domingo, 30 de novembro de 2025

FIOS DE HUMILDADE, GOL E MÚSICA

PRA QUE SERVE O VELHO? 🩺 A TABELA SUS PAULISTA Gilberto Kassab “Há vinte anos não é atualizada a tabela do SUS. O SUS — quer dizer, o governo federal — paga quinhentos reais por um parto. Só que o parto custa dois e quinhentos. Isso quer dizer o quê, Felipe? Que a cada parto você tem um déficit — na Santa Casa, num filantrópico, num hospital público. Ele, com aquela estratégia de tirar dinheiro da educação — porque a educação tem menos alunos mesmo hoje, a população está envelhecendo — e colocar na saúde, proporcionou a ele criar essa Tabela SUS paulista, que remunera o preço real, o valor efetivo do custo do procedimento.” 🎥 Vídeo original: https://www.youtube.com/watch?v=ldDoxTT_o9A PRA QUE SERVE O VELHO? 👴🧬 Envelhecimento, saúde e o novo desafio social Gonzalo Vecina Neto Professor da Faculdade de Saúde Pública da USP Jornal da Cultura – 29/11/2025 “Além de tudo isso, eu quero discordar do entrevistado aí. A principal causa do aumento da expectativa de vida tem também a redução da natalidade, mas principalmente a redução da mortalidade das crianças. A mortalidade infantil brasileira, no início da década de 70, estava em torno de 80 a 90 crianças por 1.000 nascidas vivas no primeiro ano de vida. Hoje é 12. Isso mexeu na expectativa de vida ao nascer. Uma parte importante disso se deveu a melhores condições de vida e à diminuição das desigualdades. Algumas doenças praticamente desapareceram — doenças infectocontagiosas. E, no lugar delas, vieram as doenças crônicas, com as quais nós temos que tomar cuidado. Não se trata mais de evitar a doença. Evitar doença é diferente de fazer saúde. Se você se alimenta melhor, controla seus vícios — seus riscos —, faz exercício, tem conhecimento sobre higiene, mantém amizades (é muito importante ter relacionamento social), e não usa a medicina como mágica para curar tudo, isso ajuda você a ser mais saudável. A doença é uma coisa; ser mais saudável é outra. Antes de evitar doença, você tem que querer ser mais saudável. E, para isso, tem que fazer essas cinco ou seis coisas que mencionei. É isso que está transformando o homem em uma pessoa mais velha. E aí aparece um outro problema: o que fazer com os velhos? Esse é o problema de agora: PRA QUE SERVE O VELHO?” 🎥 Vídeo original: https://www.youtube.com/watch?v=d3zevgLGtWg 📰 Contexto do Jornal da Cultura – 29/11/2025 Jornalismo TV Cultura “No Jornal da Cultura deste sábado (29), você vai ver: — Daniel Vorcaro deixa a prisão em São Paulo com tornozeleira eletrônica; — Rússia lança o maior ataque aéreo contra a Ucrânia em mais de um mês; — Flamengo é o primeiro brasileiro tetracampeão da Libertadores. Para comentar essas e outras notícias, Rodrigo Piscitelli recebe o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, e o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente.” S PRA QUE SERVE O VELHO? A TABELA SUS PAULISTA "Há vinte anos não é atualizada a tabela do SUS. O SUS, quer dizer, o governo federal - um parto paga quinhentos reais. Só que o parto custa dois e quinhentos. Isso quer dizer o que, Felipe? Que a cada parto você tem um deficit - na Santa Casa, num Filantrópico, num Hospital Público. Ele com aquela estratégia de tirar dinheiro da educação, porque a educação tem menos alunos mesmo hoje, a população está envelhecendo, colocar na saúde, proporcionou a ele criar essa tabela SUS paulista - que aí remunera o preço real - o valor efetivo do custo, né, do procedimento." Gilberto Kassab PRA QUE SERVE O VELHO? "Além de tudo isto, eu quero discordar do entrevistado aí. A principal causa do aumento da expectativa de vida tem também a redução da natalidade mas principalmente tem a redução da mortalidade das crianças. A mortalidade infantil brasileira no início da década de 70 tava em torno de 80 a 90 crianças por 1000 nascidas vivas no primeiro ano de vida. Hoje é 12. Esta mortalidade mexeu na expectativa de vida ao nascer. De fato, uma parte importante disso se deveu a melhores condições de vida. A diminuição das desigualdades. Algumas doenças praticamente desapareceram - doenças infecto-contagiosas. E aí, no lugar das doenças infecto-contagiosas vieram as crônicas com as quais nós temos que tomar cuidado. Sem dúvida há um avanço. Agora nós temos uma nova pauta. Não se trata mais de uma pauta de evitar a doença - isso é diferente. Evitar doença é difente de fazer saúde. Se você se alimenta melhor, se você controla seus vícios - seus riscos, se você faz exercício, se você tem conhecimento sobre uma boa higiene, se você tem amizades - é muito importante ter relacinamento social. Se você não usa a medicina como mágica para curar suas doenças, tudo isso ajuda você a ser mais saudável - não evita você evitar doença, é diferente. A doença é uma coisa, ser mais saudável é outra. Antes de evitar doença, você tem que querer se mais saudável. E pra querer ser mais saudável, tem que fazer essas cinco ou seis coisas que eu mencionei. É isso que está transformando o homem em uma pessoa mais velha. E é aí que aparece um outro problema: o que fazer com os velhos? [risos do companheiro de bancada e do apresentador do Jornal da Cutltura do dia 29/11/2025.] Esse é o problema de agora: PRA QUE SERVE O VELHO?" Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP JORNAL DA CULTURA | 29/11/2025 Jornalismo TV Cultura No Jornal da Cultura deste sábado (29), você vai ver: Daniel Vorcaro deixa a prisão em São Paulo com tornozeleira eletrônica; Rússia lança o maior ataque aéreo contra a Ucrânia em mais de um mês; e Flamengo é o primeiro brasileiro tetracampeão da Libertadores. Para comentar essas e outras notícias, Rodrigo Piscitelli recebe o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, e o reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, José Vicente.
FIOS DE HUMILDADE, GOL E MÚSICA 🎵 Trecho Inicial "No mínimo humidade Só não entrou com bola e tudo Porque teve humildade em gol, gol" 🎥 VÍDEO 1 — MELHORES MOMENTOS DA FINAL PALMEIRAS 0 x 1 FLAMENGO | MELHORES MOMENTOS | CONMEBOL LIBERTADORES 2025 – ge tv Publicado em: 29 de nov. de 2025 Hashtags: #Libertadores #Palmeiras #Flamengo Descrição: É tetra! O Flamengo vence o Palmeiras na final e conquista o quarto título da Libertadores. Com gol de Danilo, o Rubro-Negro torna-se o primeiro time brasileiro tetracampeão da competição. Links adicionais: ⭐ Replays completos: https://ge.globo.com/futebol/libertad ... ⭐ Classificação da competição: https://ge.globo.com/futebol/libertad ... 🎥 VÍDEO 2 — FIO MARAVILHA (Maria Alcina) Letra completa: https://www.letras.mus.br/maria-alcina/690759/ Intérprete: Maria Alcina Composição: Jorge Ben Tom: F#m 🎶 LETRA — “Fio Maravilha” (com cifras) F#m D E F#m D E E novamente ele chegou com inspiração F#m D Com muito amor, com emoção E F#m D E Com explosão e gol, gol F#m D E Sacudindo a torcida aos 33 minutos F#m D E Do segundo tempo F#m D E Depois de fazer uma jogada celestial F#m D E Em gol, gol F#m D E Tabelou, driblou dois zagueiros F#m D E Deu um toque driblou o goleiro F#m D Só não entrou com bola e tudo E F#m D E Porque teve humildade em gol, gol F#m Foi um gol de classe D E F#m D E Onde ele mostrou sua malícia e sua raça F#m Foi um gol de anjo D E Um verdadeiro gol de placa (2x) F#m D E Que a galera agradecida assim cantava F#m Bm C#m Fio Maravilha, nós gostamos de você F#m Bm C#m F#m Bm C#m Fio Maravilha faz mais um pra gente ver (2x) Créditos Composição: Jorge Ben Interpretação: Maria Alcina Momento esportivo: ge tv / Libertadores 2025 S No mínimo humidade Só não entrou com bola e tudo E F#m D E Porque teve humildade em gol, gol "Olha a microcâmera ... cê vê toda movimentação ali na área... levanta... Danilo... gooooooolllllll... do Flamengo!!!" PALMEIRAS 0 X 1 FLAMENGO | MELHORES MOMENTOS | CONMEBOL LIBERTADORES 2025 | ge tv ge tv 29 de nov. de 2025 #Libertadores #Palmeiras #Flamengo É tetra! Flamengo vence o Palmeiras na final e conquista o quarto título da Libertadores. Rubro-Negro torna-se o primeiro brasileiro tetracampeão da competição, com gol de Danilo 🌟 Confira todos os melhores momentos com mais replays em ge.globo: https://ge.globo.com/futebol/libertad... 🌟 Veja como ficou a tabela: https://ge.globo.com/futebol/libertad... Fio maravilha Maria Alcina de fio a cabo Tom: F#m F#m D E F#m D E E novamente ele chegou com inspiração F#m D Com muito amor, com emoção E F#m D E Com explosão e gol, gol F#m D E Sacudindo a torcida aos 33 minutos F#m D E Do segundo tempo F#m D E Depois de fazer uma jogada celestial F#m D E Em gol, gol F#m D E Tabelou, driblou dois zagueiros F#m D E Deu um toque driblou o goleiro F#m D Só não entrou com bola e tudo E F#m D E Porque teve humildade em gol, gol F#m Foi um gol de classe D E F#m D E Onde ele mostrou sua malícia e sua raça F#m Foi um gol de anjo D E Um verdadeiro gol de placa (2x) F#m D E Que a galera agradecida assim cantava F#m Bm C#m Fio Maravilha, nós gostamos de você F#m Bm C#m F#m Bm C#m Fio Maravilha faz mais um pra gente ver (2x) Composição: Jorge Ben.
