade”, e todos os dias vejo que faltais com a indulgência aos vossos semelhantes. Nada lhes perdoais e vos arvorais em juízes muitas vezes severos, sem quererdes saber se ficaríeis satisfeitos que do mesmo modo procedessem convosco. Não é também caridade a indulgência? Vós, que apenas podeis fazer a caridade praticando a indulgência, fazei-a assim, mas fazei-a largamente. Pelo que toca à caridade material, vou contar-vos uma história do outro mundo. Dois homens acabavam de morrer. Dissera Deus: “Enquanto esses dois homens viverem, deitar-se-ão em sacos diferentes as boas ações de cada um deles, para que por ocasião de sua morte sejam pesados.” Quando ambos chegaram aos últimos momentos, mandou Deus que lhe trouxessem os dois sacos. Um estava cheio, volumoso, atochado, e nele ressoava o metal que o enchia; o outro era pequenino e tão vazio que se podiam contar as moedas que continha. “Este o meu”, disse um, “reconheço-o; fui rico e dei muito.” “Este o meu”, disse o outro, “sempre fui pobre, oh! quase nada tinha para repartir.” Mas, oh! surpresa! postos na balança os dois sacos, o mais volumoso se revelou leve, mostrando-se pesado o outro, tanto que fez se elevasse muito o primeiro no prato da balança. Deus, então, disse ao rico: “Deste muito, é certo, mas deste por ostentação e para que o teu nome figurasse em todos os templos do orgulho e, ademais, dando, de nada te privaste. Vai para a esquerda e fica satisfeito com o te serem as tuas esmolas contadas por qualquer coisa.” Depois, disse ao pobre: “Tu deste pouco, meu amigo; mas cada uma das moedas que estão nesta balança representa uma privação que te impuseste; não deste esmolas, entretanto, praticaste a caridade, e, o que vale muito mais, fizeste a caridade naturalmente, sem cogitar de que te fosse levada em conta; foste indulgente; não te constituíste juiz do teu semelhante; ao contrário, todas as suas ações lhe relevaste: passa à direita e vai receber a tua recompensa. – Um Espírito protetor. (Lyon, 1861.) 16. A mulher rica, venturosa, que não precisa empregar o tempo nos trabalhos de sua casa, não poderá consagrar algumas horas a trabalhos úteis aos seus semelhantes? Compre, com o que lhe sobre dos prazeres, agasalhos para o desgraçado que tirita de frio; confeccione, com suas mãos delicadas, roupas grosseiras, mas quentes; auxilie uma mãe a cobrir o filho que vai nascer. Se por isso seu filho ficar com algumas rendas de menos, o do pobre terá mais com que se aqueça. Trabalhar para os pobres é trabalhar na vinha do Senhor. E tu, pobre operária, que não tens supérfluo, mas que, cheia de amor aos teus irmãos, também queres dar do pouco com que contas, dá algumas horas do teu dia, do teu tempo, único tesouro que possuis; faze alguns desses trabalhos elegantes que tentam os felizes; vende o produto dos teus serões e poderás igualmente oferecer aos teus irmãos a tua parte de auxílios. Terás, talvez, algumas fitas de menos; darás, porém, calçado a um que anda descalço. E vós, mulheres que vos votastes a Deus, trabalhai também na sua obra; mas que os vossos trabalhos não sejam unicamente para adornar as vossas capelas, para chamar a atenção sobre a vossa habilidade e paciência. Trabalhai, minhas filhas, e que o produto de vossas obras se destine a socorrer os vossos irmãos em Deus. Os pobres são seus filhos bem-amados; trabalhar para eles é glorificá-lo. Sede-lhes a providência que diz: “Aos pássaros do céu dá Deus o alimento.” Mudem-se o ouro e a prata que se tecem nas vossas mãos em roupas e alimentos para os que não os têm. Fazei isto e abençoado será o vosso trabalho. Todos vós, que podeis produzir, dai; dai o vosso gênio, dai as vossas inspirações, dai o vosso coração, que Deus vos abençoará. Poetas, literatos, que só pela gente mundana sois lidos!... satisfazei-lhe aos lazeres, mas consagrai o produto de algumas de vossas obras a socorros aos desgraçados. Pintores, escultores, artistas de todos os gêneros!... venha também a vossa inteligência em auxílio dos vossos irmãos; não será por isso menor a vossa glória e alguns sofrimentos haverá de menos. Todos vós podeis dar. Qualquer que seja a classe a que pertençais, de alguma coisa dispondes que podeis dividir. Seja o que for que Deus vos haja outorgado, uma parte do que Ele vos deu deveis àquele que carece do necessário, porquanto, em seu lugar, muito gostaríeis que outro dividisse convosco. Os vossos tesouros da Terra serão um pouco menores; contudo, os vossos tesouros do céu ficarão acrescidos. Lá colhereis pelo cêntuplo o que houverdes semeado em benefícios neste mundo. – João. (Bordeaux, 1861.) Amai os vossos inimigos O Evangelho Segundo o Espiritismo ALLAN KARDEC FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Rio - Brasil 1944 Tradução de Guillon Ribeiro da 3ª edição francesa revista, corrigida e modificada pelo autor em 1866 Ninguém vive para sempre... mas pode amar sempre. Fazei preparativos “Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí, fazei preparativos.” JESUS (Lucas, 22:12) Aquele cenáculo mobilado, a que se referiu Jesus, é perfeito símbolo do aposento interno da alma. À face da natureza que oferece lições valiosas em todos os planos de atividade, observemos que o homem aguarda cada dia, renovando sempre as disposições do lar. Aqui, varrem­-se detritos; acolá, ornamentam­-se paredes. Os móveis, quase sempre os mesmos, passam por processos de limpeza diária. O homem consciencioso reconhecerá que a maioria das ações, na experiência física, encerra-­se em preparação incessante para a vida com que será defrontado, além da morte do corpo. Se isto ocorre com a feição material da vida terrena, que não dizer do esforço propriamente espiritual para o caminho eterno? Certamente, numerosas criaturas atravessarão o dia à maneira do irracional, em movimentos quase mecânicos. Erguem-­se do leito, alimentam o corpo perecível, absorvem a atenção com bagatelas e dormem de novo, cada noite. O aprendiz sincero, todavia, sabe que atingiu o cenáculo simbólico do coração. Embora não possa mudar de idéias diariamente, qual acontece aos móveis da residência, dá-lhes novo brilho a cada instante, sublimando os impulsos, renovando concepções, elevando desejos e melhorando sempre as qualidades estimáveis que já possui. O homem simplesmente terrestre mantém­-se na expectativa da morte orgânica; o homem espiritual espera o Mestre Divino, para consolidar a redenção própria. Não abandoneis, portanto, o cenáculo da fé e, aí dentro, fazei preparativos em constante ascensão. 144 Fazei preparativos Pão Nosso FEB COLEÇÃO FONTE VIVA 1950 30ª edição - 4ª impressão - 8/2017 Confie em si. A crença em si mesmo vai na frente e abre caminho para a felicidade. O ESPECTRO DA FOME: SE METADE DA HUMANIDADE NÃO DORME, É POR MEDO DA OUTRA METADE QUE NÃO COME. 1 Ensaio sobre a obra: Geografia da fome - o dilema brasileiro: pão ou aço, de Josué de Castro. Luciano Rogério do Espírito Santo Abrão2 luciano.abrao@cesuc.br Resumo: Este ensaio tem por objetivo a realização de uma concisa análise da obra, Geografia da fome, o dilema brasileiro: pão ou aço que foi publicada em primeira edição no ano de 1946 logo após o mundo conhecer as desgraças da última grande guerra mundial. Livro clássico do Professor Josué de Castro Nela o autor realiza uma análise do espectro da fome investigando este fenômeno terrível nos quinze anos que precederam a sua publicação. Castro retrata os reflexos da fome em um Brasil subdesenvolvido que apresentava à época uma economia tipicamente colonial na qual se destacava o café e outros minguados produtos primários para exportação, e, nesse sentido, afirmava que fome e subdesenvolvimento são, na realidade, a mesma coisa. Palavras-chave: Josué de Castro. Fome. Desigualdades sociais. Geografia humana. Riassunto: Questo saggio si propone di fare un'analisi sintetica del lavoro, la geografia della fame, il dilemma brasiliano: pane o acciaio che è stata pubblicata in prima edizione nel 1946 dopo che il mondo conosce i mali della ultima grande guerra mondiale. Classico libro dal professor Josué de Castro In esso l'autore presenta un'analisi dello spettro della fame indagare questo fenomeno terribile nei quindici anni prima della sua pubblicazione. Castro racconta le conseguenze della fame in Brasile di un sottosviluppato nel momento in cui aveva un tipo di economia coloniale, che ha evidenziato la scarsa caffè e altri prodotti per l'esportazione, e in questo senso, egli ha sostenuto che la fame e sottosviluppo sono effettivamente le stesse cosa. Parole-chiave: Josué de Castro. Fame. Disuguaglianze sociali. Geografia Umana. 