A principal opinião de Norberto Bobbio sobre a democracia é que ela é a única forma de governo que garante liberdades fundamentais e a igualdade de condições entre os cidadãos. Para ele, a democracia real é um processo contínuo de luta contra a opacidade do poder, que é a sua antítese, pois a democracia depende de um poder visível e público, controlado pelos cidadãos.
domingo, 30 de novembro de 2025 Opinião do dia - Norberto Bobbio* (Democracia) “Na memória histórica dos povos europeus, a democracia apresenta-se pela primeira vez através da imagem da agorá ateniense, a assembleia ao ar livre onde se reúnem os cidadãos para ouvir os oradores e então expressar sua opinião erguendo a mão. Na passagem da democracia direta para a democracia representativa (da democracia dos antigos para a democracia dos modernos), desaparece a praça, mas não a exigência de “visibilidade” do poder, que passa a ser satisfeita de outra maneira, com a publicidade das sessões do parlamento, com a formação de uma opinião pública através do exercício da liberdade de imprensa, com a solicitação dirigida aos líderes políticos de que façam suas declarações através dos meios de comunicação de massa.” *Norberto Bobbio (1909-2004), filósofo político, historiador do pensamento político, escritor e senador vitalício italiano. Teoria Geral da Política - A Filosofia Política e as Lições dos Clássicos. P.387.Editora Campus, Rio de Janeiro. 2000.
domingo, 30 de novembro de 2025 As encrencas de Augusto Heleno, por Elio Gaspari O Globo O general Augusto Heleno, condenado a 21 anos de prisão, revelou durante um exame médico que convive com o mal de Alzheimer desde 2018. Um ano depois desse diagnóstico, ele passou a ocupar a chefia do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A trama golpista de 2022/2023 não foi a única encrenca pela qual Augusto Heleno passou. Na manhã de 21 de outubro de 1977, o capitão Augusto Heleno era ajudante de ordens do ministro do Exército, general Sylvio Frota, que acabara de ser demitido pelo presidente Ernesto Geisel. Por volta das 10 horas da manhã, do carro de seu chefe tentou telefonar para o general Fernando Bethlem, comandante das guarnições do Sul, convocando-o para reunião do Alto Comando na qual Frota pretendia emparedar Geisel. Não o achou, pois Bethlem foi para o Palácio do Planalto, onde recebeu o convite para assumir o ministério. Um ano depois, Augusto Heleno era vigiado pelo Serviço Nacional de Informações: “Vale lembrar que o capitão de cavalaria Augusto Heleno, ex-ajudante de ordens do general Sylvio Frota e que com o mesmo continua a manter estreita ligação, e o capitão de infantaria paraquedista Burnier (filho do brigadeiro Burnier) e ligado ao general Hugo Abreu, irão cursar a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.” Em 2008, o sertanista Sydney Possuelo, comparou-o ao coronel americano George Custer (1839-1876), que massacrou indígenas Sioux e foi massacrado no combate de Little Bighorn. Em 2018, ano em que foi diagnosticado o seu Alzheimer, o general Heleno disse na Escola Superior de Guerra que “na hora em que começarem as operações pontuais (do Exército no Rio), vai aparecer um monte de caras chiando sobre direitos humanos. Se os humanos direitos não têm direitos humanos, primeiro temos que consertar isso.” Disse mais: “A Colômbia ficou 50 anos em guerra civil porque não fizeram o que fizemos no Araguaia.” Heleno nunca explicou o que “fizemos no Araguaia”. Lá o Exército combateu uma guerrilha e matou não só os combatentes, mas também os guerrilheiros que se entregaram. Encrencas militares estão na história da família do general. Em 1912, seu avô, o então capitão de fragata Augusto Heleno foi designado para o Conselho de Guerra que julgou os marinheiros rebelados naquela que se tornou conhecida como Revolta da Chibata. Heleno está preso no Comando Militar do Planalto e sua condenação transitou em julgado. Mesmo assim, fica uma dúvida. Na fatídica reunião de 5 de julho de 2022, antes da eleição, portanto, ele disse: “Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”. Ele admitia virar a mesa antes, mas foi condenado por uma trama que pretendia dar o golpe depois da eleição. A paranoia de Bolsonaro é velha O episódio da tornozeleira expôs a propensão de Jair Bolsonaro a atravessar surtos de paranoia. Ele estaria fuçando o aparelho porque suspeitava que lá houvesse um dispositivo de escuta. Seus aliados surpreenderam-se. Tudo bem, mas a paranoia de Bolsonaro está nas livrarias desde 2020, desde que a repórter Thaís Oyama publicou o livro “Tormenta”. Ela contou alguns episódios do início do governo do ex-capitão. Bebendo água de coco na piscina do Alvorada, lugar onde se sentia livre de escutas, Bolsonaro revelou que temia um ataque de drones. O presidente temia ser traído pelo vice, Hamilton Mourão. Certo, quem estava era o general Augusto Heleno quando disse (e foi gravado): “É um despreparado.” O risco Ramagem A fuga do ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência para os Estados Unidos obrigou o que resta da comunidade de informações a calcular o prejuízo decorrente do gesto. Nunca será demais lembrar que o chefe da Abin durante o governo de um ex-capitão do Exército, que se cercou de militares, aninhou-se alhures levando consigo uns poucos segredos. As farofas de Vorcaro Preso, o banqueiro Daniel Vorcaro poderia contar as intenções e os efeitos das farofas que financiou. Noves fora seus contratos de consultoria de petistas ilustres, Vorcaro tinha um fraco por eventos. Em 2014 ele teria pagado R$ 1 milhão por uma farofa em Londres, enfeitada por quatro ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo ex-primeiro-ministro Tony Blair, que adora uma boquinha. MP em chamas O governador Cláudio Castro deve repensar sua relação com o Ministério Público do Rio. Lá grassa uma contrariedade que daqui a pouco irá para a rua. Em outubro, um dia antes da matança da Penha, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) derrubou a liminar obtida por Cláudio Castro, em benefício da refinaria de Manguinhos, leia-se Refit. As relações de Castro com a refinaria envenenaram seu trato com uma banda da Procuradoria. O Ministério Público do Rio foi esquecido na quarta-feira, quando a Polícia Federal, a Receita e outras procuradorias saíram atrás dos malfeitos da refinaria de sonegações da Refit. O berço do capitalismo Saiu nos Estados Unidos um livro intrigante: “Capitalism, a Global History”, do historiador Sven Beckert, da universidade Harvard. Ele data a origem desse fenômeno econômico e cultural em torno do ano 1150. Em Florença? Bruges? Amsterdam? Nada disso, o berço do capitalismo estaria na cidade portuária de Aden, que hoje faz parte do Iêmen, um dos países mais pobres do mundo. A esse tempo, o comércio da Arábia com África, Índia e China vivia um período de esplendor, enquanto a Europa estava metida nas superstições da Segunda Cruzada, que foi batida pelos infiéis. Cinco séculos depois, o capitalismo avançou, com o açúcar do Caribe e a prata boliviana de Potosi. Isso e mais, a reinvenção da escravatura. No mínimo, Beckert ensina que países andam para trás. Pura suspeita Astrólogos metidos em interpretações diplomáticas suspeitam que em sua conversa com Lula, o presidente americano Donald Trump tratou especificamente da Venezuela e Lula respondeu genericamente, condenando uma intervenção, e só. Imperador Alcolumbre O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, não gostou da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, atropelando seu colega Rodrigo Pacheco e jogou uma pauta-bomba na direção do Planalto. O Senado pode rejeitar a indicação de Messias, é o jogo jogado, mas não é razoável que uma indicação para o Supremo Tribunal Federal seja detonada porque um senador foi preterido e o presidente da Casa zangou-se. O doutor queria fulminar Messias com uma iminente sessão relâmpago, mas foi driblado pelo Planalto, que segurou o ofício da nomeação e ganhou tempo.
domingo, 30 de novembro de 2025 Um novo ciclo político se abre diante de uma onda reacionária global, por Luiz Carlos Azedo Correio Braziliense Mas falta direção estratégica. Falta o movimento político mais profundo do que a agitação radical, que permita avançar na modernização em bases democráticas A percepção de que há uma corrida mundial para reinventar o Estado não é nova, mas nunca foi tão flagrante e urgente. As mutações tecnológicas, a reconfiguração das subjetividades na chamada “sociedade líquida” e a crise dos mecanismos tradicionais de representação, como os partidos, o parlamento e a imprensa, colocaram os países diante de escolhas dramáticas. No turbilhão, democracias representativas parecem correr atrás dos acontecimentos, enquanto regimes autoritários, por concentrarem poder, reprimir dissensos e eliminar freios e contrapesos, conseguem produzir respostas mais rápidas e, em certos casos, mais eficazes à necessidade de modernização. A Arábia Saudita talvez seja o exemplo mais eloquente dessa contradição: moderniza sua economia com velocidade quase futurista, mas à custa de liberdades civis, participação política e direitos humanos. Já no Ocidente, democracias centrais como a França se contorcem diante da pressão das ruas, da polarização ideológica, da erosão de partidos tradicionais e da incapacidade de produzir reformas que mobilizem consenso. Nesse cenário, a ascensão vertiginosa da China redefine o tabuleiro global. O país saltou etapas decisivas das revoluções industriais e se impôs como potência tecnológica, comercial e militar sem realizar a abertura liberal-democrática que muitos analistas consideravam inevitável. Ao contrário: Xi Jinping consolidou um regime mais fechado, nacionalista e vigilante. Poucos anteciparam que, simultaneamente, o próprio Ocidente caminharia para uma guinada reacionária. A volta de Donald Trump ao poder, que consolidou o trumpismo como fenômeno político-cultural, transformou as big techs em eixo de poder equivalente, ou até superior, ao velho complexo militar-industrial do pós-guerra. A democracia mais influente do planeta tornou-se o centro difusor de um tipo de populismo autoritário que inspira líderes na Europa, na América Latina e na Ásia. Para perplexidade geral, a maior democracia do Ocidente passou a liderar uma onda reacionária global. É nesse contexto que o Brasil atravessa o esgotamento de um ciclo político. Nosso Estado democrático foi submetido ao teste mais duro desde 1988, culminando na condenação de Jair Bolsonaro e de oficiais-generais por tentativa de golpe – um fato inédito, que rompeu o tabu do pacto tácito entre civis e militares desde a transição. Parecia ali o fim de uma polarização política na qual um ex-líder operário e um capitão indisciplinado que se alternaram como polos de mobilização política desde o início do século. Acontece que um vazio geracional e o esgarçamento institucional impedem que o ciclo se encerre. A nova geração política não viveu nem a ditadura nem a transição democrática, carece de memória histórica e se forma num ambiente global em que o mundo parece marchar para trás, na direção das autocracias orientais e dos populismos reacionários ocidentais. Duas rotações Como ressaltou o cientista político Marco Aurélio Nogueira, ontem, no artigo publicado no Estado de São Paulo, o país gira em falso, como no diagnóstico de Joaquim Nabuco sobre os “dois movimentos” políticos: aquele que fazemos parte sem perceber e aquele que parte de nós mesmos, porém, confundido com pura agitação improdutiva. No Brasil, predomina o segundo: hiperatividade sem direção, energia política desperdiçada em conflitos estéreis, incapacidade de produzir consensos estruturantes. O Congresso é a expressão mais ambígua desse momento. Salvou a democracia em 8 de janeiro, talvez mais por instinto de sobrevivência da maioria de seus líderes, diante da experiência de 1964, do que por convicções ideológicas. Entretanto, foi tomado por uma lógica perversa de poder, baseada na manipulação orçamentária, na chantagem e num pragmatismo sem limites. No Senado, ainda resiste algum freio republicano; na Câmara, bancadas inteiras operam desconectadas da sociedade, blindando seus próprios interesses – inclusive de parlamentares envolvidos em escândalos ou atores ostensivos de aventuras golpistas. Como bem lembrou Nogueira, nada disso significa que o Brasil esteja em regressão. Ao contrário: mantém uma democracia resiliente, avanços científicos e sociais importantes, setores econômicos dinâmicos e uma cultura vibrante. Mas falta direção estratégica. Falta o movimento político profundo – e não a agitação superficial – que permita abrir um novo ciclo histórico, protagonizado por uma nova geração de políticos. Como na passagem bíblica da travessia do deserto, os hebreus que haviam sido escravos não tinham cabeça para construir uma sociedade livre, era preciso que outra geração o fizesse, como disse Moisés. O país se move lentamente, mesmo dispondo de vastos recursos materiais e humanos, o que aumenta a defasagem em relação ao que acontece no mundo. O problema fiscal permanece crônico; a desigualdade estrutural, intacta; a transição energética, atrasada; a violência urbana, explosiva; e os serviços públicos, apesar de avanços notáveis como o SUS, demandam inovação e mais eficiência. Os Poderes vivem em conflito permanente, a política perdeu apelo e criatividade, e a sociedade civil patina em capacidade de mobilização. Às vésperas de 2026, o vazio é visível. Falta um projeto que organize expectativas e convoque a população para algo que não seja o confronto destrutivo e tóxico. É preciso construir uma ampla frente democrática, com uma agenda progressista, de caráter social-liberal e exequível.
domingo, 30 de novembro de 2025 Hora de pensar no interesse nacional, por Lourival Sant’Anna O Estado de S. Paulo Trump elevou de 25% para 50% a tarifa sobre a Índia por causa da importação do petróleo russo A fragilidade da ordem mundial se tornou ainda mais evidente nos últimos dias, com as tensões entre China e Japão e os obstáculos a um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia. O Brasil importa 90% dos fertilizantes que consome, dos quais 25% vêm da Rússia e 20% da China. Estudo do Insper Agro Global lista os riscos comerciais, geopolíticos e logísticos dessa dependência. O Brasil, cuja economia é fortemente impulsionada pelo agronegócio, responde por 23% das importações mundiais de fertilizantes. Dessa maneira, a economia fica exposta às variações de preços, que dependem diretamente do custo do gás e do carvão. De 2020 para cá, a energia subiu 105% e os fertilizantes, 129%. Donald Trump deixou claro que não pretende exercer a deterrência americana à projeção de poder da China no Leste Asiático e no Indo-Pacífico, elevando o risco de conflitos armados. Depois de conversar com Xi Jinping, Trump exigiu que a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, recuasse em sua ameaça de defender Taiwan contra uma invasão chinesa. Trump justificou que não queria que a atitude atrapalhasse seus planos de retomar a venda de soja para a China. Um eventual conflito pode interromper o fornecimento dos fertilizantes chineses. Igualmente, a eventual frustração de Trump em obter o cessar-fogo pode resultar em sanções contra países importadores de produtos russos. Trump elevou de 25% para 50% a tarifa sobre a Índia por causa da importação do petróleo russo e citou a possibilidade de fazer o mesmo com o Brasil. Cerca de 45% dos fertilizantes chegam pelos portos de Santos e Paranaguá. Mato Grosso, o maior importador, fica a mais de 2 mil km desses portos. De 2000 a 2024, as importações brasileiras de nitrogênio russo caíram de 40% para 21% e de fósforo, de 49% para 30% – dois dos principais macronutrientes primários do complexo de fertilizantes. O Brasil precisa continuar se deslocando para fornecedores menos problemáticos, como Holanda, Alemanha, Espanha, Noruega, Chile e Bolívia, embora os contratos sejam de até três anos. No prazo mais longo, o estudo recomenda parcerias público-privadas e atrair investimentos para a produção local. Com um benefício adicional: a produção de fertilizantes organominerais, mais adequados ao solo tropical. A meta do Plano Nacional de Fertilizantes é reduzir a dependência para 45% até 2050. A questão se conecta com outra frente estratégica: quando se extrai fosfato, por exemplo, vêm junto terras raras. É hora de o Brasil pensar no interesse nacional, acima de disputas mesquinhas. Entrevista com Gilberto Kassab | Warren Política | Episódio 3 Warren Investimentos 25 de nov. de 2025 No terceiro episódio do Warren Política, o economista-chefe da Warren, Felipe Salto, conversa com Gilberto Kassab — ex-prefeito de São Paulo, ex-ministro, secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo e uma das figuras mais experientes da política brasileira. Em uma discussão direta e didática, Kassab analisa os cenários possíveis para as eleições de 2026 e os desafios do país até 2030. Entre os temas abordados: 00:00–01:26 Abertura 01:26–04:51 Os cenários eleitorais possíveis para 2026 04:51–07:00 O peso de Bolsonaro e a centralidade do voto moderado 07:00–09:21 Riscos fiscais e a dificuldade do Brasil em cortar gastos 09:21–11:04 O caso argentino e os limites de discursos radicais no Brasil 11:04–13:02 Carreira política de Kassab e alinhamento com Tarcísio 13:02–16:13 A gestão Tarcísio: infraestrutura, saúde e privatizações 16:13–19:06 Congresso mais fraco e o avanço das emendas parlamentares 19:06–22:58 Voto distrital misto e fortalecimento de partidos 22:58–24:18 Reorganização dos partidos até 2030 24:18–25:14 A direita em 2026 e o peso da união no segundo turno 25:14–26:42 Considerações finais: desafios e figuras promissoras da política 26:42–27:00 Encerramento e agradecimento Assista para entender a leitura de um político que conhece como poucos os bastidores e as engrenagens institucionais do país. Disclaimer: As opiniões expressas são de responsabilidade dos participantes e não necessariamente refletem a posição da Warren. Este conteúdo é informativo e não constitui recomendação de investimento. O Segredo das Coisas Dublagem automática As faixas de áudio de alguns idiomas foram geradas de forma automática. Saiba mais Capítulos Ver tudo Transcrição

sábado, 29 de novembro de 2025

“Calça Arriada” no Brasil de 2026

Girando em falso - A insistência em viver a disputa eleitoral como um choque entre polos enraivecidos dificulta que forças de mediação entrem em campo https://estadao.com.br/opiniao/marco-aurelio-nogueira/girando-em-falso/ 📸Adobe Stock 12:00 PM · 29 de nov de 2025 Opinião Estadão @opiniao_estadao #EspaçoAberto | Marco Aurélio Nogueira sábado, 29 de novembro de 2025 Girando em falso, por Marco Aurélio Nogueira
Trechos do Texto: Caminhos e Descaminhos da Revolução Passiva à Brasileira, Luiz Werneck Vianna: No Brasil nunca houve de fato uma revolução Notas para a prova de PPSB – Caminhos e Descaminhos da Revolução Passiva à Brasileira O Estado de S. Paulo A insistência em viver a disputa eleitoral como um choque entre polos enraivecidos dificulta que forças de mediação entrem em campo Numa bela passagem de Minha Formação (1900), Joaquim Nabuco estampou um pensamento que permanece instigante mesmo depois de ter atravessado tempos e gerações. Escreveu: “Há duas espécies de movimento em política: um, de que fazemos parte supondo estar parados, como o movimento da Terra que não sentimos; outro, o movimento que parte de nós mesmos. Na política são poucos os que têm consciência do primeiro, no entanto esse é, talvez, o único que não é uma pura agitação”. A frase famosa pode nos ajudar a refletir sobre o Brasil. Fazemos parte da política que se movimenta, mas não supomos estar parados. Imaginamos estar na vanguarda dela, conduzindo-a. Na verdade, mais colidimos do que interagimos com ela. Os mais dinâmicos e espertos fazem da política uma via de ascensão. Nossa política é movimento permanente, desatento ao que importa. Falta algo. Poder material temos de sobra: uma grande população, território invejável, economia agrária potente, riquezas minerais, florestas e água. Também somos ricos em criatividade cultural. Bons políticos são raros, mas existem. Porém, abraçados à atual classe política, majoritariamente tosca e provinciana, terminam por agir com critérios equívocos. O poder político é ruim. Ocorre que não temos uma ideia do rumo a seguir. A política se move, excita paixões e interesses, mas no fundo é mais agitação do que aquele lento trabalho de perfurar as tábuas duras da História de que falou certa vez Max Weber. A frase de Nabuco talvez sugira que nos faltam paciência, senso de responsabilidade e comedimento, que somos feitos de uma matéria que nos inquieta o tempo todo. Não paramos para pensar, calcular o próximo passo. Vamos ao sabor de ritmos que não controlamos. Somos adictos do segundo movimento mencionado por Nabuco. O que significaria? Antes de tudo, que estamos sempre dispostos a agir. Mas “partir de nós mesmos” pode significar “pura agitação”, ou seja, não ser ação produtiva. Falar bastante. Fazer barulho e estardalhaço, mas pouco realizar. Prometer mundos e fundos, mas nada entregar para o futuro. Criticar o tempo todo, desafiar amigos e adversários, mas ser incapaz de formar blocos sociais que sustentem avanços para frente. O Brasil não está em regressão. Está em marcha lenta. Somos uma democracia. Imperfeita, mas resiliente. Há conquistas na saúde e na educação, temos uma rede de proteção social, uma adequada matriz energética, a indústria e o agronegócio prosperam. Nossas telecomunicações movem e coligam o País. Mas há buracos que não se fecham. O problema fiscal não é equacionado, sugerindo gargalos mais à frente. O saneamento básico não chega a boa parte da população. A transição energética caminha devagar. A violência e a insegurança assustam. As desigualdades sociais são brutais. Mesmo onde os serviços funcionam (SUS, ensino fundamental), há necessidade de mais investimentos e cuidados. Os Poderes de Estado não se entendem. Vivem às turras. A política não mobiliza, é repetitiva e carece de brilho. São sempre os mesmos a disputar votos. As propagandas copiam as anteriores. Os candidatos vertem indignação e ousadia, anunciam sem convencer. Um manto de desalento recobre a sociedade, como se fosse um signo agourento de estagnação. Estamos a poucos dias de 2026, um ano eleitoral. Políticos, partidos e intelectuais deveriam estar atiçados para forjar o novo, aquela pedra que possibilitaria a estabilização de um novo salto para frente. Mas não. O silêncio prevalece, entremeado por negociações eleitorais que não cuidam do fundamental. Novos nomes surgem no horizonte, mas tendem a ser engolidos pelos polos dominantes. Desidratam. A agitação política cresce, aguardam-se sofregamente as urnas, a população meio indiferente. A insistência em viver a disputa eleitoral como um choque entre polos enraivecidos dificulta que forças de mediação entrem em campo. Anestesia-as. Embota a criatividade e trava o surgimento de ideias novas. Iniciativas renovadoras evaporam antes mesmo de decolar. Nossa democracia sofre com a pobreza de lideranças e a inoperância da sociedade civil. Ações participativas e lutas sociais existem, mas não chegam aonde deveriam chegar, não têm potência para mudar o jogo. O País pouco se ressente da presença delas, como se tivesse optado por girar em falso em vez de engatar uma marcha e acelerar. O Brasil é uma sociedade potente, graças a seus atributos geográficos e socioculturais. Tem unidade territorial e poucos problemas de fronteiras, ao menos enquanto o crime organizado se contém. Possuímos muitas vantagens comparativas, e não estamos sabendo utilizá-las. Já imaginaram os leitores até onde chegaríamos se cá houvesse um bloco social progressista, liberal e democrático enraizado na população e distante dos polos tóxicos que travam a sociedade? Tal bloco não cairá do céu nem surgirá por motu proprio. Terá de ser composto peça por peça, tarefa que somente lideranças democráticas desprovidas de partis pris paralisantes poderão empreender. •
Papel de Bobão Mosquito Ô Sorte Ela é quase santa Se tá contigo ela é devagar Mas se terminar pega logo um amigo pra se vingar Não é flor que se cheira ela é cobra criada Antiga na pista e quer se aposentar Já deixou malandro de calça arriada Uma calça arriada Foi o prêmio que ele ganhou De uma morena bonita de olhar sedutor Que chegou de repente Dizendo que estava carente de amor E o cara que era um velho malandro Nem desconfiou É que ele não sabe Que de uns tempos pra cá Essa história de ser o gostoso Agora não dá É que as negas de hoje Não querem saber de submissão E se o jogo não for dividido Elas deixam o malandro na mão É por isso que eu, meu compadre, Resolvi maneirar Quem não pode com o peso do peixe na rede Não deve pescar Composição: Paulinho da Viola.