1 O título é uma alusão à frase original de Josué de Castro: “Enquanto metade da humanidade não come, a outra metade não dorme, com medo da que não come.” 2 Mestrando em Geografia da Universidade Federal de Goiás - UFG/CAC; Especialista em Educação: Docência Universitária pela Universidade Católica de Goiás - UCG; Bacharel em Direito pelo Centro de Ensino Superior de Catalão - CESUC-GO; Advogado inscrito na OAB-GO; Professor de Direito Constitucional do Curso de bacharelado em Direito do CESUC-GO. Revista Pegada – vol. 10 n.1 179 Junho/2009 file:///C:/Users/TEMP.DESKTOP-OC95VG1.000/Downloads/1690-5030-1-PB.pdf
FILME | Josué de Castro - Cidadão do Mundo, 1994 Como sobreviventes de uma guerra, em 1994, mais de um bilhão de pessoas padeciam no fome em todo o planeta. A cinebiografia Josué de Castro – Cidadão do Mundo homenageia um homem que apontou causas e consequências da fome que mantinha à margem da dignidade humana os que estavam abaixo da linha da pobreza e, sobretudo, buscou alternativas para mudar este panorama. O filme retrata a vida e a obra do médico, filósofo, sociólogo e geógrafo pernambucano que dedicou sua vida a um dos maiores e eternos problemas da humanidade. Autor de vários livros que discutem a fome como uma questão política, Josué representou o Brasil em diversos órgãos internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mas acabou sendo exilado pela ditadura militar. Humanizou a geografia e a sociologia inserindo o homem e suas circunstâncias no mundo dos mapas e das estatísticas. Retratou miséria e desigualdades sem perder a esperança e deixar de propor soluções, ressaltando que a humanidade dispõe de recursos naturais, técnicos e financeiros suficientes para resolver este problema. Prêmios: Troféu Margarida de Prata – C.N.B.B. (1995). Menção Especial do Riocine Festival (1994). Ficha Técnica: Direção: Silvio Tendler Produção executiva: Adolfo Lachtermacher Direção de Fotografia: Jacques Cheuiche Consultoria especializada: Anna Maria de Castro, Josué F. de Castro Filho Coordenação de produção: Maria Lenora Girafa, Cláudia Helena Schuch Texto: Tânia Fusco Narração: Francisco Milani Textos de Josué de Castro lidos por: José Wilker Música: David Tygel Edição: Mário Lobão, Flávia Celestino Assistente de edição: Raphael Magalhães de Souza Produção: Danielle Hoover, Ivanildo Amando (Recife); Bievenido Gomez, Zezé Sack (Rio de Janeiro); Rosângela Meletti, Jean Claude Frajmund (França); Miguel A. Loureiro, Tiago J. Figueiras (Portugal); Pesquisa: Roberto Hugo Girafa, Adriana Bevilaqua Apoio Institucional: Centro Josué de Castro (Recife)Assistentes de Produção: Nestor Alves Pereira Jr., Kika Bezerra Cavalcanti Fotografia: Paula Simas, Lula Cardoso Ayres, Calanzas, Agencia JB Fotografia Adicional: Nilton Pereira (Tv Viva-PE), Jean Claude Frajmund (França), Miguel Angelo Loureiro (Portugal) Técnico de som: Hemetério Pires Costa Jr., Tiago João Figueiras Mixagem: Stúdio dos Oitis Técnico: André Barion Still: A. C. Júnior, Letícia C. Pereira, Maria Lenora Girafa, Danielle Hoover, Adolfo Lachtermacher Produtores associados: Vídeo Fundição, Caliban Produções Cinematográficas, Truques Cinematográficos, Provídeo, Lamounier, Sky Light, Delart Informações Adicionais: Produzido pela Bárbaras Produções. https://www.youtube.com/watch?v=LFzNVo8KIKg&feature=youtu.be
https://www.youtube.com/watch?v=bcUmTCcdPE8

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