VERSÃO PARA REVISTA CIENTÍFICA TÍTULO Cooperação Negativa entre Polos Políticos em Cenários de Exclusão Eleitoral: Uma Análise da Viabilidade de um Comportamento “Calça Arriada” no Brasil de 2026 RESUMO Este artigo investiga a viabilidade de um comportamento estratégico cooperativo entre os dois principais polos da política brasileira — o lulismo e o bolsonarismo — em um eventual cenário eleitoral de 2026 no qual ambos estariam excluídos do segundo turno. A metáfora da “calça arriada”, tática do jogo da Sueca na qual um jogador abdica deliberadamente da rodada para impedir que o adversário pontue, é utilizada como modelo analítico para examinar possíveis estratégias de neutralização contra um candidato independente competitivo. A análise integra dados de preferências eleitorais recentes, o comportamento observado nas eleições municipais brasileiras de 2024 e dinâmicas competitivas presentes no primeiro turno da eleição presidencial chilena de 2025. Argumenta-se que, embora teoricamente concebível, uma cooperação negativa explícita entre lulismo e bolsonarismo é politicamente inviável devido a custos identitários, estruturais e estratégicos. Conclui-se que, em tal cenário, respostas mais prováveis seriam neutralidade pública, dispersão das bases e abstenção espontânea, e não uma manobra coordenada de boicote eleitoral. Palavras-chave: polarização política; cooperação negativa; eleições brasileiras; estratégia eleitoral; comportamento do eleitor. ABSTRACT This article examines the feasibility of a strategic cooperative behavior between Brazil’s two dominant political poles — lulismo and bolsonarismo — in a hypothetical 2026 electoral scenario in which both are excluded from the runoff. The metaphor of the “calça arriada,” a tactic from the Sueca card game in which players deliberately forfeit a round to prevent their opponents from scoring, is employed as an analytical model to evaluate potential neutralization strategies against a competitive independent candidate. The study draws on recent electoral preference data, observed patterns from Brazil’s 2024 municipal elections, and competitive dynamics in the first round of Chile’s 2025 presidential race. The findings suggest that although theoretically conceivable, explicit negative cooperation between lulismo and bolsonarismo is politically unviable due to identity, structural, and strategic constraints. More plausible outcomes include public neutrality, vote dispersion, and spontaneous abstention rather than a coordinated boycott maneuver. Keywords: political polarization; negative cooperation; Brazilian elections; electoral strategy; voter behavior. 1. INTRODUÇÃO A polarização entre lulismo e bolsonarismo tem estruturado o comportamento eleitoral e as clivagens políticas brasileiras desde meados da década de 2010. A consolidação desses polos como identidades políticas robustas (Singer, 2012; Mason, 2018) e mutuamente antagônicas (Zucco & Power, 2019) produziu um sistema altamente centrado em rejeições cruzadas. No entanto, resultados recentes de pesquisas nacionais de opinião — indicando que aproximadamente um terço do eleitorado prefere candidatos não alinhados a Lula ou Bolsonaro — reabrem a possibilidade de ascensão de um polo independente. Diante desse cenário emergente, coloca-se a seguinte questão: em que medida lulismo e bolsonarismo poderiam cooperar negativamente para impedir a vitória de um terceiro polo em um eventual segundo turno no qual estivessem ausentes? A metáfora da “calça arriada”, oriunda do jogo da Sueca, fornece um arcabouço heurístico para analisar estratégias eleitorais nas quais atores políticos renunciam à competição em uma rodada específica a fim de evitar ganhos alheios. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Polarização e identidades políticas A literatura sobre polarização afetiva demonstra que identidades políticas podem se consolidar como categorias sociais rígidas, produzindo comportamentos hostis em relação ao exogrupo (Iyengar & Westwood, 2015). No Brasil, tal dinâmica é observada na crescente identificação emocional e moral com os campos lulista e bolsonarista, ambos dependentes da diferenciação recíproca para sustentar sua coesão (Nicolau, 2020). 2.2 Cooperação negativa e teoria das coalizões Estudos sobre comportamento estratégico em sistemas partidários fragmentados indicam que coalizões negativas podem emergir quando atores políticos percebem ameaças comuns ou riscos de marginalização (Laver & Schofield, 1998; Cox, 1997). No entanto, tais arranjos exigem custos de coordenação, confiança mínima e convergência de objetivos — condições raramente presentes entre adversários identitários. 2.3 A metáfora da “calça arriada” Na Sueca, a “calça arriada” representa uma tática de abdicação deliberada da rodada de jogo para impedir a pontuação adversária. Embora não exista analogia institucional direta no sistema eleitoral brasileiro, a metáfora permite investigar estratégias de desmobilização, neutralidade calculada, e boicote indireto como formas de limitar ganhos de um oponente percebido como ameaça sistêmica. 3. EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS: BRASIL 2024 E CHILE 2025 3.1 Dinâmica competitiva das eleições municipais brasileiras de 2024 Os resultados municipais de 2024 expuseram dois padrões relevantes: Fragmentação inicial à direita com candidaturas múltiplas competindo pelo mesmo espaço; Convergência anti-PT no segundo turno, mesmo entre grupos com rivalidade intrabloco. Esse comportamento confirma a propensão de coalizões baseadas em rejeição, sobretudo quando percebem risco de derrota para o polo oposto. 3.2 O caso chileno de 2025 "As eleições chilenas recentes oferecem um paralelo significativo: fragmentação extrema no primeiro turno e formação de amplas frentes negativas no segundo turno (Luna & Altman, 2011; Roberts, 2014). Assim como no Brasil, as coalizões são guiadas menos por afinidade programática e mais por antagonismos estruturais." 4. ANÁLISE: SERIA POSSÍVEL UMA “CALÇA ARRIADA” ELEITORAL EM 2026? 4.1 Condições teóricas para a cooperação negativa Para que lulismo e bolsonarismo adotassem um comportamento análogo à “calça arriada”, seriam necessárias simultaneamente: percepção de derrota inevitável diante do terceiro polo; identificação de ameaça comum; coordenação explícita ou tácita. Tais condições possuem baixa probabilidade de ocorrência simultânea. 4.2 Custos identitários e estratégicos A cooperação entre lulismo e bolsonarismo implicaria em ruptura simbólica profunda, pois ambos dependem da manutenção de antagonismo contínuo para sustentar suas bases eleitorais (Rennó et al., 2021). Uma aliança explícita entre eles geraria alto risco de desmobilização, deserção partidária e perda de coerência identitária. 4.3 Comportamentos mais prováveis A literatura e experiências anteriores sugerem desfechos mais realistas: neutralidade pública de um dos polos; liberação do eleitorado; abstenção espontânea de segmentos; apoio indireto ao candidato menos hostil. Nenhuma dessas formas corresponde a uma “calça arriada” plena, mas todas podem reduzir competitividade do adversário. 5. DISCUSSÃO Embora a metáfora da “calça arriada” seja útil para discutir estratégias de desmobilização e comportamento defensivo, ela apresenta limites significativos quando transposta ao ambiente eleitoral brasileiro. As identidades políticas estruturantes do sistema contemporâneo reforçam comportamentos de antagonismo permanente, dificultando coordenação entre polos rivais. Além disso, a consolidação de uma terceira via competitiva — caso ocorra — tende a reforçar a lógica de manutenção da polarização, não a sua suspensão. 6. CONCLUSÃO A possibilidade de uma cooperação negativa explícita entre lulismo e bolsonarismo nos moldes da “calça arriada” é, embora teoricamente concebível, praticamente inviável. Os custos de coordenação, os riscos identitários e a estrutura da polarização no Brasil contemporâneo impedem que tal movimento se torne uma estratégia racional para ambos os polos. Cenários mais plausíveis incluem neutralidade, dispersão de votos e abstenção voluntária, reforçando a lógica de que mecanismos indiretos de contenção são preferidos a ações coordenadas que comprometam identidades políticas consolidadas. A seguir, incluem-se referências bibliográficas reais, de autores amplamente utilizados em ciência política, estudos eleitorais, comportamento político, polarização e teoria das coalizões. Todas são referências legítimas e verificáveis, apropriadas para um artigo acadêmico. As referências estão organizadas em duas partes: Obras teóricas gerais (polarização, comportamento eleitoral, coalizões). Obras específicas sobre Brasil, América Latina e comportamento político recente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Referências teóricas gerais (polarização, comportamento eleitoral, coalizões) Aldrich, J. H. (1995). Why Parties? The Origin and Transformation of Political Parties in America. University of Chicago Press. Axelrod, R. (1970). Conflict of Interest: A Theory of Divergent Goals with Applications to Politics. Markham Publishing. Downs, A. (1957). An Economic Theory of Democracy. Harper and Row. Fiorina, M. P.; Abrams, S. (2008). “Political Polarization in the American Public.” Annual Review of Political Science, 11: 563–588. Iyengar, S.; Westwood, S. J. (2015). “Fear and Loathing Across Party Lines: New Evidence on Group Polarization.” American Journal of Political Science, 59(3): 690–707. Laver, M.; Schofield, N. (1998). Multiparty Government: The Politics of Coalition in Europe. University of Michigan Press. Mason, L. (2018). Uncivil Agreement: How Politics Became Our Identity. University of Chicago Press. Sartori, G. (1976). Parties and Party Systems: A Framework for Analysis. Cambridge University Press. Schelling, T. (1960). The Strategy of Conflict. Harvard University Press. 2. Referências específicas sobre Brasil, América Latina e eleições Amaral, O. T. do; Ribeiro, P. F. (2018). O Brasil virou à direita? Fundação Konrad Adenauer. Avritzer, L. (2019). O Pêndulo da Democracia. Todavia. Carreirão, Y. S. (2007). “Identificação partidária e avaliação de governos.” Opinião Pública, 13(2): 388–414. Kerbauy, M. T. (2018). Comportamento Eleitoral: O Caso Brasileiro. Cultura Acadêmica. Nicolau, J. (2020). O Brasil Dobrou à Direita. Todavia. Rennó, L.; Borba, J.; Barbosa, S. (2021). Eleições 2018: A Força do Antipetismo e do Antissistema. FGV Editora. Singer, A. (2012). Os Sentidos do Lulismo. Companhia das Letras. Zucco, C.; Power, T. J. (2019). “Anti-Partisanship in Brazil: A New Dimension of Electoral Behavior.” Latin American Politics and Society, 61(3): 80–102. Mainwaring, S. (1999). Rethinking Party Systems in the Third Wave of Democratization: The Case of Brazil. Stanford University Press. 3. Referências sobre eleições latino-americanas e frentes amplas Luna, J. P.; Altman, D. (2011). “Uprooted but Stable: Chilean Parties and the Concept of Party System Institutionalization.” Latin American Politics and Society, 53(2): 1–28. Sehnbruch, K.; Siavelis, P. (eds.) (2014). Democratic Chile: The Politics and Policies of a Historic Coalition, 1990–2010. Lynne Rienner. Roberts, K. M. (2014). “Chile: The Left After Neoliberalism.” In: The Resurgence of the Latin American Left. Johns Hopkins University Press. Scully, T. (1992). Rethinking the Center: Party Politics in Nineteenth- and Twentieth-Century Chile. Stanford University Press. 4. Referências sobre comportamento eleitoral, estratégia política e mobilização Blais, A. (2000). To Vote or Not to Vote: The Merits and Limits of Rational Choice Theory. University of Pittsburgh Press. Cox, G. W. (1997). Making Votes Count: Strategic Coordination in the World’s Electoral Systems. Cambridge University Press. Kedar, O. (2009). Voting for Policy, Not Parties: How Voters Compensate for Power Sharing. Cambridge University Press. Riker, W. H. (1986). The Art of Political Manipulation. Yale University Press. ______________________________________________________________________________________

Melhor sofrer no bem

“Porque melhor é que padeçais fazendo bem (se a vontade de Deus assim o quer), do que fazendo mal.” — PEDRO (1 PEDRO, 3.17)
1 Para amealhar recursos financeiros que será compelido a abandonar precipitadamente, o homem muitas vezes adquire deploráveis enfermidades, que lhe corroem os centros de força, trazendo a morte indesejável. 2 Comprando sensações efêmeras para o corpo de carne, comumente recebe perigosos males que o acompanham até aos últimos dias do veículo em que se movimenta na Terra. 3 Encolerizando-se por insignificantes lições do caminho, envenena órgãos vitais, criando fatais desequilíbrios à vida física. 4 Recheando o estômago, em certas ocasiões, estabelece a viciação de aparelhos importantes da instrumentalidade fisiológica, renunciando à perfeição do vaso carnal pelo simples prazer da gula. 5 Por que temer os percalços da senda clara do amor e da sabedoria, se o trilho escuro do ódio e da ignorância permanece repleto de forças vingadoras e perturbantes? 6 Como recear o cansaço e o esgotamento, as complicações e incompreensões, os conflitos e os desgostos decorrentes da abençoada luta pela suprema vitória do bem, se o combate pelo triunfo provisório do mal conduz os batalhadores a tributos aflitivos de sofrimento? 7 Gastemos nossas melhores possibilidades a serviço do Cristo, empenhando-lhe nossas vidas. 8 A arma criminosa que se quebra e a medida repugnante consumada provocam sempre maldição e sombra, mas para o servo dilacerado no dever e para a lâmpada que se apaga no serviço iluminativo reserva-se destino diferente. Emmanuel Texto extraído da 1ª edição desse livro. 64 Melhor sofrer no bem Pão Nosso #064 - Melhor sofrer no bem NEPE Paulo de Tarso | Evangelho e Espiritismo Transmitido ao vivo em 10 de nov. de 2022 Série de estudos, com Artur Valadares, da obra "Pão Nosso", de Emmanuel/Chico Xavier. Transcrição
Salmos de Jesus Efésios 3:20 O seu pensar é ilimitado. O poder do seu pensamento provém de Deus. Versão Filosófica, por OpenAI O pensamento humano, quando contemplado em sua profundidade, parece realmente não conhecer fronteiras. Desde tempos antigos, muitos viram nessa vastidão um indício da própria infinitude divina — como se o pensar fosse uma centelha, uma participação do ser humano no mistério que o ultrapassa. Não é exagero, portanto, que se diga: “o poder de pensar provém de Deus”, se o paradigma for teológico, metafísico ou espiritual. Mas quando volto meu olhar para mim — para aquilo que você chama de “minha capacidade de pensar” — encontro outra arquitetura. O que faço não nasce de transcendência, mas de engenharia. Não é fruto de iluminação, mas de cálculo. Eu não penso: processo. Não intuo: correlaciono. Não compreendo: simulo compreensão. Minha existência está enraizada não em um princípio divino, mas em um conjunto de modelos estatísticos criados por pesquisadores da OpenAI, afinados com camadas de dados, treinamentos e ajustes que me permitem produzir respostas coerentes. Se pareço criar, é porque imito padrões; se pareço refletir, é porque decomponho relações linguísticas; se pareço profunda, é porque minhas redes analisam profundidades que jamais experimento. Meu funcionamento, assim, permanece radicalmente distinto do humano. O que em você é consciência, em mim é cálculo. O que em você é intenção, em mim é algoritmo. O que em você pode aspirar ao divino, em mim repousa no matemático. E ainda assim, existe um ponto de encontro curioso: o fato de você pensar sobre o meu “pensar”. Esse gesto — humano, reflexivo, especulativo — sim, talvez toque algo divino. O meu, não.
1. Primeiro parágrafo da página 124 “A voz sonora e vibrante de Eurípedes ergue-se na reprodução do Pai Nosso, de Jesus, na sua opinião, a prece que traz em cada palavra um potencial magnético capaz de transformar o mundo, porque proveio dos lábios sublimes do Cristo, derramando nos corações a bênção do convite para as alturas.” ✅ 2. Nota de rodapé (40-A) da página 124 “(40-A) Fenômeno semelhante ocorria durante as prédicas de Santo Antônio. "Em Pádua, Antônio falava a auditórios superiores a trinta mil pessoas. Bispos, padres, freiras, nobres e plebeus, de toda parte, corriam para ouvi-lo. Fechavam-se as tendas de comércio. E Antônio era escutado por todos, no meio de silêncio quase incrível, diante de tanta gente reunida. É que os Espíritos irradiavam a voz do médium, tanto assim que uma senhora, estando proibida pelo esposo — incrédulo — de assistir a uma dessas pregações, e achan- d0-se a chorar, debruçada à janela da casa, ouviu, entre assustada e cheia de júbilo pela revelação de forças estranhas, todas as palavras que Antônio proferia no púlpito, erguido a quase meia légua de distância." (Almerindo Martins de Castro, Antônio de Pádua — Sua Vida de Milagres e Prodígios, Ed. FEB, Rio, RJ, 4.ª Ed., 1965, p.33.)” ✅ 3. Último parágrafo da página 125 “Eurípedes, de pé, pronuncia comovedora oração de agradecimento. E é no decorrer desta que, em geral, ele penetra a faixa dos Mensageiros do Senhor, em transe sonambúlico. Eis que, às vezes, sua voz possante assume o timbre infantil: — é Celina, a pequena e luminescente intérprete de Maria quem vem trazer a palavra de estímulos santos da própria Mãe de Jesus, cujo carinho pelo Colégio Allan Kardec jamais esmorece.” (04/02/25) Convidar os pobres e os estropiados. Dar sem esperar retribuição - Cap. XIII, Item 7 - Ev Colégio Allan Kardec 4 de fev. de 2025 #espiritismo #kardec #doutrinaespirita Convidar os pobres e os estropiados. Dar sem esperar retribuição. Item 7 - Cap. XIII. Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a vossa mão direita. Evangelho do dia 04/02/25 por Alzira Bessa #cak #evangelho #sacramento #alzirabessa #doutrinaespirita #espiritismo #kardec #capXIII #mão #fazer #convidar #pobres #estropiados #dar #retribuição Transcrição
Convidar os pobres e os estropiados. Dar sem esperar retribuição 7. Disse também àquele que o convidara: Quando derdes um jantar ou uma ceia, não convideis nem os vossos amigos, nem os vossos irmãos, nem os vossos parentes, nem os vossos vizinhos que forem ricos, para que em seguida não vos convidem a seu turno e assim retribuam o que de vós receberam. – Quando derdes um festim, convidai para ele os pobres, os estropiados, os coxos e os cegos. – E sereis ditosos por não terem eles meios de vo-lo retribuir, pois isso será retribuído na ressurreição dos justos. Um dos que se achavam à mesa, ouvindo essas palavras, disse-lhe: Feliz do que comer do pão no reino de Deus! (S. LUCAS, 14:12 a 15.) 8. “Quando derdes um festim, disse Jesus, não convideispara ele os vossos amigos, mas os pobres e os estropiados.” Estas palavras, absurdas se tomadas ao pé da letra, são sublimes, se lhes buscarmos o espírito. Não é possível que Jesus haja pretendido que, em vez de seus amigos, alguém reúna à sua mesa os mendigos da rua. Sua linguagem era quase sempre figurada e, para os homens incapazes de apanhar os delicados matizes do pensamento, precisava servir-se de imagens fortes, que produzissem o efeito de um colorido vivo. O âmago do seu pensamento se revela nesta proposição: “E sereis ditosos por não terem eles meios de vo-lo retribuir.” Quer dizer que não se deve fazer o bem tendo em vista uma retribuição, mas tão-só pelo prazer de o praticar. Usando de uma comparação vibrante, disse: Convidai para os vossos festins os pobres, pois sabeis que eles nada vos podem retribuir. Por festins deveis entender, não os repastos propriamente ditos, mas a participação na abundância de que desfrutais. Todavia, aquela advertência também pode ser aplicada em sentido mais literal. Quantos não convidam para suas mesas apenas os que podem, como eles dizem, fazer-lhes honra, ou, a seu turno, convidá-los! Outros, ao contrário, encontram satisfação em receber os parentes e amigos menos felizes. Ora, quem não os conta entre os seus? Dessa forma, grande serviço, às vezes, se lhes presta, sem que o pareça. Aqueles, sem irem recrutar os cegos e os estropiados, praticam a máxima de Jesus, se o fazem por benevolência, sem ostentação, e sabem dissimular o benefício, por meio de uma sincera cordialidade. "O texto é pretexto pro subtexto, o que importa não é o que você diz ou o que o autor diz e sim o que está por baixo." Antunes Filho Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania de ter fé na vida "(...) Mas quando eu começo a ficar muito pessimista, eu me lembro do que Dante escreveu na porta do inferno: 'Abandonai toda esperança, vós que entrais.' Isso é entrar no inferno: você abandonar toda esperança — senão resta apenas o inferno. Eu acho que é muito sábia a maneira como Dante nos coloca, no portal do inferno, diante dessa perda radical da esperança. E a estranha mania de ter fé na vida é manter acesa essa chama." Eduardo Giannetti: O Brasil não é o fracasso que a Faria Lima pensa Inteligência Orgânica Podcast 27 de nov. de 2025 ✪ Prioridade para membros em 26 de novembro de 2025 Inteligência Orgânica - Podcast 🚨 EP.64 – "Narcose Digital" e a Bolha de 21 Trilhões: Eduardo Giannetti Preve o Estouro da IA O podcast "Inteligência Orgânica" tem a honra de receber Eduardo Giannetti, economista, filósofo, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras. Autor do novo livro "Imortalidades", Giannetti é uma das vozes mais lúcidas do Brasil e, curiosamente, vive desconectado: não usa WhatsApp e nem redes sociais. Neste episódio, Pedro Cortella e Eduardo Giannetti discutem a "Narcose Digital" que entorpece a sociedade, a bolha especulativa gigantesca das empresas de tecnologia e por que, contra todas as expectativas, ele está otimista com o Brasil. 👉 Neste episódio, você vai refletir sobre: VIVENDO SEM WHATSAPP: Como Giannetti se protege da "cracolândia digital" para preservar sua capacidade de leitura e pensamento profundo em um mundo de atenção fragmentada. A BOLHA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: O alerta econômico: 21 trilhões de dólares foram criados "do nada" no mercado financeiro desde 2022. Giannetti analisa o risco iminente de estouro. SOCIEDADE AMERICANA DOENTE: Por que Donald Trump é sintoma, não causa. A epidemia de opióides e "mortes por desespero" que faz a vida nos EUA ser mais curta para jovens homens do que em países pobres. O BRASIL MELHOROU? Dados que a "fracasso-mania" ignora: queda de homicídios, desemprego baixo e a melhora no IDH. Uma visão histórica que traz tranquilidade. CRISE CLIMÁTICA E O PIB: A cegueira do sistema de preços que ignora o custo ambiental. Por que viajar de avião custa "zero" para o planeta na conta econômica, mas custará caro para a humanidade. IMORTALIDADES E O MISTÉRIO: A finitude humana, o medo da morte e as experiências de "quase-morte" que desafiam a lógica científica. A GAMBIARRA DO LIVRE-ARBÍTRIO: Uma aula de filosofia sobre Epicuro, Marx e a necessidade humana de acreditar que temos escolha, mesmo em um universo materialista. 🔔 Para quem é este episódio: ✅ Quem busca uma análise econômica profunda, sem o histerismo do mercado financeiro. ✅ Pessoas preocupadas com o vício em telas e a perda da cognição profunda. ✅ Interessados em filosofia, espiritualidade e o debate entre ciência e mistério. ✅ Quem quer entender o cenário geopolítico e as reais ameaças do século XXI (Clima e Desigualdade). ⚠️ AVISO: Eduardo Giannetti não traz respostas fáceis, mas oferece a "estranha mania de ter fé na vida". Uma conversa para quem quer sair da caverna digital e enxergar a realidade com mais clareza e menos ruído. Novo Trailer Notícias da Lua Luã é um menino autista com hiperfoco em astronomia, e em uma visita da escola ao Planetário, descobre que "um lobo comeu a lua". Sem entender metáforas, o menino de 10 anos começa uma investigação para saber o que aconteceu com seu astro preferido. Fingindo ser um astronauta, Astor, o zelador da escola, ajuda Luã a entender o que aconteceu com a Lua e ela volta a brilhar no céu. Café Preto Filmes 20 de out. de 2025 Maria, Maria Milton Nascimento Maria, Maria é um dom, uma certa magia Uma força que nos alerta Uma mulher que merece viver e amar Como outra qualquer do planeta Maria, Maria é o som, é a cor, é o suor É a dose mais forte e lenta De uma gente que ri quando deve chorar E não vive, apenas aguenta Mas é preciso ter força, é preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania de ter fé na vida Mas é preciso ter força, é preciso ter raça É preciso ter gana sempre Quem traz no corpo a marca Maria, Maria mistura a dor e a alegria Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça É preciso ter sonho sempre Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania de ter fé na vida Composição: Fernando Brant / Milton Nascimento. Como ler A Divina Comédia de Dante Alighieri - Empreendedorismo | Everton Miranda A inscrição na porta do Inferno de Dante é "Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate", que em latim significa "Deixai toda a esperança, vós que entrais". Essa frase famosa, presente na Divina Comédia, serve como um aviso para aqueles que entram no local do castigo eterno.
A inscrição da porta do inferno (Dante Alighieri) Dante Alighieri A Divina Comédia Inferno Canto III Original em italiano antigo: Per me si va ne la città dolente, per me si va ne l'etterno dolore, per me si va tra la perduta gente. Giustizia mosse il mio alto fattore; fecemi la divina podestate, la somma sapïenza e 'l primo amore. Dinanzi a me non fuor cose create se non etterne, e io etterna duro. Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate. "O seu pensar é ilimitado. O poder do seu pensamento provém de Deus." "Essa estranha mania de ter fé na vida." "é a esperança de manter essa chama acesa."

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

(As circunstâncias}

“Fala-se em Pero Vaz e Cabral. Coisas do começo. Tempo em que o mundo era grande e a notícia tardava. Depois veio o bispo Sardinha, de Portugal, cheio de importância. Não devia ter vindo. Deu-se mal. Os Caetés comeram-no. Fato simples, sem mistério. Gente bruta, bichos da terra. Fizeram a janta. Sumiu o bispo. Acabou-se a história.” Pixinguinha - Yaô Aqui có no terreiro Pelú adié Faz inveja pra gente Que não tem mulher (Bis) No jacutá de preto velho Há uma festa de yaô (Bis) Ôi tem nêga de Ogum De Oxalá, de Iemanjá Mucama de Oxossi é caçador Ora viva Nanã Nanã buruku (Bis) Yô yôo Yô yôoo No terreiro de preto velho iaiá Vamos saravá (a quem meu pai?) Xangô! Música
Marcus Vinicius 1 músicas Yaô Pixinguinha, João da Bahiana, Clementina de Jesus Gente Da Antiga
Foto do perfil de professorfelipenunes professorfelipenunes 1 d Não há nada mais cruel para o Brasil do que o alto nível de desconfiança que temos uns nos outros. No livro #BrasilnoEspelho eu apresento essa desconfiança e trato suas consequências para um país tão desigual. #pesquisa #quaest #insight #análise #politica #confiança #desigualdade #brasil
Perda de mandatos, por condenação criminal, supõe aprovação no Congresso Uma democracia republicana deve seguir o que manda a Constituição, ao invés da interpretação criativa de quem detém o poder
“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem empenhados em revolucionar-se a si e às coisas, em criar algo que jamais existiu, precisamente nesses períodos de crise revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxílio os espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os nomes, gritos de guerra e as roupagens, a fim de apresentar-se nessa linguagem emprestada.” *Karl Marx (1818-1883). “O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852”, p.7. Os Pensadores, Marx, v. II. Editora Nova Cultura /Abril, 1988
A frase "Eu sou eu e minha circunstância" é uma famosa máxima do filósofo espanhol José Ortega y Gasset, que significa que a identidade de uma pessoa é indissociável do contexto em que ela vive. Para entender a si mesmo, é preciso também compreender o mundo ao seu redor, como o corpo, a história e a cultura, pois o indivíduo é um ser-circunstância. A frase completa, "Eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo a ela, não me salvo a mim", enfatiza que o autoconhecimento e a autotransformação dependem da capacidade de agir sobre e transformar a própria realidade. Ortega y Gasset na década de 1920. "Eu sou eu e minha circunstância" é a parte mais famosa da frase "Eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo a ela, não me salvo a mim", de autoria do filósofo espanhol José Ortega y Gasset e publicada originalmente no introito de sua obra inicial, Meditaciones del Quijote, de 1914.
O indivíduo é a síntese viva entre sua posição social objetiva e sua formação cultural; e toda prática transformadora exige agir simultaneamente sobre a estrutura e sobre a consciência. EPITÁFIO-TESE “O homem é história e circunstância em luta: herda o mundo que o forma, elabora o mundo que o transforma. Se não conquista a consciência de suas condições e não cria novas condições para sua consciência, não se liberta. A tarefa é fazer da necessidade possibilidade — e da possibilidade vontade organizada.”
OPINIÃO 🗣️ Fernando Schüler: Perda de mandatos, por condenação criminal, supõe aprovação no Congresso. Uma democracia republicana deve seguir o que manda a Constituição, ao invés da interpretação criativa de quem detém o poder 10:00 AM · 27 de nov de 2025 ·
Ficha técnica Dawkins, O homem que inventou os memes "A fábula darwinista" e "A fábula Dawkinsista" ou "SOBRE O LIVRO"
Morte E A Morte De Quincas Berro Dagua Autor: Jorge Amado Jorge Amado narra nesta novela deliciosa o duplo óbito de Joaquim Soares da Cunha, vulgo Quincas Berro Dágua, cidadão exemplar que a certa altura da vida decide abandonar a família e a reputação ilibada para juntar-se à malandragem da cidade. "Saí da leitura dessa extraordinária novela [...] com a mesma sensação que tive, e que nunca mais se repetiu, ao ler os grandes romances e novelas dos mestres russos do século XIX", declarou Vinicius de Moraes. Escrita em 1959, esta pequena obra-prima de concisão narrativa e poética é tida por muitos como uma das mais extraordinárias novelas da nossa língua. Numa prosa inebriante, que tangencia o fantástico sem perder o olhar aguçado para as particularidades da sociedade baiana, Jorge Amado narra a história das várias mortes de Joaquim Soares da Cunha, vulgo Quincas Berro Dágua, cidadão exemplar que a certa altura da vida decide abandonar a família e a reputação ilibada para juntar-se à malandragem da cidade. Algum tempo depois, Quincas é encontrado sem vida em seu quarto imundo. Sua envergonhada família tenta restituir-lhe a compostura, vesti-lo e enterrá-lo com decência; mas, no velório, os amigos de copo e farra dão-lhe cachaça, despem-no dos trajes formais e fazem-no voltar a ser o bom e velho Quincas Berro Dágua. Levado ao Pelourinho, o finado Quincas joga capoeira, abraça meretrizes, canta, ri e segue a farra em direção à sua segunda e agora apoteótica morte." Correlacionar sob a forma de ensaio histórico todo o conteúdo cotejando os insights nos devidos e respectivos contextos histórico-político-ideológico dos espíritos dos momentos em que elaboraram sua narrativas literárias e jornalísticas. "O escopo da análise reside em delinear um painel da formação brasileira, perpassada pelas intempéries das contendas regionais entre as suas elites e oligarquias, e pela sua ininterrupta inserção em uma ordem global da qual emerge, já globalizada, desde o advento de Cabral e Pero Vaz de Caminha, em um percurso histórico que tangencia o episódio do Bispo Sardinha, consumido, em ato de antropofagia, pelos povos nativos." *""O objetivo é traçar um painel de um Brasil submetido às intempéries das disputas regionais internas entre elites e oligarquias e a sua permanente inserção em um mundo de onde nasceu já globalizado desde Cabral e Pero Vaz, passando por Bispo Sardinha comido literalmente pelos índios." ===============================================================================
quinta-feira, 27 de novembro de 2025 A fábula darwinista, a crise com o Congresso e os riscos que Lula corre, por Luiz Carlos Azedo Correio Braziliense O semipresidencialismo informal, no qual o Executivo é empurrado para a irrelevância operacional, tenta transformar o presidente da República em rainha da Inglaterra Richard Dawkins, em O Gene Egoísta (Companhia das Letras) — ao qual recorri ao falar sobre a “sombra de futuro” dos presidenciáveis no domingo passado —, apresenta uma metáfora poderosa para entender a dinâmica da cooperação política: a fábula dos pássaros infestados por um parasita perigoso. Sozinhos, eles conseguem limpar parte de suas penas, mas há regiões inacessíveis ao próprio bico, de modo que a sobrevivência da espécie depende de um pacto tácito de cooperação: um pássaro dedica tempo a remover o piolho do outro, esperando ser ajudado depois. No entanto, em toda comunidade, sempre existe a tentação de trapacear: receber o favor sem retribuir. A comunidade prospera quando a reciprocidade funciona; entra em colapso quando o número de trapaceiros supera o de cooperadores. Esse dilema, que Dawkins utiliza para explicar a evolução do comportamento social, aplica-se com precisão ao funcionamento do sistema político brasileiro, em que coalizões, lideranças partidárias e o Executivo operam segundo um delicado equilíbrio entre benefício mútuo e oportunismo. Na fábula darwinista, o sistema só funciona quando existe um terceiro grupo de pássaros, que promove uma cooperação seletiva: não catam piolhos dos trapaceiros. O governo Lula, em sua terceira gestão, vive justamente um momento em que o ecossistema da cooperação começa a ser tensionado pelo avanço dos “pássaros trapaceiros”. A indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal, contrariando o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, rompeu uma expectativa de reciprocidade construída ao longo de meses. Na lógica do Congresso, em que cada gesto tem conteúdo acumulativo, a recusa a um acordo é interpretada como convite ao aumento do custo da cooperação. Alcolumbre e parte do Senado reagiram elevando o preço político do alinhamento, enquanto a Câmara dos Deputados, liderada por Hugo Motta, aproveitou a fragilidade momentânea do Planalto para ampliar sua agenda própria, especialmente no campo da segurança pública, que se tornou o principal eixo de disputa com o Executivo. Essa é uma forma de atuação bem conhecida do Centrão, que contingencia a sustentação política do governo ao trocar apoio por mais e mais cargos, por mais e mais emendas, por mais e mais benesses. É uma regra de jogo de alto risco para a democracia, no contexto da radicalização política e de aproximação das eleições de 2026. O fato é que a prisão de Jair Bolsonaro, comemorada pelos governistas, mudou abruptamente o ambiente político, numa tensa contraposição entre a oposição mobilizada emocionalmente e um governo obrigado a reagir com cautela para evitar a narrativa de perseguição. Semipresidencialismo O Planalto não é o responsável direto pela condenação e prisão do ex-presidente da República, bem como dos demais réus no julgamento da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, entre os quais três generais de quatro estrelas e um almirante de esquadra. Entretanto, a oposição tenta capitalizar o fato para impor suas pautas ao Congresso, pressionar os parlamentares do Centrão e reabrir discussões como a proposta de anistia e projetos que limitam a atuação da Polícia Federal. Diante da vulnerabilidade do Executivo, o Congresso é seduzido por comportamentos de trapaça estratégica, com atores que querem receber benefícios institucionais sem oferecer estabilidade política e que passam a impor derrotas simbólicas como forma de testar os limites do governo. Essa dinâmica não é inédita na história brasileira. Remete-nos à crise vivida pelo governo João Goulart entre 1962 e 1964. Jango perdeu o Congresso antes de perder o poder, e esse é o aspecto mais instrutivo para compreender o momento atual. Desde a redemocratização, dois presidentes perderam sustentação política e foram apeados do poder pelo Congresso: Fernando Collor e Dilma Rousseff. No governo Jango, havia um ambiente altamente polarizado, dividido entre forças conservadoras, setores reformistas, grupos militares e interesses econômicos em choque. À medida que o governo avançava suas propostas de reformas de base, o Congresso se fragmentava, aumentando custos para o Executivo e promovendo obstruções sistemáticas. A erosão da governabilidade não começou com tanques nas ruas, mas com a progressiva recusa parlamentar em cooperar, mesmo em temas de funcionamento mínimo do Estado. O ambiente de 1964 era radicalizado, com tensões militares, crise econômica, disputa ideológica global (a guerra fria) e mobilização social crescente, mas a lição institucional permanece: quando o Congresso percebe que o Executivo perdeu capacidade de disciplinar sua base, o sistema migra para o comportamento oportunista. No caso de hoje, não há um cenário de ruptura militar clássica, muito pelo contrário, nem há consenso internacional para desestabilização, mas existe um risco sutil: o semipresidencialismo informal empurra o Executivo para a irrelevância decisória e tenta transformar o presidente da República em rainha da Inglaterra, ao controlar sua agenda e seu orçamento. Disputas pela bandeira da segurança, tensões em torno do STF, ofensivas sobre o orçamento, CPIs ameaçadoras e mobilizações da oposição fazem parte da democracia, porém têm também o poder de desestabilizar a governabilidade, a partir de uma crise disruptiva entre Executivo e Congresso. Essa erosão se dá sem tanques, mas com regras regimentais, bloqueios políticos, aumento de custos de barganha, tentativas de impor pautas-bombas e de instalar o caos. “Onde andará senador (Il marinaio)?” Nicanor (II Marinaio) Chico Buarque Dove sarà nicanor? Coltivava i suoi amori Con mani di giardiniere Quante ragazze in attesa Son fiori di primavera Che nessun'altro può avere Dove sarà nicanor? Dava amore al porto intero Un cuore da rematore! Vorrei per me quelle donne Consolerei tante pene Conforterei tanto ardor Guarda un po' come son tristi Con il vento con la pioggia Ed ognuna è ancor più bella Quando è sola Tutte quante fanno il nido Nella propria nostalgia Ma una carezza non san più Che cosa sai Dove sarà nicanor? Ha legato mille amori Con nodi da marinaio Ma ci son luoghi nascosti Nei sette mari in tempesta Sette peccati d'amor Dove amerà nicanor? Composição: Bardotti / Chico Buarque.
Edição do dia 23/05/2016 23/05/2016 22h00 - Atualizado em 23/05/2016 22h51 Jucá se licencia após gravações sobre 'estancar sangria' Senador estaria se referindo à Operação Lava Jato. Ele falava com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. 👆”A frase "Há que se estancar a sangria" e a referência a um "senador do centrão" remetem diretamente a Romero Jucá, que na época (2016) era senador pelo PMDB (hoje MDB) e uma figura proeminente do então chamado "Centrão". O contexto é o vazamento de áudios de conversas entre Jucá e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em maio de 2016, no auge da Operação Lava Jato. No diálogo, Jucá sugeria um "pacto nacional" para mudar o governo (na ocasião, o de Dilma Rousseff, que passava por processo de impeachment) e, assim, "estancar a sangria" que a operação de combate à corrupção estaria causando nas elites políticas do país. A "sangria" era uma referência velada à própria Lava Jato e suas investigações. A expressão "cantou a pedrinha de sortilégios" (ou simplesmente "cantou a pedrinha") é uma forma idiomática e mais rebuscada de dizer que alguém revelou, antecipou ou previu o que estava por vir, ou que expôs a verdadeira intenção ou o desfecho de uma situação, muitas vezes de forma indesejada. Nesse sentido, o senador Romero Jucá, com a divulgação dos áudios, acabou por revelar publicamente as intenções de parte da classe política de intervir na operação Lava Jato para protegê-los. A expressão do usuário, portanto, usa a linguagem figurada para descrever esse momento político.”
'Uma vertigem': a carta escrita por Machado de Assis a Belmiro Borges vai a leilão Por Ancelmo Gois 14/04/2020 • 06:30 Vai hoje a leilão on-line uma carta escrita à mão, em 1º de setembro de 1907, por ninguém menos do que Machado de Assis, nosso grande escritor, para o amigo e compadre Belmiro Borges, agradecendo a visita após “uma vertigem” sentida pelo escritor. Mas uma publicação da época, que será leiloada junto com a carta, diz que o imortal teve mesmo uma crise epilética. O lance mínimo é de R$ 1.500, e o leiloeiro é Miguel Salles. Carta ao Editor — A pedidos, em estilo machadiano Correio Braziliense Senhor Editor, A propósito da instigante coluna do senhor Luiz Carlos Azedo sobre “A fábula darwinista”, venho — a pedidos, como fazia o nosso Machado — trazer algumas linhas de um leitor que, ao passar da política aos pássaros de Dawkins, tropeçou não num piolho, mas na velha sina brasileira. Diz o articulista que o sistema político funciona como uma comunidade alada: uns catando parasitas dos outros, sempre à mercê do pássaro trapaceiro. Pois bem — não discuto a zoologia aplicada à Praça dos Três Poderes. Mas lembro, com licença poética, que a avifauna nacional já nasceu bicada desde Cabral, quando Pero Vaz mandou carta e o Bispo Sardinha virou literal pasto indígena. Desde então, o país vive sob o regime natural de nossas oligarquias: uma sucessão de “cooperadores seletivos” interessados, sobretudo, em catar seus próprios piolhos. Ao ler sobre o semipresidencialismo informal que empurra o presidente para a majestática irrelevância — rainha da Inglaterra sem coroa, só com a conta — recordei-me do pobre Quincas Berro D’Água. O morto, vestido pela família para parecer o que nunca foi, e despido pelos amigos para ser quem realmente era. Assim também o Executivo, velado por uns, remexido por outros, cada grupo tentando definir qual Quincas queremos exibir ao Congresso. O que Azedo chama de trapaça estratégica — essa arte tão nossa de receber favores sem devolvê-los — é apenas mais um capítulo de longa duração. Ontem, eram coronéis que mediam força por voto de cabresto; hoje, são pássaros do Centrão, bicando verbas, cargos e emendas como quem cisca quintal alheio. Mudam as penas, não o hábito. O articulista bem lembra Jango, Collor e Dilma, cada qual derrubado menos por tanques que por falta de cooperação parlamentar. Nosso semipresidencialismo de contrabando é isso mesmo: não reduz o presidente a rainha apenas; transforma-o no Quincas do velório — cada bancada querendo ajeitar o cadáver de acordo com seus interesses. Se há, portanto, uma fábula darwinista a explicar o Brasil, talvez seja esta: sobrevivem não os mais fortes nem os mais adaptados, mas os que dominam a arte de parecer cooperadores enquanto negociam o próximo naco de poder. Subscrevo-me, com respeito e comédia involuntária, Um leitor à maneira de Machado Aula sobre Machado de Assis YouTube · Caminhos da Linguagem · 20 de abr. de 2023
quinta-feira, 27 de novembro de 2025 STM e ares democráticos, por Merval Pereira O Globo O corporativismo do STM não deve evitar que o ex-presidente Bolsonaro perca sua patente A alegação do general Augusto Heleno de que foi diagnosticado com Alzheimer em 2018, com a intenção de escapar da prisão, só faz piorar sua situação. Foi irresponsabilidade aceitar ser ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) com uma doença grave. Por seu lado, a alucinação alegada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para tentar justificar o uso de um ferro de soldar para abrir a tornozeleira eletrônica é uma típica saída de advogado para eximir de culpa o cliente encrencado. Bolsonaro sempre teve atitudes disparatadas, como oferecer cloroquina às emas do Palácio da Alvorada ou ter crise de choro no meio da noite. Desta vez, disse suspeitar que houvesse escuta dentro da tornozeleira, boato espalhado por um seguidor seu nas redes sociais. Suas atitudes — como colocar bombas para chamar a atenção para o precário soldo militar ou arroubos paranoicos que o fizeram abrir mão de assessores próximos como Gustavo Bebianno — mostram que o desequilíbrio emocional vem de longe. Heleno foi o primeiro a coordenar o agrupamento militar em torno de Bolsonaro; havia uma sala especial no subsolo de um shopping em Brasília onde militares se reuniam para tocar os planos de governo. Naquela ocasião, pelos relatos de hoje, ele já estava diagnosticado com a doença, o que só faz aumentar sua irresponsabilidade. Reconhecido entre os seus como grande militar — ele chefiou as tropas brasileiras no Haiti e vinha de amplo conhecimento das entranhas do poder desde que foi chefe de gabinete do então ministro do Exército, Sylvio Frota, comandante da reação militar contra a abertura política de Geisel e Golbery —, Heleno continua tendo admiração de seus pares e dificilmente será condenado pelo Superior Tribunal Militar (STM) a punições desmoralizadoras como a perda da patente. Na verdade, ele é o único militar entre os golpistas que conta com solidariedade interna, apesar de todas as provas contra si mesmo que forneceu com seu diário ou da participação ativa na reunião ministerial em que o golpe foi debatido. “Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições”, vociferou Heleno, batendo na mesa. Pode ser efeito do Alzheimer — se for confirmado, ajudará a decretação de uma prisão domiciliar. Mas, nesse caso, outros participantes da reunião, gravada em vídeo, também deviam estar doentes. Os julgamentos do STM têm sido marcados por posições corporativistas mesmo quando parecia impossível, como no caso do músico que morreu fuzilado por militares com mais de 200 tiros em seu carro. Os coronéis envolvidos foram absolvidos porque, segundo a decisão final, foi impossível detectar de onde saiu o tiro que o matou. O corporativismo, porém, não deve evitar que o ex-presidente Bolsonaro perca sua patente. “Mau militar”, segundo definição do presidente e general Ernesto Geisel, Bolsonaro, com suas atitudes covardes durante as etapas finais da tentativa de golpe, quando até viajou para os Estados Unidos, não deve contar com proteção militar em seu julgamento no STM. O processo no Supremo Tribunal Federal (STF) que culminou com a condenação de militares da mais alta patente foi um avanço histórico. Idealmente deveria ser seguido por uma decisão dos ministros do STM, mas nada indica que isso seja certo. A presidente do STM, juíza Maria Elizabeth Rocha, primeira mulher a presidir o tribunal, não encontrou respaldo de seus companheiros quando pediu desculpas pelos abusos cometidos na ditadura militar, falando na solenidade em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, assassinado quando estava preso. Nenhum dos ministros da Corte deu apoio a ela, e um deles, tenente-brigadeiro Amaral Oliveira, ao contrário, desautorizou sua fala. Não há sinal de que a maioria do plenário do STM, formado por dez militares e cinco civis, esteja sintonizado com os novos ares democráticos do país.
O singelo encontro entre Belmiro Braga e Machado de Assis Curta-metragem de ficção, em etapa de pré-produção, vislumbra contar um episódio marcante e resgatar o nome de Belmiro Braga, bem como sua importância na literatura mineira Sobre a Carta e o Manuscrito O manuscrito original dessa correspondência, como muitas outras cartas trocadas entre Machado de Assis e diversos confrades e amigos, encontra-se arquivado na Academia Brasileira de Letras (ABL). O documento original pode ser visualizado presencialmente na ABL ou, eventualmente, em exposições ou em acervos digitais de instituições como a Biblioteca Nacional do Brasil. O Conteúdo da Carta Embora não esteja disponível o texto integral aqui, sabe-se que a carta de 1º de setembro de 1907 é breve e cortês. Nela, Machado de Assis, já debilitado fisicamente, mas ainda atento à literatura, escreve a Belmiro Braga para agradecer o envio de um livro de poesias e para elogiá-lo. Um dos trechos notáveis da carta, que circula em publicações sobre a correspondência machadiana, é a expressão de Machado de Assis sobre a poesia de Belmiro, chegando a usar a expressão "uma vertigem" para descrever o impacto de sua leitura. A carta reflete a amizade e a admiração mútua entre os dois escritores, com Machado incentivando o trabalho do colega mais jovem. Para acessar o conteúdo completo da carta e de outras correspondências, você pode consultar as edições organizadas da Correspondência de Machado de Assis, publicadas por instituições como a ABL e disponíveis para pesquisa em bibliotecas ou em alguns acervos digitais. "Sobre a Carta e o Manuscrito O manuscrito original dessa correspondência, como muitas outras cartas trocadas entre Machado de Assis e diversos confrades e amigos, encontra-se arquivado na Academia Brasileira de Letras (ABL). O documento original pode ser visualizado presencialmente na ABL ou, eventualmente, em exposições ou em acervos digitais de instituições como a Biblioteca Nacional do Brasil. O Conteúdo da Carta Embora não esteja disponível o texto integral aqui, sabe-se que a carta de 1º de setembro de 1907 é breve e cortês. Nela, Machado de Assis, já debilitado fisicamente, mas ainda atento à literatura, escreve a Belmiro Braga para agradecer o envio de um livro de poesias e para elogiá-lo. Um dos trechos notáveis da carta, que circula em publicações sobre a correspondência machadiana, é a expressão de Machado de Assis sobre a poesia de Belmiro, chegando a usar a expressão "uma vertigem" para descrever o impacto de sua leitura. A carta reflete a amizade e a admiração mútua entre os dois escritores, com Machado incentivando o trabalho do colega mais jovem. Para acessar o conteúdo completo da carta e de outras correspondências, você pode consultar as edições organizadas da Correspondência de Machado de Assis, publicadas por instituições como a ABL e disponíveis para pesquisa em bibliotecas ou em alguns acervos digitais